Rosa Cristalizada escrita por flaviovini


Capítulo 5
Capítulo 4 - Rosa Congelada




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Encarei a casinha azul por alguns minutos e bati à porta.

Vera apareceu com um bebê lindo no colo – seu filho – Ela estava surpresa em me ver, contudo, seu rosto transmitia alegria.

 

 “Oi Vera... Que saudades” Não contive minha emoção e lancei-me a um abraço.

 

 “Rosalie, minha amiga, estou tão feliz em vê-la, entre... Esse é meu filhinho Henry...” Ela disse o nome com muito amor apontando para o lindo bebê em seu colo e me puxando pelo braço para entrar com ela.

 

 “Precisava ver como estava minha melhor amiga e o filhinho dela” Falei com uma voz meiga gesticulando de forma infantil para o bebê.

 

 “Estamos todos bem e você? Alguma novidade?” Vera perguntou ao ver meu sorriso.

 

 “Na verdade sim...” Empolguei-me e logo lhe contei cada detalhe sobre Royce, desde as primeiras rosas até o último beijo, ela sorria nos momentos certos e juntas suspirávamos para o amor – porque ela entendia completamente sobre ele.

 

 Nossa conversa durou horas, falamos sobre seu marido Thomas, seu filho, minha família, nossas antigas amigas, não havia mais o que dizer, assim, resolvi ir embora e prometi voltar o mais breve possível, ela me levou até a porta com Henry no colo, analisei mais uma vez o lindo bebê e senti algo estranho dentro do meu peito. Resolvi sair antes de ter alguma vertigem, ou coisa do gênero.

 Esse aperto em meu peito foi crescendo enquanto pensava em Henry, e foi quando notei que estava com inveja. Eu queria ser mãe também, queria ter um filhinho lindo, ou melhor, filhos lindos e louros assim como eu e Royce, estas seriam as crianças mais belas do mundo. Com esse pensamento o aperto foi se afrouxando.

 Olhei ao redor e verifiquei que já estava em casa, decidi arrumar a roupa que iria à festa com Royce.

 Abri meu guarda-roupa e fiz uma pequena seleção, tirei apenas algumas. Escolher foi um trabalho doloroso, fiquei em duvida entre um vestido carmim com babados e fitas – nada infantil, um vermelho aberto nas costas e um preto que valorizava meu quadril.

 Após inúmeros minutos, decidi que usaria o vermelho, porque ele tinha alguma coisa que me deixava sexy.

 

 Depois de muita espera, o sábado chegou, em seguida o dia voou e Royce apareceu para me buscar. Na festa só estavam as pessoas mais elegantes, os nomes mais falados na cidade, Royce me apresentava a todos como um troféu, e gostei disso, encontrei um rapaz bonito, de cabelos lisos caindo sobre os olhos verdes acompanhado de uma mulher de lábios desenhados e olhos verde-esmeralda, com cabelos castanho-claro – Fabrício e Sophie, era óbvio que eles estariam aqui.

 

 Não deixei que nada me abalasse nesta festa, todos me notaram, sem dúvida Royce ficou orgulhoso. E esta foi a primeira festa de inúmeras que fomos durante o mês de março. No final de uma delas Royce chamou-me num canto para revelar algo.

 

 “Rosalie, você sabe o quanto gosto de você e de sua família e gostaria de pedir-lhe algo...” Ele não conseguia falar.

 

 “Pode pedir Royce, estou ouvindo” Minha curiosidade deixava-me louca.

 

 “Você gostaria de...” Ele pausou, pegou uma caixinha de veludo preta, sorriu, abriu-a e continuou: “... Casar-se comigo?” Finalizou, mostrando o enorme diamante que brilhava sobre o anel de ouro.

 

 Obviamente aceitei, meu conto de fadas finalmente teria o seu ‘Felizes Para Sempre’, agora podia sonhar com meus filhos loiros e lindos num imenso gramado verde, com uma enorme casa branca, a casa dos King, porque em breve eu seria uma King.

  Mamãe e Papai adoraram a noticia e aprovaram na mesma hora, assim, todos nos empenhamos para organizar o casamento mais pródigo de todos os tempos. Seria em menos de um mês. Vera seria minha madrinha, assim como fui a dela.

 Procuramos em toda a cidade pelo melhor vestido de noiva, haviam vestidos de todos os tamanhos, formatos, cores, enfim, era um verdadeiro festival de tecidos aos meus olhos, contudo, nenhum deles conseguiu ser tão chamativo quanto eu queria, então desisti de procurá-lo.

 

  Em um dos passeios que fazia ao banco, numa vitrine simples, vi o mais belo e formoso vestido, era branco-pérola, com rendas, leve, muitos e tinha algumas ondas embaixo da cintura. Conseguia me ver dentro dele, porém estava sem dinheiro naquele momento, decidi buscá-lo o mais breve possível com medo de perdê-lo. Fui para casa com o passo acelerado, todos tinham saído exceto Philly.

 

 “Philipe, quer ir comigo comprar meu vestido do casamento?” Perguntei de forma amável, fazia muito tempo que não dava atenção para o meu ex-irmãozinho, agora com quase 16 anos.

 

 “Claro, vamos... Mas... Está chovendo Rose...” Ele apontou para a janela, para mostrar as gotas que escorriam no vidro.

 

 “Você está com medo de derreter?” Desafiei, enfrentaria qualquer coisa para comprar meu vestido.

 

 “Não mesmo... Vamos então” Ele saiu correndo abrindo seu guarda-chuva preto.

 

 As gotas quase congelavam minha pele, mas por hoje eu não me importaria. Philly andava rápido demais, tentei acompanhá-lo, e lembrei da maneira de fazê-lo parar.

 

 “Philly... Você não sabe onde é, esqueceu que eu não lhe disse?”.

 

 “Ops... É mesmo...” Ele começou a caminhar no meu ritmo.

 

 A chuva ficou mais forte e revirou seu guarda-chuva, molhando-o todo, ficamos ambos rindo até que houve o mesmo comigo, sendo assim, largamos os objetos inválidos e corremos pela tempestade. Meu cabelo voava e pesava com a água que continha e minha roupa parecia ter quilos a mais.

 Conseguimos chegar à loja e comprei finalmente o pedaço de pano que me fez enfrentar uma tremenda aventura. Certifiquei-me de que era do meu tamanho e também se estava bem embrulhado para não molhar. E outra vez enfrentei a chuvarada com meu irmão.

 Foi um momento sublime, Philly parecia-se comigo em muitos aspectos e levamos menos tempo para chegar em casa.

 

 “Há não!” Philipe falou quando entramos em casa.

 

 “O que houve?” Olhei para os lados procurando por algo.

 

 “Agora que chegamos parou de chover!” Ele disse com uma careta, torcendo as roupas e correndo pra janela.

 

 Ficamos olhando o crepúsculo surgir e mudar a cor do céu, acompanhado de um recém arco-íris que maravilhava tudo depois da tempestade. Philly encarou minhas roupas pingando e juntos rimos novamente.

 

 Mais alguns dias se passaram e tudo estava sendo organizado da maneira mais rápida possível. Royce estava sem tempo para ficar comigo, ele apenas dizia que tinha muitas responsabilidades no trabalho e com o casamento estava meio deslocado, não me importei porque em breve ele seria somente meu e passaríamos a lua de mel em algum país tropical.

 Tentei ficar calma pensando assim, mas Royce ficou ainda mais estranho com a chegada de um amigo de Atlanta “John Flotnary”, um homem alto, rico, bronzeado, de olhos e cabelos negros e muito, muito arrogante.

 Royce começou a sair mais com esse amigo e me deixou de lado por algum tempo, porém, era comigo que ele se casaria, não com John, por esse motivo não deixei a raiva vencer.

 Resolvi ir visitar Vera outra vez, para ver se ela precisava de ajuda com alguma coisa, pois sendo minha madrinha, ela precisava de alguns cuidados a mais.

 

 Vasculhei minhas coisas em busca de alguma lembrancinha para Vera, algo simples para que ela se lembrasse de mim. Encontrei o pingente de Ouro ‘Para minha doce Rosalie Hale’. A foto de um lado era meu luminoso sorriso, do outro era as pessoas que habitavam meu coração. Continuei examinado meus pertences, dessa vez uma pequena pedra no formato de coração atraiu minha atenção... Minha família, como eu amo cada pessoa desta família... Minha atenção se desviou para a Rosa Cristalizada, o pedaço de cristal que continha minha representação.

 Depois de alguns minutos encontrei o presentinho ideal, nada mais justo do que dar a minha madrinha um anel que ela gostava, um que ela sempre admirava quando éramos crianças, ele era pequeno e continha uma pequena pedra ametista. A cor favorita de Vera.

 

 O clima primaveril do final de abril não foi o suficiente para acabar com o frio, coloquei um casaco branco que Royce me dera de presente, com muitos botões de metal cor de bronze, um chapéu que era da mesma cor do casaco, um vestido longo e preto, prendi a pulseira que ganhei de Vera contendo uma rosa e uma violeta que gostava de usar e desci pra sair logo.

 Papai ainda estava trabalhando, mamãe arrumava a casa e meus irmãos estavam jogando algum novo jogo.

 

 “Mamãe vou à casa de Vera, como disse antes, e assim que voltar te ajudo a fazer o jantar” Não podia esquecer minhas obrigações.

 

 “Tudo bem minha Rosa, só não demore muito, seu pai chegará logo” Ela alertou.

 

 “Está bem... Não irei demorar, em algumas horas estarei de volta” Dei-lhe um abraço e fui passar pela sala para ter acesso à saída.

 

 “Aonde você vai Rose?” Rich perguntou.

 

 “Na casa de Vera” Informei-lhe.

 

 “Podemos ir com você?” Philly se manifestou.

 

 “Estou com pressa, outro dia levo vocês...” Realmente, eles nunca saiam de casa.

 

 “Ta bom...” Rich fez o beicinho que aprendeu comigo.

 

 Dei-lhe um abraço para mostrar que eu não estava nervosa com ele e envolvi Philly no abraço também, encarei seus rostinhos de anjo e sorri largamente.

 

 “Amo vocês irmãozinhos mais loucos” Revelei.

 

 “Também te amamos chata” Os dois responderam ao mesmo tempo e nós três rimos por isso.

 

 “Rose... Não vai... Fica com a gente só hoje, você nunca mais brincou com a gente...” Rich pedia enquanto meu coração se apertava.

 

 “Desculpe meninos, sinto muito mesmo, mas... vocês vão ver só, aguardem... Assim que eu voltar vou detonar vocês nesse joguinho, sempre ganhei não foi?” Tentei recuperar a compaixão de meus irmãos.

 

 “É verdade... Você sempre ganha em todos... Pensando bem, acho melhor não deixarmos ela jogar...” Philly dizia fingindo pensar com a mão no queixo.

 

 “Ei... Eu vou jogar sim!” Sorri pra eles e me levantei “Não demoro... Vou correndo...” Tentei animá-los.

 

 “Ok. Já vou preparar suas peças, então volta logo! Corre!” Rich incentivou.

 

 “E fecha a porta porque ta muito frio...” Philly informou.

 

 Fiz uma careta para eles, amos mostraram o sorriso que eu amava, brilhante, presunçoso e amável, virei-me para a porta e saí para ver minha amiga.

 

 Não demorei muito para chegar na casa de Vera, ela já me esperava com o lindo Henry no colo, ele sorria e exibia as lindas covinhas que me deixaram apaixonada. Seu cabelo já havia crescido e era todo cacheado. Fiquei olhando o bebê durante toda a conversa, ele se sentava sozinho, o que me deixou com a antiga inveja, ficamos horas falando sobre o que deveria ter na cerimônia. Thomas chegou e decidi partir, não havia notado que já estava tarde. Porém, recordei-me do presentinho de Vera.

 

 “Vera... Queria dar-lhe uma lembrancinha, você como minha madrinha merece...” Tirei a caixinha do bolso do casaco e entreguei-lhe.

 

 “Rosalie... Não precisava se incomodar...” Ela abriu a caixinha e vi seu sorriso enorme ao ver o conteúdo “Ah... Nem sei o que dizer... Eu adorei, é lindo, lembra que nós...” Ela começou a dizer cheia de alegria.

 

 “Sim... Sim... Lembro, por isso decidi dá-lo para você!” Ajudei-a a colocar no dedo, a pedra se destacou na sua pele bronzeada.

 

 “Bom... é melhor eu ir, meus irmãos estão me esperando pra jogar algum joguinho e tenho que ajudar minha mãe... Te vejo amanhã...” Isso porque, como madrinha ela tinha que participar de todos os preparativos.

 

 “Deixe que nós lhe acompanhamos até a porta, Rosalie” Vera disse, pegando Henry no colo e com Thomas ao lado, com a mãe em sua cintura.

 

 Fomos até a saída e verifiquei se estava chovendo, percebi que durante esse momento de distração, Thomas deu-lhe um beijo na testa. Isso me incomodou demais, esse beijo tinha tanto amor, era tão doce, Royce não era assim. Não, não, meus pensamentos outra vez me confundiam, Royce era meu príncipe e isso bastava, pois, brevemente eu seria princesa, e depois rainha!

 Passando pela saída acariciei uma rosa no pequeno jardim de Vera, isso não foi uma idéia muito boa, o espinho foi cruel com o meu dedo sensível, puxei para ver o estrago e uma gota de sangue manchou a perfeição do branco casaco que Royce me deu.

 

 “Ai...” Fiquei nervosa por ter sido tão tola a ponto de manchar o casaco.

 

 “Calma Rosalie, espere um pouco...” Vera correu para dentro e voltou em segundos “Aqui, pegue esse lenço...” Ela me entregou um lenço branco e começou a limpar meu casaco com um outro pano.

 

 “Obrigada” Agradeci pressionando o tecido no meu corte.

 

 Despedi-me de Vera, Thomas e Henry e caminhei velozmente pelo frio, cruzei os braços para tentar manter o calor em minha pele, mas não adiantou. O frio gelava tudo... O frio... Era a única coisa capaz de destruir meu casamento que iria acontecer em uma semana, não queria que o casamento fosse dentro da casa dos King. Teria de conversar com Royce sobre isso. Resolvido esse problema olhei para a rua, estava muito escura, as luzes dos postes todas acesas, tentei lembrar de quanto tempo fiquei na casa de Vera, mais o gelo do ar não me deixava raciocinar muito bem.

 Só faltavam algumas ruas para chegar em casa... Para chegar no conforto... Para chegar num ambiente quente!

 Uma gritaria perturbou meu silêncio, automaticamente desviei minha atenção para o local de onde os sons vinham. Era um grupo de bêbados rindo alto em cima de um poste quebrado. O medo tomou conta de mim, havia um telefone público próximo, mais eram apenas três ruas que me afastavam de meu lar, não queria preocupar meu pai, até porque de qualquer forma, se ele viesse eu teria de esperar, então decidi seguir o caminho. Meu passo era um pouco mais acelerado por causa do pânico. Um único som me fez parar, o som do meu nome.

 

 “ROSE!” Gritou um dos bêbados e os outros riram como idiotas da minha expressão.

 

 Observei melhor os bêbados e percebi que estavam muito bem vestidos, eram uns homens de linhagem real e o meu próprio Royce. Pavor tomou meu rosto ao ver meu príncipe neste estado.

 

 “Esta é a minha Rose!” Ele gritou rindo de forma idiota, e continuou: “Está atrasada. Estamos com frio, você nos deixou esperando tempo demais”.

 

 Fiquei abismada, Royce nunca bebia, nas festas ele apenas dançava comigo. Notei que ele estava com um homem vindo de Atlanta, um sujeito suspeito que me encarava de forma maliciosa, tinha cabelos escuros, era bronzeado e muito arrogante.

 

 “O que foi que lhe disse, John?” Royce gritou se aproximando de mim e agarrando meu braço com muita força “Não é a coisa mais adorável de todas as belezinhas da Geórgia?” Ele me virava de um lado para o outro, para me exibir como um troféu.

 

 O sujeito chamado ‘John’ me avaliou da cabeça aos pés, se aproximando enquanto me examinava. Ele sorriu ao ver meu medo eminente.

 

 “É difícil dizer...” Ele disse lentamente, olhando meu vestido “... Ela ainda está completamente vestida”.

 

 Todos os homens riram durante algum tempo, comecei a tremer, mas desta vez não era de frio. John sorria para mim com um olhar negro, Royce seguia seus passos, e os outros observavam esperando o espetáculo.

 Royce me apertou um pouco mais forte, pressionou meu corpo para trás e rasgou brutamente meu casaco, fazendo todos os botões voarem pela rua e meu frágil vestido não agüentou a crueldade e deslizou até meus pés, eu estava quase nua, e para piorar as coisas, os flocos de neve começaram a preencher a rua.

 

 “Mostre-lhe como você é, Rose!” Royce disse rasgando o resto de roupa que me protegia da neve e tirando meu chapéu. Os grampos que o prendia arrancavam ferozmente meus cabelos pela raiz.

 

 Dor... Essa era a palavra exata para o que meu corpo sentia, isso foi facilmente demonstrado pelo grito que eu dei. Todos riram da minha dor, cai no chão sem forças, enquanto o branco da neve manchava-se de vermelho-sangue. Pensei que eles me deixariam morre, mas Royce e John se aproximaram mais e desenharam meu corpo com suas mãos, os outros vieram desfrutar do momento... Todos se divertiam usando meu corpo, riam alto enquanto eu gritava, estava sentindo nojo de mim mesma e não tinha força nem mesmo para enfrentá-los, perdia muito sangue...

 Suas mãos ficavam cada vez mais agressivas e meu corpo é que recebia essa outra dor, lágrimas deslizavam pelo meu rosto de marfim e transbordavam também em meu interior ferido... Ferido pela mágoa.

 O peso do corpo dos cinco homens me deixava mais dolorida e eles me machucavam mais ao tentar receber prazer.

 Finalmente todos ficaram satisfeitos e começaram a se afastar, trôpegos, eu suspeitei de que eles pararam ao pensar que eu estava morta quando parei de reagir.

 

 “Terá de encontrar outra noivinha hein King” John falava e todos riam de Royce...

 

 “... Depois de aprender a ter paciência...” Outro homem incrementou.

 

 Não consegui mais vê-los nem ouvi-los, sabia que agora só me restava esperar pela morte... Morte! Como ela seria bem-vinda...

 Meu sangue escorria quente na minha pele petrificada. Gelo sangrento... Meu corpo doía inteiro, minha decepção era tudo o que dominava na questão sentimental.

 Nunca mais veria minha família... Minha mãe, meu pai, Philly, Rich, Vera... Pessoas amadas que já não faziam parte da minha vida, ou melhor, que deixariam de fazer em questão de minutos... Apenas minutos me separavam de morrer. Minha respiração dizia isso enquanto ficava cada vez mais difícil.

 Meu conto de fadas nunca fora uma historia feliz, foi apenas mais um fio ilusório num mundo de máscaras.

 Todos os sonhos no final se tornaram o mesmo pesadelo horripilante, Royce era o único homem que eu pensei que fosse diferente, mas era igual a todos os homens inescrupulosos e sem limites, se por algum milagre eu continuasse viva, jamais algum homem me tocaria.

 Dois pecados andavam de mãos dadas no meu caminho pela morte: A vaidade de uma mulher e a Luxúria de um homem.

 Eu era simplesmente algo que ele queria mais não precisava; apenas alguma coisa para expor à todos, como uma pintura, para ele eu era uma tela rara, um mero capricho.

 

 Já estava extasiada, e cansada, a morte estava demorando demais, porque ela não vinha logo ao meu encontro? Será que eu não era digna de morrer? Meu destino era mesmo apodrecer nesta rua, congelada, desalmada e sem sentido algum?

 Utilizei o que restava da minha energia para abrir os olhos. A rua estava vazia, próximo a minha mão estava um simples botão bronze, com muito esforço consegui pegá-lo e apertei-o como se minha vida dependesse daquele objeto inútil. Minha pele fraca clamava por piedade quando minhas unhas cravavam-se ao redor do botão.

 As palavras de Royce foram apenas mentira, As rosas... Os beijos... As caricias... As promessas... Tudo era falso.

 Promessas... Lembrei-me da minha própria promessa aos meus irmãos... Não me contentava em não vê-los mais sorrir. Meu corpo chorou com a lembrança e minha alma se despedaçou.

 Comecei a ficar amiga da dor, ela já estava há tanto tempo no meu sistema que já não incomodava mais.

 Outro amigo meu era o gelo, ele me congelava de tal forma que se fundia a mim, apenas o meu coração mantinha-se quente, meu sangue já não fluía tão vigoroso.

 A exaustão chegou e cansada de esperar para morrer, decidi fechar os olhos, para entrar num sonho, ao qual eu sabia que jamais acordaria. Meu cansaço não era o bastante para me fazer dormir, então fantasiei o inicio de um sonho, para que ele fosse capaz de atrair o sono.

 Este sonho era bem simples, havia uma rosa congelada que queria apenas voltar ao seu jardim, pois havia sido negada como uma flor. Ela chorava vendo suas pétalas se deteriorarem, e enfim, transformou-se em nada... Nada... Isso era o que eu seria em breves segundos.

 Sorri ao saber que pelo menos sabia meu destino... Sorri, e meu sorriso permaneceu congelado em minha face.

 

 


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Notas finais do capítulo

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