–Puxa, o almoço dessa tarde está tão animado quanto o café. - Arabella disse assim que percebeu que nossos pais não se falavam e mal se olhavam desde cedo. - O que houve entre vocês?

–Não houve nada. - papai disse suave enquanto revirava a comida no prato.

–Houve sim, você parece chateado e a mamãe está com cara de quem passou a noite toda chorando. - Eric disse sério.

–Não aconteceu nada. - mamãe disse triste enquanto encarava sua comida.

–Eles brigaram e acho que foi por minha causa. - declarei e todos viraram para me ver.

–O que você aprontou Enzo? - Arabella questionou furiosa.

–Seu irmão nada, mas sua mãe tudo. - papai declarou e olhou ressentindo para ela.

–Eu já pedi perdão a você, será que nunca vai entender o que fiz?!- mamãe soluçou nervosa.

–Você não tinha o direito de brincar com a vida de nosso filho dessa forma Madeleine de Monpezat. - papai disse furioso.

–Eu não brinquei Edward, só achei que funcionaria para ele como funcionou para nós.

–Funcionou para nós por que ambos estávamos livres para amarmos e acabamos nos apaixonando um pelo outro. Já com Enzo é diferente. - ele disse serio enquanto olhávamos para os dois sem entender nada.

–É crime querer a felicidade do meu filho?! Sinto que ele irá sofrer Edward, meu instinto materno diz isso. Você é pai dele deveria me apoiar. - mamãe suplicou chorando.

–Não fui pai dele quando você redigiu aquele documento sem me consultar.

–Eu sabia que você não iria me entender Edward. Fiz o que fiz por que julguei certo.

–Não reconheço mais você Madeleine. Essa mulher que está na minha frente não é a mulher por quem me apaixonei. - ele disse incrédulo e chocado.

–Sinto muito se ela desapareceu.

–Eu também sinto. - ele sussurrou com pesar enquanto olhava para ela.

–Alguém pode nos explicar o que está havendo aqui?!- pedi confuso e meu pai suspirou antes de virar para me ver.

–Sua mãe redigiu um documento ontem, depois que você disse que estava gostando de uma plebeia.

–Mãe, o que você fez? - questionei nervoso e ela me olhou seria.

–Fiz um documento no qual você só poderá assumir o trono se casar-se com a princesa de Zarah. Se você se recursar a cumprir o que está escrito no documento, será destituído de seus direitos reais assim como da família real.- ela disse seria e parei de respirar por causa do choque.

–Mãe o que você fez?!- Lyssa sussurrou chocada.

–Mãe, você sempre disse que poderíamos nos casar por amor que não nos obrigaria a nada como você foi, por que fez justamente o que seu pai fez?!- Arabella questionou chocada.

–Passei anos sem entender o porquê do meu pai ter me obrigado a casar com Edward, mas assim que me tornei mãe entendi o real motivo. Ele queria me proteger de aproveitadores que poderiam me usar. Meu pai enxergou em Edward o homem que eu precisava sem ao menos me conhecer direito e ele acertou sua escolha. E eu fui guiada pelo mesmo instinto. Apenas, quero que respeitem minha decisão como mãe, e se não respeitarem apenas obedeçam a lei da rainha de vocês. - ela disse fria e dura.

Aquela mulher nem parecia minha mãe, ela era uma estranha.

–Claro majestade, afinal eles são apenas seus herdeiros e eu sou apenas o rei consorte, ou seja, alguém que tem apenas a função e a obrigação de lhe dá herdeiros para a continuação da casa real de Arrundall. Se me dê licença, vou me retirar. - meu pai disse frio antes de se levantar da cadeira em que estava sentado.

–Edward, amor me desculpe, eu falei sem pensar. E você sabe que eu faço muito isso. - Mamãe pediu se levantando apressada para impedi-lo de sair do salão de jantar. - Você sabe que sempre foi mais do que isso pra mim meu amor. Apenas, me deixe explicar tudo para que você me entenda.

–Não sei mais o que sou para você Madeleine. Acho melhor ficarmos separados por algum tempo. Vou para Sophia cuidar do meu pai que não está muito bem. - papai disse serio enquanto olhava nos olhos de minha mãe.

–Você vai me deixar ?!- ela soluçou com dor enquanto olhava para ele desesperada. - Você deixou de me amar, é isso?!

–Não sei mais o que sinto por você agora Madeleine, o que é estranho. Por que até alguns minutos atrás eu te amava como antes e agora...- ele disse com a voz rouca e respirou fundo antes de continuar. – Preciso de um tempo e quero que você respeite isso, por favor. Agora, com licença.

E sem derramar uma lágrima ou alterar a voz meu pai saiu do salão de cabeça erguida como um verdadeiro príncipe, enquanto minha mãe desabava no chão inconsolável por ter perdido seu amor.