Distancia Entre Dois Pontos No Plano Cartesiano

As lembranças da minha infância vêm com tanta força às vezes. Lembro-me da época que nenhuma altura era grande o suficiente, e que as coisas mais altas da terra eram o meu armário. Lembro-me de pular entre os sofás da sala, imaginando que o chão era um grande monstro, pronto para me devorar. Lembro-me de meus pesadelos estranhos, na verdade só me lembro de um. Aquele que eu caia sem parar da janela do meu prédio.

Lembranças boas assim, até mesmo os pesadelos, até mesmo as vezes que tudo deu errado... Eu gosto delas. Gosto de saber que elas são parte do meu passado. E isso me faz querer seguir em frente, quem sabe revive-las, ou melhor... Vive-las.

Então vamos? Não importa aonde, só vamos. Vamos correr por campos verdes, ou montanhas imensas de brita, e cair de vez em quando, ralando o corpo todo. Vamos sorrir para pessoas aleatórias, ou simplesmente sentar em um banco de shopping e tentar descobrir as histórias ocultas de cada um. Vamos esperar um dia quente de verão, pegar as bicicletas e andar dois quilômetros até a cidade, só para comprar um picolé e chegarmos em casa mortos de sede?

Vamos viver como se fossemos sempre crianças. Como se a vida não dependesse de fatos e razões, como se saber calcular a distancia entre dois pontos no plano cartesiano não importasse.

E isso realmente importa?