Soluço, o líder de Berk: A guerra pela paz escrita por Temperana


Capítulo 29
A guerra afinal


Notas iniciais do capítulo

Oiii
Ah pessoal, esse foi o capítulo que eu mais sofri, mais chorei para escrever. Eu digitava e molhava minha escrivaninha. Quase estraguei o meu teclado... Desculpe se estou assustando. Esse capítulo é o motivo do título da história vocês irão ver. Preparados amores???
Até as notas finais...



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Aqui chega o clímax da minha história, da história de Berk. Você deve estar pensando: Até que enfim, a Guerra chegou! E então eu te digo: Havia finalmente chegado a hora de testar as nossas habilidades. Havia chegado a guerra. Mas ninguém ficou feliz com a sua chegada. Ninguém.

Sinceramente eu gostaria tanto de dizer que todos puderam contar essa história de Guerra & Paz. Que todos puderam ter a oportunidade de ser homenageados por sua bravura e honra. Mas nem todos foram homenageados da mesma maneira. Porque nem todos sobreviveram para contar essa história.

Relembrar esse tempo causa algumas dores irreparáveis. Para todo mundo. Mas acho melhor você descobrir por si próprio. Porque grandes pessoas caíram e outras se levantaram.

Eu sou Soluço, o líder de Berk. E essa é a Guerra pela Paz.

Com a Tribo Beserker ao nosso lado, a guerra tornou-se mais leve. Mas sinceramente... Ainda era um fardo muito pesado para se carregar.

Todos os Berkianos lutavam com sangue nos dentes (e em várias outras partes do corpo também). Foram dois dias de guerra. Foram dois dias de mortes... E apenas uma pequena pausa, uma pequena trégua...

Particularmente, eu e o Banguela, no primeiro momento, já havíamos derrubado uma quantidade significativa de guerreiros inimigos. Enquanto ele queimou seis barcos de uma só vez (seu limite de tiros seguidos), iniciando o ataque em si, eu derrubei com as minhas flechas cerca de vinte guerreiros que tentavam atacar por trás os nossos. A mira estava ótima.

Obviamente eu era o alvo de toda a armada inimiga. Eu contei cerca de cinco flechas só no meu capacete e duas passaram bem perto de causar estragos. Além disso, pedras podem derrubar um dragão que esteja voando. E também o seu cavaleiro. Como eu disso, ô mira boa daqueles caras...

O plano de ataque com os dragões estava dando certo. Depois do meu primeiro ataque, Astrid, Melequento e os outros dragões, reduziram a frota de Drago em cinzas, com direito a guerreiros na água. Porém eles logo se juntaram aos guerreiros inimigos que estavam em terra e uma nova frota apontou no Oceano Interno.

Continuamos lutando. E a manhã virou tarde...

Banguela orientava os dragões para que não desistissem e eu continuava derrubando os guerreiros de Drago. As nossas catapultas atiravam pedras nos barcos, nos guerreiros, em tudo. Meio dia de guerra passava. Aquilo era a guerra. Era o caos. Era definitivamente não ter paz, com a ameaça de ser morto a qualquer momento.

Eu tomei altitude, aproveitando o que poderia ser a última luz do dia, e vi no que, em seu primeiro dia, estava resultando da guerra. E a primeira palavra que vinha a mente era morte. A maioria de nossos inimigos. De nossa parte, havia guerreiros com braços, pernas, testas e mãos sangrando, mas continuavam firmes e fortes na frente de batalha. Naquele momento não havia nenhum de nossos guerreiros mortos. Ainda.

Eu vi que meu supercilio estava cortado, mas não importei com nada (não comigo), já que não sentia dor naquele momento. Banguela estava bem e sem nenhum ferimento. O que me preocupava eram os outros que poderiam não aguentar por muito mais tempo.

As nossas catapultas derrubavam os barcos inimigos e impediam alguns guerreiros de avançar. Eu via a expressão de fúria no olhar de Drago. Mentiria se dissesse que não me senti feliz.

Ele gritava enlouquecidamente para os seus guerreiros. Mas novamente os dragões liderados por Astrid e Melequento queimaram toda a frota de navios dele. E ela não foi reposta imediatamente, inicialmente.

E finalmente, Drago ordenou que todos os seus guerreiros recuassem. Eu e Banguela pousamos na frente de todos.

–CESSAR FOGO! RECUEM! – eu gritei.

Rapidamente recuamos. Uma pausa pelo menos àquela hora da noite era uma ideia muito boa. Ninguém suporta lutar doze horas seguidas sem cansar-se. E quando paramos é que sentimos as dores e os ferimentos.

Vi que Drago não avançaríamos e começamos a cuidar dos nossos ferimentos. As pessoas mais experientes faziam uns nos outros curativos fortificados. Um ajudava o outro. Solidariedade. Palavra chave da Tribo Hooligan...

Astrid veio até mim. Ela estava sem nenhum ferimento grave (conte o arranhão que ela levou no braço como um ferimento leve não muito profundo. Um arranhão é lucro na guerra). Ela veio ajudar-me com o meu supercilio que estava com um sangramento consideravelmente grande.

–Obrigado – eu disse sorrindo. Ela fez um curativo para mim. – Alguém... Alguém morto? – perguntei com medo.

Ela baixou os olhos e depois olhou para os gêmeos.

–Sei que eles mostram que não se importam que são fortes, que não vão chorar. Mas eles importam-se sim – ela disse. E eu entendi o que havia acontecido, mesmo que ela não tivesse dito com todas as letras. – Eles morreram nas catapultas. Era um dos casais que estavam lá, em uma delas. Ninguém viu três guerreiros inimigos chegarem. Foram pegos de surpresa – eu baixei os olhos. – Pelo menos, os gêmeos disseram que eles morreram destruindo algo. Tais pais tais filhos – ela disse com a voz embargada, e vi seus olhos encherem-se de lágrimas. Ela espanto-as e olhou nos meus olhos.

–Nós vamos vingar todos – eu disse firmemente.

Como eu odiava guerra. Como eu ainda odeio. As primeiras mortes da guerra. Senhor e Senhora Thorson. Os guerreiros da destruição. Eram grandes pessoas, meio loucos. Os gêmeos tiveram a quem puxar sua paixão...

Astrid concordou e voltou a sua feição determinada.

–A todos eles – ela concluiu. – Vou ajudar os outros.

Ela disse e foi andando até mais alguns guerreiros. Eu também fui ajudar a outros dos nossos Berkianos. Labor passou perto de mim enquanto encaminhava para ajudar um dos Berkianos com um balde de água (que de onde ele tirou é um mistério). Ele se desiquilibrou e eu o agarrei para que não caísse.

–Firme Labor – eu falei.

–Ah, obrigado Soluço – ele disse recuperando o equilíbrio. – Obrigado, acho que tropecei.

Eu balancei a cabeça negativamente. Não havia tropeçado, havia ficado tonto. Ele tinha um corte profundo no braço. Peguei a água e um dos panos que ele segurava. Higienizei o seu ferimento e amarrei com força para estancar o sangramento minunciosamente. Ele agradeceu-me.

–Pronto para outra? – eu perguntei.

–Com certeza – e ele então partiu para ajudar a outros feridos. Eu fiquei surpreso que ele tenha preferido ajudar aos outros guerreiros (aos nossos guerreiros) ao invés cuidar de seus próprios ferimentos...

Drago começou a organizar o seu acampamento para passar a noite em Berk. Uma nova armada apareceu e eles se preparavam para passar a noite. Vai entender, estávamos em guerra...

Decidimos descansar também. Porém bem cedo no dia seguinte já estávamos de volta à luta. Quase fomos pegos de surpresa. Vikings não descansam, eles encostam-se por umas horinhas.

Vikings podem lutar por horas seguidas, está em nosso sangue. Logo já derrubávamos mais guerreiros. E estava na hora de Nevasca entrar em ação.

–Chama Crescente! – eu chamei. Ela parou de lutar e veio até mim. Ela era um Pesadelo Monstruoso muito dócil. – Por favor, incendei a flecha para mim.

Ela incendiou o seu corpo (os Pesadelos tem o poder de se incendiar, como você sabe) e eu acendi a minha flecha. O fogo dos Pesadelos Monstruosos eram os melhores para esse trabalho.

Eu mirei a minha flecha flamejante para o sul e atirei. Fiquei feliz com o lançamento. Eu então acariciei Chama Crescente.

–Muito obrigado garota – eu disse carinhosamente. Então eu e o Banguela aterrissamos na frente dos nossos guerreiros.

–Muito bem, treinador de dragões – Drago voltou a comunicar-se comigo. – Eu vejo que também treinou os seus vikings.

Eu senti um vento frio. Meu plano estava aproximando-se. Os outros pilotos aterrissaram do meu lado.

–Pelo contrário, já nascemos para a luta – eu respondi. – Se renda Drago, será melhor. Seus guerreiros já não aguentam e muitos estão mortos – e realmente o exército de Drago estava quase caindo e dormindo ali mesmo (os que restaram).

–Eu não me importo com eles, que se dane se eles estão cansados. Eu ainda quero a sua destruição. Eu quero que você perca quem ama.

–É o que vamos ver.

–AVANCEM! – Drago ordenou. Unindo todas as forças possíveis e impossíveis, eles vieram nos atacar. Mesmo perdendo muitas vidas, o exército inimigo ainda era muito grande. Decidi que estava na hora do nosso plano defensivo.

Eu e os outros pilotos descemos dos dragões, pegando as nossas armas. A tal cauda a prova de fogo do Banguela estava funcionando muito bem. Pedi para que ele levantasse voo. Ele resmungou um pouco, mas entendeu que era necessário. Ele dilatou os olhos e eu sorri.

–Você sabe que ficará tudo bem amigo – era a frase que eu mais usava. Ele assentiu e levantou voo.

Fiquei na frente de batalha, armado e mais pronto do que nunca. Eu tinha o peso dos Thorsons comigo. E os milhares de guerreiros que vieram, estavam com fúria.

Eu lutava e não fazia ideia de com quantos havia lutado. Mas todos os guerreiros com quem lutei caíram aos meus pés. Não mortos, porque nem mesmo em guerra tive coragem de mata-los (inicialmente). Eram pessoas com medo, intimidadas. Lutavam para sobreviver. Mas se não fossem atendidos logo, todos os que derrubei iriam para Valhala com um cenário de cinzas.

Os dragões nos ajudavam bastante. Protegeram-nos eficientemente. Banguela os liderava e eles derrubavam homens como peças de um jogo de montar que tínhamos aqui em Berk.

Então de repente vi um dos nossos guerreiros caídos no chão e também um dos Incontroláveis com a arma empunhada para terminar o serviço.

Eu corri na direção dele e percebi que o guerreiro caído era o Bocão. Eu gritei e corri ainda mais rápido. O inimigo olhou-me e partiu em minha direção. Ele caiu em meus pés segundos depois. Então corri para ajudar o Bocão.

–Bocão! Está tudo bem? Vem comigo amigo, faz um esforço – eu levantei-o desajeitadamente (afinal ele era muito pesado). Eu o ajudei a chegar até um ponto seguro, perto da catapulta mais próxima.

–So-Soluço... E-Eu... – ele balbuciou algumas palavras.

–Não, não diga nada - eu o examinei e vi ferimentos no seu coração, perna e braço. Eu senti as lágrimas virem aos meus olhos. – Vai ficar tudo bem amigo – mas eu sabia que não ia ficar. Meu segundo pai estava indo embora.

–Eu sei que já chegou a minha ho-hora. E-eu fico feliz que como um bom vi-viking eu vou embora lu-lutando por Berk – ele esforçou-se para dizer.

–Você vai ver nossa vitória, não se preocupe – eu falei com as lágrimas já rolando no rosto. – Seja onde for você vai ver a nossa vitória.

–Sei que sim. Sa-sabe Soluço. Eu não encontrei o amor verdadeiro na minha vida, não me ca-casei. Mas eu sinto um afeto de pai por vo-você e sinto o afeto que vo-você tem por mim – ele fez uma careta de dor. Eu quis que ele parasse, mas ele teimou em continuar. Teimosia crônica... – Eu senti o afeto do meu qua-quase irmão Stoico. E vou em paz por ter sido tão amado. Obrigado. O-obrigado por tu-tudo. Foi-Foi uma honra servir ao meu líder. Fi-Fique em paz – ele fechou os olhos lentamente.

–Sua sinceridade é comovente. Vá em paz meu amigo. Meu pai – seu aperto afrouxou em minha mão.

Mais uma perda computada em minha mente. O meu pai, amigo, irmão. O Bocão. Aquele que sempre me apoiou do seu jeito meio louco. Aquele que tinha a sinceridade em suas palavras... O meu grande amigo. Tinha um lugar guardado para ele em Valhala, eu tenho essa certeza até hoje.

Eu chorei silenciosamente. Mas eu tive que deixar o corpo de Bocão escondido e voltar para guerra. Tristemente e lentamente, levantei-me e voltei para frente de batalha.

Enxuguei mais ou menos as lágrimas e tentei controlar-me. Já não passava pela minha cabeça poupar mais ninguém. Drago já havia me tirado duas pessoas que eu amava. Meus dois “pais”, duas pessoas muito importantes para mim. Os Thorsons também já haviam partido. E mais outros cidadãos de Berk e também Beserkers. Eu realmente esperava que ninguém morresse mais nessa guerra.

Vi dois dragões aproximarem-se. Era minha mãe e Eric, que havia ido buscar Nevasca quando lancei a flecha.

E então ele apareceu. Surgiu das águas majestosamente. Nevasca. Eu fui até minha mãe, ainda cm o rosto meio molhado. Ela olhou-me preocupada.

–O que houve fi... – ela começou a dizer

–Agora não mãe – eu interrompi sua fala. Não foi de uma forma grosseira, foi até carinhosa. Ela assentiu. – Apenas juntem-se aos outros.

Eu não estava com vontade de contar a ela que o Bocão, que sempre cuidou tanto de mim, morreu há poucos minutos. Precisávamos ser fortes para lutar. Você concordaria comigo.

–RECUAR – Drago gritou. Ele estava encarando Nevasca. Todos os guerreiros inimigos que restaram recuaram. Os nossos também, e os dragões pousaram formando a linha de defesa.

Então eu, Astrid e os outros pilotos, Eric e minha mãe, avançamos em direção de Drago (acabamos chegando naquele pequeno penhasco que já havia te falado). Fomos acompanhados de perto pelos nossos dragões, principalmente o Banguela, que estava do meu lado o tempo todo.

–Seu dragão inútil! – ele esbravejou. – Trocou de lado! Vamos! Obedeça-me e ataque-os! - Drago começou a gritar como um louco com o Nevasca. Era sua técnica para treinar dragões. Sinceramente não acho que o dragão sinta-se confiante com alguém gritando com ele e sim intimidado. Como imaginado, Nevasca não se rendeu e quase hipnotizou Drago, que se desequilibrou e quase caiu.

Com o que viram, mais da metade dos guerreiros de Drago, que se reduzira a cerca de trinta guerreiros, correram e renderam-se aos nossos.

–Bando de covardes! – ele gritou. Drago e os Incontroláveis ficaram reduzidos a um grupinho de dez amigos.

Drago estava enraivecido. Mas ele chamava os outros de covardes, mas não chegou a lutar com ninguém. Ficou apenas mandando e mandando e o trabalho de matar-se foi feito pelos outros. A maioria desertou e os outros morreram.

Isso não é o que um líder faz. Isso é o que um simples chefe faz, mas Drago estava cego de raiva. Um líder protege os seus e Drago não era um.

–VAMOS ATAQUEM! – ele gritou.

Os nove guerreiros restantes nos atacaram. Os nove caíram com muita luta. Eles ainda eram muito fortes, mesmo cansados. Particularmente, o meu inimigo era um cara enorme, foi complicado derrubá-lo. Mas consegui neutralizá-lo (ser canhoto tem suas vantagens) e ajudar os outros.

Essa luta causou ferimentos em Eric, Perna de Peixe e Melequento. Mas eles mantiveram-se em posição de ataque, como grandes guerreiros.

–Resta você Drago, renda-se – eu falei.

–Nunca! – ele gritou. – Então lute comigo. Treinador de Dragões! Se tiver coragem para enfrentar a mim! – eu avancei um pouco.

–Não! – Eric gritou.

–Essa luta é minha Eric – eu falei. – Eu preciso vingar a todos que morreram nessa guerra. Vingar meu pai, vingar Bocão!

–Não, você não precisa! – Eric tentou falar e deu um gemido de dor.

–Desculpa, mas eu preciso sim – eu joguei o meu arco, a minha aljava e o meu escudo no chão. A Astrid olhou-me com os olhos aflitos. – Vai ficar tudo bem, eu prometo – falei para ela calmamente.

–Boa sorte – ela disse calmamente. – Meu amor.

Eu empunhei a minha espada e parti para o meu destino. Aquela caminhada, os passos até Drago e seu cínico sorriso foi muita dolorida. Toda a raiva que eu sentia dele e aquele olhar sombrio só aumentavam a vontade de mata-lo. Porém, lembrei-me do que Eric disse-me. Eu não precisava matar ninguém. Não precisava vingar-me. Eu seria como Drago. Todavia eu lutaria pela tão sonhada paz de Berk. Pelos que morreram para consegui-la. Eu seria todos, não só o Soluço. Eu seria Berk.

Então finalmente cheguei ao fim da minha caminhada até Drago.

–Não por vingança – eu falei para Drago firmemente. – Mas por Berk.

Ele cerrou os olhos e iniciou-se a luta.

Espada contra espada. Bem contra o mal. Soluço Spansitocus Strondus III contra Drago Sangue Bravo. E o mais inesperado, foi que a guerra não terminou com uma luta de espadas como você deve estar pensando. Ela terminou com o frio. Afinal, o frio era o nosso aliado.


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Notas finais do capítulo

Ai gente estou derrubada depois de digitar esse capítulo... Vocês gostaram amores?? Não me matem. Qualquer reclamação, descontem em Drago. Pode deixar que o que é dele está reservado.
Flechas de honra para o Bocão... nosso mais sincero viking...
Um beijo meus anjos, até o próximo capítulo.
Obrigado pelos reviews, são renovadores como sempre...
Uma Temp chorosa