Life is Unexpected escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 13
Capítulo 12 - 4 anos e 11 meses depois...




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Dez.

Nove.

Oito.

Sete.

Seis.

Cinco.

Passadas abafadas ecoaram pelo corredor de carpete, antes mesmo que o despertador soasse. Definitivamente a pantufa acolchoada mas com solado de borracha não havia sido a melhor ideia que Karina já tivera.

Quatro.

Três.

Mari se revirou na cama, colocando o travesseiro por cima da cabeça. Podia ouvir a maçaneta girando devagar, apenas esperando o apito soar.

Dois.

Um.

O apito do despertador soou alto, acompanhado pelo barulho da porta sendo escancarada e se chocando à parede do quarto.

“É meu aniversário!” Gritou Anabella, correndo e se jogando sobre a mãe, que tentava cegamente desligar o despertador.

“Se acalme, mocinha, ou vai acordar suas tias.” Repreendeu a mãe, finalmente interrompendo o barulho irritante.

“Tarde demais.” Karina apareceu na porta resmungando, trajando apenas pantufas e uma camisa do Muay Thay, coçando os olhos preguiçosamente.

“Quem inventou de dar para ela essa pantufa barulhenta foi você, Duarte.” Resmungou Jade, vindo em seguida se enrolando em um robe de seda.

“Hey, vocês ouviram? É meu aniversário!” A criança perguntou ultrajada.

“Jura que é seu? Pensei que era do Rupert Grint.” Karina riu, enquanto Mari puxava a filha e a enchia de beijos.

“Parabéns, filha. Tudo de melhor na sua vida, muita paz, muito amor, muito sucesso.” Desejou a moça, enquanto a menininha a abraçava com força.

“Obrigada, mamãe.”

“É a vez da madrinha, dá esse cotoco de gente aqui.” Pediu Karina, a puxando para si e começando a encher sua barriga de cócegas e seu rosto de beijos. “Feliz aniversário, bezerrinha. Tudo o que sua mãe desejou e eu tenho preguiça de repetir.”

“Obrigada, tia Ka.” Annie riu do jeito espivetado da madrinha em lhe cumprimentar, enquanto ia abraçar a tia que restava.

“Ainda é cedo, então não espere nada muito inspirado, ouviu pedaço de gente?” Avisou Jade, envolvendo a sobrinha com os braços e a acomodando em seu colo. “Parabéns, pestinha, que você seja muito feliz.”

“Chamar a menina de pestinha é sacanagem.”

“Ainda não perdoei totalmente ela ter destruído meu conjunto de sombras da MAC, então vai ser pestinha por um bom tempo.” A dançarina respondeu, fazendo as amigas rirem. Anabella, por outro lado, estava impaciente.

“Cadê meus presentes?” Perguntou, se afastando da tia e parando de joelhos em cima da cama.

“Ô criatura mais interesseira.” Riu Karina, enquanto ela e Jade iam pegar os presentes no armário do quarto de Mari. “Aqui está... Meu, da tia Jade, sua mãe e seus avós.”

Dos pais de Mari, ela ganhou uma grande boneca de pano feita pela avó, a qual ela logo batizou de Maricota; dos pais de Franz, uma casa da Kelly (sobrinha da Barbie) com a bonequinha vindo junto.

“Um Olaf! Eu estava louca para ganhar um. Obrigada, tia Ka.” Gritou a menina, abraçando o bonequinho de pelúcia. “Oi, eu sou o Olaf e eu gosto de abraços quentinhos.”

“Hey, não ignore meu presente.” Reclamou Jade, vendo a sobrinha rir.

“Calma, tia, já vou abrir.” Ela deixou o Olaf apoiado na sua cintura, começando a rasgar o outro embrulho e logo tendo os olhos brilhando. “A fantasia da Elsa.”

“Agora está Frolzensada.” Comemorou Karina, observando a menininha pulando abraçada aos presentes. “Só não comece a cantar Let It Go, por favor.”

“Não vai cantar, porque ainda tem que abrir o presente da mamãe.” Lembrou Mari, liberando espaço para pegarem a caixa do João. A criança acomodou sua fantasia e seu boneco no travesseiro, com todo o cuidado, antes de focar sua atenção no presente da mãe.

“Por que está vazio?” Perguntou desapontada, encontrando a caixa gigante sem nada dentro.

“Porque o meu não pode ser embrulhado, ué.” Explicou a mãe, sorrindo e piscando para as amigas.

“Cadê a afilhada aniversariante mais linda do mundo?” Ouviram o grito no andar debaixo, e os olhos da Annie brilharam.

“Tio Jeff!” Ela gritou, pulando da cama e saindo correndo.

“Cuidado para não cair, mocinha.” Gritou Mari, apanhando um shorts, já que Karina roubara seu robe para descer.

No andar inferior, Jeff rodopiava pela sala com Ann em seus braços. Ela gargalhava deliciada, tendo seu delicado rosto enchido pelos beijos do padrinho que tanto amava.

“Quantos anos você está fazendo, hein? 15? 18? Não me diga que já é 21.” Brincou o rapaz, enquanto ela gargalhava ainda mais.

“Não, tio, só cinco. Olha, cinco.” Ela mostrou a mãozinha aberta, indicando os cinco dedinhos que começavam a deixar o formato gorducho de bebê para ficar mais compridos e finos. “E cadê o meu presente?”

“Só pensa no presente? Que feio...” Ele negou com a cabeça, dramaticamente. “Também não vou te entregar o presente meu e da sua mãe.”

“Ah não, tio, por favor.” Ela fez aquele biquinho fofo.

“O que acha, Mari? Ela merece?” Ele se virou para as meninas, que seguravam o riso.

“Acho que merece, Jeff.” Concordou a moça, piscando para ele.

Ele então colocou a afilhada no chão, caminhando até a porta e a abrindo. Se ajoelhou e pegou algo ao lado do batente, o escondendo em frente ao corpo.

“Bells... Conheça seu novo amiguinho.” Jeff se virou, revelando o filhote de vira-lata em seu colo.

“Um cachorrinho.” Ela gritou, correndo até ele e recebendo o bichinho em seus braços. “Ai meu Deus.”

“Gostou?” Perguntou Mari, se aproximando.

“Se eu gostei? Eu amei.” Ela gritou, correndo abraçar a mãe. “Obrigada, mamãe. Obrigada, papai.”

Ela correu abraçar Jeff, que olhou Mari com receio. Ela ficou sem reação por alguns momentos, antes de se levantar e dar a desculpa de ir preparar o café da manhã, sumindo em direção à cozinha.

Ao longo daqueles cinco anos, muita coisa havia mudado na vida das três meninas e da pequena Anabella. Com a ajuda dos amigos, conseguiram aprontar a casa e se mudar em menos de sete dias, começando o novo capítulo de sua história.

A adaptação não foi fácil e nem tranquila; tinham um bebê pequeno em casa, quase nada de experiência e entrada na vida adulta. Jade trabalhava o dia inteiro como professora de ballet, tendo a noite livre para ajudar Mari com a bebê. Karina ajudava o pai na administração da academia durante a tarde, deixando as manhã livres para ajudar a amiga, seja deixando-a dormir ou indo atrás dos tramites legais do processo do acidente de Franz; a noite, a loira ia para a faculdade.

Após quase seis meses do acidente, o processo contra a transportadora dona do caminhão chegou ao fim. O advogado contratado pela família conseguiu uma indenização bastante alta, além de uma mesada polpuda para Anabella, até que ela completasse 21 anos.

Nesse meio tempo, as três amigas muito haviam conversado. E então, pouco antes do aniversário de um ano de Annie, as três inauguravam a GND, uma empresa focada na organização de casamentos.

Começaram realmente na brincadeira, organizando o casamento de algumas conhecidas que haviam gostado da maneira que o casamento de Mari e Franz havia transcorrido; as convidadas das festas pediam o contato das meninas e logo a coisa estava tomando forma e se tornando um negócio de verdade.

Menos de um ano e meio depois, já estavam firmadas no mercado regional e com sede fixa no local onde outrora havia sido o Perfeitão. E foi então que Lírio Lorenzo saiu de suas vidas.

Todas elas, Jade principalmente, sabia o quanto o rapaz havia aguentado o quanto pôde, nunca duvidaram disso. Mas sua grande chance surgiu em São Paulo, quando ele foi convidado para participar de um filme estudantil que teria financiamento da Globo. Quando chegou com a notícia para Jade, trazia no bolso as chaves do novo apartamento e um par de alianças, com o pedido que ela sempre havia esperado.

Porém, ela recusou; com o coração na mão, mas recusou. E ele não pareceu surpreso. Ele sabia que o lugar dela, por hora, era com Mari e Annie, então apenas lhe beijou a testa e desejou que fosse feliz, antes de sair. Mantiveram contato graças a criança, obviamente, e na última ligação, na Páscoa, ele avisou que estava noivo de uma antiga colega deles da Ribalta, Joaquina.

Karina terminou a faculdade de Jornalismo não muito após isso, assumindo uma coluna semanal na plataforma online de uma revista para noivas. Mas ela dizia que seu maior e mais complexo trabalho era o de madrinha: suas funções eram de babá, professora particular, buscadora na aula de dança e Muay Thay...

E assim elas viviam: três solteironas e uma menina de cinco anos que, nas palavras de sua amada madrinha:

“É um capetinha que consegue lamber a lata de leite condensado sem cortar o dedo e sabe dar um jab melhor do que eu dava aos 16 anos.”

Jeff era a presença masculina mais constante naquela casa, e como padrinho era também pai postiço. Então, quando Ann havia começado a falar, ela chamá-lo de pai acabou sendo inevitável. E Mari, como a pessoa corajosa que era, apenas fugia sempre que isso acontecia.

“Eu vou conversar com ela.” Avisou Jade, indo para a cozinha.

“E que tal escolhermos um nome para o seu cachorro, hein fadinha?” Propôs Karina, sentando ao seu lado.

“Eu quero ele chame Sirius.”

“Mas o Sirius é uma cachorro preto, e o seu é clarinho.” Lembrou a madrinha.

“Isso é preconceito, Karina.” Brincou Jeff, enquanto a loira lhe mandava a língua.

“Deixa a menina, Karina.” Gritou Mari.

“Vocês são posers demais, sabiam?” Bufou a moça, se levantando. “Duas, subam se arrumar que estamos meio em cima da hora hoje. A Jade tem reunião às 9h com o noivo da Borges e a Mari tem que ir no florista com a Santos.”

“E o café se faz sozinho?” Perguntou a dançarina, aparecendo na porta.

“Não, eu termino ele, já que sou mais rápida para me arrumar. Jeff, vai com a Annie colocar o Sirius na casinha dele, por favor.”

Logo, a correria matinal tomou seu padrão usual. Annie logo voltou para a mesa do café, acompanhada de Jeff; ela recebeu seu pote de sucrilhos, ele uma xícara de café bem forte.

Não demorou para que Mari aparecesse já pronta, mandando que Karina fosse se arrumar. A loira terminou de virar seu suco de maçã e subiu comendo uma banana, deixando a amiga cuidando de tudo.

“Cadê meu leite, mamãe?” Pediu a criança, recebendo a xícara rosa. “Obrigada.”

“Termine seu café e vá se trocar, está bem? Já deixei sua roupa na cama.” A pequena assentiu. “Jeff, ela não tem aula a tarde, você pode ficar com ela?”

“Claro, Mari, sem problemas.”

“Nós vamos buscar a decoração da minha festa agora de manhã, mamãe?” Perguntou a pequena, com bigode de leite.

“Limpe essa boca, baixinha.” Jeff lambeu o polegar, limpando a sujeira e fazendo-a rir.

“Droga, eu esqueci disso; e eu tenho duas reuniões agora cedo.”

“Eu vou com ela.” Karina apareceu só de calça e sutiã. “Preciso ir na Lúcia, ver o vestido do casamento da Furlan; saindo de lá já passo com ela na loja.”

“Pode ser.” Concordou Mari. “E cadê sua blusa?”

“Na lavanderia.” A jornalista correu até lá, enquanto Annie se levantava da mesa e ia para as escadas. A loira logo a seguiu, parando no primeiro degrau e gritando. “Jade, desce comer ou nós não saímos de casa nunca.”

“Já vou.” A morena gritou, descendo as escadas. “Meu Deus, como são apressadas.”

“Seu carro está na oficina, esqueceu? A Ka precisa te levar buscar ele, para você poder ir para a empresa.” Riu Mari, observando a lerdeza da amiga para pegar a granola e o iogurte, na certa tentando irritar Karina.

“To pronta.” Anabella apareceu saltitante. Como em todos os outros dias, ela resolvera pirraçar a mãe, não usando nenhuma das peças que ela havia separados, mas sim as primeiras que havia encontrado no guarda-roupa.

“Anabella Noronha Albuquerque.” Rosnou a cantora, começando a marchar atrás da filha, que disparou a correr.

Logo, todos saiam de casa, combinando tudo para mais tarde.

“Então eu deixo a Annie com o Jeff na hora do almoço, está bem?” Perguntou Quinn, colocando suas coisas no carro.

“E eu a deixo na empresa às 17h, para sairmos jantar às 19h30.” Concluiu o rapaz, entrando em seu próprio carro.

Após deixar Jade na oficina, Karina rumou para o ateliê de Lúcia Miranda, a principal costureira com quem trabalhavam. Era uma senhora doce e simples, com um lojinha pequena e modesta, mas um bom gosto e talento fenomenais.

A mulher, obviamente era louca por Annie, mimando-a todas as vezes que ia ali. Naquele dia, principalmente sendo aniversário da pequena, não seria diferente.

“Olha, tia... A Lúcia me deu uma coroa.” A menina veio correndo dos fundos da loja, enquanto a madrinha terminava de se despedir da noiva que fora provar o vestido.

“Que linda. Você agradeceu?”

“Sim.” A pequena sorriu, lhe estendendo a coroa em um sinal que a colocasse. Karina a sentou sobre os joelhos, fazendo um rabo de cavalo alto e encaixando o novo adereço. “Agora podemos ir? Quero comprar meu presente logo.”

“Tudo bem. Dê um beijo na Lúcia e agradeça novamente pelo presente.”

A loja não era distante e embaladas pelos melhores sucessos do Legião Urbana, as duas mal prestaram atenção ao trânsito e o tempo, só percebendo que haviam chegado à loja ao se deparar com a fachada multicolorida.

O tema escolhido para aquele ano era fadas, mas não especificamente Tinker Bell e suas amigas. Seria difícil achar tudo do jeito que Annie queria, mas as três tinham seus meios de ir domando aquela ferinha leonina e de sangue quente.

A baixinha saiu correndo logo que entrou na loja, apesar da tia a repreender veemente. Logo, como esperado, ela trombou com as costas de um rapaz e caiu de bunda no chão, fazendo um bico enorme.

“Opa, tudo bem, mocinha?” O rapaz se virou, ajoelhando-se e a pegando no colo. Karina gelou ao ver quem era, especialmente quando ele a viu e reconheceu. “Esquentadinha?”

Longe dali, na sede da GND, Jade revisava alguns contratos, à espera do noivo atrasado com quem deveria se encontrar. Odiava atrasos em reuniões, e aquele especificamente estava mais de vinte minutos fora do horário.

“Jade, o noivo da Borges chegou.” Sua secretário avisou pelo telefone.

“Mande-o entrar, oras.” Resmungou, sem tirar os olhos dos papéis. Logo ouviu a porta se abrindo e ergueu os olhos, pronta para dar uma bela tirada no cara, quando viu quem era.

“Ora, ora... Então você virou organizadora? Combina com o seu estilo, Dama.”


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Notas finais do capítulo

OI, OI, OOOOOOOOOOOOI
Não aguentei, queria chegar logo nessa parte, então corri para escrever HAHAHAHAHAHA Olha quem chegou; quem será? hm*
Espero que estejam gostando e amanhã respondo os reviews do capítulo anterior (e os desse, respondo durante a semana).
Espero que estejam gostando e curtam a página do face, ok? https://www.facebook.com/fanficswaalpomps
See you ;*