—Não me chame assim Senhor Primeiro Príncipe do Reino da Terra. -Disse a Sacerdotisa em um tom irritado que era totalmente condizente com seu humor.

—Ok, ok. -Disse Tauruu acenando com as mãos com uma expressão de deboche. —Então talvez eu deva chamá-la de Yala, ex-namorada secretada do Primeiro Príncipe do Reino da Terra, aquela que quebrou os juramentos de Sacerdotisa e deixou-se levar por relacionamentos amorosos proibidos.

—Isso, me chame assim! Afinal, Tebah é apenas o nome que a Grande Sacerdotisa do Reino da Terra adota ao ser nomeada. E creio que abdicarei dessa função e assim todos saberão que o Príncipe do Reino da Terra usou de sua influência para chantagear uma pobre Sacerdotisa da Terra a ter uma namoro escondido com ele -Disse a Sacerdotisa da forma mais irônica que ela podia enquanto quebrava uma das leis do Sacerdócio ao retirar sua máscara na frente de um homem.

—Aceito minha derrota, Sacerdotisa Tebah. Agora você poderia, por favor, colocar a máscara antes que alguém a veja assim em um cômodo a sós comigo? -Disse o príncipe nervoso enquanto olhava para a entrada do salão.

—Isso não será um problema, senhor. Afinal, temo que eu não poderia mais ser a Grande Sacerdotisa. -Disse Yala em de forma triste enquanto retirava uma mecha de sua franja da frente dos seus olhos.

—O que você quer dizer com isso Teb... digo, Yala? -Disse Tauruu de forma confusa, com um olhar sério e desconfiado.

—Foi esses dias enquanto chovia. Eu não me lembro direito como aconteceu, mas de alguma forma eu acabei dobrando a água que escorria pela calha do Templo. Sabemos que sou uma dobradora de terra, e que nenhum humano pode dobrar mais de um elemento...

—A não ser o Avatar. -Terminou Tauruu. —Você está dizendo que você é o Avatar? É isso Yala?

—Sim, é isso o que eu queria lhe dizer. Eu esperava contar para a Rainha, mas a saúde dela se tornou frágil demais nas ultimas semanas. E eu acho que deveria lhe contar antes que o Palácio se fechasse para a preparação da sua coroação. Eu já me correspondia com um mestre de dobra de fogo da Nação do fogo, ele irá me ajudar...

—Ei, ei... Calma aí, está dizendo que você pensa em partir agora? Tipo, nem pensamos nisso. Nem sei o que fazer, espere ao menos pela minha coroação. -Disse Tauruu encaminhando-se em direção a Yala e segurando suas mãos enquanto proferia palavras antes mesmo de perceber que o fizera.

Yala conseguia entender como Tauruu se sentia. Ele havia acabado de enterrar sua mãe, e nos próximos dias ele seria submetido a reuniões e mais reuniões a fim de ser instruído e preparado para sua coroação e assim se tornar o novo Rei da Terra. Mas ela não poderia esperar por isso. Não era todo dia que havia um navio partindo para a Nação do Fogo, a viagem demoraria e as relações entre as nações não estavam tão boas para arriscar perder essa oportunidade.

—Eu realmente preciso ir Tauruu. Eu preciso ir. Sua coroação é importante, e eu sinto que veria ficar, mas meu dever como avatar me chama. Eu preciso dominar os quatro elementos, e se eu não aceitar essa oportunidade, não sei quando acharei outro mestre de dominação do fogo. Por favor, não torne isso pior do que está sendo. -Yala dizia as palavras entre um choro silencioso e o derrubar de algumas lágrimas. Ela sabia que não poderia encarar Tauruu neste momento, pois estava-o deixando para trás no momento mais importante e triste de sua vida, algo que ela sabia que se arrependeria.

—Ok, vá! Pode ir agora Avatar! -Disse o príncipe enxugando as lágrimas de seu rosto e dando as cosas para a garota que chorava enquanto estendia seu braço para tocá-lo. —Eu disse para ir agora, não disse?!
Ela não reagiu por um instante, e não sabia o que dizer. Talvez ela não devesse dizer nada. Talvez ela devesse apenas seguir as ordens do príncipe e ir para o seu caminho como Avatar. —Com licença, Majestade.

A jovem avatar deixou seu ex-namorado na sala do trono, e a figura do jovem que chorava seu luto e sua insegurança, agora dava lugar ao membro da Guarda de Elite da Terra o frio e calculista, Primeiro Príncipe da Terra, em breve rei. Ela chorou o caminho todo até o templo e pelas ruas as pessoas a encaravam não reconhecendo-a devido a ausência da máscara. Aquilo era estranho e a fazia se sentir sozinha. "Será que sempre me sentirei sozinha a partir de agora?" era um dos pensamentos que gritavam em sua cabeça.

No templo todos a esperavam, todos ali sabiam quem ela era. Na verdade eles a ajudaram na sua descoberta, mas eles não poderiam fazer muito por ela. Todo o seu treinamento na dobra da terra estava concluído havia anos, e agora era a hora de um novo curso se formar em sua jornada. Esta seria a sua nova rota.
Juntando o essencial para a viagem, Yala deixou o Templo sem se despedir. E ela entendia que a ausência da máscara implicaria em os Sacerdotes e Sacerdotisas evitarem contados com ela, e mais uma vez ela se sentiu sozinha.

—Não há o que fazer. Eu sou o Avatar e eu tenho que seguir este caminho. Eu sei o que eu devo fazer. O caminho não será fácil, mas o povo da Terra é forte e resistente. -Ela dizia em voz baixa para si mesma tentando encorajar-se, mas ela nem sabia se o Avatar pertencia a alguma nação.

Yala atravessou o portal de Omashu sem olhar para trás, e quando terminava de cruzar a ponte que se estendia à entrada da cidade ela abriu sua bolsa e lá tirou uma máscara prateada com olhos de vidro espelhado e dois pequenos furo abaixo do nariz. Aquela era uma máscara de Sacerdotisa comum, e embora ela nunca mais fosse ser a Alta Sacerdotisa da Terra, ela nunca se desligaria de tudo que viveu e aprendeu, e aquela máscara era a sua prova de que era uma mestra em dobra de Terra. "Apenas mais três elementos", ela mentalizou para sim mesma enquanto caminhava em direção a costa para pegar seu navio em direção a Nação do Fogo.