_C-Castiel... aquilo vermelho na árvore... é s-sangue?_ Jo perguntou se chegando mais para perto de mim, enquanto apontava para uma árvore que se encontrava na outra margem do rio.

_Ohh, isso. Sim é...

_Como assim "Ohh, sim é"?!? Pois, você tem razão. Afinal, só estamos sozinhos na floresta próximos a uma árvore ensanguentada!_ Ela disse ironicamente enquanto se levantava._ Não me leve a mal, mas não me apetece ficar aqui enquanto anda um homicida à solta._ Jo continuou enquanto eu começava a rir com tanto exagero._ Hey! Porque é que se está rindo?

_Sabe, você anda vendo demasiada televisão, eu te garanto que aqui não tem nenhum assassino para nos vir matar._ Falei sorrindo enquanto segurava o pulso dela para ela se sentar de novo._ Não se preocupe, esse sangue que você vê já está grudado à árvore faz uns... 200 anos para aí.

_Sério? Mas isso é impossível ... Com a chuva e assim já não devia se deveria ver nem um pedacinho vermelho... Que estranho..._ Ela ficou encarando a árvore confusa._ Sabe mais alguma coisa sobre a árvore?

_Ficou interessada, hein?

_Como não ficar? Afinal, não se vêem árvores destas todos os dias...

_ Realmente não sei muito sobre ela, apenas sei que dizem que a árvore é mágica ou algo assim... ah, acho que também existe uma música que foi feita com um poema sobre ela...

_ Como se chama a música? Você tem no seu telemóvel?

_ Não, mas posso procurar no youtube... Dois segundos._ Informei enquanto procurava a dita música. Ainda demorou um pouco até encontrá la, mas quando consegui coloquei a logo a tocar. (Nota Autora: Oi gente! Só mesmo para avisar (para quem vai ouvir a música) que ela é mesmo muito lenta, por isso se quiserem ouvir o remix (que eu simplesmente adoroo) carregue aqui. Boa continuação de leitura!)

The Hanging Tree

Are you, are you
Coming to the tree?
Where they strung up a man they say who murdered three
Strange things did happen here
No stranger would it be
If we met at midnight in the hanging tree

Are you, are you
Coming to the tree?
Where the dead man called out for his love to flee
Strange things did happen here
No stranger would it be
If we met at midnight in the hanging tree

A Árvore-Forca

Você está, você está

Vindo para a árvore?

Onde enforcaram um homem que dizem ter assassinado três

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não seria estranho

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca

Você está, você está

Vindo para a árvore?

Onde o homem morto clamou para que seu amor fugisse

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não seria estranho

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca

***

_A música é um pouco lenta..._ Jo se queixou enquanto lia as legendas.

_Hum, se quer saber coisas sobre a árvore forca vai ter de ouvir...

***

Are you, are you
Coming to the tree
Where I told you to run so we'd both be free
Strange things did happen here
No stranger would it be
If we met at midnight in the hanging tree

Are you, are you
Coming to the tree?
Wear a necklace of hope, side by side with me
Strange things did happen here
No stranger would it be
If we met at midnight in the hanging tree

Você está, você está

Vindo para a árvore?

Onde eu disse a você para correr então nós dois estaríamos livres

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não seria estranho

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca

Você está, você está

Vindo para a árvore?

Use um colar de esperança, lado a lado comigo

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não seria estranho

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca.

***

_A partir daqui é sempre a mesma coisa, eles apenas vão repetindo..._ Eu informei enquanto a via ficar com um olhar meio desiludido.

_Quem me dera que o Lysandre estivesse aqui..._ Jo suspirou enquanto desbloqueava o seu telemóvel. Okay, isso foi estranho.

_Desculpa?_ Eu perguntei enquanto erguia o sobrolho.

_Oh, não pense besteira._ Ela disse sorrindo._ É só que Lysandre começou a andar à pouco tempo com um bloquinho de notas novo. Assim, se ele se lembrar de alguma coisa enquanto procura o outro- aquele que ele perde sempre- escreve no pequenino... Eu queria pedi lo emprestado, escrever aqui_ Ela abanou levemente a mão que segurava o telemóvel._ não tem a mesma graça.

_Entendi._ Respondi observando o que ela escrevia, que não passava mais de alguns pedaços da música que tínhamos ouvido à pouco. (Enforcaram um homem que matou três) (Correr para ser livre) (Um colar de esperança)...

_Há alguma maneira de ver a árvore mais de perto?

_Hum..., acho que há uma ponte para a outra margem um pouco mais abaixo. Quer ir agora?_ Eu perguntei.

_Porque não?_ Ela respondeu enquanto se levantava começava a andar no sentido contrário da ponte.

_Hey! É por aqui..._ Eu indiquei enquanto apontava para a minha direita.

_Ah, claro. Eu sabia... ou talvez não._ Jo disse sorrindo.

Fomos andando com cuidado, o caminho era torto, cheio de altos e baixos e a descer. Ou melhor, eu fui com cuidado. Jo estava distraída, deve ter tropeçado à volta de umas cinco vezes.

_Você é coordenação em pessoa._ Ironizei enquanto a via tropeçar mais uma vez.

_Não é isso... é que não faz sentido... Quando se enforca alguém, a traqueia fecha, provocando uma morte imediata e rápida. Não há sangue, logo o sangue que está na árvore não pode fazer parte das pessoas que foram enforcadas...

_Por acaso não tinha pensado nisso... Olhe, a ponte já está lá à frente._ Após isto, a Miss coordenação começou correndo que nem uma louca para perto da dita ponte, ficando com uma cara de enterro quando chegou mais perto.

_Castiel, vem cá. É a isso que você chama uma "ponte"?_ Ela perguntou, dando um saltinho e colocando a mão no peito de seguida, tendo possivelmente apanhado um susto. Logo depois disso ela retirou o seu telemóvel do bolso, desbloqueando lo de seguida._ Mas vem rápido, a Rosa está dizendo que eles vão encomendar uma pizza, por isso se quiser que haja comida quando chegarmos, se despacha.

_Estou indo._ Eu disse enquanto me apressava._ Oh, eu sabia que havia uma ponte, não que ela estava assim.

_Não vai dar para atravessar com metade da ponte na água..._ Ela argumentou enquanto olhava para a mesma. Realmente ela tinha razão, a ponte era feita de corda, parecia até aquelas dos filmes, mas as cordas do lado direito estavam quebradas, deixando mais de metade dos pequenos degraus submersos.

_Eu tive uma ideia._ Eu informei enquanto me aproximava da beira do rio, colocando um dos pés na corda que segurava os degraus e fiz pressão com o meu peso._ Sabe, se fintarmos as placas de madeira e se nos agarrarmos à corda de cima como se fosse um corrimão...

_Essa corda é mesmo um corrimão._ Jo me corrigiu sorrindo, totalmente feliz por me ter interrompido.

_Podia não ser. Mas pronto, se for um de cada vez talvez dê para chegarmos lá.

_Me desculpa, mas eu não vou por aí. Você já pensou no que acontece se a corda simplesmente se partir?

_Hum, então eu vou._ Eu disse dando de ombros._ Se quiser eu filmo, tiro fotografias e depois você vê, é quase a mesma coisa.

_Não, você não vai... O que é que eu faço se você cair e morrer?_ Ela falou enquanto olhava o chão.

_Bom, eu tenho que concordar com a Rosa, você é um pouco mórbida...

_O que foi? É a verdade... mas você não pode ir sozinho, você nem nadar sabe! E nem diga nada, você apenas finge que sabe, quando na verdade quase se afoga numa poça._ Ela gozou, apesar de tudo aquilo ter um pequeno fundo de verdade. Que foi? Não posso ser perfeito em tudo...

_Mas como você pode ter assim tanta certeza, hum? Você nunca me viu nadando...

_Já vi sim senhora.

_Como? Onde? Quando e porquê?

_Hum, isso agora não interessa... Mas bom, como a gente vai passar? Não há outro caminho? Outra ponte? Que não esteja estragada, de preferência?

_Não, e a gente vai por esta ponte mesmo. Vem cá._ Eu disse enquanto a segurava pela a cintura e a colocava sentada na corda que fazia de corrimão.

_C-Castiel, m-me tira daqui!!!_ Ela disse enquanto segurava os meus ombros com força e olhava para todos os lados apavorada.

_Porquê?_ Eu perguntei enquanto me colocava por cima da outra corda e a empurrava ligeiramente em direção à outra margem.

_C-Castiel, eu tenho medo de altura e de cair..._ Ela explicou totalmente assustada enquanto a sua respiração acelerava. Sem querer eu me desequilibrei um pouco, agarrando a corda rapidamente._ E-Eu vou morrer..! Castiel me tira daqui... me tira daqui... me tira daqui... me tira daqui... me tira daqui... por favor... É sério, se eu morrer você vai ser acusado de homicídio e vai ficar preso durante muito tempo e voc...

_Hey, a gente já passou, pode abrir os olhos e saltar daí._ Jo abriu devagar os olhos enquanto respirava fundo várias vezes, aí olhou para baixo e soltou um pequeno guincho.

_Não vamos voltar por lá, apenas estou avisando...

_Como você tem medo de cair? A ponte não é nada alta...

_Eu já caí de um prédio de três andares, Castiel. A partir daí tudo começa a dar medo...

_Como você simplesmente caí de um terceiro andar?_ Eu perguntei enquanto a acompanhava até a árvore.

_Eu não sei bem o que aconteceu, eu tinha à volta de três anos... eu apenas me lembro de estar caindo e depois de entrar dentro de água. Se o meu vizinho não tivesse colocado a piscina insuflável naquele dia eu nem estaria aqui..._ Ela falou encarando o chão, mas quando se apercebeu que estávamos perto da árvore a sua cara iluminou se._ Sabe, este lugar é meio que sinistro..._ Ela informou olhando em volta.

_Realmente..._ Eu confirmei enquanto também observava. Nunca tinha ido lá perto, mas realmente no era uma coisa muito bonita de se ver. A árvore era enorme, e no ramo mais grosso era possível observar se uma curva, de certeza feita por a corda da forca._ Hum, o que é isto?

_O quê?

_Aquele desenho..._ Eu disse apontando para um desenho pequeno que estava marcado na árvore exatamente no centro do sangue..._ Parece um colar... Sabe, aqueles que tem um pingente? Tenho a certeza que é um colar.

_Acha que pode ser o tal colar de esperança?

_Hum, quem sabe. Seja como for, já devem ser quase duas horas, estou ficando com fome, vamos andando.

_Pela ponte não...._ Ela disse com um ar implorante.

_Eu não sei se há passagem por aqui... é melhor não arriscarmos, a ponte é a melhor opção.

_A melhor opção para cair ao rio e ser arrastado até ao fim...

_Hum, você é teimosa mesmo. Vamos lá andando..._ Ela assentiu.

Fomos caminhando nas margem "subindo" o rio. Jo estava olhando para todos os cantos, com um ar pensativo... Realmente dá que pensar.Não demorou muito tempo até que eu também já estivesse afundado em pensamentos e hipóteses sobre o que teria acontecido...

_Também está pensando na árvore?_ Ela me perguntou.

_Hum hum.

_Está com fome?

_Hum hum.

_Você está me ignorando e não faz a mínima ideia do que eu estou falando, não é?

_Hum hum.

_Você é idiota.

_Hum hum.

_Vou andando.

_Hum? Vai andando? Onde?

_Ah, não é nada. Apenas me inscrevi num programa de acompanhantes e o meu próximo cliente está esperando._ Ela respondeu enquanto caminhava na direção contrária à qual estávamos a andar.

_O quê?!? Do que você está falando?!??_ Ela começou a rindo com cara de gozo enquanto se virava e voltava para perto de mim.

_Eu estava brincando, apenas queria ver se assim você tomava atenção...

_Não brinque com isso, você realmente me assustou...

Ela continuou sorrindo e caminhando animada, desta vez prestando mais atenção ao rio... Até que chegou a uma altura em que ela viu os arbustos por que tínhamos passado para ver o rio... Decidimos continuar a andar esperando ver algum caminho, mas rapidamente nos apercebemos que não seria fácil...

_Você ouviu?_ Jo me perguntou._ O barulho de água..._ Ela começou correndo para o meio de algumas árvores que mais pareciam uma floresta._ Hey, Castiel, venha cá.

Comecei também correndo tentando seguir a direção que ela tinha tomado, mas ela ainda teve de me chamar algumas vezes, pois todas as árvores eram muito parecidas. O que ela me queria mostrar era uma cascata, um monte de pedras enormes empilhadas umas nas outras.

_Já viu? Não há caminho, está tudo cheio de rochas. Temos de voltar para trás... e eu estou cheio de fome._ Eu disse suspirando.

_Há bagas ali ao fundo._ Eu a encarei sério._ Okay... olhe, o milagre da água! Está chovendo!_ Ela disse rindo da própria desgraça.

_Temos de voltar...

_Mas está chovendo a potes!_ Ela informou ainda olhando para o céu.

_Não, não está._ Dá para acreditar que logo após isso começou chovendo como se não houvesse amanhã?

_É melhor irmos andando, não há nada para nos abrigarmos..._ Ela falou enquanto começava a andar pelo sítio de onde tínhamos vindo._ Sabe, eu nunca andei à chuva, posso dizer que até é divertido. Já agora, use a sua jaqueta para se cobrir, já está com o cabelo totalmente encharcado.

_O seu não está melhor, eu te garanto._ Eu aceitei e enquanto o vestia vimos um clarão no céu e logo de seguida um trovão..._ Trovoada... temos de nos despachar..._ Eu disse enquanto começava a correr juntamente com ela. Não foi preciso muito tempo para que chegássemos ao leito do rio de novo, onde já se conseguia ver os tais arbustos de novo.

_Você sabe aquele truque para ver se a trovoada está perto da gente não sabe? Vamos ficar atentos ao próximo._ Não demorou quase tempo nenhum até que a luz aparecesse de novo. Jo começou a contar, mas mal disse "um", um trovão atingiu uma árvore alta a uns dez metros de nós, pegando fogo a esta de seguida, que se foi alastrando pelo resto das plantas..._ Ó Deus... fogo! Fogo mesmo...

_Não é fogo, é um incêndio.