Capítulo 15 –This is crazy

– Eu já disse que estou bem, só fraturei a perna, nada demais. – respondo enquanto seguro meu celular próximo ao ouvido.

– Nada demais? – Bobbi grita do outro lado da linha – Vocês dois poderiam ter morrido Natasha.

Reviro os olhos. Não entendo porque as pessoas insistem em insinuar que preciso de toda essa preocupação pra cima de mim... Eu sei me virar, poxa!

– Tá, mas isso não aconteceu. – respondo achando tudo aquilo um tédio – Agora dá pra você passar o telefone pro Clint, por favor? – pergunto.

Ela resmunga algumas coisas, quais eu nem me interessei em ouvir, e logo faz o que eu havia pedido.

– Desculpe, ela está preocupada. – a voz dele soa um tanto debochada.

Estreito os olhos e esboço um sorriso irônico.

– É mesmo? Eu nem percebi. – respondo, fazendo Barton soltar uma gargalhada.

– Por que você não me conta o que aconteceu? – ele pergunta ainda com um ar de riso, fazendo-me respirar fundo e me mexer desconfortável na cama.

Depois do incidente, eu fui atendida pela ambulância no local mesmo, já que eu não quis voltar ao hospital. Apenas uma fratura na perna, um corte de três centímetros que em dois dias já vai estar curado. Eles fizeram um curativo e então Steve me trouxe de volta pra Torre.

Acho que não preciso dizer o surto que o Stark teve quando viu a Mercedes preciosa dele no estado destruído que havia ficado. Ele só faltou pegar uma de suas armaduras e jogar raios de energia em mim e no Steve. Mas o mais engraçado foi ver a Pepper tentar acalmá-lo, enquanto ele explodia em raiva.

Assim que Steve me deixou no quarto, já que eu estava com dificuldades para andar devido ao ferimento na perna, recebi a ligação do celular de Clint. Era Bobbi, ela já estava sabendo do que tinha acontecido e como sempre, usou a dose extra de preocupação.

Mas no meio disso tudo, eu não parava de pensar na cena do ocorrido, e confesso que ainda não estava acreditando... Ver Yelena e Bucky trabalhando juntos não era algo que eu esperava, e acho que para Steve foi bem mais espantoso que pra mim.

– Nat? – Clint me chama, tirando-me dos meus devaneios – Você está aí?

Respiro fundo.

– Estou sim. – respondo simplesmente – Você está perto da Bobbi?

– Não. Eles me pediram pra sair do quarto, ela tem que descansar um pouco. – ele informa, mas logo senti a preocupação presente em sua voz – O que está havendo Nat?

Engulo seco. Eu devia contar a Barton sobre a junção da minha arquiinimiga com o amigo/inimigo do Steve? Com toda certeza que sim, afinal, ele é quase um irmão pra mim, e também, ele faz parte de tudo isso, é assunto de interesse seu também.

– Foi Belova quem causou tudo isso. – respondo.

Mas Clint não teve uma reação de espanto como eu esperava. Parecia que ele já sabia algo a respeito disso.

– Eu já suspeitava. – ele diz como que lendo meus pensamentos – Mas não ta parecendo que foi só isso.

Assinto, mesmo sabendo que ele não estava me vendo.

– E não foi. – confirmo suas suspeitas – Ela está trabalhando com o Soldado Invernal agora.

E dessa vez sua reação foi de espanto, o que eu já previa.

– O que? – ele exclama surpreso – Mas como isso é possível? Pensei que ele tivesse batido as botas depois do que aconteceu no Triskelion.

Dou de ombros, suspirando.

– Parece que ele resolveu voltar. – comento com indiferença.

– Tem certeza disso?– Barton indaga, esperançoso para que a resposta fosse não.

Mas o que respondi com certeza o deixou mais aflito.

– Steve e eu o vimos no meio das pessoas, antes do socorro chegar ao local. Ele estava ao lado de Yelena.

Clint suspira de forma pesada.

– Isso não é nada bom. – ele diz o óbvio, logo depois perguntando – O que você pretende fazer?

– Eu... – iria responder, mas parei quando ouvi algumas batidas na porta – Olha Clint, depois eu falo com você.

– Mas Nat... – desligo o telefone antes que ele pudesse terminar a frase.

E sem que eu conseguisse pronunciar alguma coisa direcionada a quem quer que fosse do lado de fora, a porta é aberta e por ela entra um Tony com a cara um sorriso irritante estampado no rosto.

Sorrio torto, pronta pra debochar de sua cara.

– O que faz aqui Tony? – indago enquanto o mesmo para em frente ao pé da cama – Pensei que estivesse bravo comigo por causa do que aconteceu com o seu carro.

Ele sorri, sarcástico.

– E ainda estou. – Tony responde, fazendo-me franzir o cenho – Mas tive que vir aqui.

Arqueio as sobrancelhas.

– E eu posso saber por quê? – indago, deixando a curiosidade transparecer, isso fez Tony aumentar seu sorriso irritante.

– Bem, o Rogers pediu pra eu não dizer nada a você, mas sabe que eu não sou do tipo que segue ordens, e gosto de contrariar as decisões do Capitão...

– Desembucha logo. – o corto com uma voz na qual era perceptível a minha impaciência.

– Tudo bem. – ele fala levantando as mãos, como em sinal de paz – O Rogers foi atrás do Soldado Invernal. – e dispara.

Arregalo os olhos, quase engasgando com o próprio ar, sentindo um nó se formar em minha garganta.

Como assim Steve foi atrás dele? O que aquele loiro tem na cabeça? Será que o tempo no gelo lhe tirou o raciocínio? E porque ele não queria que eu soubesse dessa loucura?

Droga! Não acredito que ele ousou fazer isso comigo.

– Quando foi que ele partiu? – pergunto sendo direta, encarando Tony com a expressão mais séria que eu tinha.

Isso o fez desmanchar seu sorriso, e dar de ombros como se não se importasse muito, o que pra mim não era nenhuma novidade.

– Uns dez minutos atrás. – responde a minha pergunta com indiferença – Ele me disse que ia pra SHIELD falar com o Fury e de lá começaria a busca.

Engulo seco. Isso é loucura. O Rogers só pode estar maluco. Ir atrás de Bucky era suicídio, ainda mais agora que o mesmo não estava sozinho. Ele certamente iria contar com uma ajudinha de Belova caso os dois se encontrassem de novo, e certamente, isso era o que mais estava me preocupando no momento, o fato de que se isso acontecer, já que há grandes possibilidades, Steve vai estar sozinho correndo o risco de se ferir.

Não. Eu não posso deixar que isso aconteça, eu tenho que fazer alguma coisa, não vou ficar parada e deixar que o pior aconteça. Apesar de tudo, Rogers é meu amigo, e eu me importo com ele muito mais do que eu pensava.

Rapidamente pego meu celular de cima da cama, começando a procurar o número que eu queria na minha lista de contatos.

– Você não vai ligar pra ele vai? – Stark pergunta, e seu tom provocante estava me tirando do sério – Porque isso não vai fazer a menor diferença.

O encaro, incomodada com o fato de ele sentir o prazer de me infernizar, o que ultimamente tem virado seu passatempo favorito ao invés das armaduras.

– Tony, vai olhar o seu reflexo no espelho que ele está te esperando pra te dar um susto. – digo sendo um pouco grosseira, mas tudo que ele faz é arquear as sobrancelhas. Assumo uma postura mais rígida, deixando bem claro que eu não estava brincando – Sai logo!

Com as mãos erguidas e se dando por vencido, Tony passa pela porta que já estava aberta e se retira do meu quarto, me deixando sozinha com o telefone, que agora fazia uma chamada.

Alguns segundos até a pessoa do outro lado da linha atender.

– Alô? – uma voz masculina, bastante conhecida, atende.

Respiro fundo, sentindo-me mais aliviada por ele atender a minha ligação. E não perco tempo...

– Sam, é a Natasha. – respondo com meu tom de voz normal, nem dando tempo do moreno responder – Antes de qualquer coisa, eu preciso de um favor seu... É urgente.

Ele demora alguns segundos, até que sua voz soa novamente ao telefone, e percebi que ele estava disposto mesmo a me ajudar.

– Pode falar, eu estou ouvindo.