O Tigre Negro escrita por Willabelle


Capítulo 15
A Matilha


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap quentinho pra vcs. Me desculpem a demora, foi o bloqueio criativo! Mas já resolvi tudo e tem vários capítulos reservas que só faltam ser digitados, aproveitem!



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– E então este é o famoso acampamento? – Eu disse enquanto admirava o belo e rápido trabalho de Sr. Kadam com as tendas, fogões à gás e biblioteca improvisada.
– Sim, onde espero pelos meninos e por boas notícias... é um pouco angustiante, a espera.
– Kelsey e Kishan são espertos, vão se dar bem. Pena que eu e Liz não fomos autorizados a acompanha-los – Lamentou Manik. – Lhe faremos companhia, ao invés disso.
Manik tocou o ombro de Sr. Kadam e lhe abriu um grande sorriso solidário, o que pareceu dar uma positiva descarga de energia na figura de Sr. Kadam.
– Vamos trabalhar então! – Disse um renovado Sr. Kadam que seguiu seu caminho até a tenda biblioteca.
Fazia quase maia hora que Kells e Kishan haviam partido para suas jornadas, a segunda jornada.
Na despedida, desejei aos dois que fizessem uma viagem segura.
– Cuidado com macacos canibais e coisa do tipo.
Kishan sorriu como se lutar com macacos canibais soasse como um desafio radical e consequentemente, muito legal, afinal era um tigre. Já Kelsey rolara os olhos com a reação de Kishan e me abraçou forte.
Abracei Kishan também, mas não disse mais nada.
Kishan disse.
– Espero que as coisas se resolvam. – Ele beijara minha testa.
E então partiu.
Fazia tempo que Sr. Kadan se encontrava na biblioteca. Eu e Manik estávamos montando uma fogueira para mais tarde quando fosse noite.
Manik fez algumas viagens até a floresta até que juntamos lenha o suficiente.
– Liz?
– Sim?
– Estou com um pressentimento estranho.
– Como assim? – perguntei preocupada.
Manik franziu a testa.
– Parece que algo está se aproximando. Acho que vou fazer uma varredura.
–Você diz... sobrevoar?
Manik assentiu. Então correu em direção à floresta e deu um salto. Em meio ao salto ele se transformara no ar.
Um borrão preto tingiu o céu azul e as asas se contrastaram. Um guincho de águia soou poderosa.
Após alguns minutos, a águia retornara e se transformara em homem antes de aterrissar no chão.
– Liz, se lembra dos lobos de Lokesh?
– A Matilha? Eram mensageiros dele.
Manik assentiu.
– Estão aqui.
Arregalei os olhos, preocupada.
– Precisamos encontra-los antes que nos encontrem aqui no acampamento, vamos Manik.
Corremos na direção em que Manik disse que vira a Matilha de Lokesh e com a ajuda da visão de águia de Manik pegamos atalhos livres de galhos grossos tropeçáveis ou cobras à espreita.
A floresta parecia se tornar mais densa e escura à cada passo, como se o sol não quisesse que seus raios iluminassem aquela área.
Finalmente paramos quando Manik indicou o local.
– Chegarão a qualquer momento. Já devem saber que estamos aqui.
Em menos de um segundo ouvimos seus passos em nossa direção, cada vez mais altos e assustadores.
E então eles apareceram.
Eram cinco. E nos cercavam, cada um mostrando os dentes e rosnando como se fôssemos presas, claro que não se importariam em tratarmos como tal.
– Eles não te reconhecem, Liz. – Manik murmurou.
– E o que você quer que eu faça? Querem nos matar.
– Se transforme.
Manik disse como se fosse algo muito simples.
– O quê?
– Eu me transformo com você.
– Tá, mas se esses carnívoros atacarem, você pode voar, espertão. Eu vou ficar aqui e virar jantar, não obrigada.
– Eu não vou te deixar aqui, sua boba.
Os lobos aumentaram o tom de ameaça com rosnados mais graves e selvagens. A pressão da situação me fazia suar de nervoso.
– Tudo bem – Cedi – Não temos outra saída senão essa mesmo.
Fechei os olhos e pedi ao meu corpo pela transformação. Pedi com medo de início, com rosnados aos meus ouvidos em meio à escuridão. Aos poucos algo dentro de mim se aqueceu e então subiu cada vez mais rápido até que atingiu o topo de minha cabeça e se dissipou, meus olhos abriram automaticamente e notei minha visão mudada, assim como minha perspectiva.
Os cinco lobos não rosnavam ou exibiam seus afiados caninos mais.
A Matilha estava à nossa frente, cinco cabeças de lobos curvadas em nossa direção.
Estavam inclinados como súditos fazem à Reis.
Neste caso, o faziam à uma raposa e uma águia.
Inclinei meu focinho rapidamente dando lhes a permissão para que se levantassem.
O lobo que se situava no meio da Matilha, que parecia ser o líder, rosnou. Entretanto, não como um lobo rosna para um inimigo, mas como forma de comunicação.
Inclinei o focinho novamente, demonstrando compreensão.
Fechei os olhos e pedi para me transformar novamente, ao abrir os olhos, era humana outra vez.
Manik fez o mesmo e ficou ao meu lado.
Os lobos precisam acreditar que estamos do lado de Lokesh, pelo menos até que salvemos Ren.
– Eu tenho um recado também. – Improvisei – Diga à ele que os planos foram modificados e que o tigre negro só não foi morto por uma questão de análise da situação, precisamos dele vivo. Diga à ele que os presentes de Durga que conseguiram e irão conseguir em suas próximas jornadas são muito valiosos, valiosos para seus propósitos também.
Eu tentava manter o blefe dizendo tudo em voz fria e dura.
– Vão. – Ordenei como uma vilã – E digam tudo à Lokesh.
Quando a Matilha se afastou levando meu aviso falso, um cansaço estranho veio à tona e meus joelhos fraquejaram. Felizmente Manik me segurou antes que eu pudesse cair.
– O que os lobos quiseram dizem quando rosnaram naquela hora?
– Eles disseram algo como: “ Dois dias. Raposa e águia vão, lobos vêm.”
– Temos dois dias para encontrar Lokesh ou os lobos virão?
– Isso mesmo.
– Vamos voltar ao acampamento então, você precisa descansar. Depois de tantos anos sem se transformar, seu corpo não reagiu bem.
Assenti e trilhamos o caminho de volta ao acampamento.
Ao chegar à clareira do acampamento, tudo estava quieto como antes.
Um farfalhar de folhas chamou minha atenção. Eu e Manik nos viramos, alarmados pensando ser os lobos novamente. Mas ao invés de lobos, encontramos um tigre.
Kishan se transformou em homem e antes que eu pudesse questionar sua presença ali, ele se pronunciou:
– Como pôde? – Indagou ele com a feição dura como de uma pedra.
Abri a boca para perguntar do que ele estava falando, antes que qualquer som saísse, sua voz rumbou novamente:
– Como pôde nos trair!?
– Eu...
– Eu te vi na floresta com os lobos e o seu amigável recado para Lokesh. – Kishan passou a mão pelos cabelos, nervoso.
Meu cérebro parou, simplesmente não soube como explicar que tudo fora um blefe. Não existia explicação no mundo que revertesse o sentido do que Kishan havia presenciado.
– Kishan... – Manik tentou explicar.
– Não! – Kishan explodiu – Não existe explicação.
Kishan me encarava com raiva aliada à decepção, pude jurar que o brilho dourado que sempre destacava seu olhar, havia desaparecido.
Naquele momento percebi o quanto aquela família havia mexido com o meu interior em tão pouco tempo, eu me peguei pensando no que Kelsey e Sr. Kadan achariam de mim a partir daquele momento e temi suas conclusões, pois sabia que haveria decepção, eles me odiariam e não haveria mais perdão.


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Notas finais do capítulo

O que acham? Me contem nos reviews!
PS* Me contem nos reviews mesmo, sério vcs não sabem como comentários me fazem feliz!!



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