Ressurgente escrita por Carolina Rondelli


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Bom, gente, estou apreensiva se vão gostar desse capítulo por mostrar um pouco mais da Liv, já vocês provavelmente não gostam muito dela, mas eu gostei bastante do resultado!
Escrevi a parte final do capítulo com a música "Drunk in love" da Beyoncé na cabeça e se vocês pudessem ler essa parte ouvindo essa música, seria bem legal!
Espero que gostem!



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Liv

Saí do apartamento da mãe de Tobias há quase uma hora e estou caminhando para a parte mais sul da cidade, para o edifício onde moramos com Nita. Tenho certeza que nenhum deles — Abby, Beatrice, Derek, Trevor ou a própria Nita —, vão sair da sala de reuniões até que eu chegue, mas preciso de um tempo para pensar e por minha cabeça em ordem.

Tudo que eu disse a Tobias era verdade, sobre a sensação de perder as pessoas que se ama. Perder meus irmãos e minha mãe foi a fase mais difícil da minha vida, e não gosto de me lembrar disso. E, por mais que eu queira vingança, consigo compreender que, do mesmo jeito que eu perdi quem eu mais amava, Tobias também perdeu. E isso o devastou tanto quanto fez comigo. Mas não tenho escolha, se eu pular do barco agora, não sei o que Nita fará comigo. E, aliás, eu não deveria me deixar levar por compaixão. Tobias Eaton é o inimigo, e é crucial que eu não esqueça disso.

Quando chego à sala de reuniões, todos estão lá, como previ. Nita já se adianta:

— Foi tudo um sucesso, espero que tenha feito sua parte tão bem quanto eles. Abby e Beatrice fizeram um ótimo trabalho: dezessete mortos, quatorze do Governo, apenas três pessoas inocentes. Não esperava um resultado tão positivo. Trevor e Derek ajudaram a evacuar as pessoas ao lado de Amar e George, os dois membros de alto escalão na força policial, estão com testes físicos marcados.

— E você, Liv, cumpriu bem seu trabalho? — diz Derek, com desdém. — Já dormiu com Tobias Eaton?

— Calado — diz Nita, e ele abaixa a cabeça. — Liv?

— Ele caiu, acreditou que salvei sua vida e tudo mais. Eu sou a nova vice-prefeita, e ele até arranjou uma briga com uma amiga dele por isso — digo. — Está fácil demais — sussurro.

— O que disse? — pergunta Nita.

— Está fácil demais — digo um pouco mais alto. — Ele confia demais em mim, ele não quis fazer nem uma entrevista para me colocar no cargo. Quem contrataria uma vice-prefeita sem antes saber mais sobre ela? Eu salvei a vida dele, mas e aí? Não acho que seria suficiente para ele colocar a cidade também sob minha responsabilidade.

— Bom, então conquiste ele como homem, e não apenas como prefeito, para que não restem dúvidas. No próximo encontro de vocês, quero que se beijem, deve bastar. — Olho para Derek, ele nem me encara nos olhos. — Por hora, você cumpriu seu objetivo, então todos obtiveram êxito hoje, estou quase orgulhosa — diz Nita.

— Nem todos — digo. — Sua protegida foi vista. Por mais de uma pessoa. Tobias a viu.

— Como?! — exclama Nita.

— Tobias chegou ao apartamento da mãe dele e uma amiga, Christina, contou que um homem disse ter visto Beatrice, ele confirmou que a viu também — explico. — Os amigos insistiram que viram o corpo dela, que espalharam suas cinzas. Mas se Tobias tivesse sido o único, ele ia achar que estava delirando, mas ele não foi, e duvido que vá tirar isso da cabeça. Foi um erro ter a deixado ir.

Nita sai de trás da mesa calmamente e se aproxima de mim na cadeira de rodas. Ela acena para que eu abaixe. Não tenho muita certeza do que ela vai fazer quando me surpreende com um tapa na cara.

— Não ouse contestar minhas decisões e muito menos dizer que foi um erro, tudo aconteceu como eu planejava, mais cedo ou mais tarde vão descobrir que Beatrice está viva, e essa não é minha maior preocupação — diz Nita, com a voz determinada e fria. — Essa garota é a nossa melhor chance.

Todos olham para mim, alarmados, Nita nunca foi de perder o controle assim. Mas, percebo tarde demais que tudo foi totalmente controlado. Nita nunca perde o controle, esse tapa foi uma demonstração de poder. Para que nem eu nem ninguém nessa sala pensemos que podemos nos opor a ela.

— Estão dispensados, chamarei se precisar dar alguma instrução a vocês.

Derek é o primeiro a se levantar e sair. Assim que decido que devo ir atrás dele, já que não conversamos desde que Nita me deu a tarefa de conquistar Tobias, Beatrice está parada na minha frente.

— Sabe que se fosse eu, Tobias já estaria caindo aos meus pés — diz ela.

— É fácil falar quando sabe que o cara era obcecado por você, tanto que matou seu namorado — retruco.

— Não duvide de como eu posso seduzir alguém. Pergunte a seu namorado.

Quando ela diz isso, minha mão voa na direção de seu rosto, mas ela é mais rápida e segura meu braço com força, cravando suas unhas e me machucando.

— Se pensa que pode competir comigo, está muito enganada.

— Você já perdeu para si mesma, não preciso competir. — E saio sem dizer mais nada, indo em direção ao quarto onde Derek dorme.

A porta está fechada, mas não hesito em entrar. Conheço esse quarto — e Derek —, como a palma da minha mão.

Ele está sentado na cama, com uma garrafa de Bourbon na mão. Sua expressão é vazia.

— Derek, eu... — começo.

— Saia — diz ele, secamente.

— Deixe-me explicar...

— Saia — repete ele.

— Não. — Bato a porta atrás de mim.

— O que você quer?

— Conversar.

— Não tenho nada para falar com você, não deveria estar tentando conversar com seu futuro namorado?

— Você acha que eu escolhi isso? — digo, me sentando ao lado dele, tirando a garrafa da sua mão e tomando um gole demorado, o whisky queimando minha garganta.

— Eu não sei mais o que acho — diz ele.

— Tenho feito coisas que não quero por causa disso tudo. Temos feito.

— Temos. — Ele pega novamente a garrafa e bebe mais, eu pego e bebo também, e ficamos alternando a garrafa, em silêncio, até que ela fica quase vazia. Se continuarmos assim, Nita não vai gostar nada de falar com duas pessoas de ressaca na manhã seguinte.

— Você vai provavelmente acabar se apaixonando por ele mesmo. Tobias Eaton, o prefeito. Ele deve parecer perfeito para você, ele não é um perdedor na vida, que vai ajudar a matar pessoas.

— Deve estar se esquecendo de que eu também estou nisso. Também vou ajudar a matar pessoas. Pessoas inocentes, o que é pior. E eu não quero ninguém perfeito, eu quero você.

— Só de pensar que vai ter que beijá-lo — continua ele —, que vai ter que dizer coisas apaixonadas, que vai para a cama com ele...

— Você acha que eu gosto disso?! — grito. — Toda vez que eu olho para ele eu vejo os rostos dos meus irmãos e da minha mãe! E esse é o único motivo para que eu tente fazer ele se apaixonar por mim. Por eles.

Ele não diz nada, só me olha como se meu rosto fosse algum enigma que ele tentasse decifrar.

— Eu não poderia chegar para a Nita e dizer que não quero nada disso — continuo. — Primeiro que, na verdade, eu quero, porque esse é o único jeito de vingá-los. Mas você acha que ela deixaria eu mudar minha função nisso tudo? Viu o que ela fez comigo só por eu ter contestado a decisão dela.

— Quando eu vi que ela estava te batendo... — começa. — Eu só conseguia pensar em como eu queria partir para cima dela e mandá-la tirar a mão nojenta do seu rosto e...

O beijo sem deixar que termine. Eu preciso disso, e ele também. Preciso sentir o gosto dos seus lábios novamente antes que eu tenha a oportunidade de sentir os de Tobias e de que ele, eventualmente, sinta os de Beatrice, caso seja verdade a sua insinuação hoje.

Ele larga a garrafa de Bourbon com força, que se espatifa no chão, sem tirar nossa atenção um do outro, e passa as mãos pelas minhas costas, levantando minha blusa. Faço o mesmo com a dele, na mesma sintonia de tantas vezes atrás. Mas desta vez é diferente, precisamos ter certeza do que um sente pelo outro, uma certeza que nunca pensei que duvidaria. Se bem que nós mudamos. Mudamos muito. E nossos desejos e paixões tendem a mudar. Porém, agora, na cama de Derek, em seus braços, tenho certeza absoluta — uma coisa rara de se ter em tempos como esse — de que meu amor por ele não mudou. E que eu ainda conheço cada centímetro dele, e ele de mim.

E nenhuma noite com Tobias Eaton pode mudar isso.

Muito mais tarde, Derek sussurra:

— Eu a matei.

— O que? Do que está falando?

— Julie Stanford — diz ele. — Eu estava te julgando, mas Nita me mandou seduzir Julie Stanford e depois matá-la para colocar no lugar de Beatrice. Quando eu soube quem era Nita e o que ela queria fazer, pedi para me juntar a ela. Nita concordou, mas disse que isso viria com um preço, um teste pelo qual eu passaria para provar minha lealdade a toda essa causa. Esse foi meu teste, e eu passei. Eu a matei, Liv. Sinto muito.

Não consigo dizer nada. Como poderia culpá-lo? Se Nita me mandar matar Tobias depois de seduzi-lo, terei que fazer isso. Então, abraço Derek forte, porque não consigo nem imaginar o tamanho da culpa que ele está sentindo agora por ter matado aquela garota, por não ter contado nada a mim. Nesse momento, só gostaria de poder tirar isso tudo dele.

— Eu sinto tanto... — sussurra ele, a voz embargada pelas lágrimas que sei estarem chegando.

Se ele soubesse o quanto também sinto...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Se sim, comentem! Se não, comentem também! Até o próximo capítulo!



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