Seja Um Anjo escrita por LunaLótus


Capítulo 8
Sangue


Notas iniciais do capítulo

"- Rael?
— Oi.
— Temos um problema.
— Eu sei."

*Revisado em 31/03/2016.



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— Rael?

Acordo num quarto todo branco. Estou deitada numa cama reclinável. Estranho. Até parece que estou num hospital. Se eu não fosse um anjo, até pensaria isso…

— Oi. Estou aqui, Sam.

— Hm. Oi. E onde é que eu estou?

— No hospital…?

Viro-me bruscamente para a direita, que é onde ele está sentado. Levanto-me sobre um braço e o encaro como se ele fosse louco.

— Num hospital?! Você é maluco?

— Você queria que eu a levasse para onde?! Precisavam cuidar de você!

— Sou eu que apanho e é você que bate a cabeça? Pelo amor do Pai, Rael! Você sabe que não posso ficar aqui!

Deixo-me cair na cama. Não acredito que ele me trouxe a um hospital. Um hospital! Eu sou um anjo, ora essa! Eu não entro num hospital! Só Anjos da Morte entram aqui. Eles decidem quem vão levar e quem vai ficar na Terra por mais um tempo.

Mas ei! Anjos da Morte não são maus! Eles são bem legais até, amáveis. Eles meio que são a luz que guia aqueles que estão morrendo. Esses anjos aparecem para as pessoas e as ajudam a se libertar do corpo. Eu, inclusive, conheço vários bem gentis.

Ouço os passos de Rael se aproximando. Decido encarar o teto.

— Você que é tão esperto com as regras... – falo. - E me traz aqui. Você sabe que não podemos entrar aqui. Somos Anjos da Guarda, Rael.

— As pessoas daqui também precisam de nós – retruca.

— Sim, eu sei! Você entendeu o que eu quis dizer. Este não é nosso campo de trabalho.

Ele cruza os braços, o que atrai minha atenção.

— E você está trabalhando, Samantha?

Bufo e reviro os olhos.

— O que acha que estou fazendo?

— Eu achei que você estivesse tentando fugir de um demônio que queria matar você!

— E o que isso tem a ver com o fato de eu estar num hospital?

— Você precisa de cuidados! E, caso você não tenha percebido, não estamos em Casa, para que seus poderes angelicais a curem rapidamente. Aqui, você é quase uma humana!

— Isso é exagero seu. Eu estou bem, estou inteira. – Ergo os braços. – Viu?

Rael balança a cabeça. Não sei se ele quer dizer que não estou bem ou que estou maluca.

— Toque atrás da sua cabeça - diz.

Levo a mão até a parte de trás da minha cabeça e quase grito. Uma dor aguda toma conta do meu corpo. Controlando-me, percorro a linha, contando.

— Sete pontos – sussurro.

— Você bateu a cabeça no asfalto quando caiu - Rael fala. – Sua cabeça abriu e eles tiveram que costurar.

Então me dá as costas, voltando para a sua cadeira. Fico olhando-o. Ele ergue uma sobrancelha. Olho para o outro lado, mas cinco minutos depois, eu o chamo:

— Rael? – Silêncio. – Obrigada.

Não sei como, porém consigo senti-lo sorrindo.

— Estou aqui para isso – responde.

Assinto. Caio no sono imaginando seus lábios emoldurando um sorriso discreto.

 

Cerca de uma hora depois, acordo com a mão de Rael no meu ombro. Ele está falando com outra pessoa. Abro os olhos e observo um homem todo de branco, porém sem jaleco. No mesmo instante, sei de quem se trata. Droga! Encolho-me e tento parecer adormecida.

É claro que Rael não me deixa fazer isso. É claro.

— Sam? – murmura.

Samantha não está. É o que eu quero responder. Caramba, Rael, me deixa dormir!

— Hmm?

— Está dormindo?

Ai que vontade de dar um murro na cara dele.

— Não, estou treinando para morrer. – Reviro os olhos mentalmente.

Escuto um dos dois soltar o ar em forma de alívio. Imagino que seja Rael.

— É, ela voltou. Logo sairemos daqui.

Pois é, foi Rael. Abro os olhos de uma vez.

— Como assim “ela voltou”?

Ele me encara com uma expressão confusa.

— Você apagou por dois dias – diz.

— Dois dias?! Por que dois dias?

— Não sei, Sam, você não acordava e murmurava o tempo todo.

— Murmurava o quê? – Sinto meu rosto esquentar. Meus sonhos foram meio constrangedores. E envolviam Rael.

— Hmm, não sei, eu não entendi direito.

Eu procuro algum vestígio de mentiras em seu rosto, mas não há nada. Solto o ar e recosto a cabeça de forma mais confortável. Ele, sem dúvida, não precisa saber com o que eu estava sonhando.

— Fiquei preocupado. Achei que estivesse… não sei… delirando ou entrando em coma.

Eu olho indagativamente para o outro homem.

— Anjos podem entrar em coma? – pergunto.

O homem, no entanto, só faz dar de ombros.

— Não que eu saiba – responde.

— Gabriel – Rael nos interrompe –, obrigado por vir aqui. Logo nós iremos sair, não se preocupe.

— Tudo bem, Rael. Só tenham cuidado. Há muitas… coisas… rondando por aqui, ultimamente.

— Coisas?

Gabriel e Rael trocam um olhar cúmplice. Cruzo os braços em sinal claro de protesto.

— Ótimo, não vão me contar. Descubro sozinha.

— Nada disso! – Rael replica. – Só vai sair daqui quando os resultados dos seus exames estiverem prontos.

— Você não é meu pai. – É, nem um pouco birrenta. – E também não paga as minhas contas.

Ele me lança um olhar feio.

— Está com fome? Porque cara feia para mim é isso!

— Tem certeza que não podemos trancá-la em Casa e dar comida três vezes ao dia? – pergunta a Gabriel.

— Quero vê-lo tentar! – desafio.

Gabriel nos olha, balança a cabeça e sorri.

— Infelizmente, não podemos trancar ninguém. Só mandar outra pessoa para tomar conta e vigiar.

Minha ficha cai.

— Foi você que…? Traidor! Que péssimo irmão!

Rael arregala os olhos, espantado.

— Que foi? – questiono.

— Ele é seu irmão? – ele pergunta de volta.

— É. Você não sabia?

Ele simplesmente balança a cabeça em sinal negativo. Gabriel assente, sorri, despede-se e vai embora.

— Hmm, Rael? Você disse que eles fizeram exames em mim?

— Sim.

— De sangue?

— Sim.

— Rael?

— Oi.

— Temos um problema.

— Eu sei.


 

Então, o plano era o seguinte. Rael iria sair e conseguir alguma amostra de sangue humano. Depois iria entrar no laboratório, procurar a minha amostra e trocar meu sangue angelical pelo humano.

Você deve estar se perguntando “e por que não pode ser com seu próprio sangue, Sam?” É uma coisa bem simples, bem irrisória. É que nós não temos… hemácias. Nosso sangue se parece com o sangue humano em algumas coisas, como na cor, na textura. Mas ao ser analisado… Ele não vai sofrer qualquer reação. Ou acontecerá uma coisa estranha. Tipo explodir o laboratório.

Nosso sangue é venenoso. É claro que não faz mal a um ser humano. O veneno dele é considerado apenas para os demônios, para que eles não possam comer nosso corpo, nem nos morder. Se nos morderem, acontece uma coisa estranha. Não sei dizer, já que nenhum nunca me mordeu. Você pode dizer que é como gasolina. E qualquer substância que toque nele será como o fogo.

É confuso, eu sei. Nem eu gosto de pensar nisso...

Espera um segundo.

Ah, não.

— Rael? – eu o chamo de forma urgente. Ele já está quase saindo para procurar outro tipo de sangue.

— O que foi? – Então olha para meu rosto. Acho que meu desespero é evidente. Ele se aproxima rápido. – O que aconteceu?

— Rael, o demônio… Ele tocou em mim? Depois que bati minha cabeça? Ele tocou em mim?

Os olhos dele se arregalam de novo. Acho que ele estava pensando o mesmo que eu.

— Mas ele estava intacto! – Agora sim, estou praticamente surtando. – Não sofreu nada, nem quando me arranhou… Minha garganta! Ele arranhou minha garganta, não foi? – Levo minha mão ao pescoço. Eu praticamente tinha me esquecido que sofrera um arranhão ali. Está com curativos. – Ele não sofreu nada!

— Calma, Sam. Calma. Primeiro temos que trocar…

Bem neste momento, um médico entra no quarto dizendo:

— Muito bem, senhorita Samantha, já está de alta. Seu sangue está perfeito.


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Notas finais do capítulo

Demorei, mas estou aqui! Peço desculpas pelo atraso de duas semanas. Infelizmente, as coisas não estão fáceis para mim. Espero que tenham gostado desse capítulo, sei que ele ficou meio parado :/
Quero agradecer as meninas que comentaram, porém só tivemos dois comentários de novo :(
Postei o capítulo porque vi que havia mais acompanhamentos o/ Então, por favor, vocês que estão lendo, preciso saber da sua opinião, para poder melhorar a história!
Obrigada!
P.S. Perdoem o capítulo meio grande... Foi para compensar! Beijoos



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