Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 68
Capítulo Vinte e cinco - O Baile


Notas iniciais do capítulo

Postei esse capítulo esses dias no AD, mas com toda a confusão do fórum, acho que ninguém leu.. Enfim, nesse capítulo inicia-se o tão esperado baile. As coisas vão complicar a partir daqui. Espero que preparem as emoções para os próximos e, acima de tudo, divirtam-se! Não esqueçam de favoritar, acompanhar, comentar e recomendar a história para fazer uma autora feliz ^^



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Ela desceu as escadas num vestido rubro.
Graças às mãos talentosas de Rosa, Sweet Amoris via-se irreconhecível. O portão de ferro estava aberto com a presença de dois seguranças e adornado de flores naturais brancas e vermelhas. Era um fato que aquilo remetia à força do rubro no quesito paixão. Rosa não jogava para perder. Seguindo pelo portão, no gramado do pátio havia um caminho de rosas vermelhas, erguidas cuidadosamente nas laterais, as mudas plantadas por Jade nos dias que precederam o evento. O caminho passava pela frente do ginásio e levava aos corredores. Com a mudança de ambiente, as rosas vermelhas plantadas eram substituídas por rosas vermelhas em vasos. Eram mudas maravilhosas, bem posicionadas que continuavam um caminho como o de tijolos amarelos, levando à Oz. No caso de Sweet Amoris, os corredores davam espaço a pequenas salas de descanso, as portas das salas de aula B e A estavam abertas e dentro haviam sido dispostos dois sofás brancos, as luzes estavam apagadas e a única coisa que as iluminavam de forma padrão eram piscas-piscas adornando as quatro paredes, como pirilampos numa noite sem estrelas. Aos pés dos sofás, havia tapetes vermelhos, as janelas horrorosas das salas foram tapadas por cortinas de também escarlates e encostada à uma das quatro paredes, estava uma mesa de frios, no caso da sala de aula A, e, seguindo o mesmo padrão de arrumação, na sala de aula B, de doces. A sala dos representantes e dos professores estavam trancadas. Naquelas, ninguém tocava. Prosseguindo pelos corredores e seguindo o caminho de rosas, havia enfeites como lustres sobre mesas altas e de vidro, adornos de cristal vindos do teto, até chegar à proximidade dos banheiros e do porão. Nos banheiros, as evidentes plaquinhas de masculino e feminino, foram substituídas por fotografias em preto e branco de Marilyn Monroe e Frank Sinatra. O segundo andar também fora fechado. Seria mais fácil para a escola tomar conta dos alunos em um único andar. Ainda mais com uma decoração sugestiva como a de Rosa.
E então, ao fim do caminho de rosas, chegava o porão. Até a porta do mesmo estava irreconhecível, fora substituída por uma porta de vidro transparente com uma maçaneta dourada, resultada da arrecadação de fundos. As escadas vindas da porta foram limpas e pintadas e o piso substituído por mármore escuro. Um tapete vermelho vinha das escadas até o fim do porão, onde estavam as mesas de bebidas. Era três no total, dispostas lado a lado. No primeiro, havia refrigerantes, sucos e água. Na do meio, drinks tradicionais e com álcool, apesar de a diretora sequer desconfiar, e na terceira, bebidas digamos que... exóticas e cerveja.
O porão tornara-se um grande salão. Mais ao fundo, havia um jogo de luzes tradicional e fora montado um palco, já posicionado com uma guitarra, bateria, um piano e um microfone no pedestal. No centro do espaço, pendia um lustre de cristais, feito cuidadosamente por Violette e Iris, adornado com arte abstrata. Toda a decoração fora resultado do empenho dos clubes de música, artes e jardinagem e isso os deixava com muito orgulho. Ao fundo do palco, havia um DJ ligado às caixas de som, para um aquecimento antes do show. No teto do porão, pisca-piscas pequenos e de filamentos transparentes vinham se entrelaçando, formando um céu de estrelas naquele espaço sem janelas. Não havia mesas ou cadeiras dispostas por ali, as mesmas estavam posicionadas em espaços no jardim, cada uma com um arranjo de flores sobre as mesas e candelabros iluminando. A iluminação optada fora à meia luz e dava um clima ainda mais romântico e tentador. O porão contava também com luzes nas paredes, já que era o espaço mais escuro. Os corredores tinham as luzes ligadas, apenas as salas eram iluminadas apenas pelos pisca-piscas.
Ele já estava no local quando ela chegou e, pelo visto, não foi o único que a notou. Muitos olhares ao seu redor a admiravam, alguns mais maldosos que outros, outras bocas comentavam e ele apenas a observava em silêncio. Os cabelos negros, normalmente soltos e desengonçados, estavam presos numa espécie de coque desengonçado e partes de seu cabelo caíam para frente. Pela forma como estava cor de escarlate como seu vestido, ela estava envergonhada, mas mantinha a postura, descendo os degraus com hesitação e meticulosidade. Ela respirou fundo e passeou o olhar por todos, como se buscasse alguém, e ela o encontrou com os olhos como o céu pela manhã, observando-o por alguns segundos em seu smoking preto, mas não era ele que ela procurava.
Alguém se aproximou. Vestia um terno preto, os cabelos também eram pretos. Só podia ser ele. O viciadinho.
Ela tomou a mão do idiota e juntos sumiram naquela multidão de pessoas vazias com quem ele sequer se importava. Na verdade, se não tivesse sido obrigado, sequer estaria ali. Como se não bastasse toda a humilhação que teve de parar na entrada com aquela velha maluca.
Mas o rapaz dos cabelos rubros como boa parte do adornamento, tomou o último gole da bebida que tinha na mão. Não era supersticioso, mas podia jurar que o rosto dela pedia ajuda.
Então a seguiu.

***

Algumas horas antes.

— Rosa, não posso ir com isso.
Natsumin balançava a cabeça negativamente. Não, não não. Estava lindo, mas tudo o que ela não podia era chamar atenção. Não queria, não podia. O vestido que Rosa lhe prometera ultrapassava e muito suas expectativas, e como fora feito sob medida, adornava seu corpo perfeitamente. O vestido era de um vermelho sangue, chamativo, sugestivo. Era frente única, amarrado n pescoço por uma fita finíssima, quase imperceptível. Na frente, havia um decote que descia até a altura do peito, expondo sua pele alva até ali. Como se não bastasse, por ser frente única, as costas eram nuas e havia uma fenda na perna direita. O vestido caía num comprimento suficiente para tapar seus pés com saltos e ainda arrastava na parte de trás chão. O tecido remetia à seda, apesar de não ser, tendo um caimento ótimo e natural, que ia contornando precisamente sua cintura fina e os restante do corpo. Não havia detalhes, como estampas ou brilhos, senão seu corte. O próprio brilho do vestido já era suficiente.
— Você vai precisar prender esse cabelo assim. — Rosa pegou um punhado do cabelo dela e suspendeu rapidamente para que ela pudesse se dar conta das costas nuas. — O Armin vai morrer.
Natsumin revirou os olhos.
— Ah, para, Natsumin. Se não formos nesse baile para matar, para que iremos? Até o Leigh já tem um smoking apropriado.
— O Leigh vai? — Natsumin franziu o cenho. Até onde sabia, pessoas de fora não podiam entrar.
— Eu dei um jeito. Você vai ver. — Rosa ainda olhava para o reflexo de Natsumin, orgulhosa de seu trabalho.
— Rosa... — Natsumin levantou uma sobrancelha e a encarou com olhar de reprovação.
— Sem mais detalhes agora. — Rosa estendeu a mão para que a menina descesse do pequeno banco em que estava apoiada. — Vamos embalar esse vestido para presente e você vai vesti-lo, ou nunca mais te vejo na minha vida.
— Chantagem emocional não vale. — Natsumin começou a desamarrar o vestido.
— Em momentos de desespero vale sim. — Rosa sorriu.
— Rosa?— a voz de Leigh ecoou pelo corredor dos provadores.
— Ainda não, ela está tirando o vestido. — Rosa continuou a ajudar a descer sua obra de arte pelo corpo de Natsumin.
— Há alguém aqui querendo provar os smokings. — Leigh acentuou.
— Peça-o para esperar. — Rosa retrucou.
— Ele está com pressa. E trouxe um cachorro. — Leigh sorriu no final.
— Como? — Rosa indagou, incrédula. — O cachorro está do lado de fora, né? — retirado o vestido de Natsumin, deixando-a apenas de calcinha e tapando os seios com os braços, Rosa passou a dobrá-lo para pôr na caixa.
— Tive de amarrá-lo na entrada. Não me deixaram entrar com ele.
Natsumin arregalou os olhos. Era a voz de Castiel.

***
— Tá. Um, dois, três e... Digam "x"!
— Não acho que isso dará certo...
A segunda voz era a de Violette, a primeira, de Tsubaki. Como combinado e, superando expectativas, Kentin havia aceitado ir ao baile com Alexy, com a condição de que não seriam colocados seus nomes na lista. Alexy não se decepcionou, pelo contrário, ficara muito feliz pelo fato de que a pessoa de quem ele gostava havia o compreendido e aceitado do jeito que era. Mesmo que o mundo dos dois não convergissem para os mesmos interesses, Alexy sabia que Kentin seria para sempre um grande amigo e uma das pessoas que levaria para sempre quando o ano terminasse.
Tsubaki, quem tirava a foto, tinha o sorriso no rosto e lágrimas embaçando os olhos. Não só porque realmente era uma manteiga derretida, mas o fim sempre trazia tristeza. Apesar das esperanças para o futuro, o fim de um ciclo e o início de outro era sempre duro, mas rápido. E todos ali, naquele momento, sabiam que aquela noite teria de durar para sempre pois seria tudo o que guardaria para sempre na memória. Amores, desamores, decepções, intrigas. Tudo seria esquecido para dar lugar a novas lembranças.
Naquele vestido longo e preto, sem detalhes, senão o par de alças finas e a fenda vinda da coxa direita, a boca vermelha e os cabelos rebeldes, Tsubaki sabia que estava indo com uma promessa. E iria cumprir.
— Como não daria certo? Ficou ótima. — Tsubaki mostrou o celular para Violette. A menina achara que não daria certo pelo fato de não gostar de tirar fotos, mas, na realidade, a foto ficara genial. O trio, formado por Kentin, Alexy e Violette, ironicamente era de amores não correspondidos. Alexy gostava de Kentin, que gostava de mulheres. Violette gostava de Alexy, que gostava de homens.
— Vio, somos um trio de desiludidos. — Alexy tinha um sorriso de orelha a orelha no rosto, enquanto apertava os ombros de Violette. — COMO ISSO NÃO DARIA CERTO? —ele abraçou a menina, meiga em seu vestido rodado e lilás, como uma pequena princesa.
Kentin apenas observava a cena sorrindo em seu smoking clássico e preto, gravata borboleta e blusa branca. Alexy mais cedo o havia ligado, perguntando se se importava de no lugar de em par, irem em trio para o baile. Alexy tinha um coração muito bom e compreendia como era nãos er correspondido. Nessa semana, Violette havia se confessado e o convidado, mas o rapaz teve de explicar sua história novamente e aproveitou para convidá-la para ir com ele. Dessa forma, os três, formaram o melhor "casal" de toda Sweet Amoris. Alexy usava um smoking azul escuro e segundo Armin estava parecendo o "blue" de Mansão Foster, apesar de puxar mais para azul marinho e ser a roupa mais discreta que ele já usou na vida. Na presença deles, além de Tsubaki em seu vestido matador a lá "Sra Smith" por definição própria, estava Iris com um vestido roxo e meias listradas preta e branca e scarpins que ela aprendeu a usar depois de uma semana de aula com Rosalya e Tsubaki. Armin, por sua vez, vestia um paletó cinza claro, blusa vinho e escura e calça cinza escura. O cabelo estava bem arrumado e ele estava quieto, diferente do habitual.
— Como você consegue ficar quieto tendo Iris como seu par para o baile? — Tsubaki pontuou, arrancado um sorriso travesso de Alexy, enquanto o apaz observava a selfie que acabaram de tirar. — Iris é a melhor pessoa.
— Ele teve a chance de convidar a Natsumin, mas não fez isso. — Alexy levantou os ombros, em seguida olhou para Iris, que estava tranquila, gostava de Armin como amigo e aceitara porque a diretora não permitiu entrada sozinho.
Armin revirou os olhos.
— Não vou ficar tentando algo que não existe. — ele levantou os ombros e sorriu para a cara de cachorro abandonado de Alexy. Realmente, havia tocado sua vida à frente. Após a rejeição de Natsumin, na noite em que a beijou há muito tempo, muita coisa havia mudado, ele havia mudado. Percebeu que gostava da menina como uma amiga e que, por sua beleza e carisma, havia encantado-se rápido demais. Preferiu situar-se em seu mundo, encontrar alguém que gostaria de viver o seu ritmo. Não que ele se preocupasse com isso agora, mas já estavam terminando o Ensino Médio, as coisas iam mudar de qualquer maneira. Natsumin adorava o lado de fora, adorava música mais do que a videogames, seus mundos estavam divergindo. Era compreensível. — Para com isso, Alexy! — balançava a cabeça enquanto ria da cara do irmão.
— Ele conheceu uma pessoa online. — Alexy pontuou e recebeu um olhar metralhador do irmão em troca.
— E você já a viu pessoalmente? — Tsubaki intrometeu-se. O assunto estava ficando interessante.
— Ainda não, ela mora em outro estado, mas... O QUE VOCÊS TEM A VER COM ISSO? — o rapaz reparou que ao redor dele formara-se um grupo de pessoas que incluía Tsubaki, Alexy, Kentin, Violette e Iris. Bando de curiosos.
— A vã chegou! — Iris pontuou quando se aproximou um par de faróis. O grupo presente alugara uma vã anteriormente e agora se preparavam para seguir suas vidas.
Tsubaki respirou fundo, foi a última a entrar. Olhou para os lados, olhou para o celular. Não recebera mensagem de Nathaniel, ele não a buscara em casa nem mesmo para irem de ônibus. Nenhum aviso. Nada.
***
— Boa noite.
Um dos seguranças - moreno, alto, bonito e... - força do hábito - cumprimentou-os quando chegaram. Rosa respondeu de pronto, com os braços dados à Leigh, que era seu par. Logo atrás, vinha Ayuminn e Lysandre, mantendo em segredo - por enquanto - o que ocorrera na semana passada. Ayuminn não queria fazer alarde na casa, principalmente por saber que descrição não era o nome do meio de Rosa e não conhecia bem Leigh. Além disso, Hanna pegara em seu pé a semana inteira e parecia estar desconfiada. Não que ela tivesse algo a ver com sua vida, mas... Preferia descrição e separar seu trabalho de sua vida amorosa. Não trocaram mais beijos desde então, mas trocaram cartas. Ele, sempre enviando uma flor de lis nas suas, ela marcando com batom as respostas. Sutis. Silenciosos.
Rosa deu gritinhos quando descobriu que iriam juntos ao baile. Ayuminn não deu detalhes, apenas explicou que ele pediu e ela aceitou, o que deixou Rosa desconfiada, mas sem muita paciência para perguntar. Havia assuntos pendentes com Natsumin e Castiel para resolver que a estava deixando de cabelos brancos - ironicamente.
— O nome do casal, por gentileza. — a diretora estava sentada ao lado do segurança, numa mesa e cadeira suficientes apenas para ela, trajando seu tradicional vestido rosa cega-olho, porque era uma cor horrorosa e os óculos de costureira.
— Rosalya e Castiel. — Rosa sorriu e Lysandre arregalou os olhos atrás dela. Leigh usava uma peruca vermelha e óculos escuros.
— Sejam bem-vindos. — a diretora sorriu e os cumprimentou. O mesmo ocorreu em seguida com Lysandre e Ayuminn.
— Rosa... — Lysandre aproximou-se depois que passaram do portão. Seu olhar reprovava o comportamento.
— Eu sei, seria uma ideia genial se ela não estivesse riscando os nomes da lista. — Rosa levantou os ombros como quem diz que não há mais o que fazer seguiu de braços dados com Leigh pelo caminho de Rosas, orgulhosa por seu trabalho junto a Iris, Violette e o pessoal dos demais clubes. A menina estava deslumbrante num vestido violeta sem alças que marcava a sua cintura e seguia em sua extensão com babados discretos. Usava sandálias prateadas e o cabelo estava solto, como gostava. Leigh usava um smoking preto e gravata borboleta e Lysandre um terno moderno com uma gravata verde escura. Ayuminn, por sua vez, usava um belo vestido esmeralda de mangas compridas e com um decote nas costas que ia até a lombar, depois caindo rente ao corpo, contornando suas curvas. Era mais uma das obras de Rosa e Ayuminn ficou orgulhosa dessa compra.
— Ele pode encontrar dificuldades para entrar. — Lysandre pontuou baixo para Ayuminn. Rosa e Leigh já seguiam para o porão, agora transformado em grande salão.
— Podemos esperá-lo aqui, se preferir. — Ayuminn estava bem maquiada, apesar de forma sutil. O cabelo estava preso num rabo de cavalo bem feito, nos lábios havia apenas um brilho, os olhos estavam bem adornados com sombra escura. Nos ombros do vestido, havia detalhes em cristais que imitavam prata. Sutis e belos.
— Podemos esperar tranquilamente ali. — Lysandre apontou com a cabeça para a sala de aula A. Deram mais alguns passou e ao se aproximarem, Ayuminn ficou boquiaberta com a arrumação. Estava linda e bem adornada. Muito receptiva para.. [i]casais[/i]. E ela estaria ali, sozinha com Lysandre. Respirou fundo e seguiu com ele, os braços dados. Depois do dia na escada, tudo o que queria era beijá-lo novamente.

***
— Psiu.
Ela virou-se. Já estava conformada com o fato de ter de entrar sozinha de qualquer maneira, mas tinha certeza de que a chamaram. Apertou os olhos amarelos. Nada.
— Lado errado.
Ele pegou sua mão. Kentin, Alexy e Violette já haviam entrado em seu trio e a diretora até que estava receptiva naquela noite, barrando apenas as pessoas que estavam desacompanhadas e permitiu o "trio dos desiludidos" entrar sem muitos problemas. Armin e Iris entraram logo em seguida, era sua vez antes de ser interrompida.
— Ah. — ela o encarou com o rosto sério, o que não era de seu feitio. Tsubaki sempre tinha uma piada na ponta da língua e após ver Ambre entrando num vestido verde água esquisito, com detalhes amarelos, sentiu vontade de pontuar que ela parecia ter se coberto com uma bandeira, mas não o fez. Ela, Li e Charlotte foram acompanhadas de rapazes de outras turmas. Tsubaki prendeu o riso, eram todos do primeiro ano e tinham cara de criança. Ambre não parecia anda satisfeita. Notou Nathaniel sob a luz da rua trajando um smoking cinza escuro com blusa e gravata preta. Ele estava muito bonito. Por ser loiro, o contraste com o preto era gritante e destacava seus belos olhos. Tsubaki nada disse. Só pensou na proposta de "tascar um beijão nele" que tinha prometido à Natsumin e, mesmo ele tendo sido bem imbecil, vendo-o lindo daquele jeito pareceu-lhe bem viável.
Mas podia fazer-se de difícil. Podia fazê-lo sofrer um bucadinho. Seria interessante, muahaha.
Tá. Ela não conseguia ser assim.
— Eu sempre erro quando isso acontece. — ela sorriu sem demonstrar os dentes, algo totalmente atípico para ela. Nesse momento, Nathaniel estranhou, mas preferiu não falar nada.
— Acha que é tarde para eu tentar ser cavalheiro? — Ele deu o braço para ela. Nossa, Tsubaki estava tão bonita naquele vestido. Era preto e vinha grudado ao seu corpo, contornando suas curvas até os pés. Em uma das pernas, havia uma grande fenda, ele pode notar quando ela andou, expondo suas belas pernas. Ela estava bem maquiada e com batom vermelho que contrastava com a cor de sua pele. Os cabelos revoltos tinham uma sutil presilha do lado direito e estavam jogados para o esquerdo, os belos cachos pendendo abaixo da altura dos seios. Ela parecia séria demais essa noite e não era por menos. Ele sabia que havia sido um idiota.
— Nunca é tarde para isso, não? — ela levantou uma sobrancelha e envolveu o braço no dele. Não estava muito a fim de sorrir para Nathaniel hoje e preferiu seguir o conselho de Natsumin. Afinal, homens eram assim, não? Valorizavam quando perdiam.

***

— Mas o que?
— Isso mesmo, senhor Hayes, o senhor já entrou nesse lugar e com outro par. Está querendo me fraudar?
Castiel olhava incrédulo para aquela senhora sentada na entrada de Sweet Amoris. A diretora parecia um embrulho pra presente naquele vestido tão rosa que chegava a doer os olhos. O ruivo, por sua vez, trajava um smoking preto com blusa e gravatas pretas, destacando os cabelos rubros. Ao seu lado, Debrah trajava um vestido curto, rosa shocking e sandálias altas e pretas.
— Com todo respeito, Sra Shermansky, mas a senhora só pode estar ficando louca. — o rapaz soltou rispidamente, sem deixar de encarar a mulher na entrada.
— Olha o respeito, moleque. — o segurança ao lado pontuou.
— Primeiro a senhora me obriga a vir nisso aqui, onde eu ao menos gostaria de vir e agora me diz que já passei por essa porta? — ao seu lado, Debrah nada dizia. Apenas tinha os braços cruzados sobre o peito e a cara de poucos amigos.
— O seu nome está riscado, Sr Hayes, isso significa que já passou por aqui. — A mulher apertou os olhos e abaixou os óculos para focar mais na lista em suas mãos.
— Quer saber então? Desculpe-me, mas.. Que se dane. Eu pouco me importo com isso daqui. — ele fez um sinal para Debrah com a cabeça, para que fossem embora.
— Você não vai passar. — O segurança o impediu quando a diretora, que ainda conferia a lista, fez um sinal com a cabeça.
— Por um acaso vocês estão loucos? — Castiel tinha o tom de voz alto, mas não gritava.
— Entrem Sr. Hayes e... — ela apontou para Debrah com a cabeça.
— Debrah. — Castiel completou-a.
— O nome de vocês está como casal na lista. — a diretora pontuou e os deixou passar. — Desculpe, posso ter riscado errado.
— Ou poderia trocar os óculos. — o ruivo completou.
— Como? — a diretora escutou apenas sussurros.
— Boa noite. — o ruivo prosseguiu sem olhar para trás.

***

— Eu não falei antes. Mas você está magnífica.
Lysandre acariciava o rosto de Ayuminn enquanto esperavam por algum movimento inconstante por parte da porta de entrada. Apesar de estarem ali por boa causa, mal puderam perceber que na verdade a confusão com o ruivo já passara e o mesmo já se dirigia ao salão que antes era porão.
Ela sorriu para ele. Um sorriso tímido, mas sincero, em seguida acariciou a mão que ele acariciava seu rosto. A menina olhou para trás e, apesar dos movimentos de entrada no corredor, as pessoas pareciam mais ansiosas para cumprimentar o grande salão do que as salas decoradas. Nesse momento, Ayuminn só ansiava por fazer o que queria há dias e não hesitou em se aproximar. De alguma forma, sabia que Lysandre compartilhava esse desejo e não estava errada. O rapaz não conseguia compor ou cantar sem pensar nela, por isso ambos passaram a se comunicar através de cartas. A única pessoa em quem Ayuminn confiava para enviar as cartas era Belinda e a mesma o fazia sempre que podia. O casal só esperava por esse momento ansiosamente e, apesar da preocupação com Castiel, nesse momento Lysandre esqueceu a razão e logo que a viu sorrir, a tomou nos braços e beijou apaixonadamente. A menina correspondia com igual desejo, os braços abraçavam o tronco dele, enquanto Lysandre delicadamente acariciava seu rosto com uma mão e a envolvia com a outra na cintura. Apenas cessaram após ouvir um pigarro.
— Só para avisar que já cheguei, cara. — Castiel tinha um sorriso malicioso no rosto. Sabia que Lysandre tinha interesse na novata. — Daqui a pouco começamos.
— Sim. — Lysandre assentiu para ele, sério, e quando o rapaz foi embora com um sorriso malicioso nos lábios, voltou o rosto para Ayuminn, que, envergonhada, deitara o rosto no peito dele. — Vamos tocar daqui a pouco.
— Sim. — ela sorria enquanto crispava os lábios.
— Você é linda. — ele beijou sua testa.
— Você também. —ela o abraçou e Lysandre correspondeu, apertando-a contra o seu corpo com vontade. — Precisamos ir. — ela levantou o rosto para ele.
— Sim. — ele continuava a acariciar seu rosto, o sorriso nos lábios, mas não se moveu.
— Vamos? — ela frisou.
— Poderíamos ficar aqui a noite toda. — ele não se moveu.
— Você precisa cantar e eu quero te ver cantar. — ela sorriu e pousou a mão no peito dele.
— Vamos, Ayuminn. — Ele sorriu e beijou o topo da cabeça dela. Em seguida, juntos prosseguiram para o porão, seguindo o caminho de pétalas.
***
— O Lys-fofo pareceu feliz durante o caminho, não é? — Rosa sorriu nos braços do namorado, enquanto dançavam juntos e sozinhos no centro do salão. Leigh estava vermelho de vergonha, mas Rosa pouco se importava. Só queria estar essa noite assim, nos braços dele.
— Não notei ao certo. — Leigh franziu o cenho.
Rosa bufou. Só podia ser de família.
— Posso estar enganada, mas acho que há algo acontecendo entre ele e Ayuminn. O lys-fofo não a convidaria para o baile tão de repente.
— Creio que eles possam estar se conhecendo. Meu irmão não é de falar muito. — Leigh levantou os ombros.
— Oh se sei. — Rosa revirou os olhos. — Ele só é de escrever.
— Não se incomode com isso, Rosa. — Leigh apertou de leve a cintura dela que ele envolvia. — Eles podem estar querendo privacidade e temos de respeitar isso.
— Mas eu queria tanto saber se há algo.... — Rosa franziu o cenho. — Olha como eles são lindos juntos. — Rosa apontou com a cabeça para as escadas. Não eram degraus enormes, mas pelo jeito que foram adornados, pareciam uma escadaria complexa. Lysandre tinha a mão direita estendida, ajudando Ayuminn a descer e ela de vez em quando retirava alguns fios de cabelo desengonçados que caíam no rosto. Realmente estavam lindos juntos. Ela em sua elegância esmeralda, palidez e olhos bicolores. Ele nos olhos com a mesma particularidade, a heterocromia, olhos que transpareciam algo além e toda vez que ele olhava para ela, Rosa via algo. Sim, Lysandre gostava dela.
— Sim. Ele parece bem ao lado dela. — Leigh seguiu o olhar da namorada. — E é uma bela garota.
Rosa virou o rosto para ele mordendo o lábio inferior. — Se eu não te conhecesse como conheço, poderia ficar com ciúmes.
— Não poderia. — Leigh beijou sua testa. — Você é incrível.
— Leigh, isso é a coisa mais linda que...
Rosa arregalou os olhos. Nas escadas, desciam Castiel e Debrah. A garota, por sua vez, com o braço agarrado ao dele. Era repugnante a cara de vitoriosa que ela fazia.
Oh não... ONDE ESTAVA NATSUMIN?

***
— Sabe onde está a Melody? — Tsubaki e Nathaniel estavam sozinhos sentados nas cadeiras de umas das mesas de vidro montadas no clube de jardinagem. A garota encantou-se pela decoração e cismara que precisava levar um arranjo daqueles para casa.
— Por que quer saber dela? — Nathaniel franziu o cenho.
— Porque eu tenho que acabar com a raça dela. — Tsubaki disse tão convicta e invocada que Nathaniel teve de prender o riso.
— O QUE? — ele arregalou os olhos.
— Calma, calma. Não é nesse sentido. — ela voltou o rosto sério para ele, em seguida passou a brincar com os próprios dedos.
Nathaniel ficou ali, olhando-a com o rosto sério e reprovativo.
— Quer dizer. — ela soltou um riso sem querer. — É nesse sentido sim, mas é porque ela quase me reprovou de propósito nesses testes finais provavelmente porque não gosta de mim.
Nathaniel ficou em silêncio. Depois do que ocorrera na semana passada, quando Melody fraudara a reunião dele com Tsubaki, ele não desacreditava em mais nada.
— Quer acabar com a minha raça também? — Nathaniel a encarava com tanta doçura que Tsubaki queria se aproveitar de sua promessa naquele exato momento.
— Você ainda não foi idiota o suficiente para isso. — Tsubaki levantou os ombros. — Vamos para o salão. Acho que não é bom ficarmos sozinhos aqui.
— E por que não seria? — Tsubaki podia jurar que havia um sorriso nos lábios dele.
— P-porque... — ela mordeu o lábio inferior. Não podia dizer que era porque ele era maravilhoso com M maiúsculo e que aquilo podia não prestar. — Porque toda vez que estamos sozinhos, dá m*rda.
Nathaniel riu da palavra que ela usou. Realmente, das poucas vezes que estiveram sozinhos, a aproximação foi inevitável. E ele não queria ficar em cima do muro com Tsubaki. Ela era uma pessoa legal demais para isso. Só que quando estava assim, sozinho com ela, quando ela dizia coisas estúpidas à sua maneira, ou quando sorria como uma criança travessa... Ele sabia que havia algo. Sabia que sentia algo.
Acontece que havia coisas demais na sua cabeça. Os pais de Melody e os seus com o tempo tornaram-se muito amigos a ponto de jantarem na casa dele com a filha. A pressão sobre ele era tão evidente que chegava a ser insuportável e ele não podia contestar, por mais que quisesse. Nathaniel sabia que já estava para se tornar adulto e não poderia suportar o tempo inteiro esse tipo de abuso, mas era impossível simplesmente ignorar, dar de ombros. Por que sempre era ele quem tinha de tirar a mesa? Por que sempre que algo dava errado, a culpa era dele? Por que protegiam tanto a Ambre, por que ele era obrigado a ser certinho o tempo inteiro?
— E isso é ruim? — dessa vez ele sorriu inteiramente. Ainda assim, era um sorriso vazio, em razão dos pensamentos cheios.
— Depende do ponto de vista. — ela levantou os ombros. — Eu, por exemplo, adoro estar aqui, principalmente perto da comida. — ela apontou com a cabeça para a mesa de frios logo atrás de Nathaniel.
— Eu não tinha reparado isso. — ele sorriu.
— Eu vi só agora. — eles riram juntos.
— Vamos experimentar sua comida? — ele sugeriu.
— Estava esperando você falar. — ela se levantou de imediato, com um sorriso no rosto.
— Tsubaki? — Nathaniel a chamou e a fez virar-se para trás.
— Hm? — ela levantou uma sobrancelha.
— Vamos ver se está bom mesmo. — ele deu um sorriso tímido.
— Como você pode ter dúvida disso? —ela sorriu e deu de ombros, montando seu prato com cautela.
Ambos passaram a pôr os frios em pratos e salgados de forno já posicionados no local em silêncio. Tsubaki colocou pouco, apesar de brincar sobre comida e de normalmente comer bem, a presença de Nathaniel a deixava ansiosa e sem fome. Ela sentou-se em silêncio e passou a comer.
— Você está irreconhecível, Tsubaki.
Com a boca cheia a menina virou-se, fazendo uma cara engraçada que o fez rir. Jade, o menino que a instruíra no clube de Jardinagem aparecera acompanhado de Kim e Dajan. Jade vestia um terno marrom e Dajan um smoking preto tradicional. Kim estava linda em um vestido vinho de alças e caimento na altura dos joelhos.
— Nah... Está exagerando... — ela levantou-se e o abraçou, em seguida cumprimentou com abraços Kim e Dajan. Jade e Dajan apareciam pouco em Sweet Amoris, apenas em eventos muito específicos e Dajan passou a jogar fora antes de Tsubaki entrar no colégio, então ela não tinha intimidade com ele. No entanto já conversou com Kim algumas vezes e sabia que eles namoravam. Vendo agora, formavam um belíssimo casal. — Gostei do terno. — ela sorriu para o rapaz de cabelos verdes.
— Você mudou o cabelo. — Jade passou a mão nos belos cachos dela e ela sorriu.
— É.. voltei a ser eu, digamos assim. — ela jogou a cabeça para o lado.
— Acho que estamos atrapalhando os pombinhos. — Dajan sorriu depois que Nathaniel veio cumprimentar a todos.
— N-não, não é o que
— Não, a gente não..
Os dois responderam juntos e ruborizados, o que arrancou mais risadas do trio.
— Onde está Violette? — Kim perguntou.
— Lá dentro com Alexy e cia. — Tsubaki respondeu de pronto.
— Tá bem, agora vamos deixar vocês em paz. — Dajan segurou a mão de Kim e seguiram, acenando.
— Não é o que vocês estão pensando! — Tsubaki os olhou partir, invocada.
— Qualquer coisa estarei lá dentro. — Jade piscou para ela e foi embora, o que fez Nathaniel franzir o cenho.
Quando os três saíram, ela soltou um suspiro.
— Conhece Jade antes de Sweet Amoris? — Nathaniel perguntou de imediato.
— Hmm.. não. — ela franziu o cenho, estranhando a pergunta. — Na verdade, foi ele quem me salvou. Se não fossem as notas do clube de jardinagem, eu não tinha conseguido pontos extras em nada.
— Ele te ofereceu algo em troca por isso?
— Você pode me dar o questionário? Se eu escrever fica mais fácil. — ela zombou.
— Tsubaki, é que...
— Você está me fazendo um interrogatório. — ela fixou os olhos nos dele, esperando a reação do representante de turma.
— É que ele não foi nada sutil. — o rapaz agora era quem fixava os olhos nos dela.
— Nenhum homem é sutil. — ela suspirou, cansada de tanto lenga lenga. Cadê a hora do “vamos partir para um beijo?”. Conformou-se. Não ia acontecer. E ela também não sabia ao certo se queria, mentira, queria sim, não, não sabia mesmo. Ele era muito inconstante e quase não dava bola para ela. — E você está fazendo perguntas demais pro meu gosto.
— Me desculpe. — ele a encarou fixamente.
— Essas coisas acontecem. — ela olhou para ele, depois para as próprias mãos enfeitadas com aneis de prata. — Eu às vezes falo ou sou sincera demais. E as pessoas são hipócritas porque valorizam a sinceridade mas quando você é transparente, te julgam.
— Tsubaki. — ele segurou umas das mãos dela, fazendo-a olhá-lo nos olhos. — Me desculpe..— ele também foi sincero. — Por ter sido um idiota com você.
Se com idiota ela quis dizer que a ignorou grande parte do tempo de colégio mesmo depois de um beijo, se a tratou friamente em alguns momentos e ainda sequer deu notícias se iria mesmo com ela ao baile ou não, então ele estava bem certo.
— Se com idiota você quer dizer.. — ele pôs o indicador nos lábios dela.
— Por tudo. — ele crispou os lábios.
— Tudo bem, Nathaniel. — ela levantou os ombros. — Quando essa noite acabar, não haverá mais nada mesmo, você não vai ser monitor ou representante mais, eu não vou ser mais a louca da calcinha, o ensino médio vai simplesmente morrer nas nossas memórias e cada um vai para o seu caminh...
— Posso te desligar por alguns segundos? — Nathaniel trouxe a cadeira para mais perto da dela, o rosto estava a poucos centímetros de distância.
— Depende de para que. — ela o olhava séria.
— Para que você ouvisse de mim que o Jade não estava errado. — ele pegou a mão dela e voltou a olha-la profundamente nos olhos.
— Sobre o que? — ela franziu o cenho.
— Sobre estar irreconhecível. — Nathaniel não tirou os olhos dela.
— Não gosto dessa palavra. — ela soltou a mão das dele e comeu um pequeno salgado de forno, que a propósito estava maravilhoso, como se orgulhava da própria comida. — Parece que antes eu não era bonita e só porque agora estou fican...
— Você está sendo modesta, Tsubaki. — Nathaniel a interrompeu, fazendo com que a garota o olhasse. — Você sempre foi linda, mesmo aparecendo na minha sala de calcinha...
Nathaniel ruborizou e passou a mão no cabelo. Ambos riram nesse momento.
— Velhos tempos. Bons tempos. — Tsubaki intensificou o riso.
— E agora você está ainda mais bonita. — Nathaniel chegou a cadeira para frente, de forma que estivesse bem perto dela. — Na verdade, foi você quem deixou esse vestido mais bonito.
— O nome disso é gentileza. — ela sorriu.
— Não. É sinceridade. — ele devolveu o olhar, mas sério.
Ela revirou os olhos.
— Você não entende não é? — ele enrolou um cacho do cabelo dela no dedo.
— Porque você não diz. — ah sim, agora ela estava indo bem.
— Você é linda, Tsubaki. — Nathaniel aproximou o rosto dela. — Hoje, sempre. Desde a primeira vez que te vi.
— Confessa que foi a calcinha. — ela sorriu. Oh, droga, tinha que fazer piada nesse momento.
Ele sorriu. — Vou te desligar, tá? — o nariz dele tocou o dela e os lábios estavam prestes a se tocar, quando..
— Nathaniel?
Não era possível. Quem mandou perguntar pelo diabow?
Agora sim ela ia matar a Melody.
***
[b]Momento atual.[/b]

— Você está linda.
De costas para ele, Natsumin prendeu a respiração. Suas mãos estavam sem cor, o que destacava ainda mais o rubro do vestido. Após longos segundos de tortura, ela suspirou e resgatou a marionete que vinha tentando manipular ao longo desse ano. Abriu um sorriso de madeira. Virou-se.
— Obrigada. — ela olhou-o diretamente nos olhos, os mesmos olhos ameaçadores de semanas atrás. Quando Viktor, o falso, veio pedi-la para ser seu par, ela estava confusa e deprimida em razão do nome de Castiel e Drebrah no mural. Ela estranhou o fato de Armin não tê-la convidado e pensou em convidar o amigo, mas não queria resgatar sentimentos não ditos e magoá-lo novamente. Aquela era a opotunidade perfeita. Ela não pensou nas consequências ou no que poderia acontecer. Ela só quis tentar obter as provas necessárias para incriminá-lo de uma vez por todas. Tinha esperança de que pudesse dar certo.
— Por que aceitou? — Viktor aproximou-se com um sorriso perverso no rosto, a mão já passando pela cintura dela. Ambos saíram pela porta dos fundos do porão que dava para o jardim. Aquela parte não estava decorada e ao fundo deles, que correspondia à parte da frente do jardim, havia as figuras de três pessoas, uma delas parecia ser Nathaniel, discutindo. Natsumin, porém, não conseguiu prestar atenção.
— Eu não tinha par. — ela tirou a mão dele de sua cintura e continuou a andar para longe das luzes do jardim, para a parte mais obscura.
— Confessa. — ela parou quando o falso Viktor disse isso.
— O que? — ela voltou o rosto para trás, para ele.
— Confessa que você me quer. — ele foi se aproximando bruscamente e ela franziu o cenho.
— Eu sou seu par para o baile. Não sua namorada. — ela desviou dele, os saltos cravando na grama. — O que você queria falar a sós comigo?
Ele apenas sorriu.
— Estou esperando a resposta. — ela foi ríspida.
Ele, num terno tradicional, continuou a olhá-la com um sorriso malicioso. Aquilo dava arrepios. Como pôde ser tão burra e se arriscar daquela maneira?
— Não consegue imaginar? — ele deu um passou em direção à ela, que afastou-se e seguiu de volta para o salão o mais rápido que pode. Seu peito doía de agonia, suas mãos frias tremiam. Tinha sido uma ideia estúpida, sabia. Ela pensava que poderia ser forte o suficiente para aguentar aquele tipo de coisa, mas descobrira que não era. Uma música lenta e instrumental iniciou ao fundo e puderam ouvir a voz da diretora anunciar um dos primeiros momentos especiais da noite.
— Vamos entrar. Vão começar a valsa. — ela parou no caminho, há poucos passos de distancia dele, o olhar sério.
Viktor andou até alcançá-la e parou à sua frente. Ele a olhava com um desejo imensurável, como se pudesse tê-la nas mãos. Ela segurou a respiração e não desviou os olhos. Apesar de estar com medo, não poderia demonstrar. Ele parecia um cão feroz e cães farejavam medo.
— É claro. — ele piscou e prosseguia andando à sua frente, distante e com um sorriso nos lábios que a causava arrepior ruins. Ela soltou o ar que prendia e prosseguiu.
Entrando novamente no salão que antes fora porão, ela sentiu um alívio por contemplar novamente as luzes que o revestiam e por poder ver rostos conhecidos. Não conseguia explicar o que estava sentindo naquele momento, suas mãos estavam sem cor e tudo o que ela podia lembrar eram os olhos atrás da máscara preta que segurava uma arma.
— Ei.
Alguém segurou seu pulso.
***
— Olha, eu não ligo que a valsa começou. — Tsubaki estava com o rosto frente a frente ao de Melody, o cenho duramente franzido, a postura ereta. Melody vestia um vestido curto azul claro e de alças e sandálias brancas e o cabelo solto tinha duas presilhas de mesma cor. As mãos seguravam uma pequena bolsa e estavam dispostas à frente do corpo. — Mas também acho que qualquer coisa no momento é melhor do que ficar discutindo com você. — ela direcionou-se ao corredor, a fim de seguir o caminho de rosas para o porão.
— Nathaniel. — Melody segurou a mão dele quando o rapaz passou a seguir Tsubaki.
— Você me decepcionou, Melody. — o rapaz a olhou com reprovação, em seguida foi embora, balançando a cabeça.
— Tsubaki, espera. — Nathaniel finalmente a alcançou, tendo de correr para tal. — Pode olhar para mim? — ela suspirou, antes de virar-se para ele. Havia lágrimas em seus olhos, mas eram tão sutis que sequer borraram a maquiagem bem feita.
— É A TPM, fica tranquilo. — ela fungou e balançou os ombros.
Ele sorriu.
— Juro que quando eu a vi, só queria arrancar o couro dela. — ela olhou para os lados, depois passou o indicador por baixo de um dos olhos para tirar a lágrima que não caía. — Mas eu percebi que essa noite era especial e eu não queria acabar meu Ensino Médio assim. Eu só queria guardar coisas boas na memória porque eu sei que daqui pra frente tudo vai ser mais difícil. Eu posso não te ver nunca mais e... — ela olhou para a sala vazia, para as paredes.. Para qualquer lugar, menos para Nathaniel.
— Tsubaki. — Nathaniel tocou o rosto dela, para que olhasse para ele e parasse de falar. — Essa noite está sendo especial para mim desde que te vi entrando por aquele portão. — ele sorriu, tímido, e estava ruborizado. — Não queria estar em outro lugar.
Ela levantou os olhos para ele, mas nada disse. Era estranho Tsubaki não ter o que dizer naquele momento, ela sempre foi de falar demais. Quando Melody atrapalhou seu momento com Nathaniel e ainda a ficou olhando com aquela cara sínica, tudo o que ela pensou foi em voar no pescoço dela, lembrando de como ela tentou fraudar sua prova para que ela colocasse a resposta errada. Ela se levantou de imediato da cadeira e a encarou no momento, mas não falou nada além de "agora chega". Nathaniel no momento levantou-se de imediato também, para aparar qualquer briga. Nem precisou. Tsubaki reparou o quão ridículo aquilo ia ser e quão insignificante Melody seria para ela daqui a alguns anos, que preferiu apenas ficar ali, intimidando-a com seu salto 15 e olhar matador. Fora tão distinto de sua personalidade explosiva que ela sequer se reconheceu. E então preferiu se afastar. Não parecia, mas aquela noite significava muito para ela e não era por causa de Nathaniel. Ela estava louca também para encontrar os amigos e se divertir e naquele momento reparou que tudo iria por água abaixo em razão de uma garota com quem sequer falara direito nesse pouco tempo de Sweet Amoris. Havia memórias que mais tarde significariam mais e essas não seriam as que ela gostaria de guardar. Por isso, saiu e deixou-a ali com Nathaniel. Que ele ficasse, se quisesse.
Mas ali estava ele, falando aquelas belas palavras. Era tão bonito que não parecia real. Ela continuou a fitá-lo, os olhos de "cigana oblíqua e dissimulada" estáticos, brilhando através das lágrimas. Nathaniel não conteve-se diante de tamanha beleza e naquele momento esqueceu todas as aflições e dúvidas que tinha na cabeça, dando lugar apenas ao desejo de estar com ela naquele momento e fazer parte das memórias que ela queria guardar. E ele queria ser a principal delas.
— Nathaniel, vamos logo para essa porcaria de... — ela sabia que estava sendo idiota por fazer isso, mas não queria se meter em confusão, só queria abraçá-lo a noite toda, não precisava beijá-lo, ou ter algum momento íntimo, só queria se sentir jovem e bela à sua maneira, ficar entre amigos e... E... ela estava esquecendo o que estava falando, melhor, pensando..
— Nós vamos. — ele acariciou os lábios dela com o polegar. — Mas antes... — ele foi abaixando a cabeça e se aproximando aos poucos. — Deixa eu desligar você só por alguns segundos. — ela tinha as bochechas quentes e coradas. Dessa vez, foi ele quem avançou, era ele quem mais estava ansiando por esse momento. Quando seus lábios tocaram os dela, a menina fechou os olhos e o corpo rígido amoleceu. Naquele corredor adornado com rosas vermelhas, Nathaniel empurrou-a delicadamente contra a parede, uma mão segurando o seu rosto e a outra apoiada na parede. Ela entregou-se àquele momento e o abraçou, as mãos segurando as laterais de seu smoking, na altura do tronco. O beijo intensificou-se e Nathaniel a pressionou contra a parede com o seu corpo e ela apertou levemente a camisa dele. Nathaniel finalizou o beijo com um beijo na ponta do nariz dela, depois deixou o rosto ali, próximo, para olhá-la de perto.
— Ainda quer ir? — ele a olhava ruborizado.
Ela sorriu e continuou a fitá-lo.
— É claro, não mudo de ideia tão rápido.
Ambos sorriram.
***
— Vamos sair daqui, esse lugar não é para nós.
O par de ônix a olhava, sério. Ela arregalou as órbitas azuis, incrédula no que acabara de ouvir. A rebelde em seu interior terminava a maquiagem e olhava o vestido rubro como arma de sedução. Ela dançava no espelho e mandava beijos para o ruivo. Nesse momento, Natsumin apenas se lembrava de como ficou escondida no provador da loja de Leigh mais cedo e como insistiu para Rosa não falar que ela estava ali.
— E por que eu teria de ir com você? — Natsumin indagou, séria, agora as lembranças boas foram substituídas pelo que Tsubaki havia lhe dito.
— Nós dois sabemos. — ele a olhava diferente, profundamente. Castiel falava mais sério do que o habitual, intenso. Ela respirou fundo e ia retrucar mas ele a interrompeu. — Não vou te deixar passar essa noite com ele, Natsumin. Que se dane essa m*rda de baile, não vou deixar que ninguém toque em você, muito menos um criminoso feito ele.
— Eu estou muito bem, Castiel, Obrigada. — ela deu de ombros e passou a andar para longe dele.
— Por... favor. — ele segurou o pulso dela, o que a fez se virar. — Eu preciso conversar com você. Dizer adeus.
Ela sentiu o nó formar-se na garganta. Estava cansada de dizer adeus, teve de dizer para seus pais, para suas amigas, sua cidade, sua vida. Agora, teria de dizer para Castiel.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo! o/



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