Just One More Day escrita por Ana Viollet


Capítulo 18
Capítulo XVII - Afeto




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Residência dos Haruno - 8h35 da manhã.

"Se você quiser apoiar isso tudo, Kizashi, tudo bem, mas eu não vou! ". A voz autoritária e mandona de Mebuki soou pela sala, denotando ainda mais a sua raiva ao saber das últimas notícias quanto a sua filha. O casal se encontrava na sala da bela residência onde moravam. Mebuki estava de pé, com a mão esquerda apoiada nos quadris e a direita em sua testa, simplesmente odiando ser a última a saber de algo.

"Mebuki, vamos ser sensatos, por favor". O patriarca Haruno, já sem paciência, colocou ambos os dedos em cada uma de suas têmporas e passou a massageá-las. "Você não fala diretamente com Sakura há quase dois meses e agora quer ficar dando opinião na vida de nossa filha? Ela é adulta, pelo amor de Deus! Devemos confiar nela, pelo menos um pouco. Ela sempre foi muito responsável, desde pequena!".

"Responsável, quando? Quando tivemos que voar da Europa de volta para Konoha por um simples ataque de egoísmo dela há alguns anos atrás? Quando ela voltou para a nossa cidade sem a nossa permissão? Ou será que foi quando ela se instalou na casa daquele-"

"Mebuki, já chega! Entenda que você não tem direito algum de interferir na vida da nossa filha agora. Ela é uma adulta e está buscando sua felicidade. E não fico nem um pouco surpreso que esteja buscando-a longe de nós..." O marido confessou, derramando toda a sua sinceridade, bem como a raiva acumulada em seu corpo.

"Kizashi, não diga isso... Ela..." A loira olhou perplexa para o marido. Olhos arregalados, respiração descompensada e com uma culpa que só adquiria força em sua mente.

"Eu estou mentindo, por acaso? Submetemos ela a muitas coisas, Mebuki. Você não percebe isso? Aquilo não foi um ataque de egoísmo como você disse, foi um grito de socorro! Nossa filha estava quebrando, estava rompendo... E você não parou! Ensaios e mais ensaios, aulas extras, pressão, tudo impecável... O que você fez, Mebuki? "

"Mas você..."

"Eu sei que tenho a minha culpa no cartório. Eu não fiz nada, não falei nada, mas foi porque eu não enxerguei! Ela não me permitia enxergar por todo o sofrimento que ela estava passando.... Eu quero ver a nossa filha feliz depois de tudo que ela passou, apenas isso. "

De imediato, a matriarca Haruno se apoiou e logo tentou se sentar na cadeira mais próxima, caindo desajeitadamente sobre ela. Traçou ambas as mãos pelos seus fios loiros e apoiou sua cabeça entre elas em seguida. Respirou fundo, pois estava em meio a uma overdose de informações, informações estas que já rondavam a sua mente há tempos, só que as ouvir de outra pessoa era de um impacto diferenciado, maior. Nenhum dos dois disse nada, portanto, o silêncio pairou na sala por alguns instantes, minutos até.

Passou a refletir em relação a tudo que o marido havia dito, à medida que as memórias de Sakura ficavam cada vez mais vívidas em sua mente. Ela pequena, nos seus 7 ou 8 anos, já rodeada de tantas tarefas, deveres.... Mebuki ponderou por mais alguns segundos, até que sua mente foi tomada por um pensamento totalmente oposto àquele que devia estar contendo. Percebeu que não havia remorso ou ao menos dor em seu coração pelo que fez. Ela queria proteger a filha, proporcionando também o melhor futuro para ela, apenas isso. O que teria de mal?

Após concluir os seus pensamentos, levantou-se da cadeira com um olhar mais determinado, enquanto o marido a observava com uma certa dúvida crescente. Mebuki andou até o móvel mais próximo, onde havia colocado a sua elegante bolsa de marca e, ainda sobre o olhar pesado do marido, colocou-a por debaixo do braço.

"Aonde você vai?"

E com um sorriso suspeito no rosto, Mebuki se virou e disse:

"Eu tenho que ir, tenho que sair daqui..."

[...]

“É muito importante. Eu preciso de contar uma coisa” O tom sério e, ao mesmo tempo, melancólico de Sakura fez com que Sasuke fixasse os seus olhos nos da rosada a sua frente, tentando enxergar algo. Mas, ela estava impassível, o que preocupou o Uchiha ainda mais.

“O que aconteceu? Você está bem? ” Perguntou, ainda não acertando o ponto principal da questão. Sakura indicou a cama de casal para que ele pudesse se sentar, que o moreno o fazendo de modo confuso. A moça passou a mão esquerda penosamente pela testa, em seguida aos cabelos. O que seria tão impactante para tanta preparação?

“Eu estou bem, Sasuke-kun... É que e-eu não sei por onde...” Sakura pausou por um momento e respirou fundo, exalando o ar em seguida. Sua garganta ardia à medida que a vontade de chorar mais só aumentava. Sasuke a olhava com um semblante indefinido, um misto de confusão e medo. Percebendo isso, Sakura voltou a falar de forma mais clara, preparando-o. “Primeiramente, eu tenho que pedir para você manter a calma diante da situação, Sasuke-kun, por mais que eu saiba que é algo quase impossível. Eu não posso pedir algo diferente...”

“Sakura, você está me assustando. O que diabos aconteceu? ” O tom de voz de Sasuke se elevou um pouco, o que fez com que ele se arrependesse logo em seguida de ter praticamente gritado com a sua paciente. Sakura olhou pra baixo, um tanto constrangida, mas estava apenas reunindo suas forças para falar algo, para finalmente contar.

Tinha medo que se contasse, estivesse ferindo a confiança do pequeno, que já se dera tão bem com ela no primeiro dia juntos, mas esse pensamento iria contra tudo o que ela acreditava, contra o seu juramento médico. Daisuke Uchiha estava ferido, assustado, portanto, ela devia cuidar dele e socorrê-lo com tudo que estivesse ao seu alcance. E, principalmente, ela sabia que devia contar ao pai, ao seu responsável dono de um espaço especial em seu coração. Devia fazer isso...

“Há poucos minutos, como você bem sabe, eu estava aqui, nesse quarto, com Daisuke-chan. Quando você foi atender a ligação na cozinha, passamos a conversar um pouco e descobri que ele parecia muito animado pelo presente que ganhou hoje. O pingente...” Sakura abriu um ligeiro sorriso ao se lembrar do entusiasmo do pequeno, mas logo as más lembranças das marcas em seu corpo assombraram sua mente mais uma vez. Sasuke a ouvia atentamente, com um aperto inusual no peito. “Ele fez algumas brincadeiras e achei tudo bem fazer cócegas nesse, em um ato totalmente ingênuo. Só que foi quando eu... eu percebi. ”

“Sakura, o que aconteceu com o meu filho? ” Sasuke suplicava, ávido por informações.

“Ele se contorcia de dor com o meu toque, parecia apavorado, Sasuke-kun... Em seguida, ele ficou receoso e não me deixou olhar”. Sua voz já me mostrava um tanto embargada, já os olhos do moreno se arregalaram levemente com a última informação. Começou a ligar os pontos. Todas as vezes em que o abraçou de uma forma mais calorosa, até mesmo no dia em questão, ele parecia estar em dor. Quando ia sozinho ao banheiro, sem precisar de ninguém, bem como vestir suas roupas... ‘Como pude ser tão cego? ’ Sasuke começava a se julgar incessantemente, mas apenas murmurou um simples:

“Continue”.

“Eu tentei convencê-lo a me contar e me mostrar o que estava provocando aquela reação a ele. Ele relutou por um tempo, mas logo tratou de me mostrar. Sua pequena barriga, Sasuke-kun, ela... estava cheia de hematomas. Hematomas bem recentes”. Nesse momento, as lágrimas chegaram a cair em seus olhos. A médica não pode conter a sua emoção e logo caiu em um choro imediato. “Me desculpe, eu... eu juro que tentei descobrir quem fez aquilo a ele, juro que tentei, mas ele não pôde me dizer. Ele estava muito relutante, Sasuke-kun. Eu não quero que isso aconteça de novo a ele, ele é um menino tão.... Me desculpe. ”

De imediato, Sasuke entrou em um estado de choque. Não havia reação por parte dele, que permanecia imóvel e quieto com a mais nova informação, mas a rosada foi capaz de perceber poucas lágrimas se acumulando em seus olhos. O seu ser, sua mente, ambos não paravam de acusá-lo, por ser tão cego e obtuso diante do filho. O seu estado perdurou por quase dois minutos, até que Sakura se preocupou e começou a chamá-lo desesperadamente.

“Sasuke-kun? Sasuke-kun? Fale comigo, por favor”. Gritava. Tocou em seus ombros, vendo apenas os olhos arregalados, as lágrimas escorrendo por seu rosto. “Sasuke!”

Com o último grito por seu nome dado pela sua paciente, ele pode sair do estado infeliz em que antes se encontrava. Sasuke Uchiha se levantou da cama, ponderando um pouco para então andar de um lado para o outro para o quarto em busca de seu celular. Sakura o observava totalmente atônita, sem saber como agir.

“O que você está fazendo? ” Ela perguntou quietamente, enquanto se levantava da cama, retirando os lençóis do seu caminho. “Sasuke..” Repetiu, ao mesmo tempo em que ia em sua direção.

“Eu preciso encontrar o celular, preciso falar com ela. Foi ela quem fez isso ao meu filho, minha própria esposa! ”. Disse com um tom um pouco elevado, passando a mão por seus cabelos negros. “Eu não sei como eu pude ser assim, Sakura, tão cego. O meu próprio filho! Ele deve estar sofrendo muito. Como eu não notei? Nem ao menos insisti para que ele me contasse o que estava acontecendo. Mas que tipo que pai eu sou? ” A respiração de Sasuke oscilava, e ele puxava cada vez mais ar de seus pulmões. Estava exasperado. Sakura precisava acalmá-lo, se não, ele não iria pensar de forma racional em nenhum momento. O Uchiha estava sendo levado totalmente pela emoção.

Com uma tentativa, ela andou em sua direção e colocou ambas as mãos no rosto quente do moreno, que ainda respirava com dificuldade, mas já estava parado em um único ponto.

“Se acalme, meu amor, tudo vai ficar bem agora que você sabe, pois você poderá mudar isso...” Ele fechou seus olhos com a sua demonstração de carinho, respirando com um pouco mais de calma. Sua voz, seu toque, seu cheiro. Era como um analgésico para ele. Fazia com que as preocupações se dissipassem, as dores sumissem, o choro cessasse.... Nunca teria o suficiente dela. “Você não poderia prever. Quem pode prever uma coisa dessas, Sasuke-kun? Muito menos evitado, eu sei disso. O Daisuke é um menino bom demais, ele não falaria ou deixaria que você se preocupasse com isso, por mais que seja um motivo bem nítido para a nossa preocupação. Ele é apenas uma criança...”

“Eu fui negligente com ele...” Sasuke murmurou, pessimista.

“Não, você não foi. Nunca diga isso novamente...”. Passou a olhar em seus olhos, seus belos e marejados olhos, enquanto tentava controlar toda essa negatividade que consistia em assombrar a mente do moreno. “Você é um pai dedicado, eu sei disso apenas só modo como o Daisuke fala de você... O erro foi dela, não seu! ”

“Eu persisti nisso, Sakura, eu não queria que Daisuke passasse por algo como o divórcio tão cedo em sua vida. Eu persisti nessa relação nada recíproca e desprovida de qualquer sentimento por causa dele. Eu amo o meu filho, não Karin...” Sakura arregalou um pouco os olhos, mas logo abaixou um pouco a cabeça, envolvendo ambos os braços nas costas de Sasuke em um carinhoso abraço. “Eu tentei continuar sem você em minha vida, tentei me conformar, pois eu pensei, eu...”

Ao perceber que ele estava voltando a ficar agitado, do abraço em que estavam, Sakura trocou de posição, não entendendo muito bem nem o que ela mesma estava fazendo. Colocou suas mãos sobre os ombros dele, ficando um pouco mais próxima de seu médico, aproximando-se tanto que já podia sentir sua quente respiração contra a sua pele. Ambos estavam agora de olhos fechados, e a distância entre um e o outro se limitava apenas a milímetros, o que fez com que o nariz da paciente tocasse levemente o dele, sorriu. Ela necessitava disso, desse contato, tanto quanto ele.

Pouco tempo depois, Sakura sentiu o seu lábio inferior tocando suavemente os lábios do moreno a sua frente, quase como se pedisse passagem, percebendo também que a distância entre os dois era agora praticamente inexistente. Sentiu as mãos de Sasuke tocarem em seu rosto, à medida que sua cabeça se inclinava levemente para o lado, até que finalmente eles se uniram em um doce beijo, carregado de desejo e necessidade que um sentia pelo outro. Ainda com os lábios selados, Sasuke procurou apoio na parede mais próxima, deixando Sakura contra a mesma. Os movimentos eram lentos, mas ao mesmo tempo ávidos, proveitosos, tanto que o beijo perdurou por longos segundos.

Foi Sasuke quem quebrou o silêncio entre os dois.

“Eu não sei o que há sobre seu cheiro, mas é totalmente inebriante, Sakura, me acalma...” O moreno murmurou recuperando sua voz, enquanto aprofundava seu nariz no pescoço da rosada, que se arrepiou ainda mais com o contato. “Eu senti tanto a sua falta...”

“Sasuke-kun...” Suspirou uma rosada ainda em um estado singular, com suas bochechas quentes e avermelhadas. Não conseguia pensar direito, sentia-se desorientada após a longa demonstração de carinho, mas satisfeita. Colocou ambas as mãos contra o peito de Sasuke, podendo sentir as batidas ainda aceleradas de seu coração. “Por favor, vamos agir com calma quanto a Daisuke, com muito cuidado... Você entrará em um processo judicial contra Karin. A agressão será mais um motivo para não o deixar em suas mãos... Mas, eu devo perguntar, você tem certeza que foi ela? ”

“Sakura, eu nunca estive tão certo de algo. Karin seria capaz de fazer algo assim para qualquer um, ela está debilitada. Todos os meus esforços serão para a colocar em um centro de reabilitação após o divórcio, pois sei que ela não está bem...” Sakura o envolveu em um abraço mais uma vez. “Eu sinceramente a odeio por tudo que ela tem feito com essa família, por toda a discórdia que ela trouxe e pelo que ela fez com o meu filho, mas eu sou um ser humano e um médico acima de tudo. Ela precisa de ajuda...” A rosada repousou sua cabeça no peito do moreno, ainda em seus braços.

A noite terminou com mais uma despedida, só que dessa vez, ela tinha um significado ainda mais especial, sendo ainda mais complicada para ambos. Sasuke havia decidido cuidar imediatamente de Daisuke assim que o outro dia chegasse, iria conversar com ele, tenta uma abordagem diferente para obter a verdade sincera do filho, levando-o futuramente para Sakura examiná-lo. Ele não iria deixar Karin se safar de tudo que ela fez, mas, no momento, ele apenas queria ficar ao lado do filho. Queria estar tranquilo ao lado dele, confortando-o. Nada poderia lhe fazer mal agora.

"Fique com ele por essa noite, ok? Ele vai ficar bem..."

"Eu sei que sim." Sakura estava com os braços cruzados quando sentiu o toque do moreno em sua pele, sorrindo logo em seguida. Ele envolveu os braços nos dela, segurando-os de cada lado do corpo. "Obrigado..." Depositou um rápido beijo em sua testa, "por ter contato a verdade." depois em seu nariz "por se preocupar com Daisuke..." e, por fim, em seus lábios. "E por ficar comigo..." A maciez deles era algo que Sasuke apreciava, bem como o gosto de frutas vermelhas já tão frequente na moça, tanto que aprofundou um pouco o beijo.

"Sempre..." Sorriu mais uma vez, dando um último selinho no moreno a sua frente. Lembrou-se vagamente de quando era menor, em seus 15 ou 16 anos. Quando era feliz ao lado do seu amor, mas logo as memórias da tentativa ocuparam sua mente, ao mesmo tempo que um frio arrepio tomou conta de seu corpo.

"Ei, o que foi?" Pelo visto, Sasuke percebeu.

"Nada, apenas frio... Eu acho melhor me deitar agora, tudo bem?"

"Sim, claro. Boa noite"

"Boa noite..."

E assim, o casal se separou, ficando cada um em seu quarto. Sakura realmente foi para cama quase que de imediato após ele ter saído, pensativa. Tinha orgulho do homem que Sasuke havia se tornado, assim como tinha a certeza absoluta que ele faria de tudo por seu filho nos próximos meses, bem como em toda a sua vida.


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Notas finais do capítulo

Olá, leitores(as) ❤
Primeiramente, quero agradecer a todo o apoio de vocês. É incrível, eu fico super agradecida e até mesmo sem graça pelas palavras carinhosas de muitos de vocês. Muito obrigada!
O que acharam do capítulo? A Sakura realmente contou ao Sasuke, ela não iria esconder algo assim, não é mesmo? O que irá acontecer agora? Fiquem à vontade para comentarem suas opiniões.. Ficarei mais do que feliz em respondê-los!
Beijos e até o próximo sábado!.



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