Amor Contratado escrita por Julia


Capítulo 7
Conhecendo a família - Parte I


Notas iniciais do capítulo

HOJE É UM NOVO DIA, DE UM NOVO TEMPO QUE... Ops. Musica errada.

FELIZ CARNAVAL MEUS AMORES! Espero que vocês aproveitem muito esse feriadão assim como eu pretendo rç.

Dessa vez, tenho realmente uma desculpa para a demora do capitulo ~milagre. O meu computador resolveu que não queria mais viver e simplesmente apagou, morreu, deu pau. Quase tive um treco já que metade do capitulo já estava pronto e se eu perdesse aquilo, iria me cortar com uma faquinha de plastico.

Felizmente, após algumas semanas, ele foi para o técnico e voltou a funcionar. O melhor? Estava tudo salvo e lindamente lá ainda. Vamos chorar de alegria.

Enfim, esse capitulo ficou enorme e nem acredito que fiz quase 5.000 palavras. Aos que não gostam de capítulos tão grandes como esse, me desculpem, eu me empolguei um pouco quando estava escrevendo [mesmo que essa seja só a primeira parte, já que eu vou dividir em dois].

Vocês tinham muitas expectativas para esse capítulo e espero que eu tenha conseguido atender ao que tinham imaginado, se não, me desculpem mesmo. Tentei fazer o meu melhor.

Enjoy!



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__Já decidiu o que você vai fazer? – Will me perguntou pela terceira vez naquela manhã enquanto atirava nos pixels que apareciam na tela do Xbox.

__Não mesmo, não consigo nem pensar em encarar a família dele e meu corpo já reage de um jeito nada agradável – Comentei, tentando manter meus soldados intactos diante dos tiros que vinham de todas as direções.

__Você sempre teve uma pequena inclinação a exagerar quando o relacionamento começa ficar sério Kate. Pare com isso, ele parece ser uma cara legal. E que gosta de você ao que tudo indica, já que ignorou Judy como se ela não fosse ninguém. E isso é meio que raro. Não que eu esteja reclamando, é claro.

Eu ri com aquilo, mas uma vozinha irritante em minha cabeça começou a me incomodar. Kyle tinha sim ignorado Judy, mas o que Will não sabia é que ele fazia isso com todas as garotas. Por ser simplesmente ingênuo demais, eu acho.

Era até bizarro tentar imaginar o mundo aos olhos dele. Em sua visão, elas seriam algo como, sei lá... Criancinhas.

Pobre Finnigan.

Ouvi a campainha tocar e pausei o jogo, ouvindo um resmungo de Will enquanto ele tirava aquelas pernas enormes da mesinha de centro, me dando passagem até a porta.

Antes que eu pudesse registrar o que estava acontecendo, ao abrir a porta, braços e cabelos ruivos tamparam totalmente meu campo de visão e o ar começou a sair de meus pulmões mais rápido do que o normal enquanto uma voz estridente ecoava em meus ouvidos.

__Kate! Não acredito que você vai conhecer os pais do seu namorado! Isso é demais! SUPER DEMAIS! Estágio avançado do relacionamento. Temos que comemorar!

__Judy... você tá... me... sufocando – Falei, dando batidinhas em suas costas para evidenciar o que eu dizia. Ela logo me largou – sem pedir desculpas, aliás – e foi saltitante até Will, que se encontrava relaxado e suas pernas novamente esticadas na mesinha de centro.

Infelizmente, ela não percebeu aquele fato –não me perguntem como, as pernas de Will são dois postes – o que, levando em conta todos aqueles pulinhos escrotos, resultou em um tombo que seria fatal se o loiro não a tivesse puxado pela cintura e feito seu corpo minúsculo cair em toda aquela tentação de músculos devidamente tatuados.

Tão clichê.

Clichê ao ponto de me fazer revirar os olhos enquanto um sorrisinho sacana brotava nos lábios de Will sem que minha amiga – corada até a raiz dos cabelos- percebesse.

Bem, era como eu havia dito; ele já tinha desistido de tentar alguma coisa, porém, não queria dizer que não aproveitaria todas essas... Pequenas chances.

Cafajeste, eu sei. Mas Will Knight era o que era; ele tinha mesmo todas aquelas tatuagens por um motivo. Pegador assumido antes de conhecer minha doce amiga Judy, a única coisa em contraste com toda aquela aura de bad boy supremo.

O resto? Era tudo o que boatos falavam. Cá entre nós, eu tinha aprendido com o melhor.

__O-Obrigada – A Winston falou, se afastando corada enquanto Will tentava disfarçar o sorriso.

__Sem problemas. Você está bem?

Ela apenas acenou com a cabeça, enquanto fazia uma cortina com os cabelos ruivos em volta do rosto para esconder a vergonha. Knight apenas pôs as mãos atrás da nuca, acostumado com a reação.

__Kate, você não deveria já estar, sei lá, arrumando a sua mala? – Ele disse enquanto Judy saia do jogo e buscava algum canal de desenhos para assistir.

Dei um gemido em protesto.

__Quero evitar isso tanto quanto possível.

Ele riu da minha cara e se levantou, me empurrando até meu quarto. Sem permissão, pegou minha mala, abriu meu guarda roupa e de lá, tirou metade das roupas penduradas, jogando na cama logo em seguida.

__Já sabe o que fazer não é?

Mostrei meu belo dedo do meio a ele que riu despreocupado, indo em direção até a sala novamente e me deixando com uma penca de roupas para socar naquela coisa minúscula.

Ótimo mesmo.

[...]

Depois de pedir comida japonesa e Will quebrar uns três daqueles hashis que eram usados para, basicamente, deixar metade da comida cair na sua roupa; o bando de bocós que eu chamava de amigos finalmente tinha ido embora e agora, sozinha no apartamento, eu começava a criar cenários sobre o que aconteceria na casa dos pais do meu falso namorado.

Nenhum pensamento era agradável. Kyle havia me dito que teria mais atitude na frente da família, até porque queria mudar a imagem que tinham dele; ou seja, ele seria aquele Kyle Finnigan. E eu ainda não estava preparada o suficiente para aquilo.

Esticada no sofá, com os pés no encosto e a cabeça caída para baixo, eu sentia o sangue fluir mas não conseguia pensar em uma alternativa onde eu escapasse daquilo tudo sem arrependimentos.

O som familiar da campainha me fez levar um susto e levantar a cabeça com rapidez. A dor em minha testa estava se espalhando rapidamente e soltei umas palavras nada delicadas para uma dama como eu.

Droga de mesinha de centro, estava perto demais.

Abri a porta com raiva e xingando metade do mundo, até que meu cérebro parou de processar qualquer pensamento que estivesse passando pela minha mente.

Kyle estava... Gostoso.

Muito gostoso.

Encostado no batente da porta, sua cabeça subiu o suficiente para eu ter um ataque cardíaco. Não conseguia ver seus olhos já que estavam cobertos por um Ray-Ban preto, que por sinal, combinava perfeitamente com a blusa preta justa que marcava todos os músculos de seu corpo; a calça jeans escura estava caída na cintura e seus coturnos beges me faziam lembrar um militar pronto para combate. Sem contar é claro, o fato de estar segurando a jaqueta de couro com os dedos, a apoiando em seus ombros largos.

Finnigan estava, para não dizer outra coisa, um perfeito bad boy. O sorriso de canto que emoldurava seu rosto era quase canalha e uma das mãos no bolso evidenciava uma postura completamente relaxada.

Se alguém da família de Kyle achasse que ele era gay, até o final da semana, ela tinha sérios distúrbios psicológicos.

__Oi – Sua voz rouca se fez presente e, quando ele tirou os óculos – do jeito mais sexy humanamente possível - percebi que estava diante daquele Kyle Finnigan.

Que grande droga.

__O-Oi.

__O que aconteceu com a sua cabeça? – Ignorando minha voz de quem tinha acabado de morrer e voltar a vida, um vinco se formou em sua testa e seus olhos voltaram a ficar com o tom normal de castanho, cheios de preocupação.

Minha mão foi inconsciente até o local da batida e senti arder quando coloquei meus dedos no que pareceu ser um corte pequeno.

__E-Eu bati naquela mesinha – Apontei para o objeto de um jeito meio idiota, como uma criança pequena explicando para a mãe o porquê do machucado. Não me culpem, Kyle estava realmente estonteante com aquela roupa.

Ele revirou os olhos e soltou um suspiro que claramente indicava um “você não tem jeito mesmo”.

Deixei que ele entrasse no apartamento e fui buscar minha mala, procurando alguma coisa em minha mente que o fizesse desistir e ligar para os pais avisando que o encontro seria cancelado.

Para a minha infelicidade- e muito provável alegria dele-, nada de útil apareceu.

Ouvi passos e percebi que não tinha notado que o dito cujo me seguia até que ele estivesse fuçando as gavetas do meu banheiro.

__Que droga você está fazendo aí Finnigan?

Ignorando completamente a minha pergunta, veio até onde eu me encontrava e me puxou pelo braço com impaciência até a pia do banheiro me deixando de frente para seu corpo musculoso.

Eu estava prestes a perguntar o que estava acontecendo novamente, quando notei um pequeno band-aid em sua mão.

__Ah, eu não preciso disso. Sério mesmo, estou legal.

Tentei me mexer mas para a minha surpresa, Kyle segurou minha cintura e a ergueu, me deixando sentada no mármore frio, para logo depois ficar entre minhas pernas no intuito de que eu não fugisse.

__Apenas fique quieta – Aquela voz rouca, tão perto do meu rosto, fez um arrepio atravessar minha espinha e fiquei imóvel automaticamente.

Suas mãos levaram o band-aid até a minha testa e com a aproximação, o perfume amadeirado que ele usava fez minha sanidade ir para o espaço. Sua boca estava entreaberta e os olhos concentrados; eu não iria aguentar muito tempo olhar para aqueles lábios e não fazer absolutamente nada.

Quando senti que ele havia acabado, pulei para o chão tentando terminar com aquela tortura, porém, fiquei ainda mais próxima de Finnigan e apenas uma linha fina separava nossos corpos agora. Ele teve que abaixar a cabeça para me olhar ao passo de que eu levantava a minha, o encarando e vendo minha boca refletida em seus olhos.

Por alguns segundos, ficamos daquela maneira: Kyle olhando para meus lábios e eu encarando aquele mar castanho. Suspirei irritada quando ele piscou rapidamente e se afastou de mim como se eu fosse alguma coisa contagiosa, suas bochechas começando a atingir um tom familiar de vermelho.

Irritada com a reação, falei a primeira coisa que veio em minha mente naquele momento.

__Você sabe que vamos ter que nos beijar, não é Finnigan?!

__O-O que? – Ele perguntou, agora realmente envergonhado, olhando para todos os lados exceto para o meu rosto.

__Ah, por favor!

Sai de lá bufando e marchando furiosamente em busca da minha mala. Não sabia o porquê de estar tão frustrada com aquilo. Era exatamente o que eu precisava: Sem sentimentos.

Então porque eu estava com vontade de arrancar a cabeça de um certo Hulk?

Kyle passou por mim como se nada tivesse acontecido, mas ainda podia se ver as bochechas coradas.

Soquei mais algumas coisas dentro da mala com fúria e comecei a sentar na mesma para ver se conseguia fechar aquela joça. Ouvi a risada de Finnigan - que me olhava como se eu fosse uma piada hilária- e me virei com ódio no olhar em sua direção. Ele ignorou minha reação com facilidade, vindo até onde eu me encontrava, me empurrando para o chão e fazendo pressão com uma mão sobre a parte de cima enquanto fechava o zíper com a outra.

Bufei de raiva diante aquela atitude. Não tinha esse direito mas fiz assim mesmo, eu não era nenhuma mocinha frágil que precisava de ajuda e Kyle estava sendo a droga de um príncipe perfeito, mesmo com os olhares fulminantes que eu enviava em sua direção.

__Vamos – Ele disse confiante, segurando minha mala com força em uma das mãos –como se não pesasse o meio quilo que deveria estar pesando levando em conta toda a comida que eu havia ‘contrabandeado’ – e fechei a cara mais ainda com todo aquele cavalheirismo. Estava tentando ficar irritada, mas era difícil pensar em alguma coisa com aqueles músculos tão evidentes.

Eu tinha mesmo que parar de notar nessas coisas se quisesse me manter calma.

__O lugar é muito longe? – Falei tentando parecer casual, andando em passos rápidos para competir com suas pernas compridas saindo do quarto.

__Não muito. O suficiente para combinarmos algumas coisas sobre nossas vidas, hm, juntos.

O olhei confusa e ele suspirou, colocando os óculos e assumindo aquela droga de personalidade sexy.

__Estamos namorando, amor.

[...]

O barulho da porta do carro batendo me tirou do transe em que eu me encontrava.

Kyle me observou impaciente, provavelmente se perguntando o porquê de eu ainda estar dentro do carro com uma cara de idiota olhando para aquela mansão atrás de suas costas.

Ele era rico.

Ok, agora estava entendendo o porquê de estar fazendo isso sem problema algum; não tinha como ser mais clichê.

Bem, pior para ele, na verdade. Eu era Katherine Heed afinal, se Finnigan era cheio da grana eu podia aproveitar um pouco disso.

Abri finalmente a minha porta e quase pude ver Kyle rolando os olhos por trás dos óculos diante da minha lerdeza.

__Vamos logo Hee... Kate. Sabe o que fazer não é? Se lembra de tudo o que eu disse? – Ele segurou meu braço e foi me arrastando até a frente da casa; as malas – sim, no plural- estavam sendo levadas em sua outra mão livre.

Antes que me julguem, eu como uma boa samaritana, me ofereci para leva-las; mas quem sou eu contra a palavra de Kyle Finnigan?

Pois é, não pude fazer nada.

__Sim Finnig... Kyle. Namoramos a uns seis meses, nos conhecemos em uma festa através de amigos e nos apaixonamos perdidamente, eu sou querida e delicada, não falo palavrões, o meu cabelo... não vou falar que foi uma falha genética Finnigan, isso é ridículo!

__Tudo bem, minha mãe não é tão neurótica assim.

__É, eu imagino como deve ser difícil uma garota ficar com você quando descobre que você tem a mentalidade de uma criança de cinco anos.

__Cale a droga da boca Heed.

__Ops, desculpe. Sete anos.

Comecei a rir da cara dele, mas fui interrompida por um peteleco na testa. Doeu, para falar a verdade, já que um peteleco daquele poderia arrancar minha cabeça se Kyle pusesse um pouco mais de força.

Não estou exagerando.

__Fique quieta. Se lembra do que eu falei sobre minha família?

__Devo ter cochilado em algum momento mas a parte necessária da árvore genealógica, eu consigo lembrar.

Ele balançou a cabeça daquele jeito incrédulo que todas as pessoas faziam quando eu abria a boca e respirou fundo antes de se ajeitar e tocar a campainha.

Não deu nem tempo de pôr um sorriso gentil no rosto antes que a porta se abrisse estrondosamente, revelando uma senhora muito atípica do que se esperaria de madames ricas. Estava um pouco acima do peso, tinha as bochechas coradas, olhos castanhos inconfundíveis e um sorriso caloroso nos lábios.

__Kyle! Meu querido! – Espalmou suas mãos sobre as bochechas do meu falso namorado e Finnigan abriu um largo sorriso – aquilo acabou comigo por alguns instantes-, soltou as malas para abraçar a mãe, levantando-a do chão e arrancando gargalhadas divertidas dela.

__Oi mãe! Estou em casa! – Quando ele a soltou, ela o analisou atentamente observando cada parte de seu corpo.

__Você está se alimentando direito Kyle Finnigan? Posso ver seus ossos através dessa camisa. E que barba rala é essa? Não te ensinei a ser preguiçoso menino!

Soltei uma risada abafada com aquilo e ele me fuzilou com os olhos. Engraçadinha.

__Mãe!

__Oh meu deus! Que falta de educação a minha! – Ela ignorou totalmente o homem ao meu lado, se virando para mim com um imenso sorriso e parei de rir da cara de Kyle imediatamente – Você deve ser a Kate não é? Ah estou tão feliz por você estar com o meu menino! Ele está te tratando bem? Kyle é meio enjoado para algumas coisas eu sei, mas tenho certeza de que ele é uma ótima pessoa.

Olhei para Finnigan, que tinha um bico enorme nos lábios por estar sendo ignorado e sorri inconscientemente.

__Sim, eu sei disso.

A mulher me deu um sorriso de aprovação e seus olhos brilharam com alguma coisa que eu não soube identificar.

__Ah sim, sim ele é. Vamos entrando. Deixe as malas aí que seu pai as leva para cima depois querido – Suas mãos se mexiam freneticamente enquanto ela falava – Ah sweet, adorei a cor do seu cabelo! É tão vibrante! Tão cheio de vida!

Soltei um riso sem graça em resposta. Sim, eu estava constrangida; poucas pessoas olharam para o meu cabelo como se ele não fosse uma coisa maligna ou fizeram um comentário positivo e saber que a mãe de Kyle Finnigan era uma delas, me assustava um pouco.

__Obrigada Sra. Finnigan. É muito gentil da sua parte.

Kyle me olhou quase como se tivesse brotado uma planta mágica no lugar onde eu estava, quando falei daquele modo gentil.

__Me chame de Pam, querida!

Arqueei a sobrancelha para ele, que sorriu dando de ombros. “Pam” continuou falando sem parar enquanto entrava na casa, nos convidando a segui-la e ignorando toda aquela coisa gigantesca, aqueles móveis que custavam mais que toda a minha vida brilhando em minha direção. Estava alheia a todo o resto até que Finnigan travou no meio do caminho, os músculos retesados e trombei de encontro as suas costas.

__...Seus tios, sobrinhos, avós. A família toda está maluca para conhecer Kate!

Congelei no lugar assim que ouvi aquelas palavras, exatamente como Kyle. A Sra. Finnigan não pareceu perceber e continuou falando. Apenas parou quando ouviu um barulho de vidro quebrando na sala e arregalou os olhos assustada.

__Ah! Deve ser o Matthew correndo pela casa. Crianças, não se pode desviar os olhos uma vez! Uma vez!

Ela seguiu pelo largo corredor em direção as vozes agitadas enquanto eu continuava parada no lugar.

__Acho que não posso fazer isso.

Para a minha surpresa, aquela frase não havia sido minha e sim de Kyle, que tinha os olhos arregalados em pânico encarando o corredor como se fosse algum túnel direto para a morte. O que, na visão dele, deveria ser.

Respirei fundo e limpei minha mente de qualquer medo que eu tinha sobre aquilo. Já estava ali agora e não adiantava mais desistir. Eu havia colocado o anuncio no jornal e teria que arcar com as consequências disso – que não eram tão ruins assim afinal - mesmo que aquilo significasse não falar palavrões, não fumar em hipótese alguma e ser mais o meiga possível, o que não era lá bem meu estilo.

Olhei fixamente para aquele rosto maravilhoso e mantive meu tom o mais sério e profissional possível. Além do dinheiro que estava em jogo, eu realmente torcia para Kyle mudar diante da família já que era visível que ele não estava feliz daquela maneira.

__Finnigan, olhe bem nos meus olhos – Ele se virou e pude ver tudo o que se passava em sua cabeça naquela hora. Culpa. Medo. Esperança. Ele tinha que fazer aquilo ou iria enlouquecer algum dia – Você vai se transformar no cara que bateu na minha porta hoje cedo, vai falar do jeito mais sexy e hétero humanamente possível, vai me apresentar como sua namorada e tudo vai dar certo. Entendeu?

Seus olhos me analisaram de uma maneira que me fizeram realmente corar, pois pude sentir minhas bochechas esquentando cada vez mais.

__O-O que foi?

Ele me deu um sorriso tão carinhoso que foi inevitável não olhar para o outro lado. Ficar envergonhada - agora eu sabia por experiência própria- era uma grande merda.

__Obrigada Heed.

A última coisa que pude ver em seus olhos antes que eles se tornassem completamente misteriosos, fora um brilho divertido de gratidão. Logo depois, assumiu aquela pose completamente despreocupada, ombros relaxados, um sorriso de canto irônico desafiando alguém a falar alguma coisa sobre ele.

“Podem vir” era o que dizia. Nunca iria me acostumar com isso, mas começava a gostar daquele jeito rebelde e sexy que estava assumindo a sua personalidade.

Kyle foi em frente, seguindo direto para o corredor e a cada passo que dávamos, as vozes no interior da sala aumentavam, podendo se ouvir claramente uma mistura do inglês com alguma outra língua que não reconheci. Paramos em frente a porta e os dedos de minha mão começaram a tremer de uma forma que até mesmo Finnigan conseguiu notar, apesar de estar tentando esconder aquilo.

Para a minha surpresa, sua reação foi completamente o oposto do que eu esperava e senti a ponta de seus dedos quentes tocando a minha mão fechada em punho. Instintivamente a abri e pude sentir os meus dedos sendo entrelaçados com os dele, aquilo me acalmando de um jeito incrivelmente bom.

De mãos dadas, com um sorriso confiante no rosto da parte dele e bochechas ainda coradas de minha parte – isso era muito irônico, vamos combinar - entramos na sala.

Todas as cabeças se voltaram para onde estávamos e muitos exibiam uma expressão surpresa no rosto. Não sabia se pelo fato de ‘meu namorado’ não vir para casa fazia um bom tempo, ou se pelo jeito bad boy que ele tinha no momento.

__Quanto tempo família! – Os pelos da minha nuca se arrepiaram quando sua voz rouca se fez presente, o tom beirando a um sarcasmo verdadeiro e rancoroso devido aos anos de deboche sobre sua... sexualidade.

Kyle deu um sorriso de canto tão cruel com aquela reação silenciosa e estática que por um momento pensei que iria sacar uma metralhadora e matar todos ali mesmo, como um verdadeiro mafioso italiano. Mas o que aconteceu na verdade, foi ainda mais empolgante. Bom, pelo menos para mim.

Seus dedos se soltaram dos meus e migraram preguiçosos, de um jeito fodidamente sexy até a minha cintura, que foi puxada bruscamente e senti minhas costas baterem contra seu peitoral definido. Os braços esguios e fortes transpassaram meu corpo e suas mãos me apertaram contra ele. Pude sentir um beijo cálido sendo deixado no topo da minha cabeça para logo depois apoiar seu queixo no mesmo lugar, um gesto carinhoso que fez minha mente embaralhar em questão de segundos.

A primeira a se manifestar foi uma senhora obesa que olhava para o meu cabelo como se fosse uma das sete pragas do Egito.

__Kyle querido! A quanto tempo! Você parece diferente. Quem é essa? Mais uma das suas tentativas para tentar nos convencer de que você não tem outros... gostos?

Finquei minhas unhas na palma da minha mão com força suficiente para fazer sangrar. A voz irônica e cortante como gelo, quando se dirigiu a minha pessoa, forçou um tom de superioridade e desprezo que despertou o mais profundo ódio dentro de mim.

__Sou a namorada de Kyle. Prazer em conhece-la – Vadia. Usei a voz mais simpática que consegui apesar de meus olhos não esconderem o quanto eu queria estrangular aquele pescoço cheio de gordura.

Todos ofegaram meio perplexos com a minha revelação e alguns começaram a parabeniza-lo ou fazer elogios falsos sobre minha aparência.

Uma mulher loira, um pouco mais velha que eu, veio saltitando sorridente até Finnigan e tentou – fracassando totalmente – dar uma chave de braço em seu pescoço.

__Estava na hora desse moleque arranjar alguém que não seja fresca. Por favor, me diga que você não come só mato – O sorriso cúmplice que eles trocaram fez alguma coisa se agitar dentro de mim. Ignorei aquilo, já que ela era uma das que realmente não parecia falsa ao falar comigo e antes que eu pudesse responder sua pergunta, ‘meu namorado’ o fez.

__Kate? – Ele riu debochado – Essa daí come mais que todos aqui juntos. Com exceção da tia Irina é claro, ninguém supera ela.

A loira gargalhou e mesmo confusa sobre o porquê Kyle estava falando a verdade para ela - já que eu deveria ser o mais meiga possível e comer como uma orca não ajudava em nada – ri da piada e fiquei agradecida quando percebi que ele estava realmente irritado sobre o que a vadia obesa havia falado.

__Que horror Kyle! Você é muito cruel com a sua namorada! Não ligue para esse manezão, ele não está acostumado com garotas que gostam de verdade dele.

Finnigan fez uma careta e bagunçou seu cabelo irritado, alegando que aquilo não era verdade; já eu estava preocupada demais com a indireta “não minta para ele ou eu acabo com você” que havia recebido pelo olhar e só pude dar um sorriso sem graça em resposta.

__Ah me desculpe, eu nem me apresentei. Sou Ashley, prima desse idiota.

Ele bufou e apertou mais seus braços em torno do meu corpo, se inclinando até minha orelha e falando divertido, quase em um sussurro.

__Não ligue para ela. Apenas ignore.

Tive que me segurar para não deixar o arquejo de surpresa escapar pela boca ao sentir o hálito quente dele em minha nuca.

Holy. Shit. Eu estava ferrada.

Antes que pudesse falar alguma coisa, qualquer coisa, um pequeno furacão entrou pelas portas de vidro seguido de uma, já um pouco descontrolada, Sra. Finnigan.

__Matthew! Pare de correr, pelo amor de Deus! Temos uma visita hoje. A namorada de Kyle está aqui! Se comporte.

O garoto parou imediatamente ao ouvir aquilo, seus cabelos cacheados brilhando com a luz que entrava pelas janelas, não ajudavam em nada a melhorar a expressão macabra que surgiu em seu rosto assim que fui citada no diálogo.

Correção. Eu estava muito ferrada.

__Onde .ela .está?

OH JEOVÁ, ME SALVE DESSA CRIANÇA POSSUÍDA! COMO ALGUÉM DE APENAS SEIS ANOS PODE SER TÃO ASSUSTADOR?!

É claro que aquela vadia obesa fez questão de dar uma risadinha debochada antes de apontar em minha direção. Xinguei aquela quenga desgraçada dos infernos em umas dez línguas diferentes antes que o garotinho se virasse e fixasse na cena de Kyle me abraçando por trás, enquanto apoiava sua cabeça na minha -um pouco mais tenso que alguns minutos atrás -. Mesmo com o olhar macabro do irmão, ele me manteve no lugar, enquanto eu queria correr desesperadamente para longe daquela análise de um pirralho de seis anos.

Ninguém merece.

__Finnigan...

__Relaxe. Ele também precisa saber que eu mudei, por favor Heed, fique comigo mais um tempo – Sussurrou em meu ouvido, suplicante.

Pausem um segundo nessa cena.

Vocês entenderam essa sequência de palavras? Entenderam que ele sussurrou essa droga bem no meu ouvido?

Ok, então. Um cara podia aparecer agora pulando da janela segurando uma granada pronta para explodir e eu iria ficar quietinha ali no meu canto. Sem problema algum.

__Você é a namorada do meu irmão? – Aquela voz fofinha e extremamente maligna se manifestou e assenti minimamente.

Logo depois, todos pareceram trancar o folego - inclusive Kyle - esperando por alguma coisa que eu não fazia ideia do que era.

__Desculpe Heed. Ele faz isso com todas, não leve para o pessoal.

Foi tudo o que ouvi antes que um baixinho de cabelos castanhos corresse em minha direção e desse um puta chute na minha canela.

Senti minha boca ser tapada e percebi que iria começar uma lista realmente longa de palavrões bem sujos caso isso não acontecesse. E meu falso namorado frisou muito essa parte durante nossas regrinhas básicas de fingimento: Nunca, nunca mesmo, eu poderia falar palavrões ou coisas vulgares. Tudo por causa de um erro idiota em uma conversa por telefone com a mãe.

Era muito tapado mesmo.

Olhei para aquele capeta em miniatura com uma raiva tão grande que por um momento ele ficou surpreso, para logo depois mostrar a língua e sair correndo.

__EU TE ODEIO SUA IDIOTA!

__MATTHEW!

Ninguém pareceu realmente chocado com aquilo, então fiquei grata pela Sra. Finnigan ter a decência de parecer preocupada com a minha autoestima ou algo assim.

Para a minha sorte e azar daquele pirralho, ela era realmente grande. Aquilo teria vingança ou não me chamava Katherine Heed.

E sim, estou declarando guerra contra uma criança de seis anos. Me julgue.

__Você está bem?

__Relaxa Finnigan. Não é um chute desses que vai me fazer desistir da grana.

Ele riu mais aliviado e me levou até um dos sofás luxuosos que havia por ali. Toda a família avaliava cada movimento nosso, então Kyle ainda não estava completamente, hm... Normal ainda.

Ele parecia preocupado é claro, mas ainda podia se ver os músculos tensos e nenhum sentimento sob os olhos, aquela névoa misteriosa os cobrindo.

__Lamento informar isso, mas ele vai querer transformar sua vida num inferno. Não sou apenas eu que faço minhas namoradas desistirem.

__Obrigada por me avisar isso só agora seu otário – Falei irritada, mas dei uma risada cruel logo depois – Quanto a isso, não se preocupe. Se é guerra que ele quer, é guerra que ele vai ter.

__Vamos fingir que eu não ouvi isso. Quem tem a mentalidade de uma criança de cinco anos agora?

__Cale a boca.

“Pam” se aproximou de nós envergonhada pelo ocorrido anterior, mas vendo que eu não estava furiosa, começou a tagarelar e me apresentar ao resto da família.

Felizmente, descobri que apenas a parte do pai de Kyle eram um bando de falsos e ricos esnobes. A outra parte, da família de Pam, eram todos gentis e calorosos sendo que uma garota mais nova, de uns 15 anos aproximadamente, ficou fascinada com o meu cabelo.

É claro que tentei ser gentil com todos, mas o veneno de alguns era demais para suportar e acabei trocando pequenas farpas, levando Finnigan a quase arrancar os cabelos de nervosismo.

__Vocês devem estar cansados crianças – Uma das tias – gentis – de Kyle falou quando me viu tentar esconder um bocejo – Irmã, leve eles para o quarto. Amanhã vai ser um dia bem agitado, a garota precisa descansar.

Meu falso namorado suspirou pesaroso e pelo bem da minha sanidade, preferi não perguntar o que aquilo queria dizer.

[...]

Depois de ajudar a pegar as malas - o pai de Kyle não tinha aparecido para ajudar- e eu estar cansada demais para sentir qualquer outra coisa além de felicidade sabendo que iria me jogar em um colchão macio com cobertores quentinhas, paramos em frente a uma única porta.

Sim, vocês não leram errado. Uma. única. porta.

Meus ouvidos zuniam, mas consegui captar uma parte da explicação que Pam estava nos dando. Tossi antes de continuar, esperando e rezando fervorosamente para que eu tivesse ouvido errado.

__Desculpe, o que exatamente você quis dizer com “o quarto de vocês”?

__Ora querida, vocês já são adultos o suficiente e estão namorando sério. Não tem sentido imaginar que durmam em quartos separados.

Depois de nos desejar um bom descanso, saiu andando pelo mesmo caminho enquanto ainda processávamos o que tínhamos acabado de ouvir e já no final do corredor, ela se virou sorrindo cúmplice, falando algo que fez Finnigan começar a tossir repetidamente e me deixando estática no lugar.

__Apenas não façam muito barulho queridos.

Aquela, com certeza, seria uma longa semana.


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Notas finais do capítulo

OMG! O que será que vai acontecer agora? Muitos mistérios... MUAHAHAHA

Parei.

Me desculpem se fiz em POV da Kate de novo, mas eu realmente precisava que ela narrasse essa parte.

Para o próximo capitulo eu tenho uma surpresinha e acho que muitos vão pirar. Well, I DON'T CARE, I LOVE IT!

Se já estou surtando, imagina quando vocês lerem! Oh, god!

Enfim, espero que tenha ficado do jeitinho que vocês esperavam. Se não, podem me xingar a vontade que eu deixo.

GOSTARAM? ODIARAM? DEIXEM REVIEWS!

Até a próxima amores!



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