A Seleção - Interativa escrita por Lady Ann


Capítulo 22
"Obrigada"


Notas iniciais do capítulo

DESCULPEM PELA DEMORA!! Me desculpem meeeeesmo, entrei num bloqueio que não cabe em mim e fiquei um tempo sem entrar no Nyah :(

Uma explicaçãozinha antes de começarem a ler: a parte da Skyler acontece na terça e a do Thomas na quarta. A festa é na quinta.



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Skyler Rose Young

Eu estava tremendo. Sabia que era errado, mas eu tinha que ser inteligente pelo menos uma vez na minha vida. Sabia que os príncipes não foram muito com a minha cara, sabia que eles nunca me escolheriam e que eu seria mandada embora logo, logo. Por isso tinha que ser rápida, aquela terça-feira seria o único momento que eu teria.

Estava sentada no banquinho onde Matthew me encontrou na semana anterior, quando aquele terror todo de rebeldes no palácio teve seu início. Esperava de verdade que ele passasse por ali como no outro dia. Sendo Selecionada, eu não podia descer sem ser convidada e o Especial de Quarta-Feira seria gravado com os príncipes.

Minhas mãos estavam suando. Eu nem sabia o que eu iria falar, devia ter gravado um texto ou algo parecido. Minha respiração estava ofegante e eu ainda não tinha nem começado a falar com ele. Meu medo era que eu fosse pega. Mesmo que eu estivesse indo só agradecer por ter me salvado no ataque, as pessoas poderiam ter outra ideia.

Fitei o chão e tentei inventar um roteiro para quando Alec chegasse.

– Acho que isso já está virando rotina, não? – Era ele.

O ar estagnou na minha garganta. Não consegui dizer nada. Olhei para cima. Ele estava de terno e sorria para mim. Alec segurava uma maleta e tinha um fone caído pelos ombros, enquanto o outro estava em sua orelha, provavelmente tocando música clássica, ele admitiu gostar desse estilo na invasão dos rebeldes quando ficamos presos juntos.

Fiquei vermelha por não saber o que dizer.

– Tudo bem? – perguntou, com cara de preocupado.

Fiz que sim com a cabeça freneticamente.

– Ok! – Sorriu. – Eu já vou indo, então.

Ele se virou e deu dois passos. Minha oportunidade estava indo embora, eu precisava falar com ele. Eu estava sendo tão estúpida, precisava que ele aceitasse meu “obrigada”. Eu nunca tive a chance de dizer isso pra ele, tinha que falar de uma vez por todas. No Jornal Oficial, nada sobre o acidente foi comentado, assim como eu esperava, mas Karen e Emili tinham dado entrevistas para revistas onde contaram em detalhes o que as fez sair do palácio. Eu não consegui falar com Alec, e estava perdendo a única chance que eu teria.

– Espera! – gritei.

Ele se virou surpreso e curioso. Encolhi-me, querendo sumir.

– Eu preciso falar com você... – falei tão baixo que achei que ele não tinha escutado, todavia minhas dúvidas quanto a isso foram embora quando ele voltou na minha direção.

Presumi que ele fosse passar direto e me ignorar pelo modo como continuou andando quando chegou até mim, porém, para minha surpresa, ele puxou-me pelo pulso sem dizer nada e me guiou até o fim do corredor. Viramos à esquerda e entramos por uma porta para o corredor escuro onde havia diversos abrigos.

Ele esperou que eu passasse pela porta e a fechou. Ficamos no total escuro. Eu não enxergava nada. Só podia sentir Alec segurando meu pulso.

– Está doida? Se vissem isso seria o fim para nós dois – falou.

No escuro, eu podia ouvir sua voz de todos os lugares. Eu não gostava de escuro, tinha medo e Alec não me deixou nada confortável levando-me até ali. Ele me soltou e eu me senti como se estivesse caindo no breu. Dei dois passos para trás e pude ouvir o som dos meus saltos no chão.

– Skyler – chamou Alec. – O que está fazendo?

– Não sei onde você está – choraminguei.

Ele pegou meu braço e me puxou para perto. Eu tropecei em meus próprios pés e caí em seus braços. Ele estava encostado na parede, felizmente, caso contrário iríamos os dois cair no chão.

– Sky, o que houve com você? – perguntou.

– Eu não gosto de escuro.

Separei-me dele, sem perder o contato de suas mãos: uma no meu braço direito e outra em minha cintura.

– Péssima ideia ter trago você pra cá, mas é o único lugar onde não iríamos nos ver.

– Por que precisamos nos esconder?

– Eu não posso falar com vocês em nenhum momento. É proibido.

Fiquei confusa. Não sabia dessa regra. Na semana anterior ele foi tão legal comigo, eu nunca imaginaria que era proibido falar comigo ou com qualquer uma das garotas. Ele fora tão cordial.

– Por quê?

– Coisas do contrato.

Pude sentir seu suspiro fazendo meu cabelo flutuar de leve. Ele era bem mais alto que eu - talvez uns 40 centímetros ou 50 - e por um momento, ao me sentir segura por ele ser tão alto, agradeci por ser baixa.

– Se não pode falar conosco por que falou comigo?

Ele riu.

– O que queria falar comigo, Sky?

Achava engraçado o modo como os príncipes só me chamavam de “senhorita Young” e ele sempre me chamou de “Sky”.

– Eu queria agradecer por você ter me salvado naquele dia, eu não teria conseguido sair de lá. – contei de cabeça baixa. Eu não conseguia nem ver sua camisa de tão escuro que estava.

Pude sentir seu sorriso.

– Foi um prazer.

E era aquilo. Estava feito. Eu não imaginava assim. No meu roteiro, tudo era diferente. Eu dizia a ele como aquilo foi importante para mim e como eu agradecia a ele por ter voltado para me buscar no lugar onde os rebeldes se concentravam. Eu provavelmente estaria morta se não fosse por ele. Mas eu não conseguia dizer nada.

– E-eu... – comecei, mas não saiu mais nada.

– Se fosse para fazer de novo, eu teria voltado pra te pegar. Voltaria quantas vezes fosse necessário, Sky, você sabe disso.

Sei?, pensei.

– Eu... Eu só achei que precisava te agradecer. Eu estava com tanto medo. E você me contou coisas para me deixar melhor, eu não percebi na hora como aquilo foi importante, mas foi sim.

Ele não estava mais sorrindo.

– Bem, de qualquer forma, de nada – falou.

Aquilo também não estava no meu script. Na verdade, eu não tinha ideia de como Alec iria reagir, mas ser tão seco assim não era algo que eu pudesse esperar.

– Certo – sussurrei.

Ele beijou o topo da minha cabeça.

– Estarei aqui quando precisar.

Abracei-o. Não deixaria aquele momento ser tão seco nem que estivesse morrendo. Ele pareceu surpreso de início, mas aceitou meu abraço e me apertou contra seu peito.

– Obrigada – sussurrei.

Alec ficou calado. Queria muito que ele dissesse alguma coisa, mas no final tudo o que disse foi “preciso ir”. Não conseguia ver seu rosto e agradecia por ele não estar vendo o meu. Estava decepcionada e triste por ele estar sendo tão sistemático, Alec era sempre tão feliz e antes daquela conversa ele parecia ser aquela pessoa que eu conhecia, mas agora ele estava tão distante.

– Tudo bem – falei. Dei um passo para trás e ele beijou minha cabeça outra vez.

– Desculpe, estou meio atrasado.

Ele abriu a porta do corredor e eu nem consegui ver seu rosto antes de sair de lá. Com a porta aberta, a luminosidade entrava. Olhei para minhas mãos. Elas tremiam. Queria ter tido mais tempo com Alec...

● ●

Thomas Lewis

A noite mais esperada da semana estava chegando. Seria no dia seguinte! Eu já estava rezando para aquele dia chegar. No início da semana, decidimos que uma grande festa seria feita para eliminar uma Selecionada; não era nosso plano que parecesse que estivéssemos fazendo uma festa para comemorar sua despedida, mas se a Selecionada quisesse pensar assim...

Muita coisa tinha acontecido até ali, muitas vezes eu senti como se a Seleção estivesse ali só pra ferrar com meu sentimental, mas agradecia por essa experiência. Tinha sido bem legal. Ter uma festa deixava as coisas mais interessantes, era como se tivéssemos um dia entre tantos outros onde pudéssemos deixar aquilo tudo para trás e curtir com nossos familiares. Bem, aquilo seria mais importante para as Selecionadas. Eu estava muito animado para conhecer os pais das meninas.

Brianna entrou no meu quarto e eu fingi que estava dormindo só pra poupar minha saliva. Não estava muito a fim de ter outro papo superficial com minha melhor criada. Ela colocou algo ensacado em uma das cadeiras do meu quarto e saiu como um raio. Se eu não estivesse acordado, nunca teria percebido que ela esteve ali.

Levantei-me e olhei para a cadeira, era um smoking. Que conveniente.

Alguém abriu a porta e eu me joguei na cama achando que era Brianna. Droga, ela com certeza me viu, pensei.

– Thomas, você é patético – Matthew riu.

Fazia muito tempo que eu não escutava a risada de Matthew. Pra ser sincero, nós não estávamos nos falando muito, parecia que a Seleção tinha nos afastado, quando a proposta era fazer o contrário.

Sentei na cama.

– Matthew – suspirei.

Ele pegou a cadeira da minha escrivaninha e sentou-se, após fechar a porta.

– O que está fazendo? – perguntei, confuso com sua atitude suspeita.

– Achei que a gente podia conversar.

– Sobre o quê? – Minha voz era áspera e denunciava meu desgosto.

Não estava assim por ter Matthew ali comigo naquele momento, mas nossa convivência ficou bem ruim nos últimos dias, nos falávamos só pra xingarmos um ao outro, e eu já estava cansado das respostas sarcásticas de Matthew. A Seleção não contribuiu nada para nossa socialização. Mamãe achava que era por estarmos disputando as garotas, porém era a vaga de rei que estava nos deixando assim. Assim como as Selecionadas estavam competindo entre si, nós também estávamos. E Matthew conseguia ser bem competitivo quando queria.

– Sobre a Seleção. Achei que já era a hora de termos aquela conversa.

Passei a mão pela nuca tentando me acalmar.

– Que conversa, Matthew?

– Sobre as Selecionadas, você sabe. Nós não podemos ficar com a mesma.

Ele me olhou como se eu estivesse sendo mais burro do que ele esperava. Ele tinha razão, até ali não tinha dado a mínima para quem Matthew iria escolher, e como nossa Seleção era compartilhada, competíamos pelas mesmas 35 garotas. Talvez houvesse um caso onde nós gostássemos da mesma garota e teríamos que resolver aquilo.

– Certo. Como vamos ter essa conversa?

– Eu digo o nome das Selecionadas que eu gosto e você diz as suas.

– Quem vai primeiro? – perguntei. Ainda não estava certo das Selecionadas que eu gostava, não queria ter que falar todas de uma vez.

– Vamos revezar: uma vez eu, uma vez você.

Concordei com a cabeça e esperei ele falar a primeira garota enquanto pensava na minha.

– Delilah – falou.

Meu relacionamento com Delilah não era muito forte, então eu agradecia por Matthew deseja-la de uma maneira que talvez eu não conseguisse. Bem, não até agora.

– Amber – soltei.

Matthew deu uma risada. Fiquei vermelho de vergonha e isso foi transmitido com raiva pela minha voz:

– O que é?

– Sabia! Desde que vi vocês conversando pela primeira vez, sabia que você ia acabar gostando dela! Desde criança! – Ele continuou rindo. – Que coisa mais óbvia.

Sério? Tão na cara assim? Será que as outras Selecionadas também podiam perceber que eu gostava dela e ela de mim? Será que as pessoas já especulavam sobre nossos beijos?

Meu primeiro beijo tinha sido com ela, durante a Seleção, há alguns dias. Foi a melhor coisa que já me aconteceu a Seleção inteira. Naquele momento, eu tinha certeza que era ela, mas a Seleção não podia ser medida por momentos, eu ficaria com ela por toda minha vida. Tinha que escolher direito.

Depois do primeiro beijo no jardim, só me encontrei com Amber uma vez para um “encontrinho” rápido, onde falamos sobre a festa, ela estava tão entretida com as escolhas finais que não consegui contê-la comigo por mais tempo. Só nos beijamos uma vez naquele encontro e foi tão rápido que eu nem tinha certeza se valia.

Achei justo contar para Matthew que a beijei, e foi o que fiz. Ele soltou outra risada muito alta. Eu estava parecendo um pimentão.

– Eu apostei uma garrafa de licor nisso! Valeu, maninho!

– Com quem?! – gritei.

– Com nosso pai. Ele disse que ela seria muito clichê pra você. Ele apostou na Lauren.

Eu gostava da Lauren também, mas não o necessário para beijá-la tão “cedo” na competição. Fiquei com raiva por estarem especulando coisas íntimas minhas, mas decidi deixar pra lá, uma aposta era a última coisa com que eu tinha para me preocupar.

– Próxima – grunhi.

Ele pensou um pouco e pude perceber como ficou sério ao quase sussurrar:

– Gosto da Winter também.

Ou ele não estava sendo sincero, ou estava sendo sincero demais.

– Winter... Não tivemos muitos encontros. Na verdade foram só dois. Ela é muito avoada.

– Gosto do jeito engraçado dela.

– Ela é engraçada mesmo – sorri. – Por falar em engraçada, gosto muito da Julieta. Gosto do humor dela, de como ela sempre se dá bem em todas as conversas.

– Também gosto dela.

O clima ficou meio estranho.

– Gosta tipo quanto? Numa escala de um a dez...

– Sete... Talvez oito. E você?

– Seis. Bem, precisamos ficar de olho nisso. Não quero que isso vire uma disputa acirrada. – Pela primeira vez desde toda a Seleção, eu não queria mesmo. Era tão bom poder conversar com Matthew outra vez, eu sentia a falta dele e não sabia. Achava que gêmeos precisam compartilhar energia vital. Talvez por isso eu estivesse tão preocupado e desesperado.

– Certo. Outra pessoa engraçada é Alexia, gosto dela.

– Não gosto – falei, talvez rude demais.

Ele riu.

– É areia demais para seu caminhãozinho.

Ele estava se referindo ao corpo... Avantajado de Alexia. E para falar a verdade, Alexia era mesmo muito gostosa, assim como Dakota e Cassandra, mas ela não tinha o necessário para ser rainha, e sim para ser escrava sexual. Já Cassandra...

Revirei os olhos para Matthew.

– Eu gosto de Cassandra. Ela é muito legal.

– Adoro seu estilo de “legal” – outra vez seus comentários com apelo sexual. Eu ri.

– Você sabe, ela é muito bonita.

– Sei mesmo, e é por isso que vamos disputá-la.

Fechei a cara. Nunca imaginaria que Matthew gostasse dela. Aquela conversa ficava cada vez mais interessante.

– E Cassidy? – Mudei de assunto de propósito. Sabia que Matthew gostava dela tanto quanto eu, caso contrário não diria que vamos disputá-la.

– Também gosto dela.

– Você gosta de todas! – reclamei.

– Mentira! Eu não gosto da Amber, nem da Amelie, nem da Erika, embora gostasse antes, muito menos da Dakota e da Taylor.

Taylor. Ela ainda estava no palácio e eu não podia deixar de admitir que ver ela tão perto de mim no horário das refeições fosse no mínimo enlouquecedor. Eu queria falar com ela, mas não sabia se, depois daquilo tudo, ela aceitaria. Eu não podia negar que ela ainda mexia comigo, e eu tinha realmente gostado de sair com ela.

– Também não gosto delas, tirando a Amber.

– Nem da Taylor? Vocês não estavam se pegando?

Soltei um “quê?” mais surpreso do que eu imaginei que sairia. Fiquei vermelho na hora.

– O Alec passou aquelas fotos no Jornal Oficial, achei que estivessem se pegando – explicou Matthew, como se aquilo pouco importasse.

– NÃO! – rugi, agitando os braços no ar e tentando voltar a minha cor natural.

Matthew sorriu.

– Espera! Você gosta dela!

– Eu não disse isso! – retruquei.

– Nem precisou! – Matthew riu.

– Não quero falar sobre isso, Matt.

– HÁ! Agora sim você deixou isso claro!

Praguejei em silêncio.

– Só pra constar – comecei –, isso não vai sair daqui!

Matthew estava com a cara mais marota que eu já vi.

– Tudo bem, Tom, eu não vou falar pra ninguém. – Um silêncio constrangedor se formou e, para quebra-lo, Matthew fez outra pergunta: – Mas então, vocês se pegam?

Eu ri.

– Não, Matt! Não!

– Certo, mesmo assim você está na frente.

– Do quê?

– De quem beija mais garotas. – Ele riu.

– Mas eu só beijei Amber... – disse, confuso.

– Exato.

Matthew sorriu. Era tão engraçado como eu achei que ele sairia beijando todas as garotas que ele visse pela frente e ele ainda não tinha beijado nenhuma. Julguei errado uma pessoa que eu sempre convivi.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :3
Deu pra shippar Skylec? Ou Ayler? Ou qualquer nome que eu não consiga inventar uahsuahs