Advertência escrita por Fernando Cabral


Capítulo 10
Capítulo 10 — Ailã


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo semanal!
Espero que curtam!



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Alguém bateu à porta.

Ailã teve certeza de que era a garota que havia ligado. Se arrependeu de não ter dado um jeito de descobrir o nome dela pelo telefone. Estava sozinha em casa e esperava que a mãe ou a avó de Jessyca não voltasse tão cedo para casa. Por algum motivo, não sentia que as mulheres faziam parte de sua família, mas sim da outra. Ela, Ailã, não era essa tal de Jessyca.

Abriu a porta e a outra garota já entrou falando.

— Você vai achar que eu estou louca, Jessyca, mas você é minha melhor amiga. Não tenho mais pra quem contar nada.

Ailã, que, mesmo antes de abrir a porta, já tinha decidido terminar a conversa o mais rápido possível, se surpreendeu.

A menina que entrou na casa de Jessyca era a mesma que frequentava sua sala de aula. Lembrava, por um vislumbre, talvez da memória partilhada com Jessyca, de seu rosto, mas seu nome não lhe era acessível. O que Ailã não sabia era da estranha força que a garota trazia consigo.

Percebeu que nunca tinha encontrado com ela pessoalmente, por isso nunca fora afetada por sua presença.

Tinha que dar uma resposta. Estava parada tempo demais. A amiga de Jessyca a encarava.

— Você não pode contar pra sua mãe? — foi a primeira coisa que veio à sua cabeça.

— Tá maluca? O máximo que eu poderia fazer seria contar pra minha irmã, mas ela diria que eu sempre fui retardada e que eu provavelmente estaria ouvindo histórias de terror demais.

Ailã, em seus poucos dias de vida, não tinha passado por nenhuma pessoa que causasse tal sensação em si. Era como se a garota estivesse cercada por pessoas, mas apenas ideias de pessoas. Borrões. E a energia que emanava era incrivelmente atraente.

— Fala logo então! — disse Ailã, se surpreendendo com a própria excitação na voz. Até segundos atrás a garota não era ninguém e de repente se tornara a pessoa mais interessante ali.

A menina se sentou no duro sofá de madeira e pediu para que Ailã se sentasse a seu lado.

— Vou ser bem direta — disse. — Quero entrar para o grupo de pessoas que pretendem sair de Pyr. Quero conhecer a Grande Floresta, e estou me sentindo presa aqui dentro da Pirâmide.

Ailã quase não conseguiu esconder um sorriso. Isso era perfeito.

— Vou ser sincera com você. Eu também quero sair.

— Jura?! Que bom! — A amiga de Jessyca abraçou Ailã, que não sabia o que fazer, então ficou parada.

— Só não sei ainda como fazer isso — disse, enfim.

— Temos primeiro que ficar de olho no que vai dar essa manifestação de hoje. Eu acredito que os arquitetos vão dar algum jeito de liberar pelo menos algumas pessoas.

Nesse momento, os alto-falantes de Pyr ressoaram com uma mensagem:

 

Atenção, todos os moradores. Atenção todos os moradores. Dentro de cinco minutos será feito um pronunciamento oficial. Peço para que todos sintonizem seus rádios na Estação Principal.

 

As garotas ouviram com atenção o texto, que ficou sendo repetido por volta de três minutos. A amiga de Jessyca pediu licença e ligou o rádio da sala do apartamento.

— Espero que não seja nada de ruim — disse, enquanto voltava a sentar no sofá, com a mão direita sobre o peito.

Esperaram caladas o tempo no qual a rádio permaneceu calada, soando apenas estática. Até que, com uma vinheta de entrada, um dos arquitetos de Pyr tomou a palavra:

 

“Boa tarde, aqui quem fala é Arthur, o Arquiteto chefe de Pyr.

Devido à grande manifestação que ocorre hoje em todos os andares de Pyr, principalmente no primeiro, nós, arquitetos, fizemos uma reunião de emergência. Decidimos ouvir a população e percebemos que proibir a saída de Pyr seria o mesmo que manter vocês em cárcere privado, em cativeiro.

Pedimos paciência a todos, pois ainda nos preocupamos com o futuro de nossa espécie, e com as defesas da Pirâmide, por isso, vamos enviar um grupo de voluntários que sairá à frente, para fazer um reconhecimento do perímetro ao redor de Pyr, e voltar com mapas e informações que poderão ajudar àqueles que quiserem se separar de nós.

Amanhã, ao meio-dia, na Biblioteca Central, faremos o cadastro para a seleção dos voluntários.

Agradeço a todos pela atenção.”

 

A rádio voltou a emitir o som de estática, e as duas meninas se encararam.

 


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Notas finais do capítulo

E aí, está gostando da história?
A caixa de comentários está sempre aberta. Fique à vontade!
Até a semana que vem!



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