Survival Game: O Começo escrita por Catelyn Everdeen Haddock


Capítulo 9
08


Notas iniciais do capítulo

Obaa!
Fiquei contente porque recebi um comentário.
Muito obrigada, Nathi! Curti a sua fic!



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Logo que saímos do hotel à tarde, Anne e eu andamos em direção a um lago que era contornado pelas avenidas. Antes de saírmos e de termos deixado o elevador, Desmond foi o primeiro a nos deixar, correndo direto para a piscina.

Quem dera! Enquanto os demais judeus permanecem confinados na cidade de origem, nós estamos aproveitando o clima de Berlim. Parei de fronte ao lago, admirando as ondas que oscilavam na água. A brisa amena refrescava a minha tranqüilidade, já que daqui a dois dias, algum de nós morreríamos. Talvez eu.

Meus olhos ergueram para o céu azul, com muitas nuvens. Aposto que Elise iria gostar desta bela vista. Mas em pouco tempo, ela morreria. Isso se eu não ganhar, pois se um participante ganhar com a sua parceira, ele pode ganhar fama, fortuna e até mesmo, liberdade, isto é, deixará de ser judeu.

– Qual é a sua cor favorita? - perguntei de repente.

Anne pareceu não entender muito bem. Eu estava com o olhar fixo nas oscilações do lago. Por fim, respondeu:

– Verde! - ela respondeu, vindo ter comigo.

Verde... Significa... Esperança! Bom gosto. Pelo fato dela adotar verde como a cor preferida, me deu um baque inesperado. A minha cor também era verde!

– Por que a pergunta? - Anne perguntou, ficando ao meu lado.

– Porque - balbuciei, nervoso e arrependido de ter perguntado. - verde também é a minha cor.

Os olhos azuis de Anne brilharam de imediato. Um garoto gostar da mesma cor que ela? Não é incomum, mas tem um sintoma: amor. Mas ela não sabe disso ainda.

– Nossa! - ela se abismou. - Legal, então.

Minhas mãos tamborilavam o bolso da minha calça jeans, para procurar algumas moedas.

– Já li um livro de curiosidade e em um capítulo encontrei as cores e seus significados. - continuei com a conversa. - Sobre o verde, significa... - antes que eu pudesse completar, Anne continuou.

– Esperança. É isso.

– Como você sabe? - perguntei, surpreso com aquilo.

– Minha tia me contou sobre as cores. - Anne disse. - Mas nós temos sorte de termos adotado o verde como cor preferida, por que cada cor tem poder.

– Como assim, poder?

– Exemplo: o poder do verde simboliza a esperança, a natureza e a paz, se combinada com o branco.

– E o vermelho - me arrisquei em falar sobre o vermelho, porque, desde que Hitler II entrou no poder, passei a odiar o vermelho, por causa da bandeira nazista, além da suástica que nos intimidava. - significa energia, batalha e... - só de pensar no que falar, senti um tremor nas mãos e o batimento cardíaco começou a acelerar. - amor.

– É. - Anne concordou. - Todo mundo sabe disso.

Depois de dez minutos sem falar e de admirar as nossas imagens refletidas na água, perguntei sem pensar.

– Vamos comer alguma coisa na lanchonete do hotel?

– Eu estava mesmo com fome. - Anne assentiu e tomamos o rumo.

***

Entramos pela porta de vidro da lanchonete, fazendo balançar um pino do sino, para avisar que tem mais um cliente entrando. A brisa fria cedeu o lugar a um ar aconchegante de uma casa com lareira. Sentamos em uma das cadeiras retrô, na janela. Mal sentamos e uma garçonete sorridente nos atendeu.

– Queridos, o que vocês querem? - perguntou, preparando a caneta e o bloquinho de nota cor-de-rosa.

Estranhei o comportamento. Anne ficou apreensiva.

– Chocolate quente com três cookies de chocolate. - pedi essa sobremesa por conta do inverno, que ainda não chegou. Estamos no outono. Outubro. Me virei de soslaio para Anne. - E você?

Sem pensar duas vezes, Anne pediu a mesma coisa que eu. A garçonete anotava tudo, ainda contente. Me dei ao trabalho de perguntar o total de que vamos pagar.

– Quanto custa? - A mulher parou de anotar, passeando os olhos cinzentos enfeitados de cor-de-rosa em nós.

– Não precisam pagar. - ela respondeu. Sua voz era cristalina. - Está no pacote, queridinhos.

Anne desconfiou, pois achava que isso seria uma das maracutaias de Hitler II.

– Desculpe perguntar, - Anne perguntou. - mas por que está fazendo tudo isso?

– Para o bem estar de vocês, participantes. - ela respondeu. - O governo e os diretores do reality procuram proporcionar todo o conforto e tranqüilidade para vocês, tudo isso antes de entrarem no programa.

Nós nos entreolhoamos. Assentimos com a cabeça.

– Já vou tratar do pedido de vocês.

– Obrigado. - agradeci. Anne também.

Engraçado! Até os funcionários do hotel nos conhecem? Eu continuo estranhado, Hitler II querer o nosso bem antes de morrermos no programa? Anne até desconfia um pouco. Fico sem jeito em mencionar o nome do führer, até mesmo pensar.

Não demorou muito e os nossos pedidos chegaram. Chocolate quente com marshmallows mergulhados e com os três cookies de chocolate com gotas de chocolate acompanhando. Antes de eu tomar, fui interrompido pela pergunta de Anne.

– Quantos marshmallows tem no seu chocolate?

Ergui uma sobrancelha ao ouvir isso, mas respondi de qualquer maneira.

– Seis. E no seu?

– A mesma coisa que o seu. - ela respondeu, sem reação com a coincidência. - Seis.

Mordi o lábio inferior. Nós temos a mesma quantidade de mashmallows no chocolate. É, quem dera! A mulher deve pensar que estamos namorando. E isso poderia acontecer com o decorrer do programa. Se eu declarar o meu amor por Anne diante da Alemanha toda!


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Notas finais do capítulo

Quem está a fim de tomar chocolate quente no inverno?