Um Outro Lado da Meia-Noite escrita por Gato Cinza


Capítulo 5
Tempestade




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/544239/chapter/5

Eu tinha planos de arrastar Magnolia até a cidade para especular um pouco sobre a vida de Edwin, mas...

– Belo dia para chover – disse olhando pela porta da cozinha

Desde que levantei havia nuvens escuras cobrindo o céu, ajudei Meg nos serviços domésticos o mais rápida que consegui para que pudéssemos sair, entretanto quando finalmente terminamos a chuva fria e grossa começou a cair. Me joguei na cadeira olhando para o temporal que não melhorou em nada nas horas seguintes.

– Como pode chover assim? A noite estava tão estrelada ontem – reclamei mais com a porta que com Meg que me entregou algumas verduras.

– Faz semanas que não chove, pare de reclamar das mudanças de tempo e faça algo útil.

Descasquei as verduras falando sem parar para tormento de Meg que ficou de costas para mim tentando me ignorar, quando ela se virou para mim quase me bateu com a concha que usava. Eu já havia comido metade das cenouras. O almoço foi mais silencioso que o normal, Narciso estava de mau humor pela lameira da estrada e pelo fato que a plantação de rosas estar com água até a altura dos joelhos dele.

“Vamos perder metade da plantação se essa chuva continuar” – resmungou ele quando entrou em casa.

Narciso trabalha para Julian Walker um rico comerciante que transformou sua propriedade em Ferrara numa enorme plantação de flores, Julian Walker raramente aparece pela nossa cidade, faz mais de cinco anos que ele cuida dos seus negócios de longe mandando apenas um representante para cuidar de certos assuntos. Narciso é quem cuida da plantação de rosas atualmente, antes dele fora meu pai. Tecnicamente moramos dentro dos limites da propriedade desse senhor, mas as terras onde ficam nossa casa pertencem á nossa família.

– Posso dar um jeito na chuva se você quiser – brinquei.

Interferir na natureza era para meu irmão um ato de vandalismo. Mas o olhar penetrante que ele me lançou... ele moveu os lábios ponderando sobre suas opções e me perguntou hesitante:

– Pode drenar a água do roseiral? Sem causar danos.

Deixei o garfo cair enquanto me engasgava. A primeira e última vez que usei um feitiço que interferisse no clima da cidade foi aos doze anos, quando Margarida recebera a visita na cunhada durante o natal e não parava de falar sobre o que Christine lhe contava sobre os invernos nos países do leste “Nessa época do ano costuma nevar na Inglaterra”. Na manhã seguinte nossa cidade acordou debaixo de meio metro de neve com um frio insuportável, nevou por dois dias seguidos até que Verbena achou o antifeitiço certo para fazer a neve parar. Por meses as pessoas comentaram sobre aquele inicio de janeiro.

“Por Deus, nevar em Ferrara. Morticia você não tinha coisa mais divertida para fazer não?” – gritara Narciso antes de me proibir de mexer com a natureza.

– Bom, se eu encontrar o feitiço certo e se me der um tempo fora da vista dos outros funcionários da fazenda – disse incerta – Talvez eu possa fazer alguma coisa.

– Ok – me respondeu Narciso com mais veemência na voz – Voltarei as plantações em uma hora, termine seu almoço e pegue seu livro de magia.

Assenti, mas o que meu irmão queria não era fácil. Não era dizer palavras ao vento e deixar que um pouco de luzinhas cintilantes fizessem o trabalho pesado ao som de sinetas invisíveis. Terminei de engolir minha comida sem mastigar e corri para o alçapão, procurei no grimório de Odete algo que fosse realmente eficaz. Narciso gritou por mim, montei em Diamante – um cavalo baio com quase quatorze anos.

Diamante já não era mais tão ágil quanto era quando eu e Narciso o usávamos para irmos caçar. Some mais de dez anos de trabalho duro, um homem adulto e uma mulher de quarenta e quatro quilos em seu lombo, muita lama em seus cascos e uma chuvarada interminável. Na metade do caminho eu ergui os braços para cima e conjurei uma cobertura para nós, a chuva cessou três metros em nossa volta dando mais movimento e aumentando o campo de visão de Diamante. “Podia ter feito isso antes” – ouvi Narciso dizer entre os dentes.

Chegamos ao roseiral no dobro do tempo que levaríamos em um dia normal – entendi a irritação de Narciso com o tempo – felizmente os funcionários da fazenda estavam ocupados com os animais e com o celeiro que estava sendo destelhado pelo vento.

– Quem foi o imbecil que fez a plantação em uma vala? – perguntei olhando desanimada para o imenso buraco em que havia varias linhas de rosas vermelhas em botão até onde se podia ver. Devia ter mais ou menos um metro de profundidade.

Narciso resmungou um comentário maldoso sobre receber ordens de um idiota que achava que rosas crescia em árvores iguais á mangas. Depois de uma lista de recomendações que eu nem sequer ouvi fui deixada sozinha. Levitei alguns centímetros do chão evitando o lamaçal e olhei para o campo de folhas verdes á minha frente. Analisando bem a situação eu cheguei à conclusão que a água não era o problema – eram os humanos.

Comecei a fazer trincheiras – seis na verdade – para que a água vazasse para seis lados diferentes sem interferir na plantação, porem antes mesmo das tricheiras ganharem uma profundidade ou largura boa o bastante para escoar o aguaceiro eu mudei de forma. Antes eu levitava com uma cobertura acima de minha cabeça me mantendo seca e concentrada no meu trabalho mágico, depois eu estava me afogando dentro de uma cova de menos de quarenta centímetros de comprimento com a chuva forte me mantendo dentro da água enlameada enquanto eu tentava inutilmente chegar a borda na trincheira, gritei por socorro sem dar a mínima pelo fato que teria que explicar por que eu era um gato falante.

Depois de engolir muita água e perder de vez a capacidade de gritar – gritar, afogar e tentar ficar viva ao mesmo tempo é complicado – fiquei me debatendo na lama até sentir alguém me pegar desajeitadamente pelo meio da barriga.

– Calma gatinho – ouvi uma voz desconhecida dizer – Não pretendo te machucar.

Fui carregada por alguém bem desastrado que me trocava de mão tentando limpar meu pêlo até entrar em um salão aberto feito de palha e tabuas, meu “herói” me enrolou em um pano grosso e encardido depois me levou para uma mesa larga e rústica de madeira escura com varias jarras de sucos e pratos de bolo, próximo ao fogão de lenha onde um grupo bem animado de homens falava e riam sem parar.

– O senhor por aqui? – disse um homem notando meu “herói”.

Quem estava mais perto se calou para olhar e logo todos estavam em um silêncio constrangedor como se a presença do estranho fosse algo muito inadequada.

– Boa tarde – disse ele audivelmente encabulado.

Os homens cumprimentaram, eu encontrei os cabelos castanhos curtos e os ombros largos retos de meu irmão, por pouco eu não gritei o nome dele. Miei.

– Sente-se aqui meu senhor – disse um homem se levantando.

– Não, pode ficar sentado – eu estava tentando me soltar – Quem é o responsável pelo roseiral?

Narciso virou para fitar o desconhecido, me assustei ao ver o olhar assassino que ele lançou ao estranho que ainda me segurava. Meu irmão nunca demonstrou tanto desprezo e ódio por alguém – pelo menos eu nunca vi.

– O que quer comigo? – perguntou com rispidez.

– Senhor Belaya – não gostei do tom que ele usou para pronunciar o nome de minha família – Estava olhando os estragos da chuva e notei que começaram uma trincheira ao redor do roseiral...

Ele ficou em silencio por um tempo e os olhos de Narciso recaíram sobre mim que naquele momento tinha apenas a cabeça para fora do pano em que estava enrolada. Miei mais uma vez.

– E?

– Bom, esteve fazendo um bom trabalho. Quero que assim que terminarem aqui vão ajudar o Sr. Belaya á terminar as trincheiras, creio que o tempo não dará trégua nas próximas horas.

Todos concordaram em silêncio terminando de limpar seus pratos e secarem seus copos. Lancei um olhar pedinte á Narciso.

– Meia-Noite? – disse ele fazendo em seguida um barulho como de quem chama por um gato.

– Esse gatinho é seu? – perguntou o homem que me segurava me colocando no chão – O achei se afogando na lama de uma de suas trincheiras.

Saltei no colo de Narciso que me colocou sobre seu prato onde tinha uma apetitosa fatia de bolo de laranja.

– Tire esse gato da mesa Narciso – mandou um homem ao lado dele – Gatos dão azar, ainda mais gatos pretos.

Narciso coçou minhas orelhas enquanto respondia ao seu “colega” em um tom bastante indiferente:

– Meia-Noite é uma gata e não um gato, e quanto ao azar. Acho que ser encontrado em um lamaçal encharcada até os ossos numa tempestade como essa, é mesmo sinal de azar, para ela.

Alguns deram risos abafados, outros apenas me lançaram olhares ameaçadores, como se eu fosse mesmo uma fonte de azar. Olhei ao redor para ver a cara dos colegas de trabalho de meu irmão, pessoal simples do campo, trabalhadores brutos que dava duro por um salário indigno, e mesmo assim ainda faziam piadas e riam – alias piadas bem grosseiras. Sentado próximo ao fogão tão molhado quanto eu estava um homem pálido de cabelos ruivos – cor de água de salsicha, alto embora qualquer pessoa com mais de um metro pareça alto quando se é uma gata, rosto de feições severas, olhos escuros, cabeça pendida levemente para a esquerda olhando para a chuva distraidamente, ele devia ser o estranho á quem eu devia agradecer por me poupar de um afogamento ridículo.

Assim que Narciso e os companheiros terminaram eles foram para o roseiral, por ordem de meu irmão eu teria que ficar ali naquele galpão aberto “Fique aqui e não saia” – disse ele fazendo os homens rirem perguntando quem era mais esperto: O gato por ficar em um lugar seco ou o dono por trabalhar debaixo da chuva.

– Douglas – chamou o ruivo pelo homem gorducho que limpava a mesa vários minutos depois dos trabalhadores se retirarem – Terei que viajar em alguns dias, peço que mantenha sir narcisista longe de minha residência.

– Sim senhor, devo avisa-lo que Narciso não tem mais ultrapassado da estufa desde que o proibi.

– Melhor assim – o ruivo se levantou – Não quero ter que falar com ele mais uma vez.

Definitivamente eu não gostei do modo desse ruivo, sir narcisista? Ele estava se referindo ao meu irmão? Sei que tinha ordens para ficar onde estava, mas eu detesto seguir ordens, preferi seguir o ruivo. Ele correu pela chuva até a estufa e depois de um breve segundo para recuperar o fôlego ele me notou.

– Gatinha, seu dono não vai ficar alegre em saber que você...

Ele ficou em silêncio sorrindo, se agachou e me levou com ele, cruzamos a estufa por dentro (abafado, cheiro de variadas flores, mais claro que um dia de sol) e saímos do outro lado onde ele voltou a correr comigo até o estábulo dos empregados onde ele montou um alazão castanho e alguns minutos depois estávamos na residência principal da propriedade. O casarão era pintado de um branco-gelo, sem graça que me deixou entediada apenas em olhar, entramos enquanto um serviçal veio para pegar o cavalo e levá-lo ao estábulo principal.

O tom de dourado dos detalhes metálicos e marrom dos moveis com que a casa era decorada me deixou mais incomodada com o fato do ruivo irritante ter cantarolado pelo caminho sobre o quão Narciso ficaria chateado se não encontrasse sua gata e tivesse que me procurar na chuva – pena que não compartilho do plano infantil dele para aborrecer meu irmão.

O ruivo entrou na biblioteca que me deixou encantada pela enorme quantidade de livros em varias prateleiras que iam até o teto, e me deixou no chão dando sinal á uma mulher de voz depressiva e mórbida falava lentamente um verso que não reconheci – ela me fez pensar em um peixe baiacu – que se calou e saiu deixando o livro na escrivaninha. Sentada de costas para a lareira apagada estava uma bela ruiva de aparência delicada e expressão triste, perguntou inclinando a cabeça:

– Julieta?

– Sou mais alto – disse o ruivo fazendo ela abrir um sorriso brilhante e cheio de dentes.

– Dylan, não devia ter vindo nesse temporal, espero que não tenha ficado debaixo da chuva perturbando os trabalhadores com suas ordens inconvenientes. Eu os mandei irem embora, pois não há como trabalhar nessa condição.

A voz da ruiva era melodiosa e baixa, pouco mais que um sussurro como se temesse ser ouvida pelas paredes, ainda assim não deixava se soar confiante.

– Dei a eles outras ordens – disse o ruivo chamado Dylan e pigarreou – Terei que voltar á Gênova dentro de nove dias para terminar alguns assuntos e você precisara ficar aqui.

– Por que não posso ir com você? – questionou a ruiva depois de um breve silencio – Detesto ficar nesta casa trancada o tempo todo, se ao menos me deixasse ir á cidade, Julieta pode me acompanhar e...

– Já disse que não Valentine. Não quero que as pessoas te vejam por ai, podem te fazer mal ou pior. Aqui você esta segura.

– Não é justo Dylan, não pode me trancar o dia todo. Deixe-me sair desta casa, ao menos para ir ao jardim eu não sinto as flores há semanas.

– Sinto muito, prometi ao papai que ia te manter segura. Infelizmente qualquer lugar fora destas paredes é perigoso demais para você.

Ela ficou em silêncio tamborilando com as unhas na perna por mais um tempo antes de dizer com um sorriso forçado:

– Então espero que sua viagem seja rápida e que me traga algo mais divertido que um vestido, tenho montes deles e nem os uso.

Miei sonolenta, não devia ter seguido o ruivo ele era chato.

– Que foi isso? – perguntou Valentine virando a cabeça para todos os lados.

Dylan me ergueu mais uma vez me levando até ela, me colocou sobre seu colo – sujando o vestido branco que ela usava – e colocou a mão dela em meu dorso.

– Um gato? – perguntou depois de me alisar milimetricamente.

– Uma gata – respondeu Dylan sorrindo – Se chama Meia-Noite.

– De que cor ela é?

– Preto tem olhos âmbar.

Dylan saiu em seguida me deixando com Valentine. Só então fui notar, quando ela me ergueu de frente ao rosto que percebi que os olhos dela não eram azuis claros, mas sim um tom curioso de azul leitoso que me lembrou do céu em um dia quente sendo visto por trás de um tecido branco transparente. Ela era cega. A mulher com cara de baiacu e voz mórbida – Julieta - voltou para continuar a ler, e acabei adormecendo.

O dia estava escuro quando Valentine fora guiada por Julieta ao seu quarto, havia apenas um roupeiro, uma tina, uma cama alta e um divã na qual se sentei enquanto Julieta lavava e vestia Valentine. Não pude deixar de sentir pena daquilo e imaginar o quão humilhante devia ser para ela ter que necessitar de outra pessoa para fazer quase tudo – ou talvez tenha pensado assim pelo fato de sempre ter feita eu mesmo tudo que Anastácia precisava que Julieta fizesse por ela. Dylan estava já á mesa quando chegamos á sala de jantar – minha mente vagava entre a estufa e o roseiral, Narciso devia estar surtando ao me procurar e Dylan nem parecia estar se incomodando com o fato do seu funcionário estar no escuro debaixo da chuva procurando por sua gata, e eu duvido que ele não soubesse que era isso que estava acontecendo naquele instante.

Me serviram uma tigela de leite debaixo da mesa á qual eu ignorei, preferi tentar escapar daqueles ruivos. Rondei pela cozinha em busca de uma saída, mas mesmo ali as pessoas pareciam temer um gato preto, tentaram me enxotar com a vassoura causando bastante barulho e estava sendo ameaçada de virar ensopado quando fui salva por Narciso que bateu á porta.

– Desculpem, mas acho que minha gata seguiu o Sr Walker mais cedo – o ouvi dizer, nem esperei para começar a miar.

– Esse bicho é seu então? – disse Dolores, a velha que me segurava, ela me jogou para Narciso como se fosse um pedaço de pano velho – Leve ele da minha cozinha.

Dolores com mais de sessenta anos tinha cabelos crespos e grisalhos, era gorducha de pele rosada que me fazia sempre pensar em um recém-nascido, e que teria um ataque cardíaco se soubesse que era eu quem estava em suas mãos na forma de um gato, a velha havia conhecido minha mãe quando ela ainda era criança, era madrinha de Margarida, além de ser uma doceira das melhores – eu adoro os doces de figo que ela faz.

– Cadê minha gata? – ouvi a voz sussurrante de Valentine do outro lado.

Ela vinha acompanhada pelo irmão que parecia contrafeito em ver Narciso ali – aposto que ele não esperava que meu irmão fosse me buscar na casa dele.

– Dolores, espero que não tenha machucado a Meia-Noite – dizia Valentine tentando andar presa ao braço de Dylan que estava parado inda olhando irritado para meu irmão.

Miei para que soubesse que estava bem, ela virou em minha direção.

– Meia-Noite... Dylan solte meu braço não posso andar com você preso á mim.

– Senhorita Walker – disse Narciso gentil, vi Valentine parar de se mexer com um sorriso tremulo nos lábio.

– Na-Narciso? Q-que b-bom... ouvir sua voz.

Quase fui esmagada quando ela disse isso, enfiei as unhas no braço de meu irmão que se virou e saiu sem dizer mais nada. Aquela reação me deixou mais interessada que normalmente me deixaria pela vida de meu irmão. Já estávamos no meio do caminho de casa e ele ainda não havia gritado comigo, discutido por eu ter saído de onde ele me mandou ficar, reclamado da lama que era a estrada, nada. Narciso estava silencioso demais, nem parecia meu irmão. Arrisquei-me a dizer:

– Te fiz me procurar na chuva, não é mesmo?

– Não – disse seco.

– Como sabia então que estava na casa dos Walker? – perguntei minutos depois.

– Perguntei a Douglas, o responsável por nossa alimentação, se não tinha te visto ele disse que você havia seguido aquele fed... o senhor Walker.

– Hã... e a trincheira? Vocês terminaram?

Narciso ficou em silêncio até chegarmos em casa.

– Havia me esquecido da sua maldição, me desculpe por te pedir para fazer aquilo. Você se arriscou demais para resolver um problema que era meu.

– Imagina, eu também havia me esquecido da maldição, mas pelo menos a plantação esta salva.

Magnólia teve um acesso quando eu contei a ela o que havia acontecido.

– Você podia ter sido descoberta. Narciso por que foi que a deixou sozinha? E se o senhor Walker tivesse visto ela se transformar ou pior e se ninguém tivesse a encontrado? Ela se afogaria em um buraco cheio de lama.

– Acalme-se Meg, eu pelo menos ajudei um pouco e acho que devemos ir visitar Dolores, faz um tempo que não saboreio os doces dela – como Magnólia não disse nada resolvi mudar a conversa para algo que ela iria se interessar – Valentine Walker, sabia que ela é cega? O quarto dela foi adaptado com muito espaço para ela andar e fica no andar de baixo para que ela não use as escadas.

Meg ficou em silencio me olhando desconfiada antes de perguntar:

– Como ela é?

– Linda, tem cabelos ruivos ondulados abaixo da cintura, lábios vermelhos...

– Quer parar de falar daquela família? – Narciso reclamou batendo o punho na mesa e se retirando para o quarto.

Olhei para Meg intrigada.

– Nem me pergunte Mort, desde ano passado que ele fica assim quando se trata da família Walker, até mesmo cogitou a ideia de sairmos da propriedade, mas então David garantiu que por lei estas terras são nossas já que foi o Senhor Julian quem deu a casa para o papai quando ele se casou com a mãe. Acho que ele, o Narciso, teve foi é uma briga com o filho do senhor Walker, mas ninguém comenta nada.

– Estranho, Narciso sempre foi tão equilibrado, por hora deixemos nosso irmão e seus desafetos para lá. Amanhã preciso que venha comigo á cidade.

Por mais que eu saiba que não deva me meter nos assuntos de meu irmão, não deixei de tentar imaginar o por que dele e Dylan terem brigado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Troquei o nome da fic (acho que ficou melhor)
As cidades da historia são Italianas, mas eu não sei bem como era a Italia no seculo 16 e 17, então não se espantem caso eu exagere ou saia totalmente do enredo (modo de vida) italiano.
^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Outro Lado da Meia-Noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.