Eu e Ben Urich chegamos ao bairro de Hell's Kitchen. Confesso que não sei muito sobre este bairro, só da existência de alguns vigilantes, como o Demolidor e o Punho de Ferro. Só nos poucos minutos em que estive aqui já deu para perceber o quanto eles são necessários. O local parece abandonado, sombrio, desesperançoso.

–É aqui, Mulher-Aranha - Diz o jornalista, apontando para o prédio - Melhor entrarmos pela frente. É mais seguro.

–Quem é esse seu amigo?

–Você logo conhecerá.

Urich segurou meu pescoço enquanto eu rastejava pelo prédio até a entrada do prédio. O local parece bem desgastado. A madeira das escadas, por exemplo, não me parecem seguras. Mesmo assim, subimos até o terceiro andar, onde Ben bate na porta do apartamento 36. Não demorou muito e a porta foi aberta.

–Entrem, rápido! - Diz uma voz atrás da porta.

Urich obedece sem temer. Eu fico relutante, mas acabo entrando porque parece mais seguro do que ficar no corredor.

O apartamento é escuro e bagunçado, mas não tanto quanto meu quarto era em Chicago. O nosso anfitrião usa óculos escuros e veste um roupão vermelho com a letra M repetida duas vezes.

–Um pouco escuro para se usar óculos escuros - Sussurro para ninguém me ouvir.

–Eu ouvi isso, senhorita. - Diz ele.

Viro-me para ele e me sinto constrangida ao perceber que ele usa uma bengala. Obviamente, ele é cego.

–Desculpa pelo comentário, senhor. Eu não sabia sobre sua condição.

–Tudo bem. Não é a primeira vez que fazem comentam isso. Meu nome é Matt Murdock, sou advogado e amigo de Ben Urich.

–Prazer. - Respondo. - Não sei se o senhor confia em mim ou se eu devo confiar em você, mas...

–Acredite, ele confiará em você e o contrário também ocorrerá. Matt, os homens de Fisk vieram atrás de mim. Ela me salvou.

–Foi uma atitude desesperada, com certeza. Ele está se descuidando, então estamos em vantagem.

Estou perdida na conversa. Atitude desesperada? Descuidado? E de novo o nome Wilson Fisk?

–Podem me situar na conversa?

–Claro, sente-se. Gosta de café?

Eu recuso. Nós nos sentamos, exceto Ben que foi fazer o café para os dois. Então, quando o jornalista retornou, Matt explicou.

Ele disse que Wilson Fisk é um popular empresário de Nova York, sendo responsável, por exemplo, pela fundação da equipe de Controle de Danos, junto com Norman Osborn e o Tony Stark. Porém, estes dois cavalheiros ao meu lado suspeitam de práticas criminosas por toda a cidade comandada pelo Fisk - que adotou o nome de Rei do Crime.

–Agora que foi revelada sua identidade através de mim, Fisk tentará me matar de qualquer forma. E já deu seu primeiro passo, mas foi frustrado graças a você. Não lhe agradeci, mas obrigado.

–Não tem de quê, senhor Urich. Eu estava lhe procurando para pedir um favor. - Eu puxo o pen-drive escondido em um bolso furtivo de minha fantasia e entrego a ele.

Ele passa o dedo por cima do símbolo da HAMMER no objeto e se sente impressionado e assustado ao mesmo tempo. Não sei se foi um bom momento para revelar o pen-drive, mas está feito.

–O que tem nele? - Pergunta Ben, passando-o para Matt.

–Informações sobre a HAMMER. Aposto que você sabe de algumas práticas duvidosas vindas da organização, a começar pelo próprio Justin e seu histórico.

–Onde você conseguiu isso?

–Não posso revelar.

–Moça, denunciar um chefão do crime é uma coisa. Mexer com a política estadunidense é outra coisa completamente diferente. - Argumenta Urich - Além disso, creio que não poderei aparecer em público por um longo tempo.

–Não, não são diferentes. Tanto o tal Wilson Fisk quanto a HAMMER são criminosos e eles precisam ser derrubados. - Eu mordo meu lábio antes de continuar - Eu conheço pessoas poderosas que podem ajudá-los a derrubar de vez o Rei do Crime, mas...

–Se essas pessoas são tão poderosas assim, por que não vazam as informações da HAMMER?

Droga, por que fui mencionar isso? Não posso respondê-los sem contar que a SHIELD ainda existe. E também não posso dizer que é uma informação confidencial, pois eles podem desconfiar de mim. Muito bem, gênio! Estou sem saída. Pensando bem, é até uma pergunta pertinente. Não é hora para pensar nisso.

Matt pousa o pen-drive na mesa e retira os óculos.

–Não é muito inteligente acessar um pen-drive contendo informações confidenciais de uma agência governamental num notebook desprotegido. - Comenta Matt. - Ainda mais um ceguinho protegendo dois alvos de criminosos.

Devo concordar com ele. Pus a vida de pessoas inocentes na mira da HAMMER. Se eu falhar, nossa batalha contra a HAMMER terá sido em vão. Estico a mão para pegar o pen-drive de volta, mas Matt impediu.

–Não recusei. - Diz Matt, sorrindo - Vamos dar um jeito de verificar e divulgar a informação passando despercebidos.

–Obrigada.

Eu me levanto, pronta para ir embora. Então, um pensamento perturbador me vêm a mente: Se o Rei do Crime encontrá-los, perderei o pen-drive para sempre. Melhor garantir que as informações sejam divulgadas o mais rápido possível.

–Este pen-drive é muito, muito importante para mim. Não posso perdê-lo de vista. E quero confiar em vocês.

Ben olha para Matt, que parece pensativo.

–Escute: Caso você não confie em nós, talvez deva confiar em um aliado nosso. Já ouviu falar no Demolidor?

–Já.

–Poderá contar tudo isso a ele.

–Foi ele quem realmente denunciou Fisk e seu empreendimento criminoso a nós. - Comenta Urich, olhando ligeiramente para Matt.

–Certo, onde eu o encontro? Cometendo um crime?

–Não precisa fazer isso. - Diz Matt, rindo - À meia-noite é quando nos encontramos com ele acima deste prédio. Você poderá descansar aqui enquanto isso. - Ele me devolve o pen-drive. - Ele pode encontrar outro contato que não esteja no alvo de mafiosos

–Legal. Eu vou pensar, por enquanto.