POV Lily:

Os vi caminhando até o castelo da janela, Sirius abraçado no pescoço de Lupin, desarrumando o cabelo de James, enquanto ele e Peter riam. Vi outros jogadores e alguns torcedores cumprimentando os quatro. O que contrastava no meio de tantas pessoas vestidas de vermelho e amarelo, uma menina de grossos e volumosos cabelos negros vestida de verde e cinza observava alguém, com olhos distantes, mas desejosos. O que Bellatrix Black estava fazendo ali, quando deveria estar com as pessoas de sua casa, xingando e amaldiçoando-nos?

Quando me virei, despreocupada com a prima de Sirius, uma coruja negra chegou n parapeito, com um pergaminho enrolado em sua pata. Deveria ser de James, já que ele não tinha uma coruja.

6 horas,Observatório da Torre de Astronomia. Te vejo lá. – J.P

6 horas? Merlin, isso chegava a ser anormal: James Potter combinando algo antes do horário de dormir. Boa influência minha, quem sabe?

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POV James:

Entramos no castelo, mas não consegui achar Lily em lugar algum. Voltei aos jardins, na esperança de encontrá-la lendo um livro sob algum carvalho antigo, porém sem sucesso algum.

No caminho de volta, uma coruja esbaforida me procurava, e pelo que parecia, havia tentado me alcançar desde que saí do castelo. Retirei o pergaminho que estava enrolado em sua pata e dei um pedacinho da maçã que carregava em minha mochila à ela.

5h50, Observatório da Torre de Astronomia. Te vejo lá. – L. E

Ri ao ler o horário. Lily era tão certa, parecia até que eu estava corrompendo a famosa sabe-tudo. Ah, Merlin, se ela soubesse como só um bilhete dela poderia me deixar doido....

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Mostrei o bilhete para os garotos, e Sirius já ia criando todo tipo de hipótese maluca sobre o que Lily pretendia fazer.

– Lupin, quando ele sair, pegue a capa de invisibilidade dele. Peter, você escuta no dormitório feminino o que a Lily quer lá. – Sirius disse, como se fosse contar um segredo e um sorrisinho tosco.

– Fechado. – Disseram os dois, em um sussurro alto.

E assim eles ficaram, até 5:35. Eu comecei a tentar domar o meu cabelo, sem sucesso algum.

– Desista, Pontas... Esse ninho de hipogrifo simplesmente não tem jeito. – Disse Lupin, rindo.

– Merlin, James Potter! Você está a cara do Filch! – Sirius disse, se apoiando em Peter de tanto rir. Ri junto. Quem diria que algum dia seria eu quem estaria me arrumando para um encontro?

Afinal, aquilo contava como um encontro, não?

Fui até a Torre com a maior pressa do mundo, atropelando alguns alunos do primeiro ano no caminho. Foi totalmente sem querer, em minha defesa.

Chegando no observatório, procurando qualquer sinal dos cachos ruivos ali. Ou o cheiro dela. Mas nada. Será que eu cheguei muito cedo? Droga, eu vou parecer desesperado, ou até mesmo grudento!

Ela quase nunca se atrasava, gostava até de chegar mais cedo. E ela não era alguém que deixava uma pessoa esperando (nem o Ranhoso, o que me admira muito).

– James? Já aqui? – Uma voz levemente rouca e estridente disse, quase ronronando. Mas que diabos...?

– Perdão?

– Ah, que pena... Não reconhece minha voz? – Disse a voz. Uma menina entrou na luz, fazendo um biquinho com seus grandes lábios vermelhos. Era Bellatrix, a odiada prima de Sirius.

– Bellatrix? Ah... Desculpe! Você por acaso viu a Lily? Eu tinha um encontro com ela aqui...

– Oh, ela... – Disse a garota, se aproximando, manhosa e quase sedutora.

– Ah, bom... Acho que vou descer, procurá-la. Até outro di...

– Espere! Sabe, eu nunca tive a chance de te conhecer de verdade, sabe? Esse negócio de Sonserina e Grifinória entra um pouco no meio. Mas bem, estamos aqui, podemos conversar um pouco, ver se a Evans não aparece aqui, não?

– Acho que isso pode ficar para outro dia, quem sabe depois? Vou indo.

Ela ficou com raiva, e não fez questão de esconder isso. Chequei meu relógio, e eram quase 6 horas. Bellatrix checou o dela, e quando ouvi a porta ranger, meus lábios foram pressionados com uma força inacreditável.

Bellatrix me mordia, quase arrancando sangue. Sua língua era pegajosa, e ela tentava forçá-la em minha boca. Como eu tiro essa doida de cima de mim? Tentei empurrá-la, e tirá-la dali, mas ela entendeu errado.

Alguém entrou na sala. Uma respiração entrecortada. Um soluço.

Lily tinha chegado, afinal. E vira tudo.

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POV Lily:

Não contara para ninguém sobre o encontro marcado com James. Logo depois de receber o pergaminho, fui até meu quarto, e tomei um banho rápido. Dei um jeito em meus cachos, e coloquei vestes limpas. Afinal, não usaria as vestes que usei durante a semana inteira. Afinal, era um encontro.

Li algumas páginas do livro de poções, até que eram 5:40. Fui até a Torre, quase saltitando.

Nas escadas, ouvi uma voz que ronronava, mas falava de uma maneira tão esquisita que não fui capaz de entender nada. Abri a porta com cuidado, não querendo parecer uma maluca desesperada.

De início, não consegui entender direito o que estava acontecendo ali. Só pude ver uma massa de cabelos negros esvoaçantes, e cabelos curtos e desarrumados pretos que reconheceria em qualquer lugar. James e Bellatrix. A prima de Sirius. Prendi a respiração.

Mas quem diabos ele pensara que era? Me chamar para um encontro e agarrar uma menina bem na minha frente? E ainda por cima, a prima de um dos seus melhores amigos?

Senti lágrimas subirem em meus olhos, mas apenas solucei. Eu não iria dar essa satisfação a nenhum dos dois. Engoli tudo que estava preso em minha garganta. Pelo menos ali, eu iria ser forte.

Tomei coragem e meti minha mão no meio dos dois lábios. Ok, baba da Black, isso não foi a melhor experiência da minha vida, mas eu estava acostumada a todo tipo de coisas nojentas na aula de poções. A menina me olhou, incrédula e sorridente. Não me contive, e dei um tapa nela, com toda a força que reuni.

– Esperava mais de você, Potter. – Disse, da forma mais fria e ríspida que pude. Ambos me encaravam, Bellatrix possessa e James com feições ridiculamente surpresas e arrependidas. Saí dali pisando firme, mas rápido. Afinal, quem sabe a que ponto aquela doida pode chegar?

Disparei até meu dormitório, deixando as lágrimas escorrerem no caminho. Coloquei meu braço em meu rosto, e tentava me misturar às pessoas que passavam. Quando cheguei, me joguei em minha cama, deixando tudo sair. Sentia minhas entranhas se contorcendo, e minha cabeça doía .

Eu estava certa, todos esses anos. Eu devia saber que James era problema, que ele era o mulherengo que sempre achei que fosse. Ele tinha todas as meninas dessa escola como fantoches, todas com as cordas em seus dedos. Fingindo que era um “bom-partido”. Ele tinha todo o estilo dos campeões, uma pena que não achava a garota dele. E deve ter me confundido com uma otária para achar que eu cairia nessa. De jeito nenhum eu cairia na dele. Não de novo.

Ouvi gritos vindos da Sala Comunal. Era James, me chamando. E quer saber? Ele precisava de alguém que dissesse algumas verdades. Sequei aslágrimas e lavei o rosto. Engoli o bolo que subia em minha garganta e desci, de cabeça em pé.

– Lily, eu sinto muito... Ela se jogou em mim, eu juro! Eu nunca faria....

– Não tente. Eu sei exatamente o que você é. Sabe, poderia ser fácil. Mas é apenas quem você é. Tem todas as menininhas nas coleiras, não é mesmo? Pois bem. Você vai me enrolando, e vai jogando seu charminho. Mas eu não sou uma dessas. “Pegador”, é assim que você se vê quando olha no espelho? Agora, se me dá licença, tenho mais o que fazer.

Empurrei-o e quase me desequilibrei. Droga, Quadribol fazia bem, afinal. Ele parecia uma droga de parede! Não caí, e apenas fingi que nada aconteceu e continuei a andar pisando forte. Quando vi que ele viria atrás de mim, bati a abertura da passagem na cara dele, e corri até a primeira sala vazia que encontrei. Sabia que não adiantaria, ele tinha aquela desgraça de mapa.

Parecia que ele virara um estranho para mim. Eu me sentia tão pequena, como um pássaro sem asas. Toda vez que eu fechava os olhos naquela maldita sala de aula, eu o via. O via com Bellatrix. Lembrava de seu toque, e isso me assombrava. Eu não quero lembrar. Algum dia, seu rosto se dissiparia em minhas memórias, quem sabe.

Por que James Potter? Logo ele?

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POV James:

*Flashback*

Graças a Merlin, uma mão se meteu entre a língua insistente e pegajosa de Bellatrix Black. Só depois que vi que era a mão de Lily. Ela realmente sabia entrar triunfalmente. Ela nos olhou, com olhos vermelhos e cheios de ódio. A Black ainda carregava um certo triunfo no rosto, até que Lily deu um tapa (maravilhoso e merecido, diga-se de passagem) no rosto dela.

E as simples palavras que ela rosnou a mim foram o suficiente para me fazer sentir como se meu corpo pesasse uma tonelada, meus órgãos afundassem completamente e minha cabeça explodir.

Minha mão formigava, queria espancar a prima de Sirius, torturá-la com o mais forte Crucio que conseguisse aguentar. Olhei para ela, e de repente, pareceu como se toda a beleza peculiar que ela possuía simplesmente desse lugar à um monstro.

– Como você pôde? Sua mal-amada, desgraçada... Você é a pessoa mais desprezível que já segurou uma varinha, sabia?

– VOCÊ GOSTOU! EU TE AMO, MALDIÇÃO! Eu te amo James... Eu juro. – Disse ela, esboçando tristeza. O estranho era que ela parecia verdadeira, gritando tudo aquilo.

– Você... Você nunca chegará aos pés dela, Bellatrix.

– Eu... O que eu posso fazer? Eu te amo, Potter. E você sabe. Eu faria muito mais do que aquela ruiva ridícula. Meu coração pula, eu sou louca por você. – Ela disse, misturando o ódio às suas lágrimas. Ela tinha algo enterrado ali, afinal. Sentimentos. Um coração.

Mas ela não era Lily. Não era, e jamais seria.

*Flashback Off*

As palavras que Lily me dissera na Sala Comunal queimaram minha garganta, e o nó lá era asfixiante. Doía.

Por que comigo? Por que?