A Seleção - Interativa escrita por Lady Ann


Capítulo 2
Preocupações


Notas iniciais do capítulo

Bem, ainda preciso de mais fichas para começar a parte do Jornal Oficial :3 Muuuuuuito obrigada a todos que mandaram fichas, eu fiquei impressionada com a quantidade de personagens e as coisas lindas que vocês disseram me deixaram tão feliz! Muito obrigada mesmoo, luh ya!



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Thomas foi levado pela mãe até a Sala de Jantar. Uma mesa enorme já tinha sido posta no meio do Salão para as 35 meninas. A mesa em que os príncipes, a rainha e o rei comeriam estava no canto virada de frente para a mesa das meninas, assim todos da família real poderiam ver as meninas enquanto comiam para conversarem.

O castelo parecia mais limpo que nunca para a chegada das meninas e nem era a hora delas chegarem. Thomas sentiu seu estomago revirar. Todos aqueles preparativos só queriam dizer que as meninas estavam bem mais próximas de chegar do que nunca. Ele respirou fundo. Logo, logo ele teria que escolher entre uma das 35 meninas para viver com ele para sempre. Que pressão.

A rainha Naomi percebeu seu nervosismo.

– Filho? - chamou-o.

Ele olhou para ela. Temia que estivesse tão aparente que estava nervoso, não queria que ninguém se preocupasse, afinal, ele seria o rei algum dia, o todo-poderoso, aquele cara durão que não precisava de ninguém se preocupando com ele. Como seu pai fora um dia.

– O que está te deixando aflito? - perguntou a rainha, parando e se colocando na frente do filho. Ela colocou sua mão na frente do colar, como sempre fazia quando estava preocupada.

– Aflito? Que palavra, mãe - brincou Thomas, se permitindo rir por um minuto, mas no segundo seguinte seu sorriso deu lugar para uma expressão séria e pensativa. - Sabe, eu não sei se posso escolher entre uma das meninas. Como vou saber se é a garota perfeita para mim? Mesmo que meu coração disser, como vou saber que eu não estou fazendo a escolha errada?

– Tommy, existem coisas que você só saberá de verdade no momento que elas acontecerem. O amor acontece, filho, é uma coisa involuntária, você não ama quem quer. É esse amor que fará você escolher uma das meninas - explicou Naomi. - Você tem que confiar em si mesmo, querido, é uma escolha difícil e eu sei disso, mas, no final, você saberá o que fazer. Nenhuma Seleção deu errado.

Era mentira. Thomas sabia que era mentira. Há algum tempo, ele descobriu o diário de uma das antigas rainha de Illéa. Ela disse que nunca fora tão triste na vida, ela não amava seu marido, amava outro homem e nunca poderia ficar com ele pois era a rainha de Illéa naquele momento. Ela decidiu se matar envenenada por que não conseguia mais suportar aquilo. O príncipe a amava, mas ela não tinha os mesmos sentimentos por ele. Como Thomas iria saber se a garota o amava? Como ele iria saber se a ama se fosse o contrário? Ele mal sabia o que era o amor.

– Eu sei - respondeu Thomas por fim. - Só estou um pouco nervoso com a ideia de ter que sair com 35 garotas ao mesmo tempo.

A rainha riu, colocando a ponta dos dedos na frente do sorriso, como aprendera a fazer nos tempos de Selecionada.

– Relaxe, querido, você saberá o que fazer.

O olhar de Naomi transformou Thomas, ela sabia exatamente o que dizer em todos os momentos. Thomas se pegou desejando que houvesse uma garota que apenas chegasse perto da mulher que sua mãe era, ela seria simplesmente perfeita do jeito que ela é. Talvez ele nem precisasse pensar muito, ele saberia na hora que era ela quem Thomas queria para ser a mulher dele. Tinha que ter uma garota assim, tinha que ter uma garota que o amasse.

– Mãe! - cumprimentou Matthew.

Thomas olhou para trás e ao ver o irmão revirou os olhos e foi se sentar. Sua mãe nem mesmo olhava para ele mais, os olhos fixos em Matthew. Assim que chegou à sua cadeira ele observou Matthew. Impressionante, ele era apenas quatro minutos mais velho que Thomas e mesmo assim conseguia estar anos à frente do irmão. Ele era perfeito e Thomas o invejava por isso. Ele não parecia estar apreensivo, estava feliz, quase saltitando de felicidade, seu sorriso parecia maior e mais bonito e sua postura de rei estava melhorando. Talvez ele ganhasse de Thomas afinal, talvez ele fosse o rei.

Matthew olhou para Thomas depois de beijar Naomi na bochecha e acenou para o irmão. Thomas fingiu um sorriso e acenou de volta. Como ele conseguia estar tão feliz? Como? Ele estava prestes a fazer a escolha mais difícil da vida dele e ainda estava radiante como nunca. Thomas queria ter um terço da felicidade que ele estava sentindo ali. Matthew veio correndo até ele e fez uma careta para Thomas rir, mas ele não moveu um músculo.

– Ei, como você está? - perguntou Matthew sorridente e ofegante.

– Bem - respondeu Thomas. Ele quis retirar sua resposta depois ao ver a cara de "acho que não" de Matthew. - Acho que a Seleção vai ser bem divertida.

– Achei que fosse ficar preocupado. - Matthew se sentou ao lado do irmão. Estava sorrindo, mas parecia estar pensando em várias coisas ao mesmo tempo. - É uma pressão enorme, estou bem confuso com relação a tudo isso. Pareço confiante?

– Parece bem confiante - respondeu Thomas de má vontade. Ele olhou para sua mãe que conversava com uma criada, Matthew herdou o jeito calmo e despreocupado dela.

– Ah, que bom, achei que eu parecia estar com uma cara estranha já que tem momentos que quero que a Seleção nunca aconteça e outros em que só quero conhecer as meninas logo. Quero demonstrar confiança no Jornal Oficial já que as meninas poderão ver nosso rosto e eu não quero que se sintam ofendidas com qualquer cara estranha que eu fizer.

Matthew riu. Thomas ficou ainda mais preocupado. As meninas poderiam ver ele durante a aparição das fotos? E se Thomas fizesse uma cara desagradável? E se alguma das meninas não gostasse dele pela cara que ele fez para a foto dela? Toda Illéa poderia ver a cara de pavor que ele iria fazer assim que o Jornal Oficial começasse. Seria assim tão evidente que ele estava quase morrendo de ansiedade?

– Thomas? Está com cara de quem está prestes a ler um ataque - comentou Matthew. - Está nervoso?

– Sim - confessou Thomas. Ele ficou com raiva só de pensar nas coisas ridículas que Matthew falaria, coisas do tipo "uau, achei que o favorito do papai ficaria tranquilo com essa Seleção" ou "claro, você é sempre tão calculista que não daria espaço para garota nenhuma nessa Seleção".

Mas não. O que Matthew respondeu só deixou Thomas surpreso, ele nunca imaginaria que Matthew fosse responder aquilo para ele. Thomas sempre viu Matthew como o melhor, o cara que se dava bem em tudo, que sempre sabia de tudo antes de Thomas, mas talvez Matthew fosse não esse tipo de cara.

– Se precisar de qualquer coisa, se precisar conversar ou de, sei lá, algum conselho, mesmo que eu não consiga dizer nada sobre garotas, pode vir falar comigo. Falar com alguém sobre as coisas sempre ajuda a te deixar melhor.

E Matthew sorriu. Foi um sorriso sincero. Na verdade, Thomas nunca viu Matthew dar um sorriso que não fosse sincero. Matthew era só ele mesmo, sempre falava com as pessoas sendo ele mesmo, sem preocupações. Thomas se sentiu mal por não ser como ele. Será que ele percebia quando Thomas dava um de seus melhores sorrisos falsos? Ou será que ele percebia quando Thomas parecia prestes a dar um soco em alguém?

– Obrigado - disse Thomas.

Finalmente, depois de muito tempo, ele estava sorrindo de verdade.

● ● ●

Matthew comeu com pressa naquele dia. Queria acabar a comida logo para ir ao jardim. Talvez o ar fresco o fizesse ter uma visão melhor das coisas, por que até agora ele só conseguia pensar na Seleção como uma coisa boa quando sua mãe ou Annaliz falavam com ele sobre isso. Aquilo estava o deixando tão confuso, eram tantas coisas enchendo sua cabeça que ele tinha a impressão que iria explodir a cada segundo do dia. Eram as selecionadas, seu pai, os rebeldes, o treinamento, os deveres, os estudos, coisas que eram para ontem, mas que ele nem havia começado a fazer ainda. Matthew tinha tanta coisa em mente, só queria deixar tudo para lá e ser "normal".

Ele olhou para a floresta. Mais do que nunca quis ir até lá e descobrir tudo o que passou uma vida inteira imaginando, queria ver o que tinha lá, respirar o ar da floresta e subir nas árvores. Ele olhou para trás na direção do palácio, haviam guardas demais para isso. Quem ele estava tentando enganar? Sempre haviam guardas demais, sempre, não tem um segundo que ele não esteja cercado de guardas. Por isso seus minutos de felicidade são tão poucos. Quem é feliz tendo todos os seus passos observados e julgados?

Ele foi até um banco e se sentou. Olhou para a floresta mais uma vez. Nunca tinha ido lá, pois seu pai sempre disse que não é seguro ficar além do que os guardas podem ver, ainda mais correr para o fundo da floresta, "nunca se sabe o que se esconde lá". Foi isso que seu pai disse, e ali, sentado no banco olhando para a floresta, Matthew sabia que ele estava falando dos rebeldes. Ele olhou para o lado oposto ao da floresta, para o palácio, e pensou em como algum dia ele ou Thomas estariam governando não só aquele palácio, mas o país inteiro. E se aquilo não fosse o pior, eles ainda teriam que escolher uma garota entre outras 35 para ficar com eles para o resto da vida. Matthew entendia por que Thomas estava tão nervoso esses dias.

Matthew pensou na Seleção. Pensou em como seriam as meninas, como elas iriam se comportar na presença dele e ele na presença delas, imaginou o que elas falariam para Matthew para terem uma ótima conversa. Talvez elas tivessem mais experiência que Matthew nesse negócio de amor e se apaixonar e conhecer pessoas novas, já que as únicas pessoas novas que ele conhecia era quando colocavam alguém novo para trabalhar no palácio ou quando seu pai lhe apresentava alguém de outro país. Eram tantas coisas a se levar em consideração para escolher uma garota, e se nenhuma delas fosse a menina perfeita? E se nenhuma delas agradasse Matthew? Ou pior: e se Matthew ficasse sozinho para o resto da vida e Thomas encontrasse alguém que o fizesse feliz?

E ainda havia Thomas. E se eles gostassem da mesma pessoa?

Matthew deixou um suspiro escapar.

Seu pai com certeza o repreenderia por ficar ali no jardim parado sem fazer nada quando havia tanto trabalho para ser feito no escritório de Matthew. Seu pai lhe deu vários papéis para completar, várias coisas para fazer como falar com alguns líderes nacionais, mandar cartas à algumas pessoas influentes, fazer gráficos e outras coisas ridículas e Matthew sabia que era para testá-lo para ser rei. Muito provavelmente Thomas estava fazendo a mesma coisa e estava se saindo muito melhor.

Matthew queria governar, queria dar ao povo de Illéa uma vida melhor, queria poder ser o líder de uma nação, mas muitas coisas precisavam ser feitas antes disso acontecer e a escolha era de seu pai no final. A primeira coisa que Matthew precisava era de uma esposa. Seu pai nunca o deixaria ser rei se não tivesse uma esposa para ser rainha, aquilo era crucial e era o que mais preocupava Matthew. Ele tinha em mente que queria uma pessoa como sua mãe, que o ajudasse a tomar decisões, que o desse conselhos e o amasse antes de tudo. Mas será que alguma garota na Seleção o amava de verdade?

– Matt - chamou uma voz conhecida atrás dele.

Matthew estava tão absorto em seus pensamentos que a pessoa teve que chamar duas vezes para que ele se virasse para o lado do palácio. Ele olhou para a garota e ficou feliz em saber que a única pessoa que poderia o fazer se sentir melhor estava bem ali. Ele se levantou e foi para onde Annaliz estava, atrás do banco. Ele ficou de frente para ela. Annaliz estava com as mãos atrás das costas de modo que todos diriam que ela é totalmente dedicada ao trabalho e nunca beija príncipes em seu tempo livre.

– Está dormindo, garoto? - ela perguntou brincalhona. - Vamos, precisamos checar algumas coisas antes do Jornal Oficial começar.

– Mas ainda vai demorar - reclamou Matthew.

– Faltam apenas quatro horas para você saber o rosto de cada menina que lutará para ter sua mão. Vai demorar? - ela tinha um pequeno sorriso no rosto, mas não parecia com vontade de sorrir de verdade.

– Annaliz - começou Matthew, mas não continuou.

Annaliz olhou para ele confusa e riu. Sua risada era tão fofa e contagiante, ela ficava linda sorrindo. Ela olhou para ele, que não tinha expressão alguma no rosto.

– É como costumam me chamar - ela disse, ainda rindo.

– Eu estou preocupado com a Seleção - ele admitiu sem se importar com o que Annaliz disse. - Eu estou com medo das garotas não serem como você, não serem o que eu quero. Sei que você vai dizer que eu vou saber quando uma menina for a certa para mim, é o que minha mãe sempre diz, mas e se eu só souber disso quando eliminar a certa?

Matthew olhou para ela, Annaliz não estava mais sorrindo. Annaliz tentava procurar nos olhos de Matthew algo para dizer, mas Matthew estava encarando o chão. Parecia ter mil coisas na cabeça e não deixava nenhuma transparecer.

– Matt, eu já te disse mil vezes que você vai saber qual garota você ama quando ela aparecer, ela vai ser a que se destaca em tudo, aquela que se você olhar para ela vai saber que ela é diferente das outras. A Seleção nem começou ainda, pare de se torturar com essas coisas! Você vai ter tempo pa-

– Lembra de quanto tempo demorei até descobrir que te amava? - interrompeu Matthew. - Eu não tenho dois anos, Liz, eu só tenho 35 garotas e não sei o que fazer ou por onde começar. Quando elas chegarem isso aqui vai estar um inferno, cheio de meninas por toda parte e eu nem sei o que eu vou ter que fazer com elas primeiro.

Matthew se encostou na parte de trás do encosto do banco de madeira. Estava tão nervoso que, sem prestar atenção, começou a tirar a pintura do banco com as unhas. Ele fitava o chão e falava o que vinha na cabeça.

– E eu ainda tenho mil coisas para fazer para conquistar meu pai e conseguir o trono, a coroa, e se eu conseguir a garota e não conseguir a coroa? - Matthew riu rápido da própria desgraça. - Isso é tão patético, Liz. Eu não quero cometer nenhum erro com essa Seleção, não quero que Illéa sofra com a minha escolha horrível, eu não quero sofrer com uma escolha mal feita! Eu quero estar certo da escolha que eu fizer, mas como? Como vou saber-

– Para! - ordenou Annaliz aumentando o tom de voz, interrompendo Matthew no meio de seu discurso. Matthew olhou para ela na mesma hora, ele sabia que ela ira querer que ele fizesse isso. Um olhar de raiva e impaciência estava estampado no rosto de Annaliz. - Para com isso! Para de se torturar com essas coisas, se alguma aqui está patética é você! Deixa de ser idiota, está cheio de dúvidas e essa merda toda ainda nem começou! Arg, às vezes você consegue ser tão egoísta e imbecil que me irrita. Se quer ficar ai sofrendo por uma coisa que nem começou, que você nem sabe como vai ser, boa sorte, só esteja no estúdio até as oito horas.

Ela se virou e começou a andar até o palácio. Um pé atrás do outro tão rápido como um trem, era visível como ela queria sair de perto de Matthew o mais rápido possível. Ele não foi atrás dela. Achou que fosse melhor assim. Ele só olhou para a floresta e esperou um pouco para começar a caminhada até o estúdio enquanto repassava cada palavra que Annaliz tinha dito várias vezes em sua mente.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo vai ser quando as fotos das selecionadas aparecem para o povo e para os príncipes pela primeira vez! Ah, que emoçãum *000*