Karina aproveitava aquela tarde de domingo, aconchegada entre os travesseiros de sua cama e o tronco do namorado. Não faziam nada de demais, simplesmente se abrasavam, periodicamente fazendo comentários sobre a escola, os colegas, coisas triviais. Os braços do namorado a envolviam, e as vezes sentia os dedos dele passando pelos seus cabelos, fazendo massagem. Havia uma certa calma que era geralmente inesperada para o casal, apesar de descobrirem o quanto se amam ao longo dos 3 meses de namoro, Pedro e Karina geralmente conviviam como gato e rato, entre discussões bobas e pedidos de desculpas que terminavam em beijos, pareciam casal de uma serie de TV adolescente.

"Esquentadinha, bem que agente podia dormir aqui hoje né, juntinhos, abraçadinhos..." Sugeriu Pedro, com um sorriso bobo no rosto.

"Tá maluco moleque? meu pai te pega dormindo aqui ele te atinge com uma granada!" O pai da menina havia saído com a Dandara, felizmente deixando a casa livre para o casal.

"Sabe que por você eu ate correria esse risco né?"

"É, mais eu não to afim de ficar viúva de namorado ainda não, decorou?"

"Que bonitinho, você se importa comigo esquentadinha?" Ela sorriu, nunca foi uma pessoa que sabia se expressar bem, antes de namorar Pedro, não era nem capaz de se expressar com a própria família. Ao longo do namoro, foi se abrindo, aprendendo. O jeito brincalhão, bobo e romântico de Pedro, mesmo que nunca o admitisse, a encantava.

Ela virou, olhando nos olhos do namorado e bagunçando os cabelos dele que como sempre, já estavam bagunçados.

"Como é que eu fui arrumar um namorado tão bobo hein?"

"E Como é que eu fui arrumar uma namorada tão esquentadinha?" ele sorriu, puxando a namorado pra mais perto, suas mãos descendo pelas costas da Karina, os dedos dele fazendo círculos que deixavam arrepios na pele da menina.

Karina suspirou, e tentou fingir que não estava sendo afetada pelas mãos do namorado, mãos que por sinal estavam dirigindo-se a zonas bem perigosas.

"Nem vem moleque, você bem que gosta desse meu jeito esquentadinha, como você diz, estou começando achar que ate gosta de apanhar" ela riu.

"Mais é claro que eu gosto, não conheço mais ninguém que tem uma namorada toda trabalhada no Muay Thai e ainda por cima linda" ele beijou o nariz dela, fazendo Karina corar imediatamente (ainda não estava acostumada aos complementos que o namorada fazia).

"Ai nada ver Pedro, você é meu namorado mais não precisa mentir" ela sorriu envergonhadamente.

Ele virou completamente o corpo de Karina, se posicionando encima dela e prendendo seus braços em cada lada de sua cabeça.

"Retire o que você disse agora!"

"Retirar o que menino ficou maluco!"

"Que você não é linda!"

"Mais eu nã-" ele não deu chance pra ela terminar, soltou seus braços e começou a fazer cocegas na menina

Karina começou a rir descontroladamente com o ataque de cocegas do namorado, "Pedro! para por favor hahahaha moleque, PARA!"

"Sabia que você fica ainda mais linda quando tá rindo assim? se é possível, acho que eu me apaixono cada vez mais" ele disse, com um sorriso enorme no rosto.

"Nossa como você é meloso menino!" ela disse, tentando esconder o sorriso do rosto.

Pedro não resistiu, e rapidamente atacou os lábios da namorada, suas mãos acariciando o rosto dela, enquanto Karina segurava o namorado pela cintura. depois de algum tempo eles separam para respirar, Pedro com aquele sorriso bobo no rosto, começou a sussurrar "Esquentadinha, sabia que eu te-"

"Shh, eu ouvi um barulho, acho que meu pai chegou, fica aqui que eu vou lá ver" ela disse, falando bem baixo e se retirando dos braços do namorado, que não parecia nada satisfeito com a interrupção."

"Tá mais não demora" ele sussurrou

Ela se direcionou ate a porta na ponta dos pés, para não chamar atenção pro seu quarto se realmente fosse seu pai.

"Karina?"

"Que?" com a mão na maçaneta, ela se virou mais uma vez.

"Já te disse que eu adoro sua bundinha?" ele piscou.

"Já. Safado" ela sorriu e abriu a porta do quarto, andando de vagar pelo corredor, se tivesse com sorte, quem estaria subindo era só a irmã com o Duca.

Parou em meio caminho quando realmente ouviu a voz do pai, e percebeu que havia alguma coisa de errada, pois sua voz estava agitada, nervosa. Ele estava se dirigindo a Dandara enquanto entrava em casa.

Karina decidiu ficar escondida e ver o que esta acontecendo.

"Calma Gael, perder a cabeça não vai resolver nada" disse Dandara, naquela voz confortante que só ela tem.

"Como calma Dandara?! você viu o que aquele babaca falou da MINHA filha?" Gael andava de um lado pro outro descontroladamente.

"Todos esses anos eu já sabia dessa possibilidade, eu sabia, mais a Karina não merecia e não merece sofrer desse jeito, ela já sofre tanto achando que teve culpa pela morte da mãe, eu não vou aguentar ver minha filha sofrer por isso também"

"Mais meu amor, Não adianta se torturar com possibilidades, e de qualquer maneira, como você mesmo disse, ela é SUA filha, e nada vai mudar isso"

"Dandara, eu conheço a Karina, pode parecer que ela é mais forte que a irmã, mais a mais sensível das minhas filhas na verdade é ela. Se a Karina ouvir da possibilidade dela ser filha daquele monstro do lobão, eu não sei o que pode acontecer com a minha filha" revelou Gael.

Depois disso tudo foi como uma sequencia de filme.

Karina congelou, sentiu uma dormência subindo dos dedos dos pés ate a forte pressão que sentia no peito. Piscou, apertou os olhos, abrindo e fechando, só pra ter certeza que não haveria possibilidade de aquilo ser um sonho.

Sentiu umas mãos a segurando pela cintura "Esquentadinha você ta me ouvindo?! Esquentadinha?" era voz do namorado, parecia estar preocupado, pelo menos era o que Karina conseguia ouvir. estava totalmente paralisada, conseguia ver e sentir mais não processar nada ao seu redor.

"Filha?! Karina, filha pelo amor de deus olha pra mim!"

Sentia que estava se desconectando de tudo e de todos, vozes e imagens viraram borrões no fundo de sua mente, a ultima coisa que ouviu foi a voz do pai, que ate então nem poderia mais chamar disso.