O Doutor fechou as portas da Tardis nas suas costas. O silêncio era sufocante. Ela cantarolou, tentando confortá-lo, e ele sorriu, melancólico.

— Acho que nem você pode me animar agora, garota. — Sussurrou, e o som se perdeu no vazio.

Ele havia acabado de se despedir de River, com um beijo que ele prolongou o máximo possível. Ele havia acabado de levá-la a Darillium e às Torres Cantantes.

Ela havia sorrido, maravilhada, como ele sabia que ela faria. E ele havia chorado, como ela havia dito. Mas não era pela música, por mais bela que fosse. Não, havia sido por ela. O Doutor sabia que esta seria a última vez que a veria, e a dor era muito grande para não demonstrar nada.

A cada segundo ele desejava falar algo. Desafiar as leis do tempo, criar um paradoxo. Mas fora muito covarde ou, talvez, muito corajoso, e manteu a promessa feita no dia que em que a conheceu, no dia em que ela morreu, e não mudou uma linha do futuro.

Agora se arrependia e, mesmo que infundado em sua essência, sabia que levaria a culpa de não ter ao menos tentado pelo resto de sua vida. Seus dois corações foram deixados quebrados. O Doutor sabia que, um dia, talvez, eles se reconstruiriam, curariam. Mas sempre faltaria uma parte, aquela que pertencia só a River, a que ela havia levado embora.

Era engraçado, da forma mais triste, como as coisas mudavam rápido. Não a muito tempo eles haviam tido outro encontro, outra aventura. Sobre o céu sem estrelas de um planeta qualquer eles haviam rido pela primeira vez desde que Amy e Rory foram embora, e ele a beijou com fervor, nunca querendo deixá-la ir embora.

Ele havia deixado, no entanto, sem dizer adeus. Talvez tivesse sido covardia de sua parte, nunca se despedir. Mas despedidas tornavam tudo definitivo, final, e isso o machucaria em sua essência.

Só por agora, ele queria acreditar que o ontem ainda existia, e que River ainda estava viva.