Ressurgente escrita por Carolina Rondelli


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, espero que gostem do capítulo de hoje, tem Deriv para vocês!
P.S. A força policial que eu cito na fic, não é igual ao exército ou às polícias normais, então se acharem os cargos, ou algo na forma que eu mostro a base da força policial, diferente, é porque é tudo original.
Aproveitem!



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Liv

Meu coração está acelerado por algum motivo que desconheço. Ver Derek? Acredito que não, moro com ele. Mas talvez seja a perspectiva de vê-lo no trabalho, de farda, treinando, isso vai ser diferente. Mordo os lábios.

O táxi chega bem rápido à base da força policial e me deixa em frente ao edifício principal, um prédio branco e com mais andares do que tenho disposição de contar.

Quando desço do carro, vejo vários prédios adjacentes a esse, e vários espaços abertos, alguns com grama, outros de cimento. Campos de treinamento, eu suponho. Alguns policiais estão correndo de um lado para o outro.

— Senhorita Williams? — chama alguém. Desvio meu olhar para o fim dos degraus onde Amar está me olhando. Deve achar que sou uma idiota, penso, estou olhando como idiota para tudo isso aqui. Mas, para minha surpresa, ele diz: — É tudo muito grande não é? Fiquei com um sorriso bobo quando vi o lugar, e me perdi meia centena de vezes.

Sorrio e subo as escadas em sua direção. Eu só tinha visto a base da força policial de longe, e mesmo assim só tinha prestado atenção no prédio principal.

— Como está? — ele pergunta.

— Já estive melhor — confesso, mas não pelos motivos que ele imagina —, com tudo isso que vem acontecendo. E o senhor?

— Preocupado, muito preocupado. Venha comigo — ele anda em direção à entrada e eu o sigo.

Entramos no prédio e me deparo com uma pequena recepção de paredes azuis escuras com algumas pessoas trabalhando.

— Qual a necessidade de tantos andares? — pergunto.

— Bom, aqui é apenas a recepção, quando pessoas novas chegam são direcionadas para outros lugares — ele explica. — No segundo andar ficam os detetives e oficiais de patente mais elevada. Anthony tem colocado todo mundo de lá para trabalhar duro ultimamente.

— E os outros andares? — não consigo conter a curiosidade.

— Temos dois andares de enfermaria, ficaria surpresa com a quantidade de gente que se machuca por aqui — fico de repente assustada com a ideia de Derek estar machucado, mas sei que é apenas uma preocupação vazia, ele provavelmente sabe se defender muito melhor do que metade dos homens daqui. — Um andar é composto só de arquivos, coisas que existiram desde antes de Chicago ser cogitada como cidade experimento, coisas que não foram confiadas a computadores, e sim a papéis. No outro andar fica meu escritório, como Primeiro Oficial, tenho um andar só para mim.

— Entendi — digo.

— Em outros andares, nós temos uma área de refeições, a biblioteca, e um centro de treinamento, digamos, secreto. Acho que é isso — ele sorri amigavelmente. — Vamos ao meu escritório.

Vamos ao elevador e chegamos ao sexto andar. Esse andar já é bem diferente do primeiro, as paredes são mais claras num tom de amarelo, e há algumas pinturas nas paredes. Reconheço o símbolo da Audácia, mas não comento nada.

Estamos em uma sala de espera com confortáveis sofás marrons de couro que dá para uma porta de madeira onde está escrito “PRIMEIRO OFICIAL” em letras prateadas.

Amar vai em direção à porta e eu o sigo. Quando entramos, me deparo com uma sala bem iluminada, com uma mesa próxima às grandes janelas. Há uma estante repleta de livros e uma pequena cozinha no outro canto, com um micro-ondas, uma pequena geladeira e uma pia. Também tem um banheiro e outro elevador.

— Há semanas que passo dias inteiros aqui dentro — ele diz, indo se sentar, como se para explicar os aparatos da sala.

— Eu... — começo — eu não esperava que fosse tudo tão grande e...

— Bonito? Extravagante? Exagerado? — ele ri. — Johanna Reyes mandou que todo isso fosse reformado assim que se tornou prefeita. Acredito que ela estava cansada de ver Chicago tão machucada, ela quis uma base policial de ponta, queria ter certeza que sua cidade estava bem protegida.

— Não tenho tanta certeza se ela cumpriu o que queria — digo, me sentando também.

— Muito provavelmente não — ele diz, soando cansado. — Mas vamos ao que interessa. A guerra.

— Não gosto disso — digo, sentindo um arrepio. — Quem declarou guerra?

— Ninguém, por enquanto — ele responde. — Mas Anthony pretende declarar.

— Qual é o problema dele?

— Eu bem que gostaria de saber. Anthony não me comunicou de nada, pois sabia que contaria ao prefeito.

— Como fizeram tudo escondido do senhor? É o Primeiro Oficial!

— Eu soube que outras pessoas andaram se alistando, mas George me certificou de que tudo estava normal. Ele não treina uma quantidade tão grande por dia, e, além do mais, eu estou prestando toda a ajuda possível aos detetives para chegar a esses rebeldes, não percebi, fico o dia inteiro aqui no escritório.

— E como ficou sabendo?

— Fui procurar uns arquivos, e, por pura coincidência, estavam transportando fichas de novos recrutas. Quase duzentos novos.

— Como autorizaram toda essa entrada sem seu consentimento?

— Anthony deu o consentimento dele, e ainda mandou que todos ficassem de boca fechada. Ninguém contestou, e nem poderiam, ele está acima de mim, acima até do Quatro.

— Isso é ridículo — digo. — Tivemos alguns ataques, sim, mas isso não significa guerra.

— Significará quando Anthony der o próximo passo.

— Que próximo passo? — indago.

— Ele quer apresentar seu exército para toda a cidade, reunir imprensa e tudo que tem direito, na esperança de chegar aos rebeldes com uma mensagem. “Da próxima vez, fogo será respondido com fogo”, George me disse.

Isso não pode estar acontecendo, não era para a força policial fazer tudo isso, é muito arriscado. Até onde sei, Nita não tem um exército. E é aí, provavelmente, onde Derek e Trevor entram. Destruir a força policial de dentro para fora, como Nita mandou. E isso vai ser muito, muito difícil.

— Mesmo se não houvesse uma próxima vez programada, os rebeldes não vão se calar depois de uma afronta.

— Nós é que não devíamos ter nos calado da primeira vez, mas foi o que aconteceu, e agora estamos com medo. Acho que precisamos fazer algo a respeito, nisso concordo com Anthony, mas isso não quer dizer declarar guerra, convocar um exército.

— Tem razão. E esse exército? — pergunto. — Ele tem boas chances? São homens capazes?

— Temo que não — ele suspira —, pelo menos em sua maioria não. Temos bons recrutas, e não tenho dúvidas que serão ótimos oficiais no futuro, mas são apenas rapazes por enquanto, por mais que George esteja se esforçando com os outros oficiais de treinamento, eles ainda não têm experiência, treinamento suficiente ou a perspicácia necessária para uma guerra.

— E Anthony sabe disso?

— Sabe — Amar responde —, mas ele acha que vamos ganhar em número.

— Como ele pode ter certeza que os rebeldes não têm um exército maior e mais capacitado? — Nem eu tenho.

— Ele está disposto a arriscar. Segundo George, ele diz que se os rebeldes tivessem uma força maior, já teriam tentado algo como tomar a cidade.

— Não consigo nem começar a enumerar a quantidade de falhas desse argumento.

— Pois é, mas Anthony está decidido, e apenas Quatro pode ser capaz de fazer alguma coisa a respeito. Pelo menos é isso que espero. Vamos para o campo de treinamento, precisa ver com os próprios olhos e passar as informações para o prefeito.

— Claro — digo, me levantando.

Seguimos para outro elevador.

— Esse vai direto aos campos de treinamento — Amar explica.

Entramos no elevador e, ao chegarmos ao térreo, percorremos um pequeno corredor que dá para um dos campos de treinamento, deve ser o maior deles. No centro da área cimentada, está um grupo de aproximadamente quinze recrutas correndo, na extremidade do campo, no lado oposto de onde estou, um grupo menor treina tiro e, mais perto de nós, cinco homens estão fazendo flexões em fila. O segundo possui um corpo que eu não confundiria em lugar algum. Derek.

— Recrutas — Amar chama os que estão fazendo flexões. Eles se levantam imediatamente em posição de sentido.

— Senhor — eles dizem em uníssono.

O olhar de Derek encontra o meu por um breve momento, tão rápido que não consigo ler sua expressão. Não nos conhecemos, digo para mim mesma. Trevor também está lá, mas ele não ousou me olhar nem por um segundo.

— Como o senhor disse, um exército — comento, devido sua disciplina.

— Pois é — ele diz. — Esses são cinco dos meus melhores recrutas, chegaram há muito pouco tempo, mas evoluíram muito. Eles ajudam George nos treinamentos de alguns menos experientes, e até fazem alguns favores para mim quando preciso.

— Fico feliz em saber que não estamos totalmente perdidos — digo, com um sorriso fraco. Preciso me concentrar, mas é tão difícil quando Derek está na minha frente, de farda. Farda essa que preciso de todas as minhas forças para não ficar tentada em tirar.

Amar aponta para um homem loiro e um pouco mais baixo que os outros:

— Mason é nosso melhor recruta em luta corpo a corpo, e Derek é uma revelação nos tiros, George fez um ótimo trabalho com ele.

George não, tenho vontade de dizer, Nita.

— Suponho que nossos inimigos tenham que temer.

— Com toda certeza.

Amar dispensa os recrutas e avançamos até o outro lado do campo, onde estão treinando tiro. Esses recrutas, por sua vez, são horríveis. Em todo tempo que fico parada, observando, apenas um acerta o alvo. E acerta muito mal para o meu gosto.

George não para seu treinamento para falar conosco, está carrancudo, provavelmente por ter sido descoberto e saber que contarei tudo que vi a Tobias. Mas seu grupo não é muito melhor que o de tiro, poucos dos recrutas conseguem dar mais de cinco voltas sem ficar exausto. Não aguentarão um dia se houver guerra.

Quando olho para trás, cansada de conversar sobre como a guerra será um fracasso, Derek faz um sinal com a cabeça apontando para o corredor de onde vim, e, para minha surpresa, Trevor o segue.

— Eu preciso usar o banheiro, pode me dizer onde fica? — interrompo qualquer coisa que Amar esteja falando, lembro que tem um banheiro no corredor.

— Acho que a senhorita já viu o suficiente, não é? Preciso voltar ao escritório, de lá a senhorita pode usar pode usar o meu banheiro, que é bem mais confortável e ir embora, o daqui é usado pelos recrutas...

— Eu não me importo, e eu realmente gostaria de observar mais um pouco, fazer umas anotações que Tobias pediu. Seria possível?

— É claro, se preferir. Vamos.

Seguimos de volta ao corredor. Agradeço pela atenção e prometo que Tobias fará tudo que for possível. Amar entra no elevador e eu no banheiro, encontrando Derek e Trevor a minha espera.

Em vez de correr para o abraço de Derek, que é o que tanto quero agora, vou direto para o assunto, não posso me arriscar aqui.

— O que foi?

Trevor se aproxima e tranca a porta atrás de mim.

— Nita não tem um exército.

— Eu já notei.

— Como ela pretende ganhar isso? — Derek pergunta. — Esses novos recrutas podem ser idiotas, mas estão aprendendo, se Anthony conseguir ganhar por número...

— Deve ser por isso que estão aqui, ganhar de dentro para fora. Quais são as suas ordens?

— Esse é o ponto, Liv, não temos ordens — Trevor diz.

— Isso vocês deviam discutir com Nita, não comigo, muito menos aqui.

— Achamos que ela está escondendo coisas de nós. De todos nós.

— Que tipo de coisas?

— Não sabemos, mas estávamos pensando... — Derek começa. — E se ela quer que morramos aqui dentro? E se ela tiver uma arma secreta?

— Ela tem. Essa arma é loira, baixa e inconveniente, e se chama Beatrice Prior.

— Quero dizer outra coisa, eu não sei. Mas acho que temos que acabar com tudo isso.

— Quantas vezes eu já disse que não podemos voltar atrás agora?! — Trevor se exalta.

— Fale baixo — peço. — O que quer dizer?

— Nós não podemos desistir agora porque... É complicado, Liv.

— Então resuma.

— Olhe, isso não importa, mas nós precisamos...

— Pode contar a ela — Derek interrompe.

— Contar o quê? — indago.

— Você se juntou à essa causa porque queria vingança por sua família — Trevor começa —, Derek porque a dele o rejeitou, Abby por causa do namorado que morreu. Eu não. Eu sou GP, Liv, estou nessa por causa de Nita. Ou pelo menos entrei nessa por causa dela.

— Eu não entendo... — digo.

— Eu e Nita... Nós... Tivemos um caso.

— Um caso? — pergunto, estupefata. Trevor é bem mais novo que Nita, e nunca os vi conversando, ou trocando olhares, ou fazendo qualquer interação longe do normal.

— Sim — ele responde. — Mesmo antes de Tobias e os amigos descobrirem que sua cidade era um experimento eu já estava com Nita. Eu era um adolescente estúpido e ela sempre foi esperta demais, eu me achava incrível por tê-la para mim. Quando as pessoas de Chicago chegaram ao Centro, comecei a participar dos planos de Nita.

“Até tudo acontecer, ela dizia que me amava. Quando ela me contou sobre o plano que tinha para Beatrice, disse que eu seria o responsável por trocar o corpo. Eu aceitei, nunca tinha dito não a ela, mas no dia, eu desisti. Como castigo, Nita matou meus pais, mas deixou minha irmãzinha Ash viva, e disse que seu voltasse a desobedecer, ela a mataria. Eu não tive escolha. Vocês também não vão ter.”

Terror é pouco para o que estou sentindo, nunca ouvi da boca de Trevor mais que duas palavras, e agora isso. Mas me obrigo a falar:

— Eu sinto muito, Trevor. Mas ela não tem família para tirar de mim, eles já estão mortos.

— Família, outra pessoa que você ame, não faz diferença. Se der as costas a ela agora, Derek morre na sua frente, e se ele o fizer, você morre — ele diz, com os olhos vidrados em mim. — Não entende?! Vocês não têm escolha!

— Então que diabos temos que fazer? — Derek pergunta.

— Esperar pacientes, mostrar lealdade a ela, mostrar que ainda queremos ser parte dessa vingança. Então ela deve nos incluir em seu plano novamente, ela deve estar duvidando de nós.

— Acredito que essa seja nossa única escolha — concordo.

— Mas nós... — Derek começa.

— Vamos pensar em algo, Trevor tem razão, é muito perigoso. Não vou perdê-lo, está me ouvindo?

— Cuidado, Liv — Trevor recomenda, indo para a porta. — Fique aqui por mais cinco minutos e depois saia. Quando ela sair, espere dez minutos e então saia, Derek. Eu entro aqui caso tenha algo diferente lá fora.

— Se cuida, Trevor — digo.

Ele acena com a cabeça e sai.

— Acha que ela suspeita de nós? — Derek pergunta.

— De mim, provavelmente. De vocês eu não tenho tanta certeza.

— Temos que achar uma saída.

— Nós vamos — prometo. Como quero acreditar nisso!

Passamos os cinco minutos inquietamente, andando de um lado para o outro do banheiro. Quando finalmente posso sair, Derek segura meu braço quando tento pegar minha bolsa.

— O que está fazendo? — pergunto. — Eu preciso ir.

— Espere, preciso te contar uma coisa — ele anda e encosta-se a pia.

— O que é?

— Há dois dias, eu não estava conseguindo dormir, então fui me exercitar. Beatrice ficou lá, me observando, e só fui ver muito depois. Eu estava sem camisa, exausto, estressado, preocupado, e ela estava de camisola, sorrindo. Ela me beijou e eu retribuí, e então nós quase...

— Não, por favor, não precisa terminar — digo, encostando-me a pia também.

— Não fizemos mais nada, eu juro. Mas eu deixei que ela me beijasse, me desculpe, eu nunca deveria...

— Eu disse para não terminar.

Antes que ele pudesse emitir qualquer som, tampo sua boca com um beijo. Ele está surpreso, mas logo cede ao que nós dois queremos. Precisamos.

Ele está de farda, e cai tão bem nele! Derek é alto, forte, e seus olhos negros fazem com que eu não raciocine direito. Ninguém em sã coincidência o ajudaria a tirar a farda no banheiro da força policial.

— Você precisa ir embora — ele diz.

— Eu sei — mas isso não faz com que ele pare de tirar minha jaqueta.

— É perigoso.

Não respondo por que ele já está me beijando novamente. Não consigo pensar que Amar pode entrar no banheiro a qualquer momento, ou até mesmo Trevor ou outro recruta, só consigo prestar atenção no cheiro de baunilha que exala de seu cabelo quando passo as mãos por suas madeixas negras.

— Eu te amo — ele diz.

— Eu também — respondo. — E você é meu.


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Notas finais do capítulo

E aí pessoal, o que vocês acharam? Foi bom, ruim, maaaais ou menos? Me contem também o que esperam que vá acontecer. Vejo vocês nos reviews.
Xoxo, see you soon!



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