Irreal escrita por Pepper


Capítulo 9
Sonho Finito Final




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Não me orgulharei do que irei contar-lhe.

Detalhes não importam, o importante é a essência da história.

Contei a Caique meu caso de doença terminal. E minha vontade de não me tratar, em suma, a única coisa que se prova verdade era meus sentimentos para com ele. Nas semanas seguintes me sentia mesmo doente, agia como um. Para uma matéria, criar uma doença e ter seus sintomas é truque fácil. Pois não morro de doenças, posso tê-las até um certo ponto, e depois, ela some.

Na última semana, onde eu me encontrava nas cadeiras de rodas, Caique se dedicou a cuidar de mim, o que fazia ser mais difícil minha partida. Eu já estava esquelética, e ele me dava banho. Vomitava, sentia dores... Porém, já não sabia se era da doença, ou do fato de eu ter de viver para sempre com tal peso nas costas, de fazê-lo de enfermeiro, e me fazer amá-lo mais.

Quando parti, fora um momento tão doce quanto se vê nos filmes modernos de hoje em dia. Viamos televisão, um filme de romance. Eu disse o que seria considerado, para ele, minhas últimas palavras:

– Amo você. - E dessa vez, eu não menti.

Ele me olhou com um sorriso fraco, e uma lágrima doce, e sussurrou:

– Também te amo.

Então fechei-me os olhos, e, em tua cabeça ingênua e pura, eu nunca mais os abri novamente. Eu ouvia ele me chacoalhar e gritar meu nome, mas me desligara totalmente daquele corpo para abrir os olhos. Eu só ouvia. E entre gritos e desesperos, ouvi um "Eu te amo" verdadeiro.

Não me emociono fácil, mas nem por isso, sou fria, sem emoções. Claro, nunca havia amado, como amei este nosso fotógrafo. Outrora, fazia-se de lei: Matérias não amam.

Mas, este nosso pequeno sonho, fez-se ouvir, fez-se ver o porquê de matérias não amarem, até então. O humano morre, e não pode ter conhecimento total de que existe uma matéria responsável pelo Amor, não podem ter a quem culpar. A matéria tende sempre a ir embora, não posso ficar com alguém por tanto tempo, já que não envelheço como um ser humano.

Pensas tu, que não paguei por Clarinha saber? Ou por Janaína? Testemunharam elas, mesmo sem saber, a presença de algo Irreal, que não era para estar ali.

Desde a época de Clarinha, até a de Janaína, havia envelhecido uns dez anos. Paguei pelos teus testemunhos. Mas com Caique fora diferente, seria ele a pagar pelo teu testemunho, infeliz amando o próprio Amor.

Confessar-te-hei, cara criança, que minhas filhas nunca hão de me perdoar por tê-las feito existir. Sim, criança, não hei lhe contado antes, para teres um preparo melhor. Mas eu tive filhas, frutos do amor, nasceu a Paixão, obsessão, ilusão e a loucura.

Foram elas castigadas, por existir, pois, como é de saber comum, não há nada pior para uma mãe, ver teus filhos nas mãos frias do sofrer, por simplesmente, terem existidos. Mas, minha cara criança, se ainda não me julgas mal, creio que voltarás para ouvir a história de minhas filhas.


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