Destrua-me escrita por David JV


Capítulo 2
Não me Importo.


Notas iniciais do capítulo

Eu ainda não achei um beta, então erros ortográficos podem existir.



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Destrua-me

Capítulo 2: Não me importo.

Na segunda meu celular alarmou às 5h da manha, minha mãe há essa hora estava dormindo então se eu deixasse o despertador tocar mais que o necessário e a acordasse, ela não ficaria feliz.

Arrastei-me até o banheiro e tomei o tarja preta em cima da pia, as cartelas com os comprimidos ficavam em lugares em que eu pudesse lembra de toma-los.

Depois de toma banho comecei a vesti o uniforme, que eu tinha sido obrigado a passar na noite anterior. Pendurei no pescoço meu cordão preto com o pingente de um pentagrama, e coloquei uma argola vermelha no canto direito do lábio inferior.

As ataduras enroladas no meu pulso agora eram negras, depois que eu as tingi. Meu médico não pareceu se importa desde que eu continuasse a limpar as feriadas três vezes ao dia. O que era um saco.

Peguei meu celular, os fones de ouvido, o moletom roxo em cima da cama, a mochila atrás da porta e desci para cozinha.

Fervi água e despejei em uma caneca com café solúvel, depois peguei pão e geleia de morango no armário.

O sol ainda não tinha aparecido quando sai de casa, o céu estava uma mistura de cinza e branco, uma das minhas horas favoritas do dia. Escrevi sobre isso na 7º série, mas minha professora de português achou gótico de mais e me deu um cinco. Naquela época eu exagerava de mais no lápis de olho, acho que isso também pode ter influenciado na minha nota.

Aumentei o volume dos meus fones e caminhei mais rápido, o ponto de ônibus era uma opção, mas eu preferia caminhar, era digamos... Terapêutico pra mim, assim como a música alta. Eu não gosto de saber o que acontece a minha volta e a música ajuda nisso.

Também não gosto quando falam comigo, um aceno de cabeça é o suficiente para desejar, bom dia, boa tarde e boa noite. Infelizmente algumas pessoas não pensam assim.

Minha mãe e meu pai tinham mudado de cidade, por empregos melhores segundo eles, mas a verdade era que eles queriam me dar uma chance de recomeçar, como se uma escola nova e um quarto maior fossem acabar com os meus problemas. Antes da mudança eles tentaram outras coisas pra me tirar da depressão, como me arrumar uma namorada. O que não acabou bem pra eles quando eu surtei e joguei na cara dos dois que eu era gay. Eu fiquei me perguntando se eles tentariam me arrumar um namorado, mas felizmente eles desistiram de ajudar nesses assuntos.

Alguns minutos caminhando cheguei a minha escola, por causa do meu tour na sexta não precisei de ajuda para encontrar a minha sala.

Os acentos no fundo já estavam ocupados, assim como os da frente, os do meio não eram tão disputados então foi lá que eu sentei.

O sinal tocou fazendo uma avalanche de alunos entrarem na sala. A contra gosto, desliguei o celular e tirei os fones. O diretor fez questão de citar regra por regra, incluindo a proibição de uso de celulares em horário de aula. Tirei o caderno da mochila e o abri na matéria de química, essa era minha primeira aula.

–Quem é esse? –cochicharam atrás de mim.

–Não faço ideia. –cochicharam de volta, o que era patético já que eu ouvia tudo.

–Ele me dar medo. –concluíram.

O resto do dialogo não foi o que eu chamaria de criativo. Já me chamaram de coisa muito pior que Edward mãos de tesoura.

Eu estava rabiscando coelhos deformados nas margens da folha no meu caderno quando alguém bateu no birô pra chamar nossa atenção. Levantei a cabeça pra dar de cara com os mesmos olhos azuis atrás de lentes retangulares de duas noites atrás, só que agora o cabelo dele estava penteado, e vestia uma camisa bonita. Ele estava contando os alunos, apontando o dedo para cada um, na minha vez ele escondeu um sorriso com uma tosse falsa e continuou contando.

–Temos um aluno novo. –ele falou depois que terminou de contar. Ninguém o respondeu, acho que esperavam que eu o fizesse.

–Não quer se apresentar pra turma? – Vicente perguntou colocando os óculos no lugar.

–Não, valeu.

Ele folheou o diário em cima da mesa dele.

–Allan... –ele levantou os olhos pra mim. –Allan Drummond, certo?

–Sou eu. –levantei o dedo, não da forma que eu uso habitualmente nem o dedo que eu uso habitualmente.

Vicente abriu a boca pra falar alguma coisa, mas a fechou. A parti dai tudo que ele falava tinha haver com átomos, partículas e etc... Em algum determinado momento eu parei de escutar e me concentrei nos meus desenhos.

++++++

Três aulas mais tarde os sinal tocou para o intervalo, pesquei meu celular e os fones do bornal enquanto a maioria se mandava da sala.

O resto da manha foi desinteressante, copiei assuntos, fiquei quieto enquanto debatiam esses assuntos, nada de mais.

No fim das aulas arrumei as minhas coisas esperando todo mundo ir embora. Outra coisa que eu odiava eram aglomerações. Quando não tinha mais ninguém na sala eu me levantei, mas foi só chegar à porta Vicente fez sinal pra que eu voltasse.

– Eu quero falar com você. –desviei do seu caminho enquanto ele entrava e abria uma pasta de couro marrom em cima do birô. O que professores tinha contra bornais?

–Já eu quero ir embora. –me arrastei até o birô onde ele tirava folhas e mais folhas de dentro da pasta feia.

–Toma. –ele as estendeu pra mim. –É pra você acompanhar a turma, eu as quero respondida até amanha.

–Você as quer respondidas até quando? – perguntei olhando a resma de folhas na minha mão.

–Amanha. –ele repetiu.

–Isso é porque eu não prestei atenção a sua aula? – olhei feio pra ele.

–É bom saber disso. –ele me ignorou e caminhou em direção à porta. –Caso você não entregue as folhas respondidas até amanha, pode dar adeus a sua primeira nota. –ele acenou pra mim, um pouco antes de eu arremessar as folhas no quadro, o que depois eu percebi que havia sido burrice, já que eu tive que recolher uma por uma.

Quando terminei as joguei dentro da minha mochila e caminhei pra fora da escola xingando tudo que eu encontrava pelo caminho.

Do lado de fora as coisas não estavam melhores, com o calor infernal que fazia e alguém que resolveu segurar meu ombro no dia errado, me virei enfurecido arrancando os fones no processo.

–Desculpa. –ele mordeu o lábio inferior, o garoto estava com a mesma farda que eu, mas diferente da minha não ficava folgada nele, ele tinha cabelos loiros cortados rentes à cabeça, olhos castanhos claros e os lábios carnudos era algo a se levar em consideração.

–Eu estava te chamando desde a saída do colégio. –ele apontou pra trás com o polegar.

–Eu estava com os fones. – cruzei os braços.

–Percebi. –ele sorriu. –Sabia que isso faz mal a saúde?

–Sabia que eu não dou à mínima? – retruquei, respirei fundo buscando cada grama de paciência que ainda existia em mim. –Essa é a parte em que você me diz por que estava me seguindo?

–Eu não estava te seguindo. –ele franziu a testa.

–Jura? –perguntei.

–Você mora na casa ao lado da minha e tem um ponto de ônibus mais perto da escola, era isso que eu queria te falar. –ele apertou a alça do seu bornal enquanto falava.

–A historia de perseguição seria mais interessante. – Ele corou. –Eu vim a pé e sei onde ficam os pontos de ônibus se precisar de um. –Continuei caminhando.

–Se importa se eu for com você? – ele perguntou acompanhando o meu passo. –É que eu nunca fui a pé para casa. –ele explicou, ou tentou.

Parei de frente pra ele.

–Sou Erik. –ele estendeu a mão.

–Allan. –apertei sua mão. –Você pode vim comigo, desde que fique calado, acredite, você não vai querer ter um diálogo comigo hoje .

–Okay. –ele concordou passando por mim.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Nos vemos no próximo, bjs.



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