Pandora P.O.V.

Tá bem que eu conseguia andar e acompanhar o resto do grupo na caçada, mas vamos combinar...

Isso dói pra caralho.

— Amigos...Vocês podem...Sei lá...Me esperar? —pergunto, enquanto eles voltam suas atenções a mim.

— Vão na frente — diz Skyler —Eu espero ela. — Ben, Tris, Hayley, Bob, Lincoln e Steve concordam com a cabeça e seguem em frente.

— Então você é a famosa Skyler Fortwar. — digo, enquanto ela diminui o passo.

— Por que famosa? — ela pergunta. — Já tinha ouvido falar de mim antes?

— Não, era só pra parecer um filme mesmo. Esquece. —digo, fazendo-a rir.

— Não ia estranhar se fosse. Faço isso toda hora. — responde ela. — Foi uma boa ideia. Esse...

— O colar? —olho a corda cheia de orelhas de errantes penduradas no meu pescoço. — É, é um bom disfarce,

— Onde conseguiu? — ela pergunta, e a história toma outro rumo. Até lá, tudo bem, a conversa ia melhor do que eu pensava. Mas então ela começou a fazer perguntas demais.

— Não te interessa. — viro o olhar ao chão.

— Tudo bem — ela levanta as mãos em um gesto de redenção — Tudo bem, não quis perguntar demais.

Olho nos olhos dela e ela me olha de volta. Não sei porquê ou como, mas sinto por um momento que posso confiar nela. Que ela não vai usar o que conto para me atingir ou me ferir depois. Não sei vocês, mas meus instintos só me decepcionaram uma vez.

— Algumas são de errantes da estrada. Que eu matei. — digo, fazendo sua atenção se voltar de novo a mim. — Outras são... Outras são do meu grupo.

— O que aconteceu a eles? —pergunta ela.

— Agora você está perguntando demais. — respondo, rindo — Sua cota de agente do FBI estourou por hoje.

Ela ri.

— E você? —pergunto, com a visão ofuscada pela luz do Sol. — Quem era aquele garoto que morreu mais cedo? — ela me encara — Pra ficarmos kits.

Ela hesita antes de falar. — Ele foi a única pessoa que se preocupou de verdade comigo antes disso tudo começar. O resto tinha medo de mim ou não ligava pra mim. Até eu ser necessária. Até terem que chorar até a última gota. Ele se preocupava comigo mesmo quando eu não tinha valor.

— Ele era seu namorado? —pergunto, e ela me encara ainda mais intensamente.

— Agora você está perguntando demais. —ela ri, numa imitação quase convincente da minha voz.

— Isso não vale — rio em seguida. Bob grita, quilômetros na frente.

— Horda de walkers! —Ele grita, e logo vislumbramos todos eles correrem para o Oeste. Me apoio em Skyler e começamos a correr. Torturante? Sim. Necessário? Mais ainda. A horda se aproximava. O grupo estava longe. Skyler avistou um casebre marrom a alguns metros de nós. Ela me diz para ficar lá dentro e atirar da janela, nos que vinham pelo outro lado ou os que tentassem chegar até mim. A garota começa a atingir os errantes com as flechas. Eu preparo a pistola com silenciador que levo no coldre. Alguns errantes aparecem desse lado, mas a maioria está em Skyler. A garota acertava cada vez mais errantes. E vamos dizer, isso é um tédio pra mim.

Pego um iPod da minha mini mochila e coloco a única música que restou nele: I Bet My Life. Alguns dos errantes permanecem no foco dela, mas a maioria se dirige a mim. Da janela, consigo eliminar todos. Skyler começa a rir. Não sei porquê. Pode ter se lembrado de alguma coisa ou mijado nas calças. Não sei. realmente.

— Que tal uma música menos feliz? —ela grita, tirando as flechas das cabeças dos errantes mortos. Os meus também já haviam sido aniquilados, então, por livre e espontânea pressão, desliguei o iPod.

— Eu gosto de Imagine Dragons. — digo, colocando o iPod de volta na mochila. — Por que estava rindo?

— Nada demais, só...Lembrei de algo. — ela ri.

Sabia que ela não tinha mijado nas calças.

— E esse algo seria?

— Quando tudo isso começou, a gente ficava em uma lanchonete, no shopping. — começamos a andar. — No meu primeiro dia ali, uma horda de walkers tentava derrubar as portas. Eu peguei um iPod recém-roubado do chão e os atraí para o outro lado, para a segunda morte. Só que era Skillet. — ela ri. — Naquela época Steve não acreditava no que eu era capaz.

— Sei como é. — digo, me apoiando no ombro dela. — Todos no meu outro grupo me subestimaram nem que fosse um pouco.

— Legal isso de trocar segredos. — ela diz, me ajudando a subir mais o morro. — Temos que descobrir aonde eles estão.

— Eles foram para Oeste. —digo, apontando a direção. Começamos a correr com um pouco de dificuldade. Chegamos a uma cidade pequena não muito longe do casebre que achamos. Achamos água, comida, e uns casacos. Em uma das lojas, uma inscrição com sangue:

Sky e Pandora, peguem suprimentos. Não se preocupem, estamos bem.

Ben.

Foi isso mesmo que eu vi ou a Skyler mordeu o lábio? Hm...Vamos ignorar.

— Se eles estão bem podemos pegar os suprimentos e voltar pra Briarcliff. — ela diz.

+++

As portas de Briarcliff estão sempre fechadas. E digo isso no sentido denotativo mesmo.

A porta não abria porque tinha emperrado. Tivemos que escalar o telhado e cair na grama, o que fodeu ainda mais a minha perna. Assim que chegamos quiseram me levar pra enfermaria, mas eu sou, digamos...O cúmulo da teimosia.

— Onde estão Bob, Hayley, Ben, Lincoln, Tris e Steve? — pergunta Natasha assim que chegamos.

— Achei que estivessem com vocês. — Skyler diz.

— Não, não voltaram desde que saíram. — diz Jesse, que estava sentada ao lado de Clementine. — Achei que estivessem com vocês.

— Devem ter pego outro caminho e estão voltando. — diz Clem. — Normal.

— Não podemos arriscar isso! —grita Natasha. A garota tem a pança maior que a cabeça, então presumo que está grávida. E deve ser de alguém que foi, pra esse escândalo.

— O Bob vai voltar, Natasha. — diz Skyler, confirmando as minhas suspeitas. — Eu vou procurá-los.

— Eu vou com você. — digo.

— Com essa perna fodida? Você já se arriscou demais. — diz Clementine.

— Não aceito ordens de crianças. — rebato, me sentando em uma mesa. — Quando a gente vai?