_Sério mesmo que vai ficar esse clima péssimo entre a gente? – León perguntou quebrando o silêncio e acariciando minha bochecha com a palma de sua mão. – Não quis ser grosso nem nada amor, só quis falar o que eu achava que era mais certo.

_Tudo bem León. – falei ainda sem olhá-lo.

_Olha pra mim. – disse erguendo o meu queixo. – Eu te amo... – sussurrou beijando minha testa.

Sorri de canto e ele me abraçou apertado.

***

_Cinco seis, sete, oito... – Priscila falava alto enquanto eu e as outras garotas dançávamos sincronizadas.

– Carmem, mais alto. – ela dizia para a garota que havia acabado de entrar no nosso grupo. – Muito bem Fernanda, assim está ótima.

A música cessou e minha respiração se encontrava descontrolada. Enquanto uma fina camada de suar descia por minha face. Eu nunca tinha dançado tanto em minha vida, ainda mais com tanta disciplina.

Escutei o som de palmas vindo do lugar do público, e lá estava León com um sorriso magnífico nos lábios. Só havia ele ali, Francesca estava estudando com um grupo de amigos da nossa sala. Dei um sorriso tímido, eu não tinha notado a presença dele ali.

_Minhas meninas... Estavam lindas. – Henrique disse com um sorriso satisfeito nos lábios. – Seria uma pena se existisse uma competição, os outros grupos ficariam tontos com o talento de vocês. As meninas riram, e eu estava tão cansada, que nem pude rir juntamente a elas.

Fui para o vestiário e tomei um banho. Por mais que a água de lá fosse gelada, eu necessitava ficar bem cheirosinha. Não me perdoaria se o León me visse toda suada e descabelada, seria ridicularizada.

¨¨

­­­­­­­­­_Acho que não preciso dizer o quanto você estava maravilhosa. – León disse me dando um rápido selinho. Sorri com o elogio. Era rara as vezes que ele ia me ver no auditório, e acho que já mencionei isso algumas vezes.

_Obrigada por me assistir. – falei sorrindo contente.

_Que isso... Você sabe que eu adoro ver você dançando, e gosto mais ainda de te ver naquela roupa, você fica tão... – o interrompi, ele falaria alguma besteira certamente, e eu me constrangeria.

_Amor – ri sem graça. – Eu já entendi.

Por Francesca *

Eu estava na biblioteca com o Ben, Erick e a Yasmim, que por sinal não estava falando comigo normalmente, por conta do ciúme irracional que sentia do Ben. Não a culpo, mas é só um garoto como o outro não precisa ter toda essa obsessão.

_Que tal tomarmos um suco? – Erick propôs enquanto eu fechava o livro de biologia. Nós estávamos estudando há duas horas sem pausa nenhuma. – Só para refrescar um pouco. E... Eu odeio biologia. – rimos.

_Eu apoio. – concordei guardando o livro na mochila. – Mas depois vamos estudar para química, tirei B na prova passada.

_E tá reclamando do que? – Ben perguntou rindo. – Eu tirei D e não estou nem aí. Você é muito nerd Fran.

_Desculpa “senhor nota baixa”, mas eu me importo com os meus estudos. – falei levantando-me da cadeira.

_Ah Claro, senhorita. – disse se levantando também.

_Gente, eu não vou poder ficar a tarde inteira com vocês, então a gente tem que agilizar esse processo de estudar. – falei olhando no relógio de pulso que Marco havia me dado semana passada.

_O que você vai fazer de tão importante que vai deixar os estudos de lado? – Ben perguntou guardando seus livros.

_Não vou deixar os estudos, bobão. Vou apenas ajudar a Vilu em matemática, ela é péssima coitadinha. – falei rindo e eles me acompanharam. Mas era verdade, Violetta era assumida em tirar nota abaixo de D em matemática.

_Se é assim então tá.

Saímos da biblioteca, que por sorte Matilde não estava lá, então podemos ficar conversando sem ter que sussurrar às coisas.

Fomos até a lanchonete que vendia sucos incríveis. E o Erick disse que ia pagar pra todo mundo. Ainda bem, porque aqueles preços eram um roubo, ainda mais em dólar. Era ridículo.

_Suco do que pessoal? – Erick perguntou.

_Quero de abacaxi. – respondi.

_O mesmo que a Fran. – Ben respondeu. – E você Yas, vai querer do que?

_Nenhum. – respondeu curta e um pouquinho de nada grossa. Olhei para Erick que também não entendia aquela mudança repentina da Yasmim. Ela era louca.

Meu celular começou a tocar e eu rapidamente o peguei dentro do bolso da minha calça jeans. Ele fazia um som escandaloso se querem saber. Olhei no visor e pude ver que era a Violetta.

_Alô? – atendi e Ben me entregou o suco de laranja, sussurrei um: “obrigada”.

_Alô, e aí magrela. – tá, não era a Violetta, era o León. – Tudo bem com você?

_Magrela nada seu ridículo. – falei dando um gole no suco e escutei León rir do outro lado. – Estou ótima. Por que me ligou?

_Ah é... Então, vou pegar um cinema com a Vilu hoje as nove. Vim perguntar se você e o Marco querem ir com a gente. E já to avisando que vou dormir no dormitório de vocês hoje.

_Ah, ok. Eu vou sim, só vou mandar uma mensagem para o Marco, e aí nós nos vemos mais tarde. – falei e ele respondeu um “ok” do outro lado.

Desliguei o celular, e continuei a beber meu suco. Ben e Erick começaram uma conversa super desnecessária sobre basquete. Eu até conversaria com a Yas, mas ela estava com a cara muito mal-humorada para o meu gosto.

_Você não sabem falar de outra coisa? – perguntei mexendo no celular e vendo minhas mensagens.

_Do que você quer que a gente fale “senhorita nota alta”? – Ben perguntou irônico e eu lhe mostrei a língua. – Sobre a novela que passa no período das cinco? Ok... Aquele Victor é um idiota, a Liliane estava lá toda pronta pra aceitar ao pedido de namoro, e aquele babaca beijou outra.

_Ben?! Você assiste à novela?! – perguntei dando gargalhadas. – Nem eu assisto a essa porcaria. – continuei e Erick começou a rir.

_Olha aqui, eu só assisti uma ou duas vezes ok? – disse se levantando e vindo em minha direção enquanto eu ria.

_Ben, eu to indo embora ok? – Yasmim disse se levantando, ela nem tinha terminado o suco ainda. – Obrigada por pagar Erick. – agradeceu. – Tchau Francesca. – disse sem ao menos olhar para mim. – Te espero mais tarde. – falou para o Ben.

_Bom, mas assistiu. – voltei ao assunto assim que aquela chatinha saiu. – E bom, você tá parecendo uma mulherzinha, sinceramente eu duvido da sua sexualidade. – eu e Erick rimos da careta que ele fez.

_Duvida é? – perguntou se aproximando de mim.

_Claro que duvido. – falei lhe jogando um olhar desafiador. Na brincadeira, claro.

E tudo aconteceu muito rápido. Antes que eu me dessa conta, meu copo de suco foi parar ao chão, devido ao grande susto que eu levei quando senti os lábios de Ben nos meus. De imediato eu parecia uma pedra, não me movia em nenhuma circunstância.

_Francesca!

Uma voz muito familiar chamou meu nome, e eu empurrei Ben automaticamente. Olhei para o lado e pude ver Marco com a cara confusa e totalmente vermelho, por raiva? Mas nem deu tempo de eu retribuir o beijo do garoto. Foi muito rápido. Mas o que o Marco fazia aqui esse horário? Eu nem tinha mandado mensagem para ele ainda.

_Marco. – fui até ele, e o mesmo cruzou os braços.

_O que foi isso? – perguntou cerrando as pálpebras e murmurando as palavras lentamente. – Você me deve ótimas explicações.

Eu nunca havia beijado outro garoto sem ser o Marco. Nem um selinho que seja. Estávamos a três anos juntos, e tudo que eu queria era passar o resto de minha vida ao lado dele, porque eu o amava muito.

Mas sabe, por mais que eu não tenha retribuído aquele beijo, senti algumas coisas esquisitas. Talvez pelo fato dele ser o segundo menino que me beija, e eu posso estar me confundindo um pouquinho.

_Eu e o... Ben, nó estávamos conversando, e ele agiu por impulso, não foi nada de mais. – falei desesperada vendo o olhar mortal de Marco para o Ben que nos olhava assustadíssimo por sinal.

_Ótimo, então quando eu for bater nesse canalha, pode deixar que a minha explicação, vai ser que eu agi por impulso. – disse levantando as mangas da blusa que estava usando.

_Marco não. – falei pondo as mãos no peito dele. – Não faça isso. Você jamais brigou por uma coisa tão idiota. – falei brava.

_Coisa idiota?! – perguntou rindo irônico, e eu odeio quando ele ficar irônico do nada. – Eu vejo a minha namorada beijando outro cara, e isso é idiotice minha?! Faça mil favores né Francesca!

_Marco! – gritei ofendida.

_Não tem mais Marco, é isso. Defenda esse seu amiguinho aí. – disse me dando as costas. – Não me procure.

Automaticamente liberei as lágrimas que estavam presas. Os soluços também vieram me perturbar e eu fui até o Ben, com toda a raiva que existia no mundo. Ele me olhava assustado, temendo que eu fizesse algo.

_Você destruiu meu relacionamento! – acusei-o, estapeando-o.

_Hey Fran, calma. – Erick me segurou. – Não vai adiantar brigar agora little angel.