Dimitri e eu parecíamos dois adolescentes e eu não conseguia parar de sorrir bobamente com seus braços ao meu redor e seus beijos contínuos em cada centímetro de pele que ele conseguisse tocar.

Meus dedos por vontade própria agarraram sua camiseta e a tiraram por sua cabeça, eu precisava de proximidade com ele, mas suas mãos restringiram as minhas enquanto ele me beijava de um modo pouco casto e me puxando para a cama enorme do meu novo quarto.

— O que aconteceu enquanto eu estive fora? — perguntou Dimitri acariciando minha bochecha enquanto eu olhava abobadamente para seu rosto.

Suspirei e fechei os olhos por alguns segundos como se isso pudesse me fazer evitar reviver o horror das últimas semanas.

— Principalmente lágrimas de minha parte e muitos gritos da parte de seu pai. E seu velório — minha voz tremeu.

Dimitri baixou os olhos.

— Ah. — Evitando meu olhar ele adotou um novo tom que não era habitual. — Ouvi dizer que você se casou com Demiyan.

Assenti.

— Eu não queria te trair — disse, pegando a corrente fina que eu usava sob as roupas e mostrando a minha aliança do nosso casamento que repousava sobre meu peito. — Você é o homem que eu amo, mas todos pareciam tão convencidos de que você se foi e o clã Serov precisava de um homem do clã no governo e não me deixariam renunciar porque eu já era casada com você — retorci meus dedos em seu cabelo, com medo do que ele iria dizer. Seu rosto tinha se escurecido de uma forma alarmante. — Eu não pude me negar, Dimitri. Quando me casei com você eu estava aceitando fazer parte deste clã.

Ele fechou os olhos bem apertado.

— Você... — sua voz tremeu e ele pigarreou. — Você fez amor com ele?

Uma risadinha histérica saiu de meus lábios.

— Não — eu disse me recompondo. — Nem sequer temos dormido juntos e eu… não sei, Dimitri, eu sabia que você estava vivo. Eu não o trairia tanto quanto você não faria isso comigo.

Deixei minha cabeça pender em seu ombro que ainda estava retesado.

— Eu lamento muito por ter brigado com você antes de você partir — completei em vista do seu silêncio. — Eu me odiei por cada segundo desde que você se foi.

Dimitri me abraçou um pouco mais firmemente.

— Nós dois somos teimosos, Layla, mas você precisa confiar mais em mim — sussurrou.

— Eu confio. Fui idiota e mimada com você antes e tudo isso podia ser evitado com um pouco menos de egomania da minha parte, mas… — dei de ombros. — Eu precisava tomar um tapa na cara para aprender e ficar sem você fez isso. Não quero nunca mais sentir essa sensação.

Ele me abraçou forte e suspirou.

— Senti sua falta — murmurou, tocando meu rosto com a ponta dos dedos gelados. — Até da sua teimosia eu tinha saudades.

— Eu também — murmurei em seus lábios, deixando que a proximidade com o meu amor me acalmasse. — Nunca pensei que seria assim, mas, meu Deus, eu amo você.

Dimitri riu e me beijou novamente.

Depois de um bom tempo eu finalmente me desvencilhei de seus braços e sentei na cama abraçando meus joelhos.

— Onde você estava, Dimitri? Por quê demorou tanto?

Dimitri sacudiu a cabeça.

— Mais tarde eu conto, tudo bem? Quero aproveitar meu reencontro com minha esposa e segurá-la em meus braços o dia todo.

Eu ri a primeira risada sincera em quase dois meses e me coloquei de volta em seus braços, abraçando seu pescoço.

Permanecemos nos olhando por um bom tempo apreendendo o simples fato de estarmos juntos outra vez.

Uma batida forte à porta nos sobressaltou e pulamos de susto.

Olhei em pânico para Dimitri e ele pegou rapidamente sua camiseta e sapatos no chão.

— Banheiro — sussurrei quando ele se apressou na direção do closet.

Com a expressão grave ele fez o que eu disse, assentindo ao passar por mim.

Eu me senti péssima quando abri a porta e dei de cara com Demyian, meu "marido".

— Boa noite, linda — sorriu entrando sem ser convidado. Suas sobrancelhas se ergueram quando ele notou a cama completamente bagunçada. — Já estava se preparando para dormir?

Olhei para o céu lá fora e realmente já estava escurecendo. Como o tempo tinha passado tão depressa?

— Boa noite, Demyian. Estava no meio de um sonho muito bom — respondi seriamente. — Hum… o que você está fazendo aqui?

Ele deu de ombros.

— Pensei que a gente podia sair um pouco. Ver as luzes da cidade e tal. Acho que você gostaria de me conhecer melhor, agora que somos um casal.

— Eu… ah…

Demyian me olhou sério.

— Layla, por favor? Somos casados — e ele abriu um sorriso brilhante. — Por quê você não quer deixar eu me aproximar? Não vou fazer nada que você não queira, juro.

Dei de ombros, presa pelas circunstâncias.

— Tudo bem, vou tomar um banho e me trocar — falei rapidamente. — Te encontro no hall de entrada. Avise ao rei que estamos saindo, ok?

Demyian se inclinou e beijou meus lábios com ternura e eu congelei.

— Até mais tarde, linda — sussurrou roçando os dedos pela minha bochecha.

Assim que fechei a porta Dimitri saiu do banheiro com uma expressão de poucos amigos.

— Você vai sair com ele? — o ciúme em sua voz era incontestável e eu dei risadinhas.

— Escutar atrás das portas é feio — ralhei cruzando os braços de brincadeira, fazendo tudo para bloquear aquele beijo e aquela carícia bizarra da parte de Demyian.

Dimitri me olhou sério.

— Vai?

Revirei os olhos, mas intimamente eu feliz por ele estar bravo com isso. Dimitri com ciúmes era uma coisa que eu estranhamente senti falta. Tudo bem, não era tão estranho assim sentir sua falta.

— Sim, a não ser que você queira mostrar que está de volta e me livrar do Demyian — ergui as sobrancelhas. — Sua escolha.

Ele fez careta.

— Queria que você ficasse aqui, mas sei que não posso — sua voz baixa estava irritada de um jeito que não era bom. — Você agora é casada com ele, certo?

— Dimitri…

— Eu estou bem com isso — afirmou desviando o olhar. —Não podia esperar nada diferente da minha família. Se ele te tocar eu vou matá-lo, claro, mas por agora está tudo bem. Eu confio em você, meu anjo.

Eu o abracei.

— Eu amo você, Dimitri. Muito. Demyian não tem nenhum significado para mim.

Ele me beijou outra vez. Primeiro foi leve e brincalhão, explorando, e em seguida o beijo foi tomando profundidade e nenhuma proximidade parecia ser suficiente e eu sequer notei que pulei nele até sentir que minhas pernas estavam em sua cintura, prendendo-me a ele.

— Layla — sua voz grave reverberou pelo meu corpo e eu gemi agarrando seu cabelo escuro outra vez. — Acho que vou fazer você se atrasar para o seu encontro.

Sorri puxando meu marido para a cama enquanto ele trabalhava para tirar meu vestido.