Eu e a minha boca santa. “Uma pena”. Não deu nem 24 horas e o cara já ligou de novo.
– Então… Eu to sozinho. Você provavelmente não vai ter nada pra fazer… Pensei que a gente pudesse se ver de novo.
– Não esperou nem o dia seguinte - Falei rindo.
– Curto uma morena. - Senti minhas bochechas corarem. - E você é divertida. O que posso fazer? - Ri.
– Então acho que não vou me livrar de você tão fácil.
– Vai ter uma festa hoje. Não queria ir sozinho.
– Amanhã é segunda.
– O que tem? Já fui várias vezes virado pro trabalho. - Revirei os olhos, mesmo sabendo que ele não veria.
– Eu sou psicóloga. Não posso atender meus pacientes bêbada.
– Seria divertido. Ainda mais se você resolvesse dançar em cima da mesa. Iria desaparecer qualquer vestígio de depressão que ainda exista na pessoa. - Ri baixo.
– Que horas é essa festa?
– Começa as 22h00. Posso passar pra te pegar?
– Pode. - Levantei da cama e fui até o meu guarda-roupa.
– Vai usar algum vestido sexy? - Olhei pra todos os vestidos.
– Um vermelho colado e curto e com decote. - Ele ficou em silêncio. - Logan?
– Acho que eu preciso de um banho gelado. - Ri.
– Não vou usar um vestido desses.
– E por que não?
– Primeiro que não sou biscate. Fora que nem tenho esse tipo de vestido. E não curto vermelho.
– Hm… Mas aposto que tá na frente do guarda-roupa vendo o que vestir.
– Talvez. - Disse com a voz divertida. Olhei no relógio. 18h00. - Acho que é hora de eu fazer as unhas.
– Tá me dispensando?
– Nunca faria uma coisa dessas. - Ele riu baixo.
– Até mais tarde, Megan.
– Até. - Tirei um vestido azul (não curto e muito menos que deixe meus peitos pulando pra fora) do guarda-roupa e deixei em cima da cama. Eu não faria as unhas. Daria um jeito depois do banho. Me olhei no espelho e meu cabelo não estava como nos piores dias. Fui pra sala e liguei a TV.
A quem eu queria enganar? Tudo bem, tudo bem… Um cara gato e divertido me chamou pra sair e não fazia nem 48 horas que eu tinha terminado um namoro de anos. Sem dúvidas de que isso elevou e muito minha auto-estima. Mas, por mais que isso seja bom, preferia o antes. Quando o Cameron não me traía e eu realmente tinha a vaca da Tracy como minha amiga. Não fazia nem uma semana e eu já sentia a falta deles. E, porra… Eu amava o Cameron.
O telefone tocava desesperado, mas parecia que eu tinha sido presa ao sofá. Não demorou pra cair na caixa postal.
– Eu sei que você me odeia. - Ouvi a voz da vadia. Revirei os olhos. - Foi uma única vez, eu juro! - Como se isso fosse mudar alguma coisa. Ela começou a chorar. Revirei os olhos mais uma vez. - Foi só uma deslize, Megan! Me perdoa, por favor?! - Peguei o telefone.
– To bem melhor sozinha. - Falei e desliguei na cara dela. Isso não era verdade, mas ela não precisava saber.
Desliguei a TV e fui até meu quarto. Fiquei deitada na cama lendo até quase 21h00. Depois, fui me arrumar.
(…)
– Eu achava que iria preferir o tal vestido vermelho, mas você tá bem mais gostosa assim. - Logan não escondia que me olhava e eu achava tudo isso divertido.
– Obrigada. Você também não tá nada mal. - Ele deu um sorriso como se dissesse “eu sei que sou gostoso” e ele realmente era. Mas eu não admitiria isso em voz alta e inflaria ainda mais o ego dele. - Onde é a festa?
– Na casa de um amigo não tão amigo meu. É algo mais reservado. Não uma festa estilo balada. Mas não deixa de ser uma festa.
– Quer dizer então que eu to arrumada demais?
– Na verdade, não. Tá bom assim. Sem contar que eu vou poder ficar te exibindo. - Cruzei os braços, olhando pra ele. Eu não estava brava. Na verdade, até achava graça da situação. Mas vê-lo constrangido por achar que fez algo errado era até que bonitinho. - Quer dizer… Você é bonita e gostosa, Megan. E ver homens com inveja de mim infla meu ego. - Ri baixo, descruzando os braços.
– Seu ego já é inflado o suficiente. - Logan acelerou o carro. Demorou um pouco pra chegarmos lá. Era meio longe. Quando entramos, pude entender o “reservado”. Todos pareciam se conhecer, mas não era apenas uma social. Começando pela música alta.
Logan me apresentou a algumas pessoas e já tínhamos tomado alguns drinks. Aquilo realmente estava divertido. Eu observava enquanto o Logan tinha um cigarro entre os lábios e embaralhava as cartas. Ele ficava extremamente sexy assim. Eu não jogava, só fiquei ao seu lado observando tudo.
– Tem certeza de que não quer jogar? - Ele perguntou pra mim, após tirar o cigarro dos lábios.
– Tenho. Nem sei o que é isso.
– Truco, gata. Quer que eu te ensine? - Vi um dos amigos dele se mexer desconfortavelmente como se dissesse “isso vai demorar”.
– Precisa não. To bem aqui. - Logan deu de ombros e começou a distribuir as cartas. E eu continuei o que fazia antes. Olhar a multidão e observar descaradamente cada movimento dele. Ao fazer o primeiro, paralisei. Ele estava longe e a iluminação era horrível. Mas eu reconheceria aquela silhueta em qualquer lugar. Cameron me viu de longe. E lógico que ele foi falar comigo.
– Mas o que você tá fazendo aqui? - Ele perguntou parecendo irritado.
– Te pergunto o mesmo. - Ele olhou pro lado e cruzou os braços ainda encarando o Logan, que só levantou os olhos até ele.
– Agora entendi…
– Não tem nada pra entender.
– Já tá em outra, Megan?
– Pelo menos eu tive a decência de não te chifrar. - Ele deu um sorriso amarelo.
– Sabe que ele vai te enxotar na primeira oportunidade, não sabe? - Deu de ombros.
– Sei. Não ligo. E isso não é da sua conta. - Logan riu. Cameron olhou pra ele.
– Ela não é mais tua mina. - Logan comentou, mas não parou de jogar.
– Nem sua!
– Tá, mimadinho. O que eu quero dizer é que a Megan não é de ninguém. Ela faz o que quiser. - Cruzei os braços e olhei pro Cameron com um sorriso convencido. Ele soltou um suspiro e se aproximou de mim.
– Vamos conversar? Eu tenho tanto pra explicar.
– Não precisa explicar nada. Eu sei muito bem o que aconteceu. Eu tava lá, Cameron! Ninguém me contou.
– Desculpa, Meg. Eu… Sinto tanto sua falta. Você sempre soube como a Tracy é. Eu me culpo tanto por isso!
– E tem que se culpar mesmo, covarde! - Eu queria que ele fosse embora e não estragasse minha noite. Aliás, já tava estragando.
– Chega. - Logan falou e jogou as cartas em cima da mesinha. Se levantou e pegou no meu braço, me arrastando pra longe. Não reclamei. - Quer ir pra casa? - Ele perguntou quando paramos. Olhei em volta. Estávamos na parte externa da casa, onde tinha a piscina.
– Não. To bem aqui. - Logan se aproximou.
– Não liga pra ele.
– Eu não to. - Ele me olhou como se dissesse “tá querendo enganar a quem?”. Fingi que não reparei. Eu sentia meus olhos ardendo, mas não queria chorar na frente do Logan de novo. Toda vez que a gente se encontrasse seria isso? Ele iria me achar uma corna depressiva. O que de fato eu era, mas não precisar mostrar isso a ele.
– Posso te beijar? - A vontade de chorar passou e eu não me aguentei. Abri um sorriso mínimo, mas ainda assim um sorriso. Ele me puxou mais pra perto.
– Você nunca perde tempo. - Comentei rindo.
– Já perdi tempo sim! Não te beijei quando entramos no carro nem depois que você chegou aqui. E eu não menti quando disse que seu vestido azul te deixava mais gostosa. - Ele desceu um pouco as mãos pela minha cintura. - E também não seria nada mal fazermos ciúmes pro babaca do seu ex. - Gargalhei. - E convenhamos que sou bem mais bonito do que ele. - Logan aproximou a boca do meu ouvido. - E tenho certeza de que sei tratar uma mulher bem melhor. - Me afastei um pouco pra olhar nos seus olhos. Tentei parecer confiante e as mulheres que ele com certeza está acostumado a ficar.
– E se eu duvidasse?
– Então, eu teria que te provar. - Adoro quando as pessoas seguiam o “roteiro” de conversa.
– To esperando por isso. - Logan deu o sorriso mais sedutor que eu já vi e pegou na minha mão, me conduzindo sei lá pra onde.

Peço que leiam as notas finais!