Novembro acabou sem muitos problemas.Entretanto,Thomas continuava no hospital.Eu sempre que podia visitava ele,e tomava conta dele também.Thomas fraturou a perna,teve alguns ferimentos na cabeça e na região do estômago.Nada muito grave.Porém,ele precisa recuperar as suas fraturas,já que mal consegue andar.

Eu e o Pattrick começamos a nos comunicar mais.Ele me ligava com mais frequência,e volta e meia se lembrava de perguntar do Thomas.

Emily já tem 9 meses,e ela e Michael aguardam ansiosos pela chegada do bebê.Nos finais de semanas,saímos e compramos algo para o bebê,ou apenas ficamos na casa dos meus pais,conversando.Minha vida está ocorrendo normalmente,e estou em um domingo frio,início de dezembro,ao lado de Emily.Michael foi sair com os amigos para se divertir,e já são 21h30min.

Conversei com Emily sobre alguns assuntos de alguns programas de TV,quando saí para pegar alguma coisa na geladeira e ouvi uns gemidos da Emily na cozinha.Do nada ela começou a gritar.

– EMILY,O QUE FOI? - eu gritava enquanto corria até ela.

– Ai...aiaiai...a bolsa estourou - Emily dizia em meio aos gritos.

– Merda...tenho que ligar para o Michael. - corri para o telefone,digitei o número dele rapidamente e liguei.Nada.Liguei novamente.Nada.

Os gritos de Emily ficaram ainda mais intensos quando liguei para os meus pais.Nada.Liguei até para o Pattrick,mas não atendeu.

Droga,agora que eu mais preciso deles...– Comecei a pensar - o jeito é me virar sozinha.

– Michael está chegando? - Me perguntou Emily,vendo a minha aflição.

– Não atende.

– Papai ou a mamãe?

– Também não.

– Droga...e agora? - dizia ela,em meio à uma careta de dor.

– Emily,seguinte.Ainda tem o seu carro,né?

– Tenho...

– Vamos lá.

– Mas eu não posso dirigir.

– Mas eu não disse que você iria dirigir.

– Alice,você não tirou carteira,mal sabe dirigir.

– É o jeito,cara.

Ajudei Emily,que usava um pijama ainda,e mantinha os cabelos bagunçados, a se levantar,e a levei até a rua,onde estava estacionado o carro.Deitei ela no banco de trás,e entrei no lado do motorista.Observei tudo atentamente.

– Hmm...acho que é aqui que liga - coloquei a chave na ignição - É,aqui liga mesmo.

E,em meio aos gritos de Emily,eu dirigia pela cidade de Kitty Hawk,dirigindo tão mal quanto um bêbado.Cheguei no hospital,estacionando de uma forma torta e sem jeito na entrada,e saí rapidamente.Ajudei Emily a sair,que chorava em meio à tanta dor,e a levei até a entrada do hospital.

Muitos enfermeiros olhavam para nós duas assustados.No meio deles,a mesma mulher que me atendeu no dia em que fui ver Thomas,uma senhora de 40 anos com os cabelos negros e olhos escuros,perguntou o que estava acontecendo.

– Minha irmã...a bolsa dela estourou... - foi apenas uma questão de tempo para que a mulher mandasse um dos espectadores da cena buscarem uma maca,onde deitaram Emily e a levaram para a sala onde ela teria o bebê.Eu os segui rapidamente,apertando a mão de Emily.

O parto iniciou,depois de tantos problemas.Segurei a mão de Emily o tempo todo,enquanto ela gritava e suava,fazendo caretas de dor.Não conseguia mais diferenciar o suor dela de suas lágrimas.Incentivei-a a não desistir o tempo todo,até que a sala foi inundada pelos choros de uma criança.Quando o médico gritou 'É uma menina!' ,vi Emily suspirar de alívio,com uma expressão de vitória no seu rosto.

Fui uma das primeiras a segurar Lily em meus braços ; a garota era pequena,e tinha os cabelos loiros e olhos azuis,idêntica à sua mãe.Levei-a para Emily,que começou a chorar quando a viu.Sorri com a situação e resolvi deixar as duas sozinhas.Assim que eu saí da sala,vi que tinha inúmeras chamadas não-atendidas,todas de Michael.Liguei para ele.

– Alô,Alice?Algum problema?

– Lily nasceu.

– O QUÊ?

– Lily nasceu.A bolsa de Emily estourou quando eu liguei.

– Meu Deus...elas estão bem?

– Sim.Emily está a sós com a filha dela agora.

– Chego aí em cinco minutos.– E desligou.

E foi exatamente cinco minutos depois que Michael apareceu,acompanhado da mamãe e do papai.Atrás deles,pude perceber Pattrick também.Abracei cada um deles e contei do ocorrido; todos escutaram em silêncio.Depois,Michael,mamãe e papai foram até o quarto de Emily para vê-la,junto da criança.Pattrick ficou ali e me abraçou.

– Você foi corajosa,parabéns. - Ele sorriu.

– Eu não poderia abandonar minha irmã naquele momento.

– Você merece um parabéns por isso,Alice.Pense que,daqui a alguns anos,será você quem precisará da ajuda de Emily - Pattrick sorriu,e eu automaticamente sorri também,imaginando a cena.

Ficamos ali abraçados.