Survival Game: O Começo escrita por Catelyn Everdeen Haddock


Capítulo 10
09


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo!

Se houvesse um reality desses na II Guerra Mundial?



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Aquela explosão do meu sonho anterior, em que eu fui arremessado, volta a me atormentar. Depois que eu mirei sem pensar para cima, na floresta, acabei aterrissando para bem longe do impacto. Eu jazia ali, estirado, com o olhar fixo para cima. Meu pulso direito continuava a sangrar, mas eu não me importava. Ia desmaiando, quando uma bola de fogo ia atingir a minha cara, quando, de súbito, acordei. As cortinas da imensa janela do quarto ainda estavam fechadas, mas dava para perceber que ainda estava de noite. Eu acordei ofegante e suado, apesar do ar condicionado. Conferi o relógio digital embutido na parede. Acabou de dar quatro horas da manhã, mas continuava escuro.

Passei a mão na testa para afastar a franja ensopada de suor. Resolvi voltar para dormir. Virei e me revirei na cama, mas não encontro posição adequada para se adormecer. Resumindo, perdi o sono. Ainda vejo Anne e Desmond dormindo. Pensei nos meus pais. Só de imaginar como eles estão, dá até calafrios. E Elise então? Imagino ela chorando com o rosto enterrado no travesseiro todas as noites, por causa da minha ausência. Pobre Elise! Só de pensar nisso, quase me deu vontade de chorar de pena. Nós dois somos vulneráveis à pena.

Para segurar o choro, coisa que não é nada fácil, resolvo tomar banho. Minha tia costumava dizer que o banho enaltece os sentimentos e tranqüiliza a alma. E sempre falava isso, quando o meu pai se irritava ou ficava deprimido. E estou muito tenso!

Um banho de banheira resolve tudo! Porém, na hora em que ia ligando a torneira de água morna e encher de espuma, que é minha parte favorita do banho, ouço uma batida na porta. Pergunto:

– Quem é?

– Quem está aí? - o dono da batida faz a mesma pergunta. Desmond.

– É um garoto sardento de 16 anos, cujo olhos verdes são grandes, cujos dentes são meio que tortos, cuja estatura é baixa e magricela.

– Heinrich! - Desmond acertou. - Quando sair do banheiro me avise!

– Tá. - concordei. Com uma condição. - Mas vou ter que demorar um pouco mais.

– Ih, cara! - Desmond gemeu. - Estou um pouco apertado.

Perdi a vontade de tomar banho. Aliás, encher a banheira com espumas passou a ser um desperdício para mim. Ainda porque hoje tenho um dia de compromissos para enfrentar para no dia seguinte, sobreviver ou morrer.

Abro a porta do banheiro e me deparo com o Desmond na minha frente.

– Pode ir, então. - falo.

Desmond já foi entrando todo estabanado.

– Ah, obrigado, Heinrich!

Nem bem que voltei, já amanhecia. Os raios solares pairavam sobre a cortina. Anne já estava de pé, pronta para ouvir mais um aviso.

Quase me sufoco com a corrente enrolada no meu pescoço. Cadê a suástica da sorte? Foi parar nas minhas costas. Imediatamente, coloco a suástica de volta no lugar. Mas antes disso, visualizo o pingente bronzeado pela luz do sol na cortina. Começo a me lembrar da D. Amélia. Foi ela quem me deu o colar da Suástica. A Cruz do Sol. A Suástica bronzeada. A escondo por baixo da blusa, quando um aviso vem do alto-falante:

Bom dia, participantes do Survival Games!

hoje vocês terão um dia cheio de compromissos. Primeiro, a seleção de tutores, isto é, cada três participantes, dois da capital, terão um tutor para auxiliá-los. Segundo, o treinamento. Vocês, meninos e meninas serão separados para treinarem para o amanhã, na Ala Oeste e Ala Leste, respectivamente. As duas alas se encontram no subsolo. Depois disso, o intervalo, e logo, o Teste de Simulação, que vai avaliá-los conforme o desempenho de cada um. A partir das cinco horas da tarde, descanso, isto é, podem fazer o que quiserem. Às seis e meia, preparação para o desfile pré-reality e logo depois, desfile pelas ruas de Berlim e entrevista na fachada do palácio de Reichenstag. Amanhã, é o dia. Estejam preparados para entrarem no reality matando uns aos outros e ganharem fãs por toda Alemanha!

Muito obrigado!

Anne suspirou. Eu voltei a deitar, mas não para adormecer.

– Nesse caso, - Anne começou a falar. - a sorte estará lançada.

***

Descemos pelo elevador para o café da manhã. O salão estava lotado de gente, os demais participantes do reality, mas todos em seus devidos lugares. Ainda bem que tinha mais uma mesa reserva. Uma mesa giratória com muitas opções de iguarias. Dounuts de variados sabores, pães de diversos tipos, sempre quentinhos, croissant, café, leite, chocolate quente, tudo que podia comer.

O dia da engorda, penso. Engordar para matar depois. Ainda sinto a suástica tocar o meu busto, tangendo um pouco abaixo entre as clavículas. Com roupa nova que comprei durante as paradas, com um belo passeio com a garota que eu mais admirava na escola, me deixou novinho em folha. Para morrer ou sobreviver a um ambiente hostil.

– Será que eles vão nos fornecer armas? - pergunta Desmond.

Anne e eu damos de ombros. Apenas assistia as edições anteriores do reality.

– Mas devem fornecer lá. - Anne ponderou. - Afinal, vão nos avaliar com a simulação.

Desmond estremeceu. Eu fiquei numa boa.

– Mas os resultados valem o esforço para o amanhã. - falei. - Mas só Deus sabe no que o reality vai dar. Se um de nós morrermos ou dois, talvez nós três.

– Aí não sobraria um de nós para contar história.

Assenti e Desmond deu de ombros.


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