Jack suspirou feliz, aninhado com segurança em uma arvore, e sem um cuidado no mundo. Bem, não realmente, ele estava apenas fingindo que era assim. Ele não estava relaxando, estava espionando, afinal, ele era um assassino, nada mais.

Ele não era nenhum santo, embora esse dia se considerava bom, pois não tinha matado ninguém, apenas pegado emprestado alguns órgãos que as pessoas não precisassem. Jack não sabia como sua mente havia criado a ideia de “pegar emprestado”, já que ele não retornava nada. Não, ele os comia, pois tinha uma fome, não era uma fome humana, é claro, isso quase o enlouquecia, não que ele gostasse do sabor, mas era a única coisa que o satisfazia e tirava o gosto amargo que nunca deixava sua boca. A causa era um tipo de lama preta que escorria de seus olhos e boca, Jack aprendeu a viver com ela, mas não que fosse totalmente confortável. Por sua ausência de olhos, as pessoas começaram a chama-lo de Eyeless Jack, e com alegria abraçou o nome, pois era o único jeito em que poderia se identificar.

Todas as noites, tentava se lembrar de pelo menos algum fragmento de seu passado, pois as vezes tinha pesadelos com um laboratório, esse mesmo sonho se repetia quase todas as noites, e sempre acabava do mesmo jeito... Escuridão... Não importava quantas vezes tentasse mudar, tomar outro caminho, ele sempre acabava encurralado pelas sombras e acordava com falta de ar, mas se ele ao menos pudesse mudar...

– Droga! “Va pela floresta. É mais rápido”. Eles disseram... Devia ter pegado outro caminho... (Autora: Não me diga.).

Ele foi tirado de seus pensamentos por barulho de passos e pequenos murmúrios, ele se inclinou um pouco para ver de onde vinha o barulho e ele a viu.

A garota aparentava ter 17 anos, tinha cabelos castanhos e bagunçados, usava uma calca jeans, All-Stars pretos e uma blusa verde claro. Ela era linda, mas, Jack não conseguiu ver seus olhos, pois estavam cobertos com óculos escuros, oque ele achou estranho, pois estava escuro, por que uma pessoa usaria óculos de sol a noite?(Autora: Sei não.).

Ele se inclinou um pouco mais para vê-la melhor, foi quando ouviu um pequeno “crack” e o galho em que estava sentado começou a se partir, conseguiu apenas soltar um pequeno “essa não” antes de cair de cara no chão, e por pouco, não caiu em cima da garota que tropeçou e caiu bem em cima dele (Autora: WTF...) e isso fez com que os óculos de sol caíssem do seu rosto. Ela notando que estava em cima de alguém, se levantou rapidamente, enquanto Jack estava ainda no chão, pois, estava atordoado pela queda.

– Ai Meu Deus! Você esta bem? Me desculpa mesmo! Eu não te vi! Eu posso te ajudar? – A garota tentava se desculpar enquanto o puxava pelo braço para ajuda-lo a se levantar.

– Eu estou bem. - Ele se pôs de pé e um pequeno pensamento o fez querer nunca ter se levantado, “se ela me vir, vou ter que mata-la”, é claro que Jack nunca queria machucar ninguém, mas se as pessoas o vissem, estaria colocando ele e o resto dos creepypastas em risco, pois poderiam descobrir a localização da Mansão Creepy.

– Tem certeza? – A pergunta da garota fez Jack voltar a atenção para ela, que estava sem óculos e seus olhos estavam a mostra, mas, tinha um pequeno problema... Ela não tinha “olhos”... Apenas dois globos de vidro refletindo o céu estrelado. Jack ficou paralisado com a visão dos olhos da garota, era tão assustador... E triste... Tão lindo... – Ei, você ta me ouvindo?

– Sem... Você esta... Sem óculos... – Era só oque ele conseguia dizer.

– Serio? Droga, eu nem notei. Onde eles estão? Onde eles... – ficava repetindo enquanto procurava freneticamente no meio das folhas, ela não gostava de mostrar seus olhos, mesmo quando estava escuro. – Achei! – Deu um suspiro de alivio colocando-os no rosto. – Então, qual é seu nome? E, me desculpa de novo por cair em cima de você.

“Ela não pode te ver, aja como uma pessoa normal agiria”- Sem problemas, e meu nome é Jack. – Sua voz saiu um pouco rouca, pois não a usava muito. – O seu é?

– Rebecca, mas pode me chamar só de Becca. – Ela fez uma pausa e ficou olhando para os lados. – Ahn, onde eu estou? E que horas são?

– Bem, eu acho que nos estamos no lado norte do bosque e são 03h40min da manha. – Jack disse pensativo.

– NORTE!?! Minha casa fica para o sul!!! E 3:40!?! Minha irmã vai me matar! – Becca começou a correr, forcando Jack a ir atrás dela. Ele a alcançou e segurou em seus ombros, fazendo-a ficar frente a frente com ele.

– Você estava indo para o lado errado. Deixa que eu te levo, a gente chega la rapidinho.

Rebecca fez uma expressão de desconfiança. – Como vou saber que você não vai me levar para outro lugar e me... Matar... Ou coisa assim? (Autora: Ai! Essa doeu ate em mim!). – Essa pergunta fez Jack estremecer um pouco.

– Porque se eu quisesse te matar, a esse ponto já teria feito. – Ele respondeu calmamente. (Autora: Bom argumento...) – Vamos?

– Me convenceu, vamos. – Os dois deram a volta e foram pelo lado oposto.

Enquanto andavam Jack a observava profundamente, sim, ele conseguia ver mesmo com sua ausência de olhos, na verdade, enxergava melhor que as pessoas comuns, podia ver perfeitamente no escuro, e sua visão se ajustava rapidamente com qualquer intensidade de luz, então, não precisava de nenhum esforço para ver cada detalhe da moca. Seus cabelos caiam-lhe sobe os ombros e desciam ate o meio de suas costas, sua pele era meio pálida, o que a fazia ficar quase branca com a luz da lua cheia, sua face delicada, seu jeito, fazia Jack se esquecer de onde estava, de quem era, mas o que faltava para ele, e que ela tirasse os óculos, assim ficaria ainda mais linda... Perfeita... Mas o que estava pensando? Estava... Apaixonado? Não. Não poderia. Não poderia fazer isso consigo mesmo. Não poderia fazer isso com ela. O que aconteceria se ela descobrisse que ele era um assassino? Que ele era um monstro? Jack nunca iria se perdoar se tivesse que mata-la.

– Qual e o numero dessa casa Jack? – Rebecca perguntou de repente, fazendo-o sair de seus pensamentos. Como havia chegado ali tão depressa? Olhou o numero da casa com atenção.

– Ahn, acho que é 355...

– Então, é aqui que a gente para. Ei! Que tal se a gente se encontrasse de novo? Tudo bem para você sexta-feira, às 10h30min? Aqui na frente da minha casa? Não é um encontro... Somos só amigos não é? E eu tenho que me desculpar melhor por ter caído em cima de você e... Ai, eu to falando demais de novo...

– Não, tudo bem, sexta-feira esta ótimo e, não tem problema se você fala demais, acho que posso aguentar, acredite, onde eu moro, não tem um lugar de paz e silencio, então estou acostumado. – Jack disse com um leve tom de brincadeira fazendo Becca rir um pouco. Sua voz era tão doce, ela parecia um anjo, não, ela era um anjo, inocente, doce... Perfeita...

Antes de entrar, ela deu um pequeno aceno. – Ate sexta! – e fechou a porta com calma para não fazer muito barulho, pois não queria acordar sua irmã. Com isso Jack deu meia volta e voltou para o bosque, onde ficava a passagem para a Mansão Creepy.

Enquanto andava ouviu um barulho vindo do alto das arvores. Pensou que fossem somente corujas, pois tinham muitas por la, e continuou seu caminho, mas não demorou muito para...

– Heeey, E.J! Finalmente você apareceu! Parece que alguém fez a festa essa noite! – Ticci-Toby apareceu de repente de ponta cabeça na frente de Jack e fez com que ele pulasse para trás pelo susto. – Masky me fez procurar por você. E eu fiquei andando nessa maldita floresta que, para minha desgraca, é maior do que a cidade. E depois de duas horas te procurando, eu finalmente te acho andando no mesmo lugar que eu chequei 10 minutos atrás, e ai eu te pergunto... PRA QUE ISSO?!?

– Calma Toby, eu estou aqui não estou? Você já pode voltar para seja la oque que você estava fazendo antes, e esquecer que esteve aqui. – Jack respondeu calmamente. Queria chegar logo na Mansão, pois precisava achar um jeito de sair de la na sexta pelo menos as 10:00.

– Mas me fala... A noite foi tão boa assim pra você ficar até tarde? Você nunca foi dos que gostavam de sair, e agora quer ficar fora a noite toda? Tem que ter algum motivo... – Toby perguntou desconfiado. Jack realmente nunca gostava de sair da Mansão, só saia quando precisava comer.

Com essa pergunta, Jack deu um pequeno sorriso, lembrando-se de Rebecca. – Foi uma noite maravilhosa...