Survival Game: O Começo escrita por Catelyn Everdeen Haddock


Capítulo 30
29


Notas iniciais do capítulo

POV do Heinrich.



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Eu sou humano e vertebrado, assim como todos nós aqui no mundo somos. Também somos cordados, embora a notocorda que tivemos quando éramos uma partícula de vida no ventre das nossas mães tenha sido atrofiada e dado origem à nossa coluna vertebral. Se somos humanos, não tem problema algum. Mas, se somos isso, nascer com uma anomalia genética que pode ou não deixar uma seqüela no corpo, não poderia ser um problema como os outros. Quanto à nossa origem judaica, também não chega a ser um problema, isso só na cabeça de preconceituosos que são desprovidos do conhecimento da ciência e da história do ser humano. E Hitler II é um deles, pois cisma que somos uma aberração para a história da Alemanha.

Antes de irmos, Anne e eu nos beijamos e a pus para descansar. Assim que seguimos o rumo, Sophia me emprestou o seu sabre, mas falei que não precisava. No entanto, ela nem chegou a insistir, pois tinha o outro de reserva, que fora encontrado perto do garoto de Colônia, que morrera no primeiro dia.

Procuramos investigar a origem do tiro que veio do lado esquerdo, porém deparamos com uma estrutura branca, pontuda e gigante, que se estendia entre as copas dos pinheiros. Me parecia familiar, pois lá deve haver umas típicas casas alemãs. Ou pode até ser Ulm. Estamos próximos, pensei, mas nãopoderia ser Ulm. Resolvemos ir até lá.

Logo que chegamos ao local, não eram as casinhas, tampouco Ulm. Na verdade, uma coisa bem diferente do que eu pensava: não era nada mais que um obelisco de uns 9m de altura, revestido de mármore branco, cuja base cúbica tinha uns desenhos em relevo da suástica nazista em cada face.

– Então é isso - falou Otto. - Um obelisco gigante de mármore.

Sophia e eu assentimos, enquanto nossos olhos focavam na grande estrutura. Afinal, por que um tiro iria nos atrair até um obelisco? Alguém morreu aqui? Se morreu, cadê o sangue derramado? Talvez deva ter morrido na corrida. Suspeito de que esse tiro, ou seja da Frieda, ou do Lorne, ou do Arnold. Mas não ouço o barulho da nave se aproximando.

Rodeamos o obelisco, examinando sua forma. Toco na Cruz do Sol escondida sobre a camisa preta. Não há vestígios de sangue na estrutura. Com uma mão tangendo a suástica nazista e a outra a Cruz do Sol, tenho em mente que qualquer tipo de de suástica pode trazer sorte. Mas essa suástica nos traz azar e medo. Enquanto a minha, ganhei da d. Amélia. Ela tinha razão: apesar de todas as dificuldades por quais eu passe durante o reality, conquistei várias coisas positivas, como a pontuação máxima no treinamento e no Teste de Simulação; a alianças de Otto e dos outros; o beijo da garota que eu mais admirava e; a força e a inteligência.

– Aqui! - ouvi a voz de Sophia. - Vejam isso.

Virei para a sua direção, quando ela trazia um canino de uma pessoa. Era um canino afiado!

– Vampiro...! - sibilei. Sophia me deu o dente. Era como uma navalha. Imagino a força que ele fez ao morder o pescoço de Hermann.

– Ele morreu no mesmo lugar que Hermann. - disse Otto. - Vampiro morreu poucos minutos antes de Hermann. O dente deve ter caído no momento em que mordeu o pescoço dele. O vi praticamente banguela.

– Banguela... - sussurrei. Vi o meu reflexo na lâmina do sabre de Sophia. Eu estava um pouco encardido. De repente, ouvi a voz abafada de Sophia gritar o nome de Otto. Foi aí que me virei, quando ele foi esfaqueado por Arnold, seguido por Frieda e Lorne. Esfaqueado por trás.

– Ora, ora, o que temos aqui? - Frieda perguntava com um tom de deboche.

– O garoto sardento e magricela e seus "Blue cats". - retrucou Lorne, com o mesmo tom da companheira.

– O que vieram fazer aqui? - perguntei, com a raiva crescendo dentro de mim.

– Simples... - Frieda respondeu, cínica. - Estamos procurando convidados para uma festinha, mas encontrei vocês... - ela deu por falta de uma coisa. - Aliás, cadê a sua namoradinha?

Anne... Eu não quero prejudicá-la. Se Frieda descobrir o nosso paradeiro e se ela entrar para nos matar, ela que passe sobre o meu cadáver.

– Isso não é da sua conta, Frieda. - desafiei.

– Ah, um príncipe querendo proteger a princesa da maldição! - debochou.

– Tá na cara que ele não quer nos falar sobre o paradeiro da princesa. - falou Arnold, arrancando a faca das costas de Otto, que cai no chão, praticamente inconsciente. - Mas o farei falar.

Lorne o impediu.

– Não se dê ao trabalho de fazer isso, pois poderá prejudicar a todos nós. - ele me fez lembrar a Anne, quando estava com eles. - Seria melhor deixá-los morrer sozinhos. - mas ele nem sequer piscou o olho.

Mas Frieda interveio.

– Mas você vai entrar na conversa da Anne? Eu sei muito bem o que isso significa: Traição. E eu não quero mais passar por isso.

– Calma, queridinha, calma - Lorne passou a mão no rosto dela, fazendo muxoxo. - eu sei o que estou fazendo.

Não é comum. Lorne está diferente do normal. Será que ele está enganando Frieda ou vice-versa, isto é, ela é inocente? Eu não sei dizer. Joguei discretamente o dente para Sophia, que o pegou na hora.

– Eu não deixar isso barato! - brigou Frieda, se desvencilhando do muxoxo e virou para mim em seguida, com ódio acima do limite, pronta para me atacar com a faca. Gritei para Sophia e esta cravou o dente no pescoço de Frieda, que urrou de dor. Ela largou a faca para estancar o filete de sangue que saia do local. Otto, com dificuldade em se locomover, devido à facada, alcançou a faca ensangüentada com o seu sangue e rasgou a perna machucada de Arnold, que se encurvou de dor. Imagino a dor lacrimejante de um ferimento que acabou de ser reaberto. Lorne ficou inerte no lugar. Ajudei o Otto a se levantar.

Mesmo com a dor e o sangramento brando na perna, que fora alvejada pela flecha de Anne, Arnold veio para cima de mim, urrando, mas me esquivei com o sabre. Engraçado, nem preciso freqüentar às aulas de esgrima, pois já sou um esgrimista, embora nunca tenha empunhado uma espada na vida. Surpreendi a mim mesmo.

Inesperadamente e, sem falar mais nada, Lorne apareceu por trás de Arnold e rasgou a sua garganta, espirrando sangue no meu casaco. Fiquei perplexo com o que vi. E Frieda, então? Ficou ainda mais. Arnold caiu moribundo sobre a poça de sangue. E Lorne me olhou como se estivesse me desafiando. Me falou uma coisa.

– Que isto sirva de lição. - falou calmamente. Continuo sem entender.

Em seguida, ele se retirou. Frieda estava desnorteada com aquilo e foi reclamar com Lorne sobre o porquê de ele ter feito aquilo com Arnold. Enquanto isso, nós três nos retiramos do local. Sophia tossiu um pouco. Pensei que ela estivesse engasgada. Mas segundo ela, não foi nada.

Subitamente, Otto desabou no chão. Tivemos que acudí-lo, pois estava muito fraco devido ao ferimento. E o pior, estava perdendo cor e muito sangue. Resumindo: empalidecendo.

– ALGUÉM ME AJUDA AQUI! - gritei.

– Não, Heinrich - falou Otto, colocando a mão na minha frente. - Estou disposto a morrer. Não agüento mais viver.

Mas renunciei o pedido.

– NÃO, VOCÊ VAI VIVER SIM! - ordenei. - NEM QUE SEJA AMARRADO!

– HEINRICH! - Sophia chamou minha atenção. - Acalme-se. Não vê que ele enfrentou muitas dificuldades com a perda dos amigos?

Ela está certa. Eu devia ser menos rude e mais prudente para entender o que estamos passando. Otto foi esfaqueado pelas costas. Eu estava sendo grosseiro. E Sophia se mostrando cautelosa. Tivemos de carregá-lo até chegarmos à caverna.


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Notas finais do capítulo

Será que Lorne está querendo dizer alguma coisa?
Até o próximo capitulo!!