Living escrita por Absolutas


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas!!!! Eu sei que demorei para postar, mas é que terceiro ano do ensino médio é uma loucura!! Sem contar que eu trabalho e ainda tenho as obrigações domésticas para cumprir, ENEM... Mas consegui um tempo para escrever e postar, espero, de todo o meu coração que vocês gostem.
Boa Leitura!!!



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CAPÍTULO 2

– Desde quando você mora lá na pensão?- perguntei enquanto arrastava Elliot pelas ruas desertas de Chicago.

– Há algum tempo. – disse. – Mais ou menos um cinco meses.

Franzi o cenho. Eu nunca tinha o visto lá, mesmo que, de acordo com o que ele acabara de dizer, ele morava lá a mais tempo do que eu.

– Interessante... – falei por fim, com uma leve indiferença. Porém essa indiferença era mero fruto de anos mascarando meus sentimentos verdadeiros, pois na verdade eu estava tremendamente surpresa. Elliot não me parecia o tipo de cara que morava em um quarto alugado de pensão e trabalhava para se sustentar; mas sim o tipo de garoto que gasta o dinheiro dos pais, e frequenta baladas à sexta a noite.

– Você parece surpresa. – comentou ele.

Não havia percebido que deixara cair a máscara de indiferença enquanto divagava sobre o assunto. Dei de ombros.

– E estou. – afirmei. – Você definitivamente não me parece esse tipo de cara...

Elliot parou, apoiando-se pesadamente em mim para que eu também não pudesse caminhar; estávamos há apenas algumas ruas de distancia da pensão agora.

– Que tipo de cara? – ele me interrompeu, arqueando uma sobrancelha e me olhando com um ar de desafio.

– O tipo de cara independente. – esclareci.

– Pareço irresponsável?- indagou.

– Devo ser sincera?- retruquei, sarcástica.

Ele riu e aliviou o peso sobre mim, permitindo-me voltar a andar e arrastá-lo da melhor forma possível. Tinha que admitir que, apesar da boa forma física e de toda a resistência que adquiri nesses anos de treino, eu estava me sentindo realmente cansada por carrega-lo; eu tinha certeza que amanhã meus músculos amanheceriam doloridos por conta disso.

– Acho que gosto de sinceridade. – ele havia demorado para responder, tanto que me sobressaltei quando sua voz se projetou, ligeiramente alta no silencio da noite.

– Bom, - comecei após me recuperar. – você tem todo esse ar de badboy, e... ainda por cima, eu te encontrei em uma briga, então... Você me parece exatamente o tipo de garoto irresponsável e aproveitador.

– Nossa! – ele riu. – É sempre tranquilizador saber a ótima imagem que eu passo para as pessoas. – seu tom de voz era sarcástico.

– Ah, por favor! Você não é o tipo de cara que se importa com reputação, é? - perguntei.

– E se for?- desafiou.

– Porque se for, eu te largo aqui agora mesmo. – brinquei. Ele deu de ombros. - Sério? Se eu fosse me preocupar com a minha reputação, eu já estaria louca! Quase todo mundo me odeia. – expliquei.

– Eu fico me perguntando o porque... – ironizou.

Resisti ao impulso de dar a língua como uma criança e apenas o fuzilei com os olhos.

– O que quer dizer com isso?

– Sarah, eu te conheço há apenas meia hora. E nesse curto tempo, eu já consegui entender o tipo de pessoa que você é. – falou, orgulhoso de si.

– E que tipo de pessoa eu seria?

– Do tipo que finge que não se importa, mas na verdade se importa mais do que todo o mundo. Do tipo que se finge de durona, quando é a mais frágil de todas...

– Eu posso te dar uma demonstração da minha fragilidade quebrando o seu outro pé. – interrompi-o.

– ...Eu quis dizer por dentro.

Fiquei em silencio. Não tinha o que falar, ele realmente conseguira me decifrar em apenas trinta minutos. Era espantosa a forma como conseguira me entender, mesmo mal me conhecendo. Mas é claro que eu nunca iria admitir isso.

Ficamos em silêncio o restante do caminho. Eu definitivamente estava remoendo o que ele dissera, a forma rápida com que me definira.

Esse silêncio permaneceu o restante do caminho. Chegamos na frente da pensão e, antes que pudesse me conter, soltei um suspiro de alívio. Vi pelo canto do olho Elliot me lançar um olhar tristonho.

Tirei minha mão direita de seu ombro e abri o pequeno portão laranja enferrujado, ajudando-o a adentrar no jardim da pensão.

A pensão da Sra. Croollyn era uma construção antiga de três andares pintada com uma tinta azul clara e sem graça, a qual estava descascando em alguns pontos revelando partes dos tijolos laranjas. Havia um belo e bem cuidado jardim na frente, que para ser sincera, era a única parte bonita de toda a casa – botões de rosas brancas cresciam vigorosos do gramado verde e vistoso e haviam alguns lírios vermelhos e roxos e margaridas espalhadas aqui e ali. O jardim era interrompido por um caminho estreito de pedras gastas que levava a entrada frontal – havia outro caminho; esse mais largo, que levava a garagem nos fundos. As janelas eram pequenas e havia uma com o vidro quebrado, a qual fora concertada temporariamente, colocando um plástico transparente. A porta da frente era marrom escura e simples, sobre ela, havia uma placa laranja – no mínimo chamativa - onde se lia: Bem vindo à Pensão da Sra. Croollyn. O telhado era inclinado para frente, deixando a impressão de que a casa era mais baixa do que realmente era.

Conduzi Elliot pelo caminho estreito, onde ele tropeçou duas vezes antes de chegarmos à porta. Abri-a sem bater – uma vez que também morava lá e, ao chegarmos à sala, fomos recepcionados pela própria Sra. Croollyn esfregando vigorosamente uma mancha na mesinha de centro da sala de estar. Ao ouvir o som dos nossos passos ela se levantou e se virou, arregalando os olhos e levando as pequenas mãos enrugadas aos lábios ao ver o estado de Elliot.

– Por Deus, Sr. Jones, o que houve? – disse ela, sobressaltada.

A Sra. Croollyn era uma senhora baixinha e simpática. Ela mantinha os cabelos brancos presos em um coque antiquado na nuca e passava a maior parte do tempo com pantufas brancas de veludo. Hoje, seu look se completava com um conjunto de blusa e saia – ambos com estampas de animais da fazenda e um cordão dourado e delicado com um pingente que parecia de jade, mas eu não podia ter certeza, uma vez que mal conhecia pedras preciosas.

– Nada demais, fique tranquila... – respondeu Elliot, ao mesmo tempo que eu dizia:

– Um assalto. Ele esta ferido e...

Ela nos lançou um olhar confuso e ambos paramos a frase no meio ao perceber o incidente. Voltei a falar antes que ele pudesse.

– Ele foi assaltado. O encontrei no centro d cidade e o trouxe para cá.

– Assaltado? – perguntou ela horrorizada e eu assenti. - Devemos chamar a polícia. Ele está muito ferido, Srta. Bennet.

Ele me lançou um olhar estranho a menção ao meu sobrenome, mas não dei atenção, me preocupando em ajudar a Sra. Croollyn a colocá-lo no sofá, com os pés apoiados na mesinha de centro.

– Concordo. – falei por fim. – Acredito que ele tenha ferido seriamente o tornozelo, então acho melhor chamar uma ambulância. – ela assentiu. – Eu mesmo o teria levado se meu carro não tivesse quebrado.

– Não preciso de uma ambulância, estou bem. – garantiu.

A Sra. Croollyn o olhou como uma mãe quando o filho se recusa a deixar que ela limpe e medique seu ferimento.

– Não querido ela tem razão. Vou ligar para uma ambulância e servir-lhe um chá. – o tom de voz que ela usou dispensava qualquer tipo de resistência da parte dele: autoritário e amoroso ao mesmo tempo.

Ele bufou e me lançou um olhar feroz que fez-me sentir a pior das traidoras.

– Eu vou na cozinha providenciar tudo... A senhorita poderia fazer companhia a ele enquanto o faço? – perguntou ela, o olhar tão esperançoso que não pude dizer não.

– Claro.

Ela me lançou um olhar agradecido e se dirigiu para a cozinha.

– Assalto, não é? – perguntou arqueando uma sobrancelha assim que ela saiu.

– Queria que eu dissesse que se meteu em uma briga?

– Não foi o que aconteceu.

– Mas é a explicação mais fácil, uma vez que nem você sabe o que aconteceu na verdade.

Ele pareceu pensar por um segundo e deu de ombros.

– Então, você que é a famosa Srta. Bennet. Devo admitir que você superou minhas expectativas. – comentou ele depois de um minuto.

– Do que está falando? – perguntei curiosa.

Ele sorriu como se isso fosse alguma piada particular.

– A Sra. Croollyn vivia falando de você para mim, quando te vi, jamais imaginaria que você era a mesma Srta. Bennet da qual ela falava.

– Ela falava de mim para você? Por quê?

– Acho que ela é a casamenteira do bairro. – ele riu alto agora.

– O que? Não... – sacudi a cabeça, meio abismada com o que acabara de descobrir, mas acabei rindo junto com ele. – Isso é bem constrangedor! – falei quando parei de rir. – Bem, acho que não vou querer saber o que ela falava de mim.

– Bom ela dizia o seguinte: A Srta. Bennet é uma moça tão educada Elliot! Ela também é bonita como uma atriz de Hollywood . – disse ele em uma imitação ruim da voz dela.

Eu ri.

– Bom, não é tão ruim como eu pensei.

– E você é bem melhor do que eu pensei.

Eu bufei.

– Sem essa Sr. Jones. Ou quebro o seu outro pé. – ameacei.

– Segunda ameaça em pouco mais de uma hora.

– Tanto faz.

Sentei-me no sofá em frente a ele enquanto esperava. Era estranho, mas eu realmente gostara de conversar com ele. De certa forma, ficara feliz em ter decidido ir verificar o som de briga que escutara, porque podia sentir uma afinidade acolhedora entre nós. Era estranho, mas eu conseguia conversar com ele, como conversava com Josh que era meu amigo havia anos. Uma pitada de esperança brotou dentro de mim. Talvez eu não precisasse ficar isolada de todos aqui. Talvez Elliot pudesse ser meu amigo... Não,pensei, você não deve querer amigos Sarah. Não quando não pretende ficar aqui por muito tempo.

Sim, porque meu plano era voltar para a Academia de Não-Humanos assim que conseguisse pôr meus pensamentos e sentimentos em ordem.

– Pronto! – disse a Sra. Croollyn aparecendo na sala alguns minutos depois com uma xícara fumegante de chá nas mãos. Ela a entregou a Elliot que bebeu um gole e estremeceu por conta da temperatura. – Obrigada, Srta. Bennet. Eu já chamei a ambulância, vai ficar tudo bem agora.

Eu dei-lhe um meio sorriso.

– Sendo assim, acho que vou para o meu quarto. – tentei escapar.

– Ah, claro. Deve estar cansada. – eu assenti. Realmente, eu me sentia exausta, principalmente por ter praticamente carregado Elliot. – Bom noite!

– Boa noite. – cumprimentei-a me virando em direção às escadas. Então me virei. – Espero que fique melhor logo Elliot. Boa sorte no hospital.

– Obrigada, Srta. Bennet. – ironizou ele, sorrindo.

Então me virei e subi as escadas rapidamente e desabando na cama, antes e me recompor o suficiente para me dirigir até o banheiro e tomar um banho demorado.


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Notas finais do capítulo

Vou tentar não demorar tanto para postar o próximo, já até comecei a escrever ele, então - a não ser que me falte tempo ou me sobre bloqueio criativo, em uma semana no máximo o capítulo três vai estar disponível.
Bjs e obrigada pela paciência.



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