Annabeth ficou um tempo parada em frente à porta, sem saber ao certo o que fazer. Ali, deitada em uma cama que mais parecia uma carruagem. Zoe olhava para ela atentamente. Seus cabelos loiros estavam trançados, seus olhos verdes estavam meios caídos, mas mesmo assim tinham o mesmo brilho que os olhos do pai. Annabeth entrou de vez no quarto e fechou a porta. Ela foi até a cama.

– Oi. – Zoe disse franzindo o cilho.

– Oi. – ela sussurrou.

– Eu sou Zoe.

– Eu sei. – ela disse se sentando na beira da cama. – Você é linda.

– Obligada. – ela disse corando. – Você também é.

– Seu pai disse que você queria falar comigo.

– Sim. – Zoe olhou para longe. – Você é minha mãe, não é?

– Sou.

– Eu tenho algum ploblema? Quando eu era bebê eu era feia? Ou tinha algum defeito? Eu sou uma garota má?

– Não. Zoe, nunca mais diga isso. – Annabeth disse segurando o choro. – A culpa foi minha, apenas minha. Você era o bebê mais bonito que eu já vi, e acho que nunca vou ver um bebê como você novamente. A culpa foi minha, eu não tinha ideia do presente que estava recebendo quando você nasceu. Eu tive medo e fui covarde, eu tinha sonhos que quando vi que podia realiza-los eu me deixei levar. Zoe eu sei que o que fiz foi horrível e que você tem todo o direito de me odiar, mas, eu quero que você saiba que eu nunca, em nenhum momento me arrependi de ter tido você. Eu queria poder ter visto que os meus sonhos eram insignificantes perto de você. Eu me arrependo por isso, não tem um só dia que eu não desejo poder voltar no tempo e mudar as minhas escolhas. A principal foi a deixar você e seu pai.

– A culpa não foi minha? Meu papai não sofeu esse tempo todo po minha culpa?

– Não, minha querida. A culpa foi minha. – Annabeth secou a bochecha de Zoe que escorria uma lágrima. – Você nunca teve culpa, eu sou culpada por minhas escolhas e não você. Sei que seu pai não culpa você também. Sei que você é uma garota esperta, e pode ver que seu pai não a culpa.

As duas ficaram em silêncio. Zoe ainda não olhava para Annabeth. Ela estava confusa. Parte dela estava feliz por saber que nunca tinha sido culpa dela seu pai e sua mãe terem se separado. Mas uma parte dela sempre a ia culpa, se ela não tivesse nascido, eles não iam ter brigado. Ela finalmente olhou para Annabeth. Ela viu como elas eram parecidos. Ela finalmente viu o que seu pai queria dizer quando falava que ela era a cópia da mãe, menos os olhos. Ela viu que cada traço do rosto dela era parecido com o da mãe, e isso fez ela sorrir. Ela finalmente viu com quem ela parecia quando se olhava no espelho.

– Eu me pareço com você. – ela disse com um pequeno sorriso. – Papai disse que eu sou... Como é a palavra? Espera eu vou lembra... Clomi. Isso clomi seu de olhos verdes.

– É clono. E ele está certo. Você é meu clono de olhos verdes.

– Sabe, você tem um sorriso bonito. – ela disse sorrindo.

– Obrigada. – Annabeth passou a mão no cabelo dela. – Você tem muito livros aqui, quem ler para você?

– O papai. Ele leva um tempão. Mas agora que sabe as histórias fica mais fácil para ele. – ela disse e começou uma conversa animada com Annabeth.

Percy estava sentado no sofá. Ele tinha indo para sala após deixar Annabeth no quarto de Zoe. Ele estava calmo. Ele sabia que o sonho de Zoe era conhecer a mãe e sabia que mesmo que ela quisesse, ela nunca odiaria a mãe. E ele não podia culpar ela. Ele sabia que ele não podia odiar Annabeth, mesmo depois de tudo, ele não podia odiá-la. Ele se levantou e foi para a cozinha, ele resolveu fazer uma sopa para quando ela terminasse de conversa com Annabeth tinha que comer. Percy lavou as mãos e começou a pegar os legumes na geladeira.

– Percy. – ele escutou Annabeth gritando. – Percy, venha rápido.

Ele jogou as batatas para cima e correu para a escada. Ele subiu de os degraus dois em dois e correu pelo corredor. Quando ele abriu a porta do quarto da filha, viu Annabeth ajoelhada ao lado de Zoe, enquanto ela vomitava.

– O que aconteceu? – ele perguntou indo para perto delas.

– Eu não sei. – Annabeth disse segurando o cabelo da filha. – Estávamos conversando e ela me disse que queria ir ao banheiro, ajudei ela a descer da cama e quando ela estava perto do banheiro ela começou a vomitar.

– Amor, está tudo bem. – Percy disse quando percebeu que ela estava chorando. – Está tudo bem.

Zoe parou de vomitar e olhou para os pais. Ela parecia assustada. Percy a pegou no colo e a levou para o banheiro. Annabeth sabia que ele daria banho nela, então ela foi procurar material de limpeza. Ela encontrou na lavanderia. Depois de alguns minutos ela tinha limpado tudo.

– Não precisava limpar. – Percy disse saindo com Zoe do banheiro. – Eu limpava.

– Se demorasse o quarto ia ficar fedendo, mas não foi nada. – ela disse. – Como ela está?

– Bem, eu acho. Vou chamar um filho de Apolo para vê-la. Quero ter certeza que ela está bem. – Percy a colocou na cama. – Você pode ficar com ela? Eu vou e volto rápido.

– Claro. – Annabeth foi até a cama e se sentou ao lado de Zoe.

Assim que ela se sentou, Zoe se aproximou dela e colocou a mão na dela. Annabeth sorriu para ela e apertou a mão dela levemente. Percy voltou em dois minutos. Eles ficaram parados na porta e esperaram.

– Eu não sei ao certo. Ela me parece bem, e como você disse, meu pai disse que é apenas uma viroso. Eu sugiro que você a leve ao médico mortal caso ela vomitar de novo. Eu dei um pouco de néctar para ela, mas acho melhor você dá uma comida leve para ela.

– Tudo bem. Obrigado. – Percy disse olhando para a filha que estava deitada na cama.

– Qualquer coisa me chame. – ele disse saindo do quarto.

– Vou prepara alguma coisa para ela. – Percy disse. – Será que você...

– Eu fico com ela. – Annabeth disse olhando para ele. – Ela vai ficar bem, não é?

– Sim. Ela é forte. – ele disse. – Anjo o papai vai fazer alguma coisa para você comer mas já volta. Annabeth vai ficar com você.

Percy saiu do quarto depois de beija a testa da filha. Annabeth se aproximou de Zoe e se sentou ao lado dela novamente.

– Você vai ficar? – ela perguntou segurando a mão da mãe.

– Vou.

– Para sempre?

– Eu não sei. – ela respondeu passando a mão pelo rosto dela. – Seu pai e eu ainda temos muito o que conversar.

– Adultos são complicados.

– Eu sei. – Annabeth olhou para o livro de história que tinha ao lado da cama. – Que tal eu ler um pouco até a sua comida ficar pronta?

– Claro. – ela disse sorrindo.