Quando cheguei em casa meus pais já sabiam da suspensão e eu provavelmente irei ficar de castigo. Entrei e vi as carrancas do meu pai e da minha mãe.

– Sente aqui mocinha - disse minha mãe indicando o sofá, e eu obedeci.

– Eu posso me explicar? - Perguntei hesitante.

– Comece.. - Disse ela.

– Mãe, Pai a culpa não foi minha - comecei - Na verdade eu nem estava envolvida na briga, ai a garota que era revoltada me agrediu verbalmente, vocês queriam que eu ouvisse calada?

– Não foi isso que o seu diretor disse - Falou meu pai irritado.

– Ele nem estava lá! Vocês não confiam em mim? Eu não sou de brigar – Disse e as expressões dos meus pais se suavizaram um pouco.

– Nós confiamos em você querida, mais o que você fez foi errado - Disse minha mãe se sentando ao meu lado.

– Muito errado, não se resolve as diferenças no tapa filha - Começou meu pai seu sermão - 16 anos , quase 17 anos te ensinando o que é certo e o que é errado e em um minuto você joga tudo na lama!

– Seu pai está certo Nicole, você... - Começou minha mãe, parei de prestar atenção e pensar no meu castigo, provavelmente eu iria ficar sem meu celular por duas semanas. Voltei para a realidade e percebi que meu pai estava falando do castigo.

– Eu e sua mãe conversamos antes de você chegar e decidimos que seu castigo será bem rápido, afinal não sabemos se é a sua versão ou a do diretor Call a certa - Ele fez uma pausa dramática - Você não vai a essa tal festa amanhã.

– O que? - Falei me levantando - Vocês não podem fazer isso!

– Podemos sim - disse meu pai sério - Para falar a verdade estamos até sendo legais com você a deixando de castigo só um fim de semana.

– Não, não, não eu gastei o dinheiro com a roupa, quer dizer, eu gastei o seu dinheiro mãe - Tentei convencê-los.

– Ela me contou e eu não fique feliz, enfim se você continuar insistindo eu irei pegar seu celular também - Disse meu pai, ficar sem a festa já é ruim o suficiente agora ficar sem o meu bebê? Isso é desumano!

Murmurei um "Ok" e subi para o meu quarto. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para o Daniel.

"Má notícia .. Estou de castigo e não vou poder ir à festa da Stephanie :"

Um minuto depois ele respondeu:

"Ah, não! Sério?"

"Sério, o diretor ligou para meus pais e contou da briga"

"Filho da puta! Vamos dar um jeito..."

"Que jeito?"

"Vamos pensar em algo para te tirar de casa no dia da festa"

"Talvez dê certo.." - Uma ponta de esperança surgiu.

– Filha desce sua tia chegou! - Gritou minha mãe.

"Tenho que ir" Me despedi.

“Ok, depois você me fala se convenceu eles.."

Desci a escada correndo só parando nos braços da minha tia. Ela se chamava Helena mais a apelidamos de Lena, ela era baixinha e meio gorda, tipo a vovó zona só que mais magra, se eu contar isso para ela eu morro.

– Que saudade tia Lena! - Disse me soltando de seus braços.

– Eu também estava com muitas saudades querida! Olha como você cresceu - Disse minha tia apertando minhas bochechas.

Não via a tia Lena há um ano, não é tanto tempo assim mais eu cresci com ela sendo minha vizinha. Quando meus pais brigavam comigo ou eu ficava triste com alguma coisa era para os braços dela que eu corria. Minha primeira melhor amiga não foi uma prima, foi ela. Quando ela se mudou eu chorei até não ter mais lágrimas e sentir que estava desidratada.

– Trouxe presentes! - Anunciou ela enquanto íamos para a sala de estar - Primeiro o da minha irmãzinha querida.

Ela pegou uma sacola e entregou para ela, dentro tinha um vestido bege que era apertado na cintura e rodado até o joelho, lindo.

– É Lindo! Obrigada minha irmã. - Disse minha mãe sorrindo.

– Agora o presente do homem da casa - Ela pegou outra sacola e entregou para meu pai.

Era um relógio muito bonito da Chili Beans, acho que era essa a marca.

– Adorei, obrigado Lena - Agradeceu ele, e tia Lena sorriu.

– Agora o da minha sobrinha preferida - Disse ela sorrindo, como se ela tivesse outra sobrinha além de mim, pensei.

Ela pegou a bolsa dela que estava no sofá ao seu lado e de dentro tirou uma caixinha preta de veludo, ela me entregou e disse:

– Ganhei do meu falecido marido quando ainda era moça, é muito especial para mim e espera que você goste querida.

– Obrigada tia - Disse dando um beijo e um abraço nela.

Abri a caixinha e dentro havia um colar, o pingente é um pássaro com duas pedras brilhantes nos olhos, lindo.

– Em muitos momentos especiais da minha vida eu estava acompanhada deste colocar – Ela disse com o olhar vago e provavelmente perdida em lembranças.

– Obrigada de novo tia - Disse sorrindo.

Ficamos o resto da tarde conversando e comendo (Lê-se eu comi o tempo todo), Tia Lena contou várias histórias de sua viagens, ela não quis dormir aqui em casa mesmo depois de eu insistir muito.
– Não querida , eu me hospedei em um hotel/SPA e estou super animada, preciso de um trato - Ela disse nos fazendo rir.

Como não tive alternativa aceitei e após o jantar ela foi embora. Quando ela saiu meus pais me mandaram para o quarto estudar. Fui para o meu quarto e peguei os meus livros e sentei na escrivaninha, abri o primeiro livro que era de História. Fiquei lendo sem prestar atenção, depois de várias tentativas falhas desisti e arranquei uma folha do meu caderno e comecei a tentar fazer origamis.

Quando ouvi passos no corredor guardei a folha e voltei para o livro. Minha mãe bateu na porta e sorriu ao ver me estudando, bobinha. Ela disse que eu já podia parar de estudar e ir dormir. Tomei banho e coloquei meu pijama de bolinhas e fui dormir.