Survival Game: O Começo escrita por Catelyn Everdeen Haddock


Capítulo 19
18


Notas iniciais do capítulo

Galera, preparem! Stella (Ella, de Deu a Louca na Cinderela), Otto (Ron, de Kim Possible) e Lewis (Artie, de Shrek) vão aparecer, porém as aparências mudam.



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Quanto mais sangue jorrar pelo campo, mais morte haverá. Mas não deve ter muito sangue espirrando hoje. Fico totalmente delirado por dentro, que acabo divagando em meio à carnificina.

Quando olho em volta, me dei conta de que estava perdido. Completamente perdido. Não quis nem me lembrar do perigo, que a qualquer fração de segundos, poderá custar a minha vida, até uma voz masculina me chamar, mas não pelo nome.

– Ei, você! Cuidado! - gritou, se jogando em cima de mim. Por incrível que pareça, vi agorinha uma faca voar em minha direção, acertando em cheio, a garota de Hamburgo, pelas costas. Caiu moribunda, imediatamente. Aquela garota poderia ter sido eu, se não fosse pelo cara que se jogou em mim, agora há pouco. Ele me puxou pela gola. - Venha!

O cara era aquele loiro que usava o saco de boxear no momento em que eu acertei a faca, depois de atingir de raspão o braço esquerdo de Lorne. Ele tinha olhos castanhos, sardento e um queixo pouco proeminente. Corremos em direção à floresta, atravessando o mar de corpos ensangüentados. Na verdade, não eram muitos. Quem dera! Enquanto estamos nos sacrificando para sobreviver, Hitler II fica aplaudindo e os nossos familiares e amigos se mordendo de medo e pavor, temendo que cada um de nós morrêssemos.

Ele me puxava pelo braço, sem falar nada. Logo que chegamos à floresta, ele me empurrou para uma depressão da mata, onde estavam dois outros rapazes, sendo que um deles usava óculos. Teimei em assistir o resto do genocídio, que se encerrou subitamente, deixando os corpos ensangüentados pelo campo. Me abaixo rapidinho, na hora do loiro aparecer.

– Não há evidência de novos ataques! - certificou, voltando para o local onde eu e os dois rapazes estavam escondidos e esperando. - Certo, pessoal! A barra está limpa!

Suspirei profundamente.

Tento encontrar alguma justificativa sobre o porquê dele ter me encontrado, sabendo que não o conheço. Será que eu era o mais novo, a seu ver? Ou será que ele sabia do incidente? Ah, sim, ele estava socando o saco no momento. Ele deve saber que foi um acidente.

– Tá todo mundo bem aí? - perguntou ele.

Os dois balançaram a cabeça em concordância. O loiro virou o rosto para mim.

– E você? - ele parecia preocupado, pois eu estava lívido, tremendo não de medo, mas de apreensão.

– Estou. - balbuciei. - Obrigado. Mas por que você me salvou?

– Porque eu acredito em você. - responde sobriamente. - Lorne foi muito mal-educado no primeiro dia, ele me bloqueou a poltrona durante a viagem para cá. Mas você precisa tomar muito cuidado com ele, pois tudo é na base do "Olho por olho, dente por dente".

Mordisquei o lábio inferior. Se ele tivesse passado pela minha poltrona, antes ou depois de Anne chegar, eu já teria oferecido na certa. Não há nada mais maneiro do que levar o dobro de arranhões no braço, pensei. O loiro estendeu a mão direita para mim.

– Meu nome é Otto. Vim de Frankfurt. - disse ele.

– Heinrich. Munique. - apertei a mão.

Os outros dois fizeram a mesma coisa. Ambos eram morenos, mas um usava óculos.

– Sou Hermann. Vim de Bonn. - ele apertou a mão. Retribuí, assim como fiz com o outro.

– Lewis. Vim com Otto. - disse o outro, o de óculos. - Adorei a sua piada de ontem.

– Que piada? - indaguei, franzindo o cenho.

– A que você fez a respeito de Lorne. - me lembrou Hermann. - Foi muito engraçado. Dava para imaginar a cara que ele fez, enquanto o povo riu.

– Imagina a Marni. - completou Otto.

Ri em falsete. Eu mesmo vi a cara da dupla de Berlim, quando mencionei que um simples arranhão não desmancharia o corpo. Anne me falou ontem que Frieda era expectadora assídua do reality, sempre clamava por um banho de sangue. Contou também que, por ser judia, foi barrada pelos seguranças nazistas de assistir à Copa Mundial de 2038. Então, teve de assistir através de outdoors no centro de Berlim. Bom, pelo menos, foi muito bem feito para ela.

– Bom, - prosseguiu Otto. - Henrique, seja bem-vindo ao nosso bando.

– Heinrich. - corrigi-o.

– Foi mal. - Otto se desculpou, dando uma palmada na testa. - Heinrich.

Dei de ombros. Otto fez um sinal para que nós o seguíssemos, pois temos que desbravar o território para acamparmos durante a noite. Lembro perfeitamente que devemos matar durante o dia e descansar durante a noite. Inúmeras faias e pinheiros tomavam conta da nossa visão, criando muitos atalhos e bifurcações. Afinal, nem sei qual é a trilha principal.

Enfim, chegamos a uma moita, onde de longe, uma garota loira procurava a outra, que nem uma louca. Tivemos que nos aproximar da moita para ver o que se passava. A garota que andava que nem uma louca de um lado para o outro, era uma das duas irmãs de Leipzig. A mais nova. As duas eram tão parecidas uma com a outra, que aparentavam ser gêmeas idênticas. Sei disso por causa do sobrenome Stoweheim. Afinal, o que aconteceu com a outra?

– Ela ainda não sabe que a mais velha foi degolada. - falou Hermann.

– Como é que você sabe? - questionei.

– Eu vi uma mulher rasgar a garganta dela. - respondeu.

– Era a Frieda?

– Dava para perceber.

– Qual é? Devemos chamá-la para ser a nossa aliada. - Otto sugeriu, até que uma bala perdida acertou em cheio a nuca da jovem. O susto foi tão grande, que tivemos que nos abaixar.

– Tarde demais. - Lewis concluiu, por fim.

Assim que me levantei aos poucos, a garota jazia morta, ensangüentada, com o sangue escorrendo em massa até o chão. Daí, um bando de jovens chegaram ao local para assegurar de que ela estava morta. Era o bando da Frieda e Lorne, com mais quatro jovens, sendo duas moças e dois rapazes, sendo que um deles tem os dentes superiores da frente afiados como uma navalha. Eu o alcunho "Vampiro", pois a meu ver, a sua intenção é morder um adversário. Já as garotas, uma delas tem um corte médio, na altura dos ombros. Reparo que uma mecha do lado direito foi tingida de tinta cor-de-rosa.

– Ela já era. - disse o Vampiro.

– Que peninha! - debocha a garota da mecha cor-de-rosa. - Já foi voando para os braços da irmã.

E Lorne correu os olhos por toda a imediação da floresta, fazendo com que Otto me puxe para fora do campo de visão dele, sem sequer fazer barulho, um típico farfalhar das folhas.

– Algum sinal dele? - perguntou. Lorne se referia a mim, é claro.

– Dele, quem? - a outra garota perguntou. Ela tinha Heterocromia, em que um dos olhos é verde, enquanto o outro é avelã.

– Daquele garoto que arranhou o meu braço ontem. - Lorne respondeu, sério.

– Nenhum sinal. - Frieda respondeu, amolando a lâmina do machado com uma pedra.

– Ótimo. - concluiu, bufando. - É bom que ele esteja morto.

– Ai dele se estiver vivo. Eu arranco o pescoço dele. - gritou o Vampiro. Pus a mão no pescoço, fazendo careta.

– Ah, não exagera, Ludwig! - ralhou a garota da mecha. Todos retiraram do local.

– Qual é, Stella? Eu só quero estrear os meus dentes.

Entendi tudo. Otto me tirou dali para me proteger. Lembro do conselho da Anne, sobre o lance da aliança. Para o começo da conversa, cadê ela? Só de pensar no que aconteceu com ela, fiquei enojado. Queria muito que ela fosse a minha aliada, para que eu declarar todo o meu amor por ela, se possível.

Nós suspiramos fundo. Parece que tudo deu certo para o meu lado. Consegui uma aliança de primeira, inimizade de primeira. E eu pensava que Lorne ia me pegar de supresa, coisa que não aconteceu e que irá acontecer, de um jeito ou de outro.

Saímos silenciosamente da moita e prosseguimos com o caminho. O sol estava a pino, só falta queimar as nossas cabeças e castigar a pele branca.

***

Cinco horas de caminhada se passaram. O Sol abaixava vagarosamente, deixando o céu róseo. Seguro o fuzil com as duas mãos, para compensar o peso, que era muito pesado para mim.

– Está escurecendo! - Otto avisou. - Precisamos procurar um lugar para acampar.

– Não precisa, Otto. - Hermann falou. - Aqui está bom. Dá até para ver o crepúsculo.

– Mas o bando de Lorne poderá nos localizar. - alertou.

– Mas ninguém vai nos caçar durante a noite. - falei. - Lembra do que Bertrand falou?

– Começo a me lembrar. - Otto pôs a mão no queixo, acariciando.

– Aonde vamos procurar lenha? - perguntou Lewis.

– A não ser que tenhamos que cortar um pinheiro, faia... Ou uma sequóia. - brincou Hermann.

– Alguém tem um machado? - perguntei.

– Eu tenho! - Otto respondeu na hora.

Poucos minutos depois, Otto veio com um amontoado de toras de árvore cortadas ao meio. Aquilo poderia ser suficiente para fazer uma fogueira. Ele as jogou no chão.

– Pronto. - sua voz estava cansada, arrastada. - E aí, quem vai fazer fogo?

Hermann pegou um graveto pouco grosso, apoiou-o sobre a tora e o esfregou entre as mãos, como se fosse um parafuso perfurando uma superfície plana. Eu ficava de vigia para evitar uma possível invasão.

– Espere um pouco! - Lewis tirou o óculos dos olhos e o estendeu na direção do sol poente. Ele ainda emitia os raios solares. Pude ver o raio solar atravessando a lente, concentrando-se em um único foco, indo direto para a tora, que esfumaçava. Hermann teve uma surpresa.

– Consegui obter fogo!

– Não foi você. - Otto disse. - Foi ele. - apontou para Lewis, que colocava o óculos de volta.

A cara de Hermann ficou corada ao saber que foi Lewis que obteve o fogo.

– É claro, - ele disse. - a minha lente é convergente!

– Desmancha-prazeres! - Hermann resmungou.


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Notas finais do capítulo

Quanto à copa de 2038, eu apenas supus que fosse na Alemanha, okay?



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