Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 30
Convocação


Notas iniciais do capítulo

Ok, depois do capítulo mais gay do ano, a continuação dele!




"— Eu. Amo. Você. — Lancei-lhe um olhar zangado. — Francamente, homem, que razão você acha que eu teria para me morder de ciúmes sempre que você está de cochichinhos com sua prima por aí?
— Pensei que você estivesse apenas exercendo o seu papel, ou talvez fosse apenas preocupação de amiga.

— Você saberia se fosse.
Ele olhou para o chão com um sorriso pequeno e baixo nos lábios e quando voltou a falar sua voz estava repleta de ansiedade.
— Layla, sei que eu talvez esteja apressando as coisas e nem sequer tenho um anel, mas você gostaria de se casar comigo?"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/547941/chapter/30

Abri uma pálpebra e olhei para Dimitri. Ele estava de costas para mim, sentado à minha escrivaninha. Seu cabelo preto era uma bagunça charmosa, como se ele tivesse passado mão muitas vezes sobre ele, deixando-o em pé, e a cabeça estava inclinada.

Lentamente me aproximei e olhei sobre seu ombro para o trabalho que ele fazia.

— Bom dia — disse, sem me olhar, concentrado circulando alguma coisa.

Olhei mais firmemente tentando discernir o que estava escrito, mas estava claro que já estava mais na metade do texto que estava escrito em inglês.

Dimitri fechou e virou o calhamaço deixando uma folha em branco para cima.

— Bom dia — respondi sacudindo a cabeça para seu comportamento. Cadê a confiança? — Está acordado há muito tempo?

— Cerca de vinte e quatro horas.

— Eu dormi por um dia?

Ele olhou agora, sua expressão era séria mas pensei ter visto uma pontinha de sorriso em seus lábios.

— Não, eu que não dormi.

— Ah é? — perguntei colocando as mãos na cintura. — E por que não?

Ele sorriu de verdade agora.

— Porque assim que adormeceu você falou a noite toda.

— Eu não falo dormindo — contrapus. Ele dormia comigo há quase um mês e sabia daquilo.

Dimitri assentiu, relaxado.

— Eu sei, foi a primeira vez que eu te via assim. Fiquei fascinado — declarou como se não fosse nada de mais.

— E o que eu disse que o impossibilitou de dormir a noite toda?

Ele ficou mortalmente sério. Já estava preparada para ouvir um "Nada de mais" e ele sair apressado, mas Dimitri continuou ali, me olhando.

— O meu nome — disse por fim. — Você ficou repetindo o meu nome.

Meu queixo caiu.

— Ah.

— É. — Ele virou-se novamente. — Ah.

Tomada de uma súbita coragem, passei os braços por trás de seu pescoço e deixei meu rosto descansar no seu.

Me perguntei se ele ouvia meu coração martelando com tanta clareza quanto eu.

— Sabe o que dizem, não? Quando você está dormindo fala o que estiver na sua mente.

Ele deixou o lápis que ainda estava segurando e girou para me olhar, mantendo nossos rostos próximos.

— Será que eu estou dormindo e tudo que eu acho que aconteceu nas últimas horas foi um sonho? — perguntou tocando meu rosto com a ponta dos dedos.

Eu sorri.

— Se fosse um sonho, eu certamente teria agido como uma pessoa normal quando você me pediu em casamento.

Dimitri sorriu largamente.

— Você nunca age como uma pessoa normal, mas admito que realmente não foi como eu esperava. Principalmente porque nem um um milhão de anos eu acreditaria que eu faria o pedido para você. E sua reação, então!

Fiz careta, relembrando.

Eu apenas o olhei fixamente.

Meu cérebro se recusara a acreditar no que meus ouvidos afirmavam ter ouvido.

— Layla? — Dimitri me olhara assustado.

— O quê? — minha voz parecia um guincho.

Ele me segurara pelos ombros, olhando firmemente em meus olhos.

— Layla? Qual o problema?

— Você acabou de me pedir em casamento?

Ele assentira, seriíssimo.

— Sim.

Joguei-me em seus braços, meio rindo e meio chorando.

— Por quê?

Dimitri estava aturdido, dando tapinhas nas minhas costas.

— Por que o quê?

— Por que você me pediu em casamento? — perguntei secando o rosto e me afastando.

— Porque eu nunca me senti assim antes. Eu fico com ciúmes e me irrito muito com você e mesmo assim eu quero deixá-la feliz, quero ver você sorrir… Eu não sei, mas esse é o melhor sentimento que eu já tive na vida, me sinto inteiro de novo — ele dera de ombros e se afastara. — Me disseram que é amor.

E eu, finamente recobrando a pouca sanidade que tinha:

— Dimitri? — sussurrara baixinho. — Eu quero me casar com você.

Pisquei, voltando ao presente.

— Não se pode dizer que não foi emocionante.

— um pouco mais emocionante que eu gostaria — ele sorriu.

Mostrei-lhe a língua.

— Vou tomar banho.

— Tudo bem — disse se levantando e pegando os papeis que estava estudando antes. — Vou para meu quarto. Nos vemos no café.

E foi isso, ele saiu.

Dando de ombros, entrei no banheiro e deixei que a água quente levasse embora os últimos vestígios da festa de meu rosto e corpo. Eu não podia acreditar que eu tinha aceitado me casar com Dimitri. Isso era completamente insano da nossa parte, como dois adolescentes bobos, mas eu não imaginava que pudesse querer estar com outra pessoa como queria estar com ele e aquilo me assustava enormemente.

Decidi deixar para lá. O que tiver que ser, será, repeti mentalmente.

Eu gostava dele, ele gostava de mim, minha família aprovava. Tudo bem, a família dele não aprovava. Ao menos, não sua tia, mas isso não importava.

Desisti do banho pseudo-relaxante e me vesti apressadamente, atrasada como só eu poderia estar.

Assim que entrei no salão percebi que a atmosfera estava pesada. Olhei para Dimitri com uma pergunta silenciosa nos olhos.

Ele sacudiu levemente a cabeça. Ele não tinha contado.

— Bom dia — fiz uma reverência geral e recebi alguns murmúrios de resposta.

Sentei-me ao lado do meu… noivo.

— O que está acontecendo? — sussurrei para ele.

— Os rebeldes destruíram uma das cidades mais importantes ao leste. Ninguém se feriu — ele completou quando viu meu alarme. — Eles atacaram uma área que sempre fica vazia nessa parte do ano.

— Um aviso? — perguntei.

— Uma convocação de batalha — Alexander disse seriamente.

— Meu irmão governa aquela parte do país — explicou o rei Ivan. — Os rebeldes feriram sua honra atacando aquela região.

— Eles vão sofrer as consequências — asseverou o lorde. — Fomos tolerantes até agora enquanto eles quiseram fazer barulho, mas um ataque é outra coisa.

— O exército irá para a rua — concordou o rei. — Eles estão condenados.

— Mas… vocês vão matá-los? — perguntei alarmada.

— O que mais poderemos fazer? — Yeva perguntou de modo superior. — Dar clemência à assassinos?

— Prendê-los! — respondi.

Kira, Demyian, Dimitri e Sasha prenderam a respiração.

— Prendê-los? — repetiu a mulher como se eu fosse louca. — Deixar assassinos vivos? E as suas possíveis vítimas?

Respirei fundo. Eu e minha boca grande.

— Eles atacaram uma área conhecida por ser desabitada. Não houveram vítimas — rebati friamente. — De todo modo, mesmo se tivessem matado, o que os tornaria melhor que eles? Sangue por sangue, os dois lados são assassinos.

Todos me encararam, mas permaneci o mais inflexível possível.

— Não temos presídios suficientes — disse por fim o rei Ivan.

Olhei-o intensamente.

— E por falta de espaço prefere matar as pessoas? Eu o admiro muito, Majestade, mas assassinato não é a solução. Existem presídios praticamente vazios no país, reformem-nos e prendam as pessoas. A Rússia será conhecida por ser um país onde as pessoas não são tratadas como animais, sim como seres humanos, que erram mas que podem permanecer vivos pensando sobre seus erros.

— Planejando revoltas — Yeva contrapôs.

Dei de ombros.

— Com um bom sistema de segurança, nem a maior de todas as rebeliões aconteceria — declarei.

— Isso não ajuda. A ideia de Layla é boa, mas temos que focar em pegar os bandidos primeiro, depois vemos o que fazer — Dimitri disse por fim.

Todos assentiram e saíram da espécie de transe.

— Devemos voltar para casa o mais rápido possível e dar a ordem para o que sobrou do exército atacar — Alexander deixou uma leve ênfase em sobrou, se intencional ou não eu não poderia dizer.

— Sim — seu irmão concordou.

— Imagino que devamos começar os preparativos para voltar para casa — disse Alexander. — Crianças, vão pegar suas coisas.

Seus três filhos assentiram e saíram, deixando sues pratos inacabados.

— Princesa, eu gostaria de falar com você e com meu filho em meu escritório o mais rápido possível — o rei disse. — Bom café para vocês.

— O quão ruim isso é? — perguntei em voz baixa para Dimitri assim que sua família saiu de perto.

Ele me olhou de lado.

— Nunca é muito bom quando ele me chama em seu escritório — admitiu.

Estremeci.

— Meu pai não vai fazer nada com você, Layla. Fique tranquila — ele prometeu.

— Estou preocupada.

— Não fique — ele tocou minha mão por sobre a mesa. — Tudo vai dar certo.

Assenti e deixei que Dimitri me confortasse enquanto comíamos.

Ou melhor, eu comia, enquanto ele ficava olhando para o prato intocado à sua frente. Como ele podia manter um corpo daqueles comendo tão pouco, meu Deus?

Por fim saímos da sala de jantar.

O escritório do rei ficava no primeiro andar, e lá fomos nós, de mãos dadas, enfrentar a fera.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, é isso! Espero que tenham gostado *-*
Até logo ♥