A última palavra. Teresa Lisbon acabara de escrever a última palavra de seu relatório de caso encerrado naquela noite de sexta feira.

Soltou um suspiro aliviado. Finalmente ela poderia ir para casa e descansar durante todo o final de semana com seu marido.

Os sete primeiros meses de casados não haviam sido nada fáceis para os dois. Para começar, não puderam viajar em lua de mel, por causa do acordo entre ele e Abbot, e depois de apenas dois meses juntos, Teresa ficara grávida, e a viagem que eles haviam planejado, cairia bem no mês previsto para o bebê nascer.

Mas nada disso importava de verdade, afinal, depois de muitos anos, eles estavam, enfim, juntos. E desta vez, para o resta da vida dos dois.

Patrick havia saído para comprar chá de camomila para Teresa, pois ela estava tendo alguns problemas para dormir, por conta da gravidez.

Teresa aproveitou que havia terminado seu trabalho por aquela noite e arrumou seus pertences para ir embora.

- Teresa? – perguntou um homem e a mulher virou-se para ver quem era – Teresa Lisbon? – o homem de cabelos negros repetiu

- Sim. Pois não?

- Jason Scott – ele estendeu a mão para cumprimenta-la – Se lembra de mim? Seu primeiro namorado?

- Jason! Claro que me lembro... – ela o abraçou – Como vai você? Já faz tanto tempo... Está trabalhando aqui?

- Eu estou ótimo! Estou, vou substituir temporariamente um agente que está em recuperação... Depois vou assumir meu antigo cargo em Nova Iorque. E você está... Bem, grávida – ele brincou apontando para a barriga da morena

- Pois é... Já são cinco meses

- Então... Desculpe-me a indelicadeza da pergunta, mas... Quem é o pai?

- Jane. Patrick Jane. Estamos casados há sete meses.

- Oh! E ele trabalha aqui?

- Trabalha sim. Ele foi até a lanchonete buscar chá para mim...

- Chá? Achei que só bebesse café – brincou ele – Desculpe pela pergunta... – ele pediu novamente

- Não tem problema

- É que eu ainda tinha esperanças de que você não fosse casada, porque daí nós podíamos... Sair algum dia desses – admitiu envergonhado

- Pois é, eu... – ela levantou a mão da aliança – Estou casada. Bem casada.

- Teresa! – gritou Patrick que observava a conversa entre sua esposa e um desconhecido de longe – Amor, já acabou o trabalho? – ele colocou a mão na nuca dela e a puxou para um beijo.

- Sim, eu acabei – ela esclareceu.

Jason olhava a situação esperando que Teresa apresentasse-o, não deixando de reparar, porém, que Patrick era um homem muito ciumento, e seu comportamento “pavão” estava dizendo-lhe algo: O território é meu.

- Ahn, Patrick – continuou Teresa – Esse é Jason Scott. Jason, esse é meu marido, Patrick Jane

- Muito prazer

- O prazer é todo meu – respondeu Patrick – Mas, de onde vocês se conhecem? – indagou curioso

- Ah, Jason e eu éramos namorados. Ele foi meu primeiro namorado – Jane deu uma risadinha forçada

- Pois é, ainda tento me recuperar do dia que você me levou para conhecer seu pai – Teresa e Jason riram. Patrick, entretanto, não entendeu nada.

- Anh, Patrick. Quando eu levei Jason para conhecer meu pai, isso foi depois que minha mãe tinha morrido, e meu pai não estava no perfeito juízo dele, então quando entramos em casa, meu pai estava com a espingarda dele na mão, e já começou a ameaçar Jason, caso ele... “ultrapassasse” alguns limites...

- Ah! Que coisa, não... – Jane replicou sem graça – Oh, quase me esqueço... Seu chá.

- Obrigada

- Bem, eu já vou indo – despediu-se Jason – Foi bom te ver de novo, Teresa.

- Igualmente, Jason – eles se abraçaram e Jason se foi.

Sem dar muita importância ao ciúme do marido, Teresa pegou sua bolsa e agiu naturalmente como se nada tivesse acontecido. Patrick por sua vez, permaneceu calado.

Quando chegaram em casa, Patrick correu para a cozinha, para fazer para si mesmo um chá. Teresa o seguiu, sabendo que ele permanecia enciumado com o ocorrido.- Patrick? - ela o abraçou, e ele permaneceu de costas viradas para ela

- O que foi?

- Eu é que pergunto: O que foi? Você está tão calado…

- Ah, Teresa! Não aja como se não soubesse - ele se apartou do abraço de sua esposa e passou a encará-la

- Olha, se você está assim por causa do Jason, saiba que...

- Você não tem certeza que é por isso que eu estou assim? Você estava flertando com ele!

- Patrick, para! Como eu poderia estar flertando com alguém sendo que eu amo você?

- Ah, por favor... Vocês estavam até fazendo piadinhas juntos.

- Patrick, você já está exagerando. Só lembramos de uma coisa engraçada que aconteceu, e eu ainda te expliquei a situação. Não foi nada demais.

- Não foi nada demais para você. Porque para mim foi!

- Está bem, quer saber?! Não estou afim de discutir. Me desculpe, eu estava errada. Não era minha intenção te causar ciúme.

- Acho que já é tarde demais para desculpas - ele afirmou de cabeça baixa - Vou pegar um travesseiro e umas cobertas para dormir aqui no sofá

- Patrick, para com isso - suplicou - Por favor - ela tentou abraçá-lo, mas Patrick a afastou de si e saiu da cozinha sem falar mais nada.

Teresa demorou-se ainda na cozinha enquanto enxugava as lágrimas de seus olhos. Era impressionante como a gravidez mexia com as emoções dela. Como Patrick podia pensar que ela estava flertando com outro homem?

Assim que ela viu que Patrick já estava de volta na sala, saiu correndo para o quarto, sem tentar evitar que ele a visse chorando. Ela sabia que seu marido odiava vê-la chorar, e que sempre fazia palhaçadas para que ela risse.

Mas naquele dia não funcionou. Aliás, Patrick sequer olhou para ela e, claro, isso já foi motivo o bastante para que a choradeira recomeçasse, só que com mais intensidade desta vez.

Com o cansaço, Teresa acabou adormecendo rapidamente. Patrick, por sua vez, demorou a dormir. Por mais que estivesse irritado, ver e ouvir sua esposa chorando daquele jeito e ser orgulhoso demais para ir consolá-la, fazia com que sua consciência pesasse toneladas.

Pensando em como ele podia animá-la no dia seguinte, e no pedido de desculpas que ele lhe faria, dormiu um sono pesado e profundo.

..........

Ao acordar, lembrando do que ocorrera no dia anterior, Teresa decidiu andar para espairecer e aproveitar a ausência de seu marido para tomar uma xícara de café em paz, já que ele sempre tinha preparado seu discurso a favor do chá.

Foi até uma cafeteria perto de sua casa e sentou-se confortavelmente em uma mesinha para dois do lado de fora da cafeteria. Pediu um capuccino grande e um muffin de gotas de chocolate.

Porém, antes que seu pedido chegasse a mesa, uma van preta parou ao lado de onde ela estava, e dois homens grandes e encapuzados saíram de dentro da van, prenderam as mãos de Lisbon com algemas e a colocaram dentro do veículo, dando partida logo em seguida.

Em seu sono pesado, Patrick ainda não havia acordado, e foi apenas quando o telefone em seu bolso esquerdo tocou que ele despertou.

- Jane? – disse Cho do outro lado da linha
- Cho... Está tudo bem? – perguntou sonolento

- Você ainda não sabe?

- Não sei de quê?

- Da Lisbon... – o coração de Patrick parou por um segundo

- O que aconteceu? O bebê nasceu? Por que ela não me chamou? Como ela foi até o hospital? – despejou as perguntas, desesperado

- Não, fique calmo... A Lisbon foi... Ela foi... Sequestrada. Ainda não sabemos por quem. Estam- Jane? Jane!

Sem pensar duas vezes, Patrick se pôs a caminho de onde ele pensava estar Lisbon.