O salão do jantar onde todas as explosões haviam ocorrido estava completamente limpo mais uma vez, as paredes brancas ainda estavam rosadas, mesmo após várias horas de esfregões; era perda total. Seria necessária uma nova pintura sem dúvida alguma.

Lola, Tony e uma maleta portátil que representava uma versão móvel do HD de J.A.R.V.I.S. e suas diversas funcionalidades, era manuseado por Anthony no centro da sala. Ele iniciava a ativação da extensão de sua inteligência artificial.

– Lolita, você fez bem em me chamar, já lidei com pessoas explosivas, e tudo mais. - Tony comentava.

– Eu sei, irmão, foi justamente por causa da história com aquele Killian que te chamei. E brincar de CSI fica muito mais fácil quando se tem o JARVIS, do que quando se usa agentes incompetentes do governo. - Ela comentou de braços cruzados aguardando a hora em que Tony terminasse de conectar-se às gravações das câmeras da Casa Branca.

– Agora pode me dizer, irmãzinha. Como está lidando com tudo isto? - Algumas luzes verdes piscavam enquanto JARVIS era oficialmente ativado.

Lola inspirou um tanto melancólica antes de responder.

– Estou relativamente bem. Quer dizer... Na hora que tudo aconteceu eu fiquei super assustada, entrei em choque. Como não ficar? Uma pessoa explodiu diante dos meus olhos, uma CRIANÇA! Felizmente não vi muito do resto dos acontecimentos. Steve cuidou para que isso não acontecesse. - Ela explicou.

Tony estava louco para fazer um comentário maldoso quanto a isso, mas se segurou. Até ele sabia da gravidade da situação e que não era momento para fazer piadas, mesmo que ele e Lola estivessem sozinhos na grande sala.

Ele não queria nenhum agente com olho gordo para cima de sua tecnologia. Sempre que o governo conseguia acesso a sua tecnologia tentavam replicar e "dava em merda".

– Olá, Senhor e Senhorita Stark. - A voz robótica os cumprimentou.

– Olá, JARVIS. - Lola cumprimentou de volta.

– Pronto para a simulação da cena do crime? - Tony perguntou.

– Sim, Senhor. -.

– E você? Está pronta para voltar à noite de anteontem? - Tony perguntou um tanto receoso à irmã.

– Comece logo, JARVIS. - Lola recusou-se a responder outra pergunta sobre sua fragilidade.

– Desculpe, Senhorita. Mas agora estou programado para seguir apenas as ordens de comando do Senhor. - A voz robótica informou.

– Ue! Que palhaçada é essa agora, Tony? - Ela fuzilou o irmão com os olhos.

– Você acha mesmo que eu ia correr o risco de trazer uma versão do JARVIS aqui e depois você pegar ela e fazer os agentes me chutarem? Na na ni na não. - Tony explicou. - J.A.R.V.I.S., pode começar a simulação holográfica da noite do incidente. -.

– Projeção iniciada, Senhor. - De dentro da maleta/JARVIS, luzes azuladas começaram a se projetar no meio do salão refazendo todas as pessoas que estiveram na festa desde os empregados no momento da arrumação para a festividade até o momento da tragédia.

Lola e Tony passaram horas avaliando as gravações e não acharam nada de suspeito, até o momento em que o holograma do garçom entregando o cartão começou.

Lola e Tony se aproximaram dos hologramas azuis dos dois tentando captar o máximo de informações visuais possíveis. Anthony começou a seguir o holograma do garçom observando bem o seu rosto, este assim que entregou o papel a Rogers saiu de perto dele o mais rápido que pôde, e com um sorriso perverso e satisfeito nos lábios, chegou ao polo oposto da festa e, de uma bandeja num balcão, retirou um bombom e devorou-o.

A Stark se perdeu por um momento na investigação. Ao ver Steve terminar de ler o cartão, algo a fez refletir e sorrir apesar de tudo. Rogers, assim que terminou de ler a ameaça, levantou seus olhos desesperados vasculhando o ambiente atrás dela. Lola avaliava o holograma azul do Capitão, e fazendo leitura labial, pôde vê-lo berrar seu nome e começar a correr atrás dela. Por mais que parecesse errado, e ela não devesse ficar maravilhada, aquilo encheu os seus olhos, porque nem por um segundo sequer outra pessoa havia sido a preocupação dele, nem por um instante ele tinha pensado primeiro em ter ido acudir o Presidente da pátria dele. Foi ela a quem ele tentou proteger acima de tudo, mesmo sendo incapaz de realmente fazê-lo. O que só podia significar que... Steve ainda gostava dela! ELA não tinha estragado tudo!

Mesmo tendo sido rude com ela, ELE se importava! E consciente ou inconscientemente, o Capitão América dava mais importância a ela do que ao próprio governante dos Estados Unidos; e esse não era um fato capaz de ser ignorado por ela.

Lola havia seguido o holograma de Steve e o observava empurrar o holograma dela mesma para debaixo da mesa; infelizmente as câmeras não podiam filmar o que tinha por baixo da toalha, então ela não pôde rever Steve abraçando-a e ninando-a. Mas ela não chegou a descobrir isso, já que o Anthony que havia seguido o garçom a chamou para a realidade da tragédia mais uma vez, fazendo-a deixar para trás seus devaneios românticos.

– São esses doces! - Tony berrou sentindo-se vitorioso como se tivesse matado toda a charada.

– O quê?! - Lola disse confusa.

– Você disse que a garotinha comia um doce que você não tinha visto ser servido durante todo o resto da festa. E se voltarmos as projeções, podemos ver o FDP desse garçom servindo os mesmos doces para alguns dos convidados. Não prestei atenção em tudo, mas todas as pessoas que comeram esse negócio coincidentemente explodiram, e agora ele mesmo acabou de comer um desses bombons e foi um dos últimos a explodir. O desgraçado ficou rindo o tempo! E segundos antes de explodir, ele fez uma figa com a mão direita e pousou sobre o peito como uma saudação esquisita. - Tony expelia todas as informações que chamaram sua atenção.

– Os bombons... Será? - Lola estava em choque.

– Seria perfeito, não acha? Um nanocomposto camuflado na comida que se misturaria ao bolo alimentar das vítimas e acionaria a explosão graças a um estímulo externo. Simplesmente Indetectável! - Tony ao passo que a suposição o assustava, também o maravilhava.

– Mas Anthony, esse tipo de tecnologia é uma utopia. Apenas um sonho para os cientistas bélicos. É impossível que tenham conseguido realmente criar isso. - Lola tentava ser racional, a possibilidade de Tony estar certo era apavorante.

– Lolita, você deu o seu primeiro beijo num PRÍNCIPE que ainda por cima era um ALIENÍGENA. Acha mesmo que o impossível não começou a acontecer há muito tempo atrás?! -.

Lola pensou rápido, se Tony poderia estar certo, tinham que se apressar e conseguir uma amostra daqueles doces, porque se a teoria do Stark fosse igual a lenda e o sonho dos cientistas armamentistas, o nanocomposto só seria hábil a explosões dentro do tubo digestivo humano, logo, os que não tivessem sido devorados estariam intactos.

Ela e Tony foram imediatamente contar as suspeitas ao Presidente, e acabaram descobrindo que todo o lixo Presidencial já havia sido mandado para o incinerador da cidade. O que os tornavam agora incapazes de solucionar o mistério, nunca descobririam se era algo naquela comida.

Entretanto, puderam investigar na lista de empregados da Casa Branca quem era aquele garçom, e para surpresa deles, aquele homem era um empregado normal e de confiança que trabalhava lá há mais de cinco anos.

A cúpula presidencial ficou chocada ao saber que nunca descobririam o que realmente tinha causado aquele incidente, e pior ainda se sentiam, quando teriam que relatar ao resto do mundo o porquê de mais de trezentas pessoas terem entrado na residência oficial e 97 a menos terem saído com vida após um ataque misterioso quatro dias depois.

Então, eles fizeram o que faziam de melhor, criaram uma história oficial para contar ao mundo sem abalar sua soberania nacional e todas os convidados que presenciaram tudo deveriam confirmar a história ou correriam o risco de serem punidos com prisão federal: "Durante a festa do 4 de julho, houve uma tentativa de assassinato do Presidente Obama e todos os seus convidados por meio de ENVENENAMENTO, felizmente apenas noventa e sete almas inocentes foram levadas. E esse período de reclusão foi necessário para a recuperação emocional das testemunhas e para que os responsáveis pelo atentado fossem encontrados e detidos"

Para tornar mais verídica a história, noventa e sete caixões foram levados à Casa Branca e retirados com os "corpos" das vítimas que chegaram a óbito. É claro que cada família fez seu funeral, simbólico para eles e uma encenação para o resto do mundo, já que os caixões estavam apenas cheios de pedras.

...

Antes de partir com o irmão da Mansão Presidencial, Lola fez questão de procurar Rogers. Ela estava se sentindo péssima, e queria ter descoberto tudo por Claire e pelos outros, não apenas ter criado uma teoria incapaz de ser comprovada.

– Sinto muito, Steve. Queria poder ter feito mais. - Ela lamentou.

– Não se culpe. Você fez o que pôde, sem sua ajuda não existiria nem a desconfiança sobre os alimentos. E tenho a certeza de que realmente foram eles. Mas ainda não acabou, vou encontrar esse XY-32 e ele vai pagar, tenha convicção disto! - Rogers tentou anima-la.

– Eu sei que não, por isso vim falar com você. Queria te contar pessoalmente antes que contassem no meu lugar. - Lola começou a explicar.

– Contar o quê? - Steve perguntou intrigado.

– Contar que eu liguei para o Tio Fury, eu quero ajudar a prender esse homem, por isso decidi me tornar uma verdadeira agente da SHIELD, meu treinamento recomeçará semana que vem. - Lola concluiu.

Rogers comprimiu os lábios num leve sorriso.

– Seja bem-vinda de volta, então. - Steve ficou um tanto contente, mesmo sabendo que o motivo do retorno dela não era afortunado.

– Vamos logo, Lolita. - Tony e sua maleta/JARVIS aguardavam na porta do carro.

– Vejo você em Nova York? - Ela perguntou esperançosa.

– Claro. Até mais - Ele disse.