Acordei com um leve carinho em meus cabelos e vi minha mãe sorrindo para mim.

–Seja bem vindo de volta meu amor. - ela sussurrou chorando antes de me abraça com cuidado.

–O que houve depois que desmaie? - questionei com a voz rouca ela se afastou de mim para que pudesse me ver.

–Você teve uma parada cardio - respiratória, mas seu pai o reanimou. Assim que você se estabilizou foi para a cirurgia para retirar a bala que passou alguns centímetros perto do seu coração. A cirurgia foi um sucesso, mais você entrou em coma e permaneceu assim por um mês e meio. - ela disse e arfei confuso.

–1 mês e meio?!- sussurrei assustado.

Para mim parecia que não havia se passado tanto tempo. O que havia acontecido com Raina? Será que ela havia ficado ou já estava em Zarah casada com outro? Esses questionamentos começaram a passear em minha mente me deixando nervoso.

–Mãe, onde está Raina? - questionei aflito e ela sorriu amorosa.

–Ela está dormindo, tive que coloca-la para fora a força. Raina não deixou você nem um minuto sozinho, ás vezes eu e seu pai temos que obriga-la a descansar um pouco. - ela disse suave e sorri.

–Isso quer dizer que o que houve não mudou o que ela senti por mim. - disse tranquilo e ela sorriu.

–Sim, mas peça perdão e ouça tudo o que ela quiser dizer, mesmo que seja para gritar com você.

–Tudo bem mamãe.

–Vou chamar o médico para ver você. - ela disse e me deu um beijo antes de sair.

Assim que o médico chegou ele me examinou minuciosamente antes de fazer várias perguntas das quais eu sabia todas as respostas. Depois de uma bateria de exames fui liberado a ir para o meu quarto que estava cheio da minha família.

Meus irmãos me abraçaram sem parar enquanto choravam.

Minhas avós nem se fala, ela foram as que mais choraram quando me viram sorrir.

Meu padrinho Albert fez piada sobre como eu devia evitar “mulheres safadas homicidas” o que fez todos rirem.

Segundo meu pai, Camille foi condenada à prisão perpetua por atentar contra a coroa, já que a pena de morte foi abolida antes de eu nascer. Já sua filha Kayla, foi entregue aos pais de Camille que juraram ao meu pai que cuidariam bem dela, e meu pai lhes prometeu enviar uma pensão para os gastos dela, já que os dois eram aposentados.

Sozinho em meu quarto comecei a pensar no quanto meu egoísmo e falta de juízo causou a todos. Por minha causa uma mulher irá ficar presa pelo resto da vida... Por minha causa uma criança ficou sem a mãe...Por minha causa pais ficaram sem sua filha.

E tudo por causa de uma atração física que quase me matou. Eu era o pior homem da face da terra.

–Enzo? - ouvi Raina chamar entrando em meu quarto e assim que me viu chorando veio correndo até mim.

–Eu sou um monstro Raina. Acabei com a vida de duas pessoas, não mereço estar vivo. - solucei angustiado e ela me abraçou com cuidado enquanto acariciava minhas costas de leve.

–Você não é um monstro, só lutou pelo que achava que era o seu “final feliz”. Ás vezes nos apegamos a algo que não é para nós. Lorenzo, você foi tão vitima quanto Camille, e graças ao que houve a filha dela será amada e educada por duas pessoas de caráter que ensinarão o que é certo e errado para Kayla. Sei que ela será feliz. - Raina sussurrou assim que me ofereceu um copo de agua para que eu me acalmasse. - Agora você precisa se acalmar, não pode ficar nervoso lembra?

–Você tem razão. Raina, me perdoe pelo que fiz. Por toda humilhação e vergonha que você passou na frente de todos, e vou entender se não quiser mais se casar comigo. - disse suave e ela sorriu antes de levantar a sua mão direita para que eu visse o anel de noivado que havia lhe dado de volta ao seu lugar.

–Todo mundo erra, prova de amor maior é saber perdoar quem amamos e eu perdoei você do fundo do meu coração. E não vejo a hora de ser sua esposa. - ela sussurrou amorosa e sorri antes de nos beijarmos matando assim a saudade que sentamos um do outro.

–Isso dói? - Raina questionou com a cabeça apoiada no meu ombro direito.

–Um pouco, mas se eu estiver bem medicado não incomoda muito. – sussurrei olhando em seus olhos antes dela se aconchegar com cuidado em meu peito.

–Tive medo de te perder, não ia aguentar se isso acontecesse. - ela confessou em meu peito e beijei o topo da sua cabeça.

–Eu também tive, mas não vamos pensar nisso. Estou aqui com você e não vou mais sair do seu lado. - prometi suave enquanto encostava meu queixo no topo de sua cabeça.

–É tudo que eu quero.

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Quase não conseguia acreditar que hoje era véspera do meu casamento. Como havia passado tão rápido?! Mesmo estando nervoso estava realizado, afinal iria me casar com a mulher que eu amava.

Estava louco para ver Raina e dizer algo muito importante para ela, além de querer saber como ela estava se sentindo as vésperas do nosso casamento, mas minha mãe e Zunia me proibiram de vê-la, segundo elas daria azar. Tal superstição me fez revirar os olhos.

Esperei que todos estivessem dormindo para ir até o quarto de Raina pelas passagens secretas que raramente eram usadas no palácio, só sabia de sua existência por que sempre gostei de explorar o palácio quando criança.

Sorri assim que vi a luz do abajur ligado e uma Raina adormecida na cama com um livro em seu peito e uma coruja de pelúcia que me deixou intrigado. Devagar coloquei meu violão perto do criado mudo antes de me sentar na cama e acariciar de leve o rosto adormecido de minha noiva.

Raina acordou assustada por sentir meu carinho, mas assim que me viu ela sorriu amável.

–O que você faz aqui? - ela questionou sonolenta se sentando na cama.

–Vim ver você e lhe dizer algo muito importante. - disse pegando meu violão e ela me olhou confusa.

–Que não poderia esperar por amanhã? Se sua mãe ou Zunia pegarem você no meu quarto...- ela sussurrou e revirei os olhos antes de interrompe-la.

–O que é isso? - questionei apontando para a coruja ao seu lado que logo foi escondida por Raina.

–Nada.

–Como nada?! Tenho um palpite de que ela deve ser importante afinal, você não iria dormir grudada nela se não fosse. Apenas, me conte. - pedi suave e ela me olhou temerosa antes de tirar a coruja de trás dos travesseiros.

–Apenas não ria de mim, ou me ache infantil. - Raina pediu abraçada a sua coruja e sorri lhe incentivando a falar. - Essa é a Mel. Zunia disse que minha mãe fez essa coruja pra mim quando estava gravida... E está com a Mel é como se eu estivesse com a minha mãe. Eu sei que é infantil.

–Não é. Isso é lindo e compreensível, afinal você perdeu sua mãe quando era um bebê é normal que se apegue a algo que sua mãe fez para você. - disse compreensível e ela sorriu doce antes de se inclinar para me dá um beijo.

–Obrigada por me entender, mas pra que o violão? - ela questionou confusa assim que nos separamos.

–Ele faz parte daquilo que quero lhe dizer. - disse e Raina me olhou confusa assim que comecei a tocar e a cantar More Than Word do Extreme.

–Enzo...- Raina sussurrou entre lagrimas assim que terminei de tocar.

–Só achei que você precisava saber novamente o quanto te amo, antes de se casar comigo amanhã. - sussurrei e ela sorriu enquanto tirava uma pulseira com um pingente de coração do bolso da minha calça jeans.

–Não precisava, sei o quanto você me ama. E o que é isso?

–Digamos que é seu presente de casamento. - disse colocando a pulseira em seu pulso e Raina sorriu antes de nos beijarmos.

Não demorou muito e voltei para o meu quarto para poder descansar, afinal tinha um compromisso inadiável amanhã.

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–Nervoso? -papai questionou enquanto terminava de colocar todas as medalhas que a farda de gala do exército de Arrundall exigia.

–Apavorado. - sussurrei nervoso e ele sorriu.

–Já passei por isso duas vezes e tudo que tenho a lhe dizer é que...- ele sussurrou e sorriu. - Continuei apavorado e apenas se concentre na entrada da sua noiva, pois garanto que será mágico. Acho que é magico com todos os noivos.

–Obrigado por tudo pai. Você sempre esteve do meu lado, mesmo quando eu não estava certo.

–Não há o que agradecer meu filho, sou seu pai é meu dever estar do seu lado, mesmo quando não estiver certo, por que assim poderei lhe guiar para o caminho certo. - ele sussurrou e eu o abracei forte.

–Eu te amo pai. - sussurrei em seu pescoço.

–Eu também te amo Lorenzo. - papai sussurrou e logo nos afastamos para que ele tirasse uma pequena caixa do bolso do paletó.

–Seu avô me deu essa medalha quando me casei com sua mãe. Era a medalha favorita dele, que ele havia ganhado do seu pai quando se casou com a minha mãe. - ele disse tirando a medalha da caixa antes de colocá-la em meu peito. - Ele queria que eu lembrasse que mesmo que fosse coroado rei de outro país, continuaria sendo filho dele. Continuaria sendo um príncipe de Sophia, e quero que você mantenha isso em mente. Mesmo que você seja o rei, continuará sendo meu filho. E mesmo que você faça algo errado continuarei ao seu lado para lhe mostrar por onde deves ir.

–Não vou esquecer pai. Prometo. - jurei e lhe dei um último abraço antes dele sai e ir até o quarto de Raina.

Raina pediu ao meu pai para que ele a levasse ao altar, já que seu pai se negou a conduzi-la, já o meu pai ficou feliz em entrega-la a mim.

–Tente se acalmar. - mamãe pediu ao meu lado no altar.

–Estou tentando, mas não consigo. Acho que estou tendo uma crise de asma. - sussurrei para a minha mãe que revirou os olhos.

–Não você não está. - ela disse arrumando minhas medalhas em meu traje enquanto falava. - Apenas respire fundo e deixe de ansiedade. Prontinho.

–Por que Raina está demorando tanto? Será que ela desistiu de se casar? - sussurrei angustiado e mamãe revirou os olhos o que me fez rir.

–Você está neurótico igualzinho ao seu pai quando mais novo. Apenas, deixe de paranoia Lorenzo, toda noiva atrasa isso é uma regra geral. - mamãe disse e sorrimos antes dele mudar de assunto. -Sabe, o que vou fazer na minha aposentadoria do trono?

–Não.

–Vou dá uma volta ao mundo com o Edward, principalmente por certas praias de nudismos. - mamãe disse maliciosa antes de dá um sorrisinho cheio de segundas intenções.

–Majestade, está é a casa de Deus. - ouvimos o padre repreender minha mãe que sorriu sem graça.

–Me desculpe padre. - ela disse envergonhada e sorri. Afinal era a primeira vez que via minha mãe sem graça na frente de alguém, por que sempre era o contrário quando se tratava de Madeleine de Monpezat.

Logo começou a tocar a marcha nupcial e respirei fundo antes de destinar minha atenção para a porta da igreja, que logo foi aberta revelando o quanto minha noiva estava linda.

Meu pai tinha razão, a entrada da noiva era simplesmente mágica.

–Espero que vocês dois sejam felizes. - meu pai desejou assim que me entregou Raina.

–Tenho certeza que seremos pai. - sussurrei antes dele ir para o lado da minha mãe.

–Olá estranho. - Raina sussurrou suave e sorri me lembrando da primeira vez em que ela usou esse cumprimento.

–Olá estranha. - sussurrei amoroso e sorrimos antes do padre começar a cerimonia.

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Após o casamento fomos para o palácio de Arrundall recepcionar todos os chefes de estado que vieram prestigiar meu casamento com a princesa de Zarah.

–Quem diria, Lorenzo de Monpezat casado. Isso não se vê todo dia. - Ian brincou e sorrimos enquanto tomávamos champanhe. - Você está feliz Enzo?

–Estou Ian, não consigo me imaginar sem Raina. É estranho como ela se tornou o centro de tudo em minha vida. Mais por outro lado é maravilhoso. - disse e vi minha esposa caminhar em minha direção sorrindo.

–Olá Ian. - ela sorriu cumprimentando meu primo.

–Olá Raina. Bom, eu vou dá uma voltinha pelo salão, parece que a festa promete ser promissora. - ele disse malicioso e revirei os olhos enquanto via meu primo ir para o próximo ataque.

–Queria tanto que ele encontrasse alguém que o fizesse feliz. Que o ame de verdade...Ian merece ser feliz. - disse triste e Raina entrelaçou sua mão minha.

–Não se preocupe amor, tenho fé que esse dia chegará. Agora, será que meu marido poderia me tirar dançar?!- ela pediu e sorriu enquanto a conduzia para a pista de dança.