O Sr. Myum olhou para a esposa e depois para o chão Os dois estavam em um silêncio mortal. Caçar durante o dia era uma tarefa muito difícil, deviam ficar calados o tempo todo. Isso era um sacrifício para o Sr. Myum, já que ele adorava comentar tudo o que via pela frente. Em seu desespero, ele pegou o diário e começou a escrever tudo o que via e sua opinião sobre aquilo. A Sra. Myum olhou para o marido e revirou os olhos. “Homens, por que eles não conseguem ficar quietos por um minuto?” Ela pensou. Os dois ficaram na mesma posição por um tempo até um veado aparecer no campo de visão dos dois. A Sra. Myum preparou o arco, mirando no pescoço do veado. Um segundo antes de ela atirar outra flecha acertou o veado na cabeça. Uma garota de no máximo 20 anos pulou de cima de uma das árvores e foi até o veado. Atrás dela vinha um puma preto de olhos verdes. A Sra. Myum se levantou e foi até o veado.

– O que faz aqui?

A garota se virou fazendo um golpe com a faca. Por sorte, a Sra. Myum se desviou e ficou apenas com a bochecha cortada. A garota virou em posição de ataque, o puma atrás dela também em posição de ataque.

– Quem é você? – A garota perguntou.

– Eu sou a Senhora Myum. E aquele escrevendo no diário é o meu marido, Senhor Myum.

– O que vocês querem?

– Nada. Estávamos apenas caçando, mas me parece que você pegou a nossa presa antes de nós. Quem é você? Se é que eu posso perguntar.

– Para quem vocês trabalham?

– Somos apenas guardas do castelo. A princesa fugiu e estamos procurando por ela. Agora, eu vou perguntar mais uma vez. Quem é você?

– Alice Prim. E esta é o meu puma, Puli.

– Alice Prim? Nunca ouvi falar.

– Claro que não. Eu não mantenho contato com as pessoas. Odeio os seres humanos, prefiro ficar longe deles.

– Não gosta de seres humanos? Como você pode viver assim?

– Ficando na floresta. Não preciso de ajuda quando eu sei o que estou fazendo.

– E se você precisar de ajuda algum dia?

Alice olhou para a guardiã com desgosto. Ela guardou a faca e encarou a senhora com força.

– Eu não gosto de pessoas como você, Senhora Myum.

– Por que não gostaria?

– Vocês, guardiões acham que podem fazer tudo. Mas na realidade não podem nada. Eu sou livre e estou feliz com isso, não quero ficar presa cercada de pessoas. A floresta é muito melhor do que qualquer outra coisa.

– Você nasceu na floresta?

– Por que pergunta do meu passado? Vai cuidar do seu reino e buscar a princesinha cor de rosa. Não perca tempo comigo. Não vai valer a pena.

A Senhora Myum olhou para a garota e abriu um sorriso. Nunca havia conhecido uma moradora da floresta. E agora sabia por que as pessoas evitavam conversar com esse tipo de pessoa. “Eles são selvagens” Dissera a mãe da Senhora Myum uma vez.

– Você não parece ter morado aqui a vida inteira. Fugiu de casa?

– Vá embora. Estou ocupada. – Alice pegou sua faca e começou a cortar o veado. Ela lançou um pedaço da carne para o puma.

– Você poderia me vender essa carne. É fresca, vale mais.

– Eu não preciso de dinheiro. Vivo na floresta, não vou para a cidade.

– Tem certeza? Aquilo que o puma está carregando não é uma bolsinha de dinheiro?

– Sim. Lá tem algumas moedas. Eu a roubei achando que tinha tempero. Estou decepcionada. Faz três meses.

– Três meses? Isso é muito tempo. Por que não gasta ele com roupas novas?

– Roupas novas? Não. Eu teria que ir até uma loja da cidade. Prefiro fazer eu mesma.

Alice terminou de tirar a carne que precisava e a guardou. Ela tirou os chifres do veado e os guardou também. A Senhora Myum olhou para o resto da carcaça. Dava para fazer comida para quatro pessoas durante dois meses. Alice começou a escalar uma árvore, com o puma atrás dela.

– Pode ficar com o resto. Eu não preciso. – Ela alcançou um galho alto e olhou para a Senhora Myum. – Não diga nada sobre mim para ninguém. Estou bem aqui.

A Senhora Myum concordou e observou a garota sumir nos galhos das árvores. O Senhor Myum apareceu atrás dela e sem parar de escrever disse:

– Garota estranha, essa aí.

– Sim. Mas não me surpreendo, mora na floresta. Deve passar por muitos perigos. Imagina nas luas sangrentas! Céus. Não posso nem imaginar.

– Ela deve conhecer um lugar seguro. Vamos embora.