Era uma tarde de início de primavera. O céu estava completamente limpo sem nem mesmo uma única nuvem. Não havia qualquer fraca briza entre as folhas das árvores. Os pássaros estavam aquietados e um profundo silêncio tomava conta de todo o grande jardim.

Ali no Jardim Real da Cidade de Omashu, a capital do Reino da Terra, estava reunidos todos os moradores importantes da Capital. Aglomerados em fileiras simetricamente dispostas eles olhavam tristemente para uma mulher com máscara de toupeira e vestes negras. Aquela era a Alta Sacerdotisa Tebah, a maior autoridade espiritual e religiosa do Reino da Terra.

—Cidadãos de Omashu, é um dia triste para o Nosso Reino. O pilar da nossa nação se foi. A nossa Terceira Rainha do Reino da Terra, Zehlia, adormeceu para todo o sempre. -Disse a Sacerdotisa Tebah.

Ao lado de Tebah estavam os dois príncipes herdeiros, filhos de Zehlia. Tauruu era o mais velho com 18 anos de idade. Ele tinha a pele bronzeada e uma estrutura muscular que entregava a presença dos seus músculos bem desenvolvidos mesmo sob seu traje de membro da Guarda de Elite da Terra. Ao lado de Tauruu estava Touen, o Segundo Príncipe do Reino da Terra, com 13 anos de idade. Ele era menos bronzeado que seu irmão mais velho e seu corpo esguio se escondia dentro de suas vestes. Touen estava vestido com uma calça branca sob um casaco verde amarrado na cintura com um cinto dourado, ele usava sapatilhas de cor preta. O cabelo de ambos os príncipes estava preso em um coque alto e firme adornado com uma coroa de príncipe do Reino da Terra.

Tauruu estava o tempo todo com uma expressão rígida no rosto o tornando respeitável e intimidador, traços que eram a marca registrada dos membros da Guarda de Elite da Terra. Por outro lado, Touen estava aos prantos, com seus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.

—Durante seu reinado, a Rainha Zehlia mostrou que com compaixão e justiça a cidade de Omashu pôde crescer forte e se edificar como capital do Reino da Terra. Ela sempre nos guiou pelo caminho certo e nos lembrava sempre da nossa origem. Não nos esquecemos que "O amor brilha mais nos escuro" nesse momento sombrio e triste para nosso reino. Assim como a Princesa Oma construiu a nossa cidade após a morte do seu amado Shu, vamos garantir que a cidade continue a crescer mesmo após a perda da nossa Rainha.

Neste momento quatro pessoas vestidas com túnicas negras com capuz apareceram no meio do Jardim Real. Eles traziam um ataúde de pedra que levitava no ar graças à dobra de terra.

O príncipe Touen, que já estava aos prantos, agora soluçava um choro sem fim. Agora ele era consolado por um garoto de 12 anos chamado Rukh, seu melhor amigo e serviçal no palácio real. O jovem serviçal usava roupas simples porém bem conservadas em tons de verde. E seu cabelo era arramado igual aos dos príncipes com um adorno de cobre semelhante à coroa de Tauruu e Touen, assim como todos os funcionários do Palácio Real da capital do Reino da Terra.

—Da terra à terra. Da areia à areia. Do pó ao pó. Óh nossa saudosa Rainha que nos últimos 25 anos nos guiou e nos protegeu, descanse em paz.
Neste momento os dobradores de terra que trajavam vestes pretas assentaram o ataúde de pedra no chão e lentamente o afundavam na terra usando a dobra de terra de forma que parecia estar afundando na água.

—Rainha Zehlia, que seu corpo seja parte do nosso Reino e que sua sabedoria se funda com o nosso elemento protetor. Que você adormeça para todo o sempre ao lado do seu pai, do seu avô e de todos os próximos reis e rainhas que um dia também se tornaram um só com a terra.

A Sacerdotisa Tebah deu um aceno com a cabeça para Tauruu e Touen, então ambos os irmãos caminharam até o sepulcro da Terceira Rainha da Terra. O Primeiro Príncipe dobrou uma pequena quantidade de terra e depositou sobre o ataúde de sua mãe no fundo do buraco de seu túmulo. Após seu irmão mais velho, Touen abaixou-se e apanhou uma quantia de terra com a mão e jogou sobre o ataúde de sua mãe dizendo entre o choro:

—Tchau mamãe, durma bem e cuide de nós.

Os príncipes voltaram para o local onde estavam anteriormente. Os quatro dobradores de terra terminaram por enterrar o corpo da Rainha da Terra ao som de choro e soluços de todos os presentes. Então a Sacerdotisa continuou:

—Que a nossa Terceira da Rainha da Terra, Zehlia, continue ajudando a sua amada nação a dar bons frutos e viver por todos os anos e anos que estão por vir.
Como último gesto cerimonial, a Sacerdotisa Tebah dobrou uma quantidade de terra que trazia consigo a muda de uma figueira e suavemente a replantou sobra a terra que agora cobria o ataúde com o corpo da Rainha Zehlia.

Minutos depois do fim do funeral da Rainha da Terra, os dois príncipes herdeiros já haviam recebido o cumprimento pela sua perda de quase todos os cidadãos de Omashu presentes do último adeus da Rainha Zehlia. Aproveitando-se que estavam quase sozinhos no Jardim Real, Tebah se aproximou de Tauruu e disse em um tom baixo e preocupado:

—Príncipe Tauruu, sei que o momento não é o mais oportuno, mas temos um assunto para tratar.

O príncipe Tauruu colocou sua mão sobre o ombro de seu irmão e com um olhar beirando a fúria disse:

—Ainda bem que sabe que esse momento não é oportuno. Tenho certeza que qualquer assunto que precise ser tratado comigo ou meu irmão poderá esperar alguns dias.

A Sacerdotisa da Terra fez uma reverência se desculpando e disse:

—Sinto muito pela sua perde Príncipe, mas temo que o assunto em questão não é apenas importante para nossa cidade ou reino. É um assunto que envolve todas as Quatro Nações.

—Assunto que envolver as Quatro Nações? É um assunto de Guerra? Se for, pode procurar o Conselho de Guerra do Reino. Não tratarei de nenhum assunto governamental nos 10 dias de luto até a minha coroação.

—Temo que não seja um assunto de guerra, mas talvez identidade do novo Avatar deva merecer alguns minutos da sua atenção senhor.

O príncipe Tauruu estava prestes a reclamar da ousadia e insistência de Tebah, quando finalmente absorveu as suas palavras. Encarando a Sacerdotisa com seriedade ele disse:

—Rukh, leve meu irmão até seus aposentos e o faça companhia até que eu lhe dê uma segunda ordem. Eu não irei demorar, Touen.

Rukh fez uma reverência e segurou o Segundo Prícipe pelo braço direito o ajudando a caminhar para o inteiror do palácio enquanto Touen continuava seu choro sem fim pela perda de sua mãe.

—Não quero prolongar muito esse assunto. Vamos direto ao ponto Teb.