Capítulo 16 – Passionate about Steve Rogers

Sinto meu estomago embrulhar enquanto meu corpo pende para o lado devido à velocidade com que o carro faz a curva, e por sorte não bateu em um hidrante na calçada.

– Mais rápido Sam. – grito para o moreno ao meu lado, que segurava fortemente o volante e mantinha o pé no acelerador.

– Se você não percebeu ruiva, eu estou a quase noventa por hora, quando o permitido é bem abaixo disso. – ele responde concentrado na estrada.

Bufo, irritadíssima. Logo agora ele decide considerar as regras do transito? Só pode ser piada.

– Desse jeito nunca chegaremos a tempo. – cruzo os braços sobre os seios, com uma expressão impaciente no rosto.

O favor que pedi ao Sam no telefone era bem simples. Eu precisava ir até a SHIELD para impedir Steve de ir sozinho atrás do Bucky, e como eu sabia que Sam havia se mudado para um apartamento qualquer no Queens, ele seria o único que poderia me levar até a base central e me ajudar, já que ao Tony eu pediria ajuda nem se fossemos os últimos seres sobreviventes na Terra.

E cá estamos nós, percorrendo as movimentadas ruas de Nova York em alta velocidade, rumo à base central da SHIELD.

– Eu ainda acho essa sua idéia uma perda de tempo. – ele argumenta, enquanto eu me segurava para não tirá-lo daquele volante – Você melhor do que ninguém sabe que quando o Rogers coloca algo na cabeça, ninguém consegue o fazer mudar de idéia.

E o pior de tudo, é que Sam tem razão. Quando o Steve toma uma decisão, nada o faz voltar atrás... Mas eu sou bem convincente quando quero.

– Eu não sou ninguém. – respondo arrogante, e ele arqueia as sobrancelhas – Sou Natasha Romanoff, sei muito bem como fazer um homem mudar de idéia.

Um sorriso malicioso surgiu em seus lábios, e por mais que fosse mínimo, eu consegui ver.

– Bom, se você ta dizendo... – ele começa, e seu tom era de puro deboche – Quem sou eu pra questionar?

– Só cale a boca e dirija. – mando um pouco irritada com a provocação desnecessária, e ele ri sarcástico.

Mais alguns quilômetros percorridos e enfim pude avistar a base da SHIELD. Sam parou o carro com brutalidade em frente ao prédio, e desembarcamos, deixando o automóvel mal estacionado. Mas isso era o que menos importava no momento.

Com passos apressados, já que correr não era possível por causa do ferimento em minha perna que ainda doía, mas ignorei, entrando pela porta mesmo mancando, dando de cara com o saguão amplo e cheio de agentes do prédio.

Ao meu lado, Sam andava no mesmo ritmo, e nos aproximávamos do elevador, quando repentinamente fui parada por uma voz bastante conhecida.

– Natasha? – paro de andar para poder fitar Hill que estava atrás de mim – Sam? O que fazem aqui?

– Oi Hill. – Sam a cumprimenta com um meio sorriso simpático.

– Pensei que o Fury tinha te dado férias. – ela diz pra mim, ignorante completamente o Falcão, que murmurou um “magoei” quase inaudível.

– E deu, eu só vim porque preciso falar com o Capitão Rogers. – respondo apressada, eu não podia perder tempo – Ele está aqui, não é?

– Ele estava aqui, mas saiu há alguns minutos. – ela responde.

– Droga. – praguejo em frustração.

Não acredito que perdi a única chance que tinha de fazê-lo desistir daquela idéia, e tudo isso porque o Sam dirige feito uma tartaruga. E agora? Como é que eu vou impedi-lo?

– Será que vocês podem me explicar o que está acontecendo? – Hill indaga curiosa, um tanto indignada com a situação.

Respiro fundo, suspirando logo em seguida.

– Obrigado pela ajuda Hill. – agradeço, mesmo que ela nem tenha ajudado, me direcionando ao moreno ao meu lado – Vamos Sam.

E então começo a fazer meu caminho pra fora da base, sendo seguida pelo Falcão. Pelo visto, não restava mais nada a se fazer, a não ser voltar pra Torre e torcer para que nada de ruim aconteça com o Steve.

[...]

“Uma claridade excessiva tomou conta de meus olhos, e fui obrigada a estreitá-los por os mesmos ardiam com a luz.

Assim que a claridade diminuiu, meus olhos voltaram ao normal, e pude enxergar a cena que me fez arregalar os olhos sentindo o mesmo encher-se de lágrimas.

– Steve. – grito olhando fixamente para o corpo caído de joelhos no chão repleto de ferimentos que sangravam muito.

Corro em direção a ele, que dirige seu olhar a mim, um olhar de súplica, que me partiu o coração em mil pedaços.

Mas quando estava quase próxima a ele, sinto um braço forte segurar meu corpo, prendendo-me, impedindo que eu avançasse.

Ao olhar para o braço, senti meu coração bater mais acelerado ao perceber quem estava me segurando. O Soldado Invernal. Era impossível não sentir o medo depois de ver seu braço biônico envolta de meu tórax.

Mas o que realmente me assustou foi à risada maléfica que adentrou meus ouvidos de maneira bruta, uma risada que eu conhecia e muito.

– Ora, ora. Veja só o que temos aqui. – sinto a fúria me dominar ao ver a figura de Yelena Belova ao lado de Steve, que gemia de dor, com a mão no ferimento causado por uma bala em seu peito, enquanto o escudo permanecia jogado no chão a certa distância – A Viúva Negra e seu mais novo amiguinho... Ou será mais que isso?

– Fique longe dele. – eu grito, tentando me soltar dos braços de Bucky, mas ele era mais forte do que eu e havia me imobilizado muito bem – Sua luta é comigo.

Outra risada, só que essa causou calafrios por todo meu corpo. Eu estava com medo, admito... Mas não temia Yelena, e sim o que ela faria com Steve caso eu não pudesse impedir. E na situação em que me encontro agora, imobilizada pelo Soldado Invernal, certamente não poderia.

– Natasha Romanoff se apaixonou? – ela questiona o nada – Quem diria, não é mesmo?

Meu sangue começa a ferver, e a raiva me domina por inteira. Eu estava com uma imensa vontade de matar aquela desgraçada, e se pude, pegaria agora mesmo minha pistola e enfiaria uma bala em seu crânio.

– O que você quer de mim Belova? – indago indignada.

Por que ela estava fazendo aquilo? O que ela ganharia afinal?

Um sorriso sádico toma conta de seus lábios, e percebo a mesma retirar do coldre em sua coxa uma pistola não muito diferente da que costumo usar, e arregalei meus olhos ao vê-la apontar a arma na direção de Steve.

– Simples. Vou tirar tudo o que é mais importante pra você... Começando por ele. – e com essa resposta, um disparo é feito, e meu grito sai estridente diante da cena.

A bala perfura o crânio de Steve, que despenca sobre o chão.

– Não! – grito em desespero, me debatendo nos braços de Bucky, que em hipótese alguma afrouxou o aperto... ”

– Steve! – grito enquanto levanto meu busto, permanecendo sentada na cama com as roupas empapadas pelo suor e a respiração falha.

Olho para os lados, percebendo que estava no meu quarto na Torre, suspirando aliviada ao saber que tudo aquilo não passara de um sonho... Um sonho que eu jamais queria ter novamente.

E como conseqüência, meus pensamentos logo se direcionaram a Steve, que a essa altura deveria estar sabe Deus onde.

E embora seja difícil pra mim, aceitar isso, eu não conseguia parar de pensar no loiro, toda preocupação, todo zelo, era novo demais pra mim.

Por mais que eu tente negar, sei que Steve acabou se tornando alguém muito especial na minha vida, talvez até mais do que eu esperava. E agora eu não posso evitar sentir-me diferente quando estou ao lado dele, sentir-me segura, e quando estou longe, um enorme vazio toma conta de mim, como se algo estivesse faltando, e não importa o quanto eu queira, não consigo preencher.

E é exatamente assim que me sinto neste momento... Incompleta.

Seria isso um sinal de que algo em mim mudou? De que talvez eu não seja a espiã fria e sem sentimentos que sempre pensei ser? Será que eu estou me tornando o oposto do que sempre fui?

Minhas emoções estão cada vez mais fortes e perceptíveis. O que está havendo? O que há de errado comigo?

De maneira súbita, a cena do beijo que roubei de Steve enquanto estávamos no carro tomou conta de minha mente, e não pude evitar o sorriso bobo que surgiu em meus lábios ao lembrar-me da sensação de ter minha boca colada na dele, sua língua dançando com a minha, explorando cada centímetro de minha extensão bocal. E seus braços envoltos em meu corpo, me segurando com amor, com carinho. A forma que ele correspondia ao beijo era impressionante, cheia de paixão.

E me recordando disto, a ficha então caiu, e involuntariamente arregalei meus olhos com um sorriso incrédulo tomando conta de meus lábios pela conclusa a qual cheguei...

Eu estou apaixonada... Apaixonada por Steve Rogers.