Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 2
Rotina


Notas iniciais do capítulo

Bom dia pra você que não teve um milhão de provas essa semana. Como vocês estão, pessoas? Já se deram conta que faltam apenas 13 semanas e meia pro ano acabar? ONDE FORAM PARAR OS DIAS DE 2014? Estou ficando velha, o ENEM tá chegando e ano que vem eu vou pra faculdade. Socorro, Deus!
Então... novatas & novatos (eu ainda tenho esperanças de ter um menino que leia fics de A Seleção)..., chega de drama. Essa semana foi uma loucura pra mim e eu tô descontando em vocês e.e
Divirtam-se.



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Minha melhor amiga, Kristine, estava apontando para baixo onde cerca de vinte jovens malhavam sem camisa. Os novos guardas.

— Eu já disse o quanto amo trabalhar no castelo de Illéa? — Seus olhos grandes e dourados brilhavam de malícia.

— Com uma visão privilegiada dessas, até eu — brinquei abanando-me teatralmente.

Não importava se o soldado era um varapau antes, durante o treinamento eles ganhavam força muscular e porte atlético. Meu irmão dizia que eles tomavam hormônios, mas Robert também dizia que todos eram uns exibidos, então a opinião dele em relação ao assunto era extremamente desprezível.

— Estou falando sério, Layla! Todo ano eles mandam caras mais lindos. Parece um concurso de modelos — sacudiu a cabeça fingindo revolta. — Logo as Selecionadas chegam e lá se vai nossa diversão. Eles vão treinar no outro lado do palácio para se exibirem para elas.

Isso era uma verdade quase indiscutível. As Selecionadas passam por uma triagem que escolhe cerca de duzentas meninas mais bonitas e talentosas entre as milhares de inscrições, essas que foram escolhidas vão para a urna e aí sim são escolhidas as 35 Selecionadas. Mesmo o guarda mais focado ia se perder com 35 garotas lindas andando por aí.

Ok, minha auto-estima não está lá embaixo para dizer que nenhum rapaz olhava para mim, então sim, eu sou bonita, provavelmente. Mas sério, os caras têm medo de mim ouu do meu irmão de quase dois metros de altura ou da coroa que pesa sobre a minha cabeça. O ponto é que nenhum guarda nunca vai chegar em mim, diferentemente de Kristine que ostentava majestosamente que nos dez anos que passaram desde que veio morar no palácio já namorou dez guardas.

— Não se nós ficarmos lá junto delas, assim poderemos continuar com a visão privilegiada e eu ainda vejo quais são prováveis de enfeitar a cabeça do Robert.

Kristine riu.

— Nenhuma delas daria bandeira de estar dando um chapéu de alce pra ele. E, se seu irmão agir do mesmo jeito que age com você, acho que elas nem vão ter tempo de olhar pra guarda nenhum — não era mistério para Kristine todas as coisas que Robert me mandava fazer para encher minha agenda. Às vezes eu pensava que ele queria que eu me matasse para que ninguém contestasse que eu supostamente era a herdeira, considerando apenas a idade. Ninguém mandou eu nascer quatro minutos antes.

— Falando nisso, vou descer. Não quero que ele tenha motivos para me torturar com alguma coisa militar mais tarde.

Kristine riu.

— Vou estar na área dos criados com as costureiras. Você está quase sem vestidos novos para arrasar os corações desses gatos.

Mandei beijinhos para ela enquanto saía rindo para o corredor.

Se você nunca esteve em um castelo deixe-me ser a primeira a dizer: todos eles parecem grandes labirintos. Aqui em Illéa existem três rotas só para você chegar até os andares inferiores, uma à esquerda, uma à direita e uma no centro do andar.

Desci pela esquerda, que ficava mais próxima ao meu quarto. Haviam guardas e criados passando por ali, os doces sons de uma casa grande e cheia de vida que sempre me cercaram.

Entrei na sala de jantar e fiz uma reverência à mulher sentada sozinha à mesa, lendo alguns papeis.

Ela ergueu a cabeça ao ouvir minha aproximação, os olhos azuis correndo e analisando tudo ao mesmo tempo.

— Bom dia — sorriu ao constatar de quem se tratava. — Dormiu bem?

— Oi mãe — beijei sua testa. — Dormi sim, e a senhora? — Nunca você, sempre a senhora.

Minha mãe alargou minimamente o sorriso. Ela parecia anos mais jovem quando seus olhos se iluminavam daquela forma. Era como ver a jovem Alexia espiando através dos olhos da rainha.

— Muito bem, obrigada, querida.

— Onde estão Robert e papai? — perguntei casualmente me servindo de torta de chocolate.

— No escritório, como sempre — ela revirou os olhos.— Nova Ásia não parece estar feliz com o acordo de paz que foi firmado.

— E nós estamos? Depois de todas as vidas perdidas, Illéa simplesmente aceitou o fim da guerra? E as pessoas que perderam seus filhos, mãe? Como você acha que eles se sentem em relação a esse acordo?

— Layla, não comece. Sei que seu pai… nem sempre toma as decisões que você tomaria, mas ele é um homem brilhante e sabe o que está fazendo. Diferentemente de uma certa princesa que não comparece há mais de um mês às aulas de estratégia militar — alfinetou. — Se ela tivesse comparecido, saberia que só o cessar-fogo foi capaz de evitar ainda mais mortes.

Ignorei o sarcasmo.

— Não estou duvidando de papai, mas esse acordo foi terrível, isso foi.

Minha mãe respirou fundo. Pude imaginar que ela estava contando mentalmente até dez antes de expirar.

— Esqueça isso por enquanto, o que você deve saber é que seu pai e irmão só vão se juntar a nós no jantar.

Fiz careta. Mamãe tinha uma voz de comando alfa que eu detestava e era aquele tom que ela estava usando.

— Tenho opção? Não, não tenho.

Ela estreitou os olhos.

—Pare de ser chata, Layla. Só porque seu pai não deu a você todas as razões de fazer o que fez não significa que ele não tenha bons motivos. Agora, sobre o seu e aniversário do seu irmão… — mudou de assunto.

Deixei-a falar sobre suas ideias. Mamãe odiava fazer festas, mas quando fazia, cara, ela arrasava.

— Isso é ótimo — concordei quando ela deu uma pausa para respirar, o que deve ter sido lá pelo meio-dia. — Com sua licença, preciso ir para a aula de música. Não queremos que nossa adorável professora assassine a princesa, certo?

Mamãe riu de modo delicado e com um beijo na testa da rainha Alexia eu me despedi e corri para a aula de piano.

Eu amava as aulas de música porque eu comecei a tocar por incentivo da minha família, minha primeira professora foi minha avó America. Acho que não existe coisa mais incrível do que fazer aquilo que você gosta e era por isso que eu gostava tanto de sentar na frente do grande piano negro e ouvir as instruções na voz melodiosa, porém séria de Hanna.

— Bom dia, princesa Layla — cumprimentou com um sorriso em seu rosto enrugado. — Primeiro vamos começar com um alongamento leve dos dedos e mãos e em seguida eu quero que a senhorita toque Spring Allegro I, de Vivaldi. Apenas para ver se a senhorita conseguiu pegar o jeito desde nossa última aula.

Concordei e fiz a série de exercícios padrão e toquei a música que me foi pedida.

Eu gostava de Spring, era uma música muito comum em festas e recepções e eu já a conhecia bem. Aquela era a segunda aula em que Hanna me pedia para tocá-la, porém eu havia treinado todas as noites na sala de música.

Eu costumava sempre fazer as coisas do meu programa e buscava sempre dar o meu melhor, mas com o piano eu tinha uma noção que só aceitava a perfeição.

— Esplêndido! — ela exultou. Aquele era um elogio extravagante vindo da minha professora de música e eu me senti extremamente satisfeita. — Essa música a senhorita realmente se empenhou.

Hanna então passou direto para o violino, uma aula que ela também dava. No violino eu sempre fui bem, mas nunca ao ponto de receber um “esplêndido” e por isso Hanna sempre pegava muito no meu pé.

Quando a aula acabou eu recebi apenas um “Treine mais violino e menos piano, senhorita” e Hanna saiu para voltar à sua casa na cidade.

Quisera eu ter Hanna também como professora de idiomas. Infelizmente, eu tenho o capeta.

Onde Hanna é doce e paciente, o professor Lore é rígido e mau.

Não me entenda mal, eu gosto bastante de línguas estrangeiras, tenho uma infinidade de romances escritos em suas línguas originais e tudo isso, mas o que me pega mesmo é na hora da pronuncia. Eu sempre acabo me enrolando. Já perdi as contas de quantas vezes o professor Lore reclamou com Katlen, que é a responsável por tudo do castelo.

Enfim, eu cheguei para a aula pontualmente às nove, mas o professor Lore cismou que eu estava malditos dois minutos atrasada e fez-me escrever cem vezes “Je suis une princesse et je serai en classe rapidement à neuf” Eu sou uma princesa e eu estarei na classe pontualmente às nove. Era assim a vida de uma princesa: aulas e mais aulas, treinamento, etiqueta, bons modos e ter que abaixar a cabeça quando um professor do mal que te odeia te trata desse jeito. Isso tudo é para o meu crescimento como pessoa, é o que meu irmão me dizia toda vez que eu ia procurá-lo para me ajudar. Com o tempo eu aprendi a parar de procurá-lo.

Eu e professor Lore estávamos tendo um dia relativamente bom quando ele do absoluto nada me sai com um:

— Sabe, princesa, imagino que seja por isso que ainda não tenha nenhum pretendente. Nenhum príncipe iria querer se casar com uma mulher que não sabe ser pontual.

Nem ergui a cabeça do exercício ao ouvir aquela sugestão. Eu a ouvia cerca de cinco vezes por semana, vinda do meu irmão gêmeo, Robert.

— Não sei como o assunto foi parar em um príncipe hipotético e sinceramente não quero saber porque não me importo —falei mais ríspida que pretendia.

Ele soltou um muxoxo.

— Você precisa é de um bom homem ao seu lado. Alguém que lhe mostre que não pode ser tão relapsa, em especial uma vez que sua imagem é associada com a da família real e de toda Illéa.

Lá vamos nós outra vez, pensei desanimada. Respirei fundo para moderar mais minha voz e dar minha resposta padrão.

— Professor, eu tenho dezoito anos. Ninguém casa com dezoito anos.

— Sua avó se casou com dezessete anos. E se tornou uma pessoa respeitável depois do casamento. Sua mãe se casou com dezoito.

— Isso foi há cinquenta anos! O mundo mudou, professor. Goste ou não, casar agora é burrice.

— Modos — ralhou impassível. —Em menos de um mês você terá dezenove anos, a idade que os herdeiros de Illéa costumam procurar pretendentes.

—Sim. Os herdeiros. Homens, como Robert que tem um reality show para escolher suas noivas. E eu nunca saio do palácio, então não tenho modos de conhecer um pretendente, não é? —eu conhecia boa parte dos herdeiros de outras nações, até me tornei boa amiga de alguns, mas nunca aconteceu aquela coisa.

—As princesas nasceram para trazer boas alianças para Illéa, não para se apaixonarem —ralhou como se lesse meus pensamentos.

Suspirei. Um dia como outro qualquer.

Desci para o almoço e já estava agradecendo ter sobrevivido o dia sem assassinar o meu professor quando meu pai e meu irmão chegaram acompanhados de praticamente toda a minha família.

Quando vi meus tios ali, meu coração quase parou.

Minha família é daquele tipo que só se reúne toda em festas e em tragédias. Não havia nenhuma data festiva nas próximas duas semanas então a opção lógica era tragédia.

— O que aconteceu? — perguntei aproximando-me e olhando intensamente para cada rosto ali: meus tios Henry, George e Patrick e suas esposas, Lynn, Alessa e Penelope. Pelas suas caras eu sabia que a coisa era séria. Meus avós não estavam ali. Me preparei para o pior.

Quem respondeu foi meu tio Henry. Ele era o mais velho entre meus tios, sendo irmão mais velho da minha mãe e um dos chefes no Parlamento de Illéa — uma ideia conjunta de mamãe e da minha avó.

— Aconteceu uma coisa terrível, Lay.

— Que tipo de coisa? — Mamãe pousou uma mão sobre o coração. —Alguma coisa com meus sobrinhos?

— Eles estão bem, querida — papai falou com toda a calma do mundo. — Quem não está bem somos nós. O reinado dos Schreave pode estar chegando ao fim.

— Quê?! — meu tom saiu muito alto devido à surpresa, embora eu estivesse aliviada por minha família estar bem, ainda era coisa muito ruim. — Como? Isso não existe! Nós somos a família real!

— Sim, mas quando um Illéa reclama o trono para si mesmo… — meu pai sacudiu a cabeça.

Encarei-o, entendendo a nova situação. Uma péssima nova situação.

— Os Illéa? Você está brincando comigo?

— Ashton é apenas um garoto, ele não poderia… — mamãe praticamente me atropelou.

— Não foi Ashton, Alexia — meu pai falou com suavidade, embora o maxilar estivesse travado. — Foi Michael.

Michael Illéa era como um irmão para meu pai, sendo que papai era afilhado dos pais dele, ambos sempre foram muito próximos. Foi golpe duro, dava para ver.

— Como isso aconteceu? Pensei que Michael estivesse bem com tudo isso — minha mãe franziu o rosto como se tentasse lembrar se em algum momento ele havia demonstrado o oposto.

— Alguns homens, irmãzinha — começou meu tio Henry —, quando recebem um pouco de poder querem mais. E infelizmente Michael tem o sobrenome certo para conseguir isso.

— Isso não está certo — teimei ignorando o silêncio de morte da minha família que nos cobria como um véu sufocante. — Os Illéa não fizeram nada de bom pelo país. Eles nos trouxeram uma guerra, destruíram famílias, separaram pessoas por um número!

— Eu sei, querida. Michael ainda não fez nenhum movimento rebelde, mas ele já começou a buscar aliados — meu tio retomou a palavra. — Ele me abordou hoje, no Parlamento. Não acho que tenha sido um movimento mal feito. Ele quer criar tensão em nós.

— Bem, ele conseguiu — falei sarcasticamente. — E agora?

— Agora — papai falou determinado — precisamos de nossos aliados. Temos que fingir que nada está acontecendo, precisamos manter Illéa unida e faremos cara de paisagem. Não vou abrir mão do meu país para alguém que acha que sabe o que é governar.


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Notas finais do capítulo

Já dramatizei um pouco aqui e.e
Sim, todo começo de fic é um saco de ler. É mais saco ainda de escrever haushaus #Mentira escrever é legal pq eu sei o que vai acontecer, então fica menos chato colocar pequenas dicas nos capítulos



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