The Scream and The Silence escrita por Aeikin


Capítulo 1
A tênue linha entre o grito e o silêncio


Notas iniciais do capítulo

A anta aqui colocou como já terminada, e não leu as letrinhas miúdas do final. Então, eu estou aqui postando de novo esse cap, e vou passar o outro pro pc. :~ Notas anteriores: Yay. Eu falei pra Shi que tava fazendo uma fic Varus e Soraka, e eu gostei. Antes eu via o Varus com a Syndra, mas Syndra e Zed é muito melhor! HUEHUEHUEHUE Eu consegui ligar algumas coisas entre os dois, não é um casal impossível, dada a personalidade da Soraka. Já avisando que eu não se se vai ser apenas esse capítulo ou se eu vou continuar a história. Eu gostei bastante, coloquei até umas magia e uns paranaue, mas na boa, eu tinha muita ideia pra uma fic dos dois. Bem, agora vai de vocês... Se vocês querem uma continuação (já que o romance é quase inexistente) ou se tá bom assim e quando eu quiser eu faço outra, talvez até com uma temática diferente. Me respondam! Boa leitura! ♥



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The Scream and The Silence

Naquela noite, enquanto as chamas se espalhavam pelos corpos jogados ao chão daquele vilarejo, Varus olhou as estrelas que marcavam aquele céu claro. Quem dera, ao menos uma vez, conseguir sentir algo além do ódio...

Havia se passado anos após aquela noite sangrenta. Os massacres que presenciara não conseguia mais contar. Suas jornadas, seus destinos, seus passos eram números incontáveis. Viajava por toda Valoran para preencher o buraco em seu peito, o abismo em sua alma. Cada noxiano que passa em seu caminho era um a menos, não importando quem quer que fosse.

Apenas não ia para Noxus. Não mudaria nada se ele morresse no meio de sua vingança. A sua existência, que os cachorros de Noxus menosprezavam, iria trazer a desgraça noxiana. Eles pagariam por cada gota de sangue derramado, por cada corpo sem alma e sem vida que foi estendido no chão como se também não fossem humanos.

Não que Varus não fosse preparado para guerra, mas era fácil imaginá-la, difícil era senti-la em sua própria pele – literalmente. A única coisa que o confortava diante de seu fardo era que Varus era o único que conseguia controlar tal corrupção. Ele fora o escolhido, o honrado por tal ato! Mas é doloroso... A dor não era nada perante a noção de superioridade! Varus mataria todos. Cairiam diante de seus pés como lebres.

Ele viajava por Ionia. Aqueles passos que nunca acabavam, infinitos, incensáveis, faziam um caminho familiar, mas que Varus não conseguia identificar. Aqueles troncos retorcidos um dia já foram uma bela floresta, e ele sabia disso. Só não conseguia se lembrar.

Para ele, tudo era igual: um mundo em preto e branco. As cores, naquela noite, se perderam em meio a sua dor e medo. A paisagem era mórbida, Varus sabia que era outono. A grama estava seca de baixo de seus pés, as folhas que tocava eram murchas e caíam gentilmente, e... um templo apareceu entre a floresta de galhos. “Estão tão quietos.” Varus adentrou os galhos secos e quando cessaram, Varus pode ver o templo por completo.

O coração que Varus acreditava estar dormente acelerou um pouco. “Como não reconheci?” Um vento gelado levou seus cabelos platinados. “Entendi o porquê da calmaria.” Um sorriso indecifrável nasceu nos lábios de Varus. Foi debaixo daquele mesmo céu que ele morrera.

Em meio ao seus devaneios, Varus escutou algo cair dentro do templo. Conseguiu ouvir perfeitamente o som da porcelana rachando contra o piso de mármore, incomum em um templo. Seus olhos se arregalaram e o coração, morto, disparou. “Quem se atreve a profanar esse solo?! Irá se arrepender de ter pisado aqui. O matarei sem hesitar!” Entrou pelos portões enormes com total rapidez. Preparou seu arco, mas ao chegar no salão principal, aquilo que ele não esperava se concretizou.

Varus viu longos cabelos claros se espalhando conforme o vento entrava pela janela. A luz iluminava a garota, seu vestido era no mesmo tom de seus cabelos e ele também era levado por aquele vento frio. Quando se virou, Varus reconheceu o líquido que pingava de seus dedos. Apesar de não ver a cor, ele sentiu o cheiro.

– Quem é você e o que pensa que faz... – Varus olhou o salão em que se encontravam. O poço estava ali. – ... aqui ?

– Desculpe. – A garota falou com uma voz suave. – Precisava de uma peça nesse templo, mas pelo visto... – Ela fez uma cara de dor e olhou para o chão. Varus viu a porcelana estilhaçada.

– Saia já! – Ele andou até ela e ajoelhou-se perante aos cacos. – Não destrua coisas que não lhe pertencem.

– Eu já pedi desculpa... Eu não consegui ver você. – Ela o encarou. Seus cabelos estavam soltos e eram platinados, a pele era um tom meio azul e seus olhos grandes, amarelados. Uma beleza exótica. Pena Varus não ver o jogo de cores.

– É cega? – Ele levantou a cabeça e a olhou por alguns longos segundos. A garota se sentiu constrangida devido a tal ato e desviou o olhar. Varus terminou de juntar os cacos e ficou de pé.

– Por que eu seria? – Ela demorou a lhe responder. Cruzou os braços, e o fitou pelo canto do olho enquanto ele andou até o altar. “Por que eu não o vi?” Ela o analisou. Os cabelos também platinados eram presos por um elástico. Sua pele era meio acinzentada, porém quando chegava nos braços e pernas, ficava com uma camada roxa, revestindo seu corpo todo exceto o peitoral. “Ele é... como eu?” A curiosidade falou mais alto. – Ei... O que aconteceu com você?

– Por que acha que tem o direito de saber? – A voz ecoou pelo templo.

– Eu não consegui ver você chegando! – Ela falou irritada com a arrogância dele. – Não achei que isso tinha dono ou que alguém viria, por isso que eu o derrubei... Me assustei com você chegando...

– Não entendi o porquê de você ainda estar aqui. – Varus falou com uma voz fraca. Encostou-se na parede e sentou-se ao chão.

A garota parou de observá-lo. Sua posição o fazia parecia um ser fraco, mas o modo como ele falava não o fazia ser. Ela sabia que deveria sair daquele templo, mas a curiosidade de não consegui vê-lo atiçava sua mente.

– Me conta o que aconteceu...

– Não. Saia.

– Então me diz o seu nome!

– Não.

– Me fala! – A garota se aproximou dele, agachou-se e tocou-lhe os ombros nus, sacudindo-o.

– EU JÁ DISSE PRA-- Quando Varus abriu os olhos, ele conseguiu vê-las. As cores. Vivas como existiam em sua memória. Encarou olhos âmbares por longos segundos, aquilo era a primeira coisa que via, cintilavam como ouro. “Como...?” A garota abaixou o olhar, e a franja cobriu os olhos.

– Va... rus. – Ela falou com uma voz irreconhecível e sentou em seus próprios pés. “Por que? Por que eu usei essa magia? Por que eu quis ver o passado dele?” Ela se levantou com as pernas bambas. – Me perdoe, senhor. Irei deixá-lo em paz.

Ao dizer isso, deixou uma lágrima rolar e saiu pelos portões. Varus percebeu sua visão ficar preta e branca novamente. Olhou para o poço que anos atrás era lacrado. Vagamente as cores iam se perdendo, se exaurindo como ondas pelo ar. O desespero bateu como uma brisa agressiva, mas um nome apareceu em sua mente para confortá-lo: Soraka.

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O palácio central de Ionia estava sempre calmo. Não era muito agitado desde o fim da guerra, o povo ioniano geralmente era pacifico. Irelia, a capitã da guarda, estava em sua sala, observando sua amiga andando de um lado para o outro, impaciente.

– Soraka, há quantos dias você está nesse mesmo dilema? – A garota parou e a olhou entristecida.

– Eu simplesmente não consigo ignorar a existência dele!

– Você só o viu uma vez! Acha que ele está tão impaciente como você?

– Mas, eu não posso deixá-lo sozi—

– Por que continua sendo ingênua? Um erro já deveria bastar.

– Ele não era mau!

– Sim, Soraka, não era. Eu me lembro daquele templo. Me lembro do povoado. E sabe de uma coisa? Os registros dizem que o vilarejo foi dizimado. Ninguém sobreviveu. Nem o homem que você conheceu. Ele morreu há muitos anos, Soraka.

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Ela não ouvira o conselho de sua amiga. Não quis saber, não quis continuar pensando ou sentindo medo. Soraka deveria apenas encarar, mesmo que isso custasse à ela ir novamente a toca do lobo. Desde que se tornara humana, esses dilemas iam e vinham como o balanço de uma gangorra. Ela entendeu que aqueles eram os motores dos atos humanos, e não contraria sua própria natureza cigana.

Soraka caminhava sozinha, andando para um futuro incerto. Iria para o templo, tinha que dar a liberdade às suas vontades. Se ele não estivesse lá... Soraka usaria seu poder para encontrá-lo. Faria o possível para curar as feridas dele.

No momento em que Soraka pusera seus pés dentro do templo, um arrepio passou pela espinha. Depois, uma sensação nostálgica invadiu a sua mente, ela era branda e indefinida, mas ela não tinha ideia de que aquilo era o início. A nostalgia foi transformada em poucos segundos em um abismo, um arrombo no peito, como se uma cratera se abrisse dentro de si e a fizesse romper com o passado. Ela não se lembrava de nada. O desespero, que foi lentamente aceito, a fez tremer. Fez suas lágrimas rolarem desesperadas e fez seus braços abraçarem o próprio corpo, na tentativa de se acalmar. Porém, a única coisa que Soraka fazia era arranhar a si própria. A cada passo que dava, cada caminho que seguia para dentro do tempo, a deixava entorpecida; com um desejo de algo, com algo travado na garganta. No fundo ela sabia que era um grito.

Foi quando ela viu o poço entreaberto com chamas roxas saindo dele. Ou imaginou ter visto. Era apenas o poço, sem as chamas. Algo dentro de si desabrochou como uma lótus. Esse algo era quente e macio, confortante. Soraka sabia o que era, mas seu desespero não a permitiu ver. No primeiro segundo que colocou a mão sobre a enorme tampa do poço, uma única palavra veio tão rápida em sua mente: esperança. Mas ela se perdeu em sua própria escuridão no segundo seguinte, sentindo o poço pulsar contra sua mão. Um ruído ensurdecedor entrou por seus ouvidos indo até a sua mente em uma melodia desagradável. Aquelas ondas sonoras entraram em seu ser como sua destruição, logo ela pulsava junto com o poço. Soraka tentava em vão tampar o ouvindo, tentando escapar daquela corrosão de si mesma. Seu desespero chegou ao ápice quando sentiu algo gélido subir por sua perna, deixando-a quente depois.

Mas tudo parou quando Varus tocou-lhe o queixo, a fazendo encarar aquelas pupilas platinadas.

– Gostou do que viu no meu passado? – Sua voz soou irônica. Os olhos âmbares de Soraka extasiados e perdidos, tentavam entender o tudo que estava dentro do olhar de Varus.

– Isso foi uma ilusão...? – Ela sussurrou para si mesma, ouvindo a sua voz que estava morta até agora pouco.

– Hm? – Ele soltou seu rosto e Soraka caiu no chão com suas pernas bambas. – Não sei que tipo de poder você tem, mas não subestime essa corrupção.

– EU NUNCA SAI DO CONTROLE! – Ela berrou enquanto as lágrimas voltavam a escorrer, porém dessa vez de humilhação. – QUEM É VOCÊ? POR QUE ME FEZ ISSO?

– Foi apenas uma recordação. – Ele sorriu e dobrou uma perna, ficando um pouco mais perto. – Elas me falaram... o que fizeram com você. Você apenas reviveu o que aconteceu comigo anos atrás. Você sentiu a minha morte na pele.

– Eu só queria te ajudar... – Ela tentou se levantar, porém encarou o chão. – Eu... – Tomou coragem e o olhou nos olhos. – só queria curar você!

– Tola. – O sorriso de Varus aumentou. Ele arrancou o cachecol vinho que usava e jogou na cabeça dela. – Há coisas que você nunca irá alcançar. Eu sou uma delas.


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