— Aposta? — Natsumin estava confusa.
— Sim. — ele encostou-se à pilastra, ainda sentado, olhando Natsumin de soslaio. — Você já se apaixonou por alguém, Natsumin?
Natsumin pareceu ainda mais confusa. Ela não entendia aonde ele queria chegar. Castiel era como um poço de mistérios e ela ainda estava em dúvida se valia a pena arriscar a mergulhar nele.
— Acho que não. — ela respondeu, perguntando-se se não estava errada. “Paixão” era uma palavra forte demais para o que ela havia sentido por outros garotos. — Por que a pergunta?
Castiel abriu novamente o sorriso iônico, traiçoeiro. O sorriso de uma raposa faminta à espreita da caça.
— Escuta, Natsumin. — ele se inclinou novamente na direção dela, apoiando a mão direita em sua coxa. — Eu aposto que você vai se apaixonar por mim em menos de um mês.
Natsumin sorriu. — Essa é sua última chance de rever a aposta. Tem certeza?
— Absoluta. — ele parecia confiante.
— O que acontece se eu ganhar?
Castiel sorriu novamente. — Você escolhe.
Natsumin sorriu. Ela tinha que pensar em algo convincente. Algo que poderia atingi-lo e, de certa forma, deixa-lo constrangido. Se é que era possível.
— Se eu ganhar, você terá que aparecer no colégio usando apenas roupas íntimas.
— E você acha que isso é um desafio para mim? — ele sorriu. — Se você perder, terá que cantar para todo o colégio.
O sorriso de Natsumin sumiu de seu rosto.
— Não, Castiel. — ela abaixou a cabeça, tentando evitar a sensação ruim que sempre vinha quando alguém a pedia algo desse tipo. — Tudo menos isso. Por... Favor.
— Natsumin. — Castiel observava a garota. Os seus belos olhos azuis estavam ficando vermelhos. O que ele havia feito? Qual era o segredo daquela garota? O que tinha de ruim em seu talento? — Natsumin. — ele chamou mais uma vez.
— Droga. — ela sorriu, olhando nos olhos negros dele. — Acho que entrou algo no meu olho.
Imprevisível, Castiel a puxou para um abraço.
— “Algo caiu no seu olho” — ele sorriu. — Tudo bem. Se você perder, terá que morar comigo durante um mês. Vou tornar você uma rebelde.
Natsumin deu um riso baixo, com a cabeça afundada no pescoço dele. Mal ele sabia que ela já fora uma rebelde. Como ele. Há muito tempo.
Mas qualquer coisa era melhor do que cantar.
— Temos um acordo. — Natsumin estendeu a mão.
Castiel sorriu e apertou-a. — A aposta está feita. Boa sorte, perdedora.
— O mesmo para você, perdedor.
Castiel aproveitou a mão que ele segurava dela e a puxou para mais um abraço.
O silêncio tomou o local. Novamente.
— Já está ficando tarde. — Natsumin livrou-se dos braços de Castiel, observando o relógio. Eram dez e meia da noite.
— Pelo visto, vamos ter que passar a noite aqui. — Castiel deu um sorriso torto, como se estivesse gostando daquilo.
Natsumin apenas sorriu. Ela olhou para sua mochila, que ainda estava no mesmo lugar desde que ela tinha vindo parar ali. Ela levantou-se e pegou a camisa de Castiel.
— Tome. — ela olhou para o peito nu do garoto, que usava apenas a jaqueta jeans. — Está frio.
— Vista você. — ele apontou para Natsumin com a cabeça, que rangia os dentes. — Não sou eu quem está tremendo como uma garotinha.
Natsumin pensou em recusar, mas realmente estava muito frio. Ela usava apenas uma blusa de alça preta e shorts jeans. Não imaginaria que ficaria trancada no colégio a noite inteira. Muito menos com Castiel. Ela sentou-se no chão, ao lado dele.
Castiel tirou a jaqueta e cobriu as pernas dela. Em seguida, deitou a cabeça ruiva em seu colo.
— Cante para mim. — ele pediu.
Não. Não. Não. Era óbvio que ela não queria. Mas, ver Castiel assim tão... Vulnerável a deixava confusa. Natsumin observou o corpo nu do ruivo apenas da cintura para cima, com leves arrepios. Ela não podia cobri-lo, rejeitando a jaqueta que a aquecia. Por um momento, ela sentiu vontade de fazer algo para ajuda-lo a se aquecer. Mas, visto como Castiel era orgulhoso, aquilo não soaria agradável. Ela passou a mão pelos cabelos lisos e rubros do rapaz, em seguida fechou os olhos e começou a cantar, baixinho. Ela abriu levemente os olhos e observou o teto escuro e empoeirado da sala vazia. Suspirou. A noite seria longa. Fechou-os novamente.