The Scream and The Silence escrita por Aeikin


Capítulo 2
Grite para uma tela repleta de preto


Notas iniciais do capítulo

Oi! Eu gostei muito de escrever esse capítulo. Não sei porque, mas eu mesma consigo ver o toque de suavidade que eu consegui colocar nesse capítulo. Eles são muito complexos, personalidades totalmente distintas. A Soraka me pareceu uma boa fazê-la assim tão persistente, confesso que me baseei em vários e vááários animes onde as personagens são assim. Mas não é que pra ela combina? E acho que na verdade, é a única que consigo colocar. Pra mim, é bem difícil fazê-la, escrever suas ações e seus pensamentos, já que eu tenho uma opinião diferente da dela. Sim, a minha é mais voltada pro lado do Varus. Sabe aquela frase do capítulo anterior...? "São os motores das ações humanas...?" Pois é, eu tenho mania de ver por de trás das ações e sei que não há nada de muito bondoso. Mas, a Soraka não nasceu humana então, eu posso atribuir a qualidade da bonança nela! Então, fiquem com esse capítulo curto, mas aproveitem!



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The Scream and The Silence

Calor. Era isso que Soraka sentiu quando o cachecol vermelho escuro tocou-lhe a face. Em seguida sentiu o cheiro. Um cheiro que a perseguiria daquele momento em diante. Um aroma suave, nenhum pouco marcante, facilmente esquecível. Mas a lembrou da guerra.

Suas lágrimas pararam de escorrer. Sentir aquele cheiro foi como um remédio para o desespero que estava dentro de si. Aquele cheiro ficaria gravado em seus cabelos, roupas e principalmente, em sua memória. A curiosidade se misturou com aquela quente movimentação, e Soraka considerou aquele cheiro sua salvação.

Arrumou o cachecol pela cabeça e pelos cabelos. Pegou impulso e se levantou, encarando Varus com os orbes âmbares intrigados. Depois de longos segundos encarando aqueles olhos brilhantes impenetráveis, ela rompeu uma barreira. Soraka passou os braços finos ao redor da cintura dele e enfiou a cabeça no peitoral nu.

– Eu ainda não consigo entender você! – Ela sentiu o olhar dele sobre si, surpreso com a aproximação. – E-Eu sei que você foi uma boa pessoa e que ainda há vestígios disso aí dentro! Eu... Eu... Eu não consegui ver você nessa escuridão que você se colocou! V-Varus... eu quero te ajudar...

– Por que acha que consegue me ajudar? – Soraka olhou para cima com o frágil brilho em seus olhos dourados intrigando Varus. Pela primeira vez ela conseguiu ver a cor dos olhos de Varus. Eles eram de uma tonalidade branca, quase chegando a ser igual de um cego.

– S-Se eu consigo, eu não sei... – Ela desviou o olhar sentindo-se constrangida. – mas eu quero te ajudar...

– Por quê? – Varus continuava passivo apesar de suas cores voltarem para seu mundo.

Por quê?” “Por que eu não consigo entender o porquê?” “Eu simplesmente quero ajudá-lo... Eu vim para cá só para isso.” “Ele... que perdeu tudo... assim como eu.” Soraka abaixou o olhar e olhou a cintura dele, distanciando-se. – Você não entenderia...

– Vai me ajudar a matar noxianos então? – Varus disse sem mudar seu tom de voz. As cores se exaurindo foram uma pontada da qual ele não podia demonstrar, nem para si.

O mundo voltou a ser preto e branco com aquelas palavras jogadas ao ar. Elas soaram para Soraka como uma ofensa e Varus nada fez para mudar essa opinião. Sua face continuava impassível desde que pisara no templo. Ele sabia que ela não aceitaria, mas também sabia que ela não desistiria tão fácil. Se Varus fosse esperto, ele conseguiria retirá-la daquele templo sem danos psíquicos. Soraka estava começando a se tornar uma pedrinha no sapato, daquelas pequenas que não se dão muita importância. Mas Varus deveria dar.

– Vingança? – Soraka sorriu de canto. – Quer dizimar uma cidade inteira por aquilo que você denomina “justiça”?

Ela não vai desistir.” Varus ficou estático. Seus olhos fitaram Soraka com pergunta feita. Quis matá-la quando disse com aquela arrogância que Varus não conhecia. E ele não tinha a mínima ideia do porque que o desejo de querer matá-la o invadira.

– Diga que não é justo.

– Justo? – Ela defendeu colocando a mão sobre o peito.

– Diga que eles não fizeram o mesmo com Ionia.

– Como você po—

– Cada sangue noxiano é um sangue deturpado. – Ele a interrompeu. - Eles vão pagar pelo o que fizeram. – Sua voz soou passiva, contrária aos pensamentos desconexos que fluíam em sua mente.

– Isso só irá virar um ciclo. – Ela sussurrou e levantou a cabeça. – Apesar de tudo o que fizeram, eles são humanos também, não são? Há famílias lá! Então pare de ser egoísta!

Eu estou sendo egoísta? – Ele tocou-lhe a face rudemente, fazendo-a encarar as pupilas brancas. – Eu protegi a minha vila. Cumpri o meu dever. – O branco se tornou mais forte, mais intenso. – Se eles são ou não são humanos, eu não me importo. Cada um irá morrer.

– Você não protegeu nada! – Ela deu um tapa na mão de Varus. Os olhos daquele lugar ficaram chocados, Soraka mesmo se surpreendeu com seu ato. - Você acha que protegeu! Você protegeu sua corrupção, a única coisa que te restou! Fica vagando pelo mundo, buscando sangue noxiano para suprir esse vazio que há em você! Para suprir esse abismo que você mesmo colocou ao aceitar essa corrupção!

As verdades foram jogadas pelo ar como pó. O corpo inteiro de Varus queimou, e em sua fúria pegou Soraka pelo pescoço e a levantou, olhando as pupilas agora amarelas com raiva. Soraka começou a se contorcer e dizer coisas inaudíveis. Varus apertou o pescoço frágil em sua mão com um pouco de força. Seria fácil matá-la. Mas no momento que sentiu o líquido quente escorrendo pelas costas de sua mão, mas Varus percebeu que algo dentro de si estava desaparecendo. Não eram elas. Elas estavam quietas, mas... Varus a soltou no chão depois de longos segundos agonizantes.

– Você já acabou com a sua lição de moral? – Ele a olhou por cima.

– Você é um monstro. – Soraka disse ofegante. O brilho das pupilas âmbares que Varus conhecia era em preto e branco. Era como uma tela esquecida no tempo.

– Só descobriu isso agora? – Ele se apoiou em seus joelhos como tempos atrás. – Agora suma antes que eu te mate.

Curiosamente, a voz de Varus soou gentil. Talvez fosse porque aquela garota que estava diante de si fosse realmente uma tela esquecida no tempo, e Varus fosse uma tela em branco que também estava perdida e só queria ser preenchida com cores da tonalidade de vermelho. Vermelho sangue. Talvez foi aquele deslize que abriu uma porta para Soraka entrar. Varus apreciou aquela tela esquecida. E Soraka não conseguia odiá-lo, não conseguia o ver como culpado.

Desenrolou o cachecol vermelho escuro de seu pescoço e segurou as extremidades com as duas mãos. Em um movimento rápido, ela enlaçou Varus em seu próprio cachecol, em seu próprio cheiro.

– Eu sei que você não é um monstro. – As cores renasceram com aquele toque singelo. Varus se incomodou com aquela persistência, mas sorriu internamente. Começou a ficar intrigado com as cores indo e vindo como uma gangorra. Ele não queria que elas se perdessem, ele queria tê-las sempre...


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