Survival Game: O Começo escrita por Catelyn Everdeen Haddock


Capítulo 25
24


Notas iniciais do capítulo

Foi mal a demora, é que eu tava cheia de provas de final do ano, okay? Mas hj consegui tempo para postar mais um capitulo.
Bjos!



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– Como ele pôde ter fugido? - perguntou Hermann, incrédulo, depois que saímos da caverna. Apesar de estar azul, o céu estava salpicado de pequenas nuvens rasas, mas o sol brilhava fraco.

Otto tinha desaparecido sem deixar rastros. A rede da fenda parecia intacta, o que dificultava levantar hipóteses sobre sua aparente fuga repentina. Fico chocado só de pensar no que ele estaria fazendo a essa hora, mas temo que esteja no encalço do bando da Frieda, como todos nós estamos, principalmente Anne, que os traiu para me salvar, e eu, depois daquele acidente que tive com Lorne quatro dias atrás, na Ala Oeste, durante o treinamento.

Chegamos a uma bifurcação da trilha, o que me deixou intrigado. Hermann optou pela divisão, isto é, enquanto ele vai para um lado, Anne e eu iremos para o outro.

– Vocês dois vão por aquele lado, que eu vou por este. - disse, apontado o nosso lado com o indicador, enquanto o dele com o polegar.

Assenti com a cabeça e fomos pela direção indicada. Nos afastamos de Hermann, com receio de que algo de ruim iria acontecer a qualquer momento.

Como na vida, nem tudo são flores. Nada para nós, judeus, é uma única pétala. Principalmente para mim. Primeiro - e acima de tudo: sou um judeu alemão; segundo: fui marcado para morrer e; terceiro: corro um enorme risco de perder os meus aliados e a minha família, se eu bobear. Mas a Anne e Edith estão mais próximas de mim, principalmente Elise, que deve chorar todas as noites pela minha ausência. Mas como o destino é irônico, estou aqui, em uma corrida pela sobrevivência.

Paramos no meio da trilha para olhar os lados, para ver se Otto vinha ou se encontrava distante ou perto de nós.

– Por que ele fez isso? - Anne perguntou, ofegante de termos caminhado muito. Segundo os meus cálculos, nos distanciamos da caverna.

– Otto e Lewis eram muito próximos um do outro. - respondi, com a pupila dilatada. O suor brotava da minha testa, ensopando a minha franja. - Devo achar que ele esteja querendo se vingar pela morte do amigo.

– Mas vingança trará Lewis de volta? - Anne perguntou, se recompondo.

Dei de ombros. Mas eu sabia há muito tempo que uma vingança só traria maus sentimentos, no lugar de trazer aquilo que você mais amava na vida. Que idiota que eu sou. Que idiota que eu fui. Devia ter dito ao Otto que a vingança apenas trazia o lado negativo da vida.

Fiquei parado diante de Anne, tentando expressar alguma coisa. Desde que entendo por gente, essa "alguma coisa" se chamaria "uma declaração de amor".

– Anne, - balbuciei. - eu posso falar alguma coisa para você?

– Claro. - ela balançou a cabeça.

Respirei fundo, procurando falar algo, do tipo "eu estou perdidamente apaixonado por você", só que isso me pressionava por dentro. Eu sentia isso.

– Naquele dia na escola, o Dia da Seleção...

– Sei. - ela adivinhou. - Eu amei o discurso que você fez. Você impressionou a todo mundo, até mesmo o general Bertrand. Eu nem fazia ideia de que isso acontecesse.

– Eu sei. - a minha voz começava a embargar, mas de ansiedade. - Mas eu já falei, foi só um discurso como qualquer outro.

A partir daí, comecei a respirar ofegante. O sangue fervilhava.

– Heinrich, algum problema? - Anne perguntou, preocupada com o meu semblante.

– Não, nenhum. - respondi apreensivo.

– Você sente falta de casa, não é? Eu entendo.

– Não! - agi estranho, o que a fez contrair a pupila de susto. Mas me recompus. - Não entende. Aliás, eu só... Eu só...

Anne desdenhou, procurando me entender, quando ela gritou de súbito.

– HEINRICH!

Foi aí, que olhei um rapaz com o cabelo castanho cacheado, desgrenhado, engatilhando uma espingarda na nossa direção.

– Parados aí! - ordenou ele.

– Arnold? - Anne indagou, incrédula. - Como você nos encontrou?

Senti a adrenalina aumentar em mim, quando olho para os dois orifícios ocos da espingarda apontada, tanto para mim, quanto para Anne. É agora que vamos morrer.

– Eu sabia para onde vocês estão indo! - falou ele, com a ira crescendo em si. - Iam encontrar o seu amiguinho, não é? Otto, o amiguinho de vocês, não é?

– Eu não sei do que você está falando... - fui interrompido pelo berro dele.

– CALA BOCA, DESGRAÇADO! - apontou a arma em mim. - Iam encontrar o Otto, que eu sei, que todos nós sabemos, assim como a m... De toda a Alemanha sabe. Mas não se preocupe, que Ludwig foi dar um jeito nele, assim como no outro!

O Vampiro! Minha respiração parou e eu fiquei lívido. Otto e Hermann estão em perigo.

– Você não vai sair ganhando tão cedo assim. - Anne desafiou Arnold.

– Duvido que um de vocês saiam. - e tratou de ajeitar o ângulo para atirar em nós. - Agora fiquem parados para eu não fazer sujeira.

Eu não tinha o meu fuzil aqui, mas para a minha sorte, Anne tinha o arco e a aljava de flechas a beça. Enquanto ela foi tirando uma flecha, preparando para o ataque, algo atingiu em cheio a cabeça de Arnold, que acaba de sair um filete de sangue. Uma pedra, e não é daquelas que se joga Peixe-Rei. Arnold gemeu de dor quando uma flecha disparada por Anne acerta o seu tendão.

– Bela pontaria, Anneliese! - gritei.

Ela foi para cima de Arnold, que se debatia, procurando nada mais que uma faca. O propósito da Anne era desarmá-lo. Em meio a esse esforço, Anne vira o rosto para mim.

– CORRE, HEINRICH! CORRE O MAIS RÁPIDO QUE PUDER!

– Vou lá tentar dar uma mãozinha para os dois. - me adiantei, pondo a correr.

Corri em meio a bifurcações e ramificações de trilhas, a procura de Otto e Hermann, que devem estar feridos pela tentativa de mordida do Vampiro. Eles estariam mortos, para o meu desespero. Corro a plenas pernas na esperança de encontrar o meu fuzil, na esperança de ajudar os dois, na esperança de poder matar Vampiro, quando acabo sendo atingido por uma dor aguda no braço esquerdo, que acabo rolando no chão. Tento me recompor, rastejando em direção a uma sequóia. Me encosto em seu tronco, para poder repor as energias, quando dou uma olhada no meu braço esquerdo, um aglomerado de sangue se acumula ao redor de um buraco vermelho-vivo e viscoso. Resumindo, fui baleado.

A dor era aguda, mas foi intensificando quando mexo o meu braço atingido. Alguém me baleou. É isso aí, conseguiram o que queria. Tento estancar o sangramento, procurando um curativo ou uma atadura improvisada.

Agora eu sei o que é sentir dor de ser baleado. Lewis deve ter sentido a mesma coisa antes de morrer. Mas ainda não sei se vou morrer. Mas Lewis morreu vitimado pela extensa hemorragia causada pela bala de Arnold. Sou obrigado a correr.

Mandou bem, Heinrich, brigo comigo mesmo. Foi marcado para morrer, vive com o bando adversário no seu encalço, fez Lewis morrer no seu lugar, fez Anne, a garota que tanto amava, se arriscar para salvar a sua vida e agora foi baleado! O melhor que você faz é procurar uma árvore para sentar e esperar a morte chegar! NÃO! Fui baleado, deixei a garota que eu amo se arriscar pela minha vida e agora sou obrigado a fugir. Edith deve estar chorando ao me ver sendo baleado no braço, assim com a minha pobre e indefesa Elise, a minha irmã.

Uma garota vai para cima de mim, que me faz cair no chão. O peso dela acaba comigo. É a Hannah com uma faca apontada para mim. É, hoje não é o meu dia!

Prepare-se para morrer, garoto! - ela começou a baixar a faca na lateral do meu pescoço. - Vai ser rápido, num piscar de olhos!

Ela ia cortar o meu pescoço, se não fosse uma outra garota que rasgou a sua garganta com o sabre. O sangue espirrou em meu casaco. Hannah, agora degolada, cai de lado, com o sangue descendo em jato. A garota que acabou de matá-la e de ter salvado a minha vida, era aquela garota que nos alertou sobre os marimbondos teleguiados. Ela parecia uma jovem samurai japonesa, embora não tenha olhos puxados, mas um cabelo castanho-escuro grande, descendo até a cintura. Ela me dá a mão.

– Você está bem? - ela pergunta, com a voz suave.

– Estou. - falo ofegante. - Se não fosse por você, eu estaria morto.

Ela sorriu.

– Meu nome é Sophia. - ela me estendeu a mão para me cumprimentar. - Vim de Bonn.

– Com o Hermann? - perguntei, abismado.

– Sim. - ela assentiu. - Você é um dos aliados dele, não é?

Assenti com a cabeça. Ela olhou o meu braço machucado. Na demorou muito para que ela me puxasse para bem longe. Ela quis me proteger. Pelo jeito, ela deve saber do acidente.

Corremos a plenos pulmões pela floresta. Uma faca ia me dividir em duas partes, se não fosse pela agilidade da Sophia com o sabre em desviar para o lugar de origem. Aquela faca foi arremessada por Frieda, imagino. Depois do treinamento, Anne me contou que Frieda era uma expert em facas. Mas admiro Sophia em sua habilidade com o sabre. Ela olha para mim, enquanto corremos.

– Eu pratico esgrima.

Abro um sorriso aberto. Depois de corrermos tanto, nós encontramos uma árvore, não tão alta, mas adequada para se subir e se esconder.

– Essa árvore deve ser das melhores aqui. - falei, olhando para o alto.

– Mas com o seu braço sangrando, você é incapaz de fazer esforço. - se preocupou Sophia.

– Mas eu escalei uma sequóia no Teste de Simulação.

– Mas você estava com o braço machucado no dia? - brincou.

Ela cedeu aos meus anseios, mas com a condição de me ajudar a escalar a àrvore. Até que não doeu tanto assim. Enfim, consegui um lugar para eu me esconder, mas dava para ver o que se passava pela floresta.

– Tá tudo bem aí? - Sophia gritou lá embaixo.

– Está legal!

– Tá, aguarde aí, que eu vou procurar os seus companheiros!

Tomara que encontre, pois as consequências passaram rasteira em mim. Sophia tinha razão, pois escalar uma árvore qualquer exigia esforço, tanto que a dor começou a ficar intensa e o fluxo de sangue começava a aumentar, escorrendo até a minha mão.


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Notas finais do capítulo

Não se preocupem, que Heinrich vai se recuperar.



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